Tudo começou naquele dia...

Sim, naquele dia... Me recordo do dia que nos encontramos pela primeira vez.

Eu estava detectando um sinal de uma Bruxa com a minha Soul Gem. Ela estava distante, então tive que andar bastante. Quando cheguei no local indicado, porém, percebi ao olhar a entrada da barreira, que havia alguém lutando lá.

Alguém lutava e estava perdendo.

Eu, automaticamente sem me conter com a ansiedade, adentrei a barreira. Instintivamente me transformei, assumindo minha função como Garota Mágica. Quando adentrei a barreira mais a fundo, vislumbrei a cena de uma luta: Uma garota mais ou menos da minha idade lutava contra uma bruxa. Era ruiva, assim como suas roupas de tons avermelhados. Usava uma lança para o combate, e estava cobertas por ferimentos. Percebi então que ela estava em desvantagem.

Então eu entrei em cena. Com minhas armas, explodi facilmente aquela bruxa em mil pedaços, salvando a ruiva misteriosa. Quando a barreira desapareceu, a garota se apresentou.

Ela se chamava Sakura Kyoko.

E é claro, não demorou para nos tornarmos amigas. Eu sempre lutava contra as bruxas sozinha, muitas vezes com medo. Eu era órfã, e na verdade ainda sou – Lógico Mami, como se deixa de ser órfã? – E não tinha nenhuma amiga para desabafar, chorar... Eu vivia sozinha, lutando corajosamente contra as bruxas.

Minha única companhia era Kyubey até então – Ele era o único que me entendia. Sempre estava comigo nos momentos difíceis. Então, quando me tornei amiga de Kyoko, não nego que pulei de alegria por dentro.

Ah... Lembro como foram bons aqueles tempos. Eu passei a lutar ao lado de Kyoko contra as bruxas. Bom, eu já tinha uma certa experiência nesse assunto, diferente dela, que havia se tornado uma Garota Mágica a pouco tempo, e por isso, ainda era bem inexperiente. Eu fui a Senpai dela – Ensinei técnicas de combate, ensinei-a lutar mais rápido e sobre as Grief Seeds. Nossa amizade foi crescendo.

Nós tínhamos alguns pontos em comum. Éramos alegres e não tínhamos outras amigas. Ela era filha de um sacerdote Anglicano, que estava passando por maus bocados na igreja. Por isso, ela pediu para que as pessoas pudessem ouvir seu pai novamente.

Eu me sentia feliz por ela, pois ela sempre me dizia que tudo estava voltando a ser o que era antes: Paz, onde eles não passavam mais fome. Tudo era muito bom. Nossa amizade crescia.

Claro, tivemos algumas pequenas brigas, mas nada de muito grave. Ela tinha uma personalidade forte, e, com um pouco de treino, eu tinha certeza que poderia até me superar.

Mas tínhamos diferenças: Eu era calma, e ela energética; E, embora não gostasse de demonstrar, eu sentia isso. Ela sempre me escutava com atenção , e procurava sempre melhoras. Eu me sentia satisfeita, ao ver os progressos dela.

Ah, eram tão bons aqueles momentos... Eu finalmente tinha uma amiga, e nossa amizade ia crescendo. Em pouco tempo, kyoko dominou a técnica das ilusões, onde ela criava miragens de si mesma. Quando vi que ela já estava dominando a técnica, fiquei emocionada.

Mas nossa amizade não era apenas em lutas. Costumávamos sair juntas também nas lojas de Mitakihara, nossos gostos eram parecidos. Certa vez, ela uma vez ganhou um urso de pelúcia para mim em uma máquina de Prêmios. Um urso pequenino, de cor marrom, que eu ainda o ponho ao lado de meu travesseiro.

Eu era a tutora de Kyoko. Ela me contou que nunca fora muito boa em combates, e eu sinto que se não tivesse aparecido para salvá-la, ela estaria morta. Por isso, nossa amizade aumentava muito.

Houve inclusive um momento na qual ela me sugeriu ir até a casa dela, e conhecer sua família. Eu aceitei imediatamente. A família Sakura era adorável: O pai de Kyoko era gentil e engraçado, que me tratou super bem quando cheguei lá. A mãe era gentil e fazia comidas muito gostosas. A irmãzinha dela também não ficava atrás no quesito de fofura. Após eu jantar lá, eles disseram que eu era super bem vinda lá quando eu quizesse.

Kyoko era um ano mais nova que eu – Eu tinha quatorze anos, e ela treze. Mas nem por isso nossa amizade ficava desfocada ou com assuntos distintos. Sinto que ela foi a minha única amiga verdadeira até então, e uma das razões para eu me manter firme, lutando, desde a morte de meus pais.

Porém, essa alegria não durou muito tempo.

Certo dia, eu vi Kyoko passear perto de sua igreja, porém, ela tinha um ar diferente, um ar mais sério... Quando me aproximei, tive um choque.

Ela fora muito grossa, como se algo a perturbasse. Quando perguntei o que aconteceu, ela disse que seu pai descobrira sua identidade como Garota Mágica quando lutara contra a bruxa Gisela para defender a igreja, e a chamara de Bruxa e se auto acusara de demônio. Ela disse que ele matara toda a família e se suicidara no altar na igreja, inforcado. Eu fiquei em estado de choque. Aquilo... Não podia ser verdade!

Ela sempre estivera lutando, e acabou daquela forma? Eu quis ajudá-la, obviamente, porém, ela não quis. Me acusou como tola e imbecil por lutar pelo bem das pessoas, e que nada importava mais, dizendo que as Garotas Mágicas eram apenas meninas que lutavam por si mesmas.

Eu estava em choque como ela passara a pensar tão... friamente... Então, eu tive uma discussão feia com ela. Brigamos ao ponto de eu apontar minha arma para ela. Porém, ela não deu ouvidos. Se virou e desapareceu, e soube mais tarde que voltara para Kazamino, sua cidade natal.

Desde então, não nos vemos mais. Fico me perguntando se ela está bem, o que aconteceu... Porém, ao mesmo tempo penso que ela não deve me importar mais.

Afinal, ela escolheu seu caminho. E, embora eu demonstrasse que não ligava para isso, eu apenas estava mentindo para mim mesma. Eu me incomodava...

Eu nunca me conformei como nossa grande amizade terminou dessa forma... Claro, eu tentava afastar esses pensamentos e esquecer ela... Mas, quando eu olhava o urso marrom na minha cama... Quando me lembrava de nossos momentos juntos... Não dava para controlar.

Você deve me achar estúpida, certo? Eu pensar dessa forma... Bom, eu não preciso disso, afinal, tenho Madoka e Sayaka como minhas aprendizes no caminho de Garota Magica, e tenho fé que elas virarão minhas aliadas....

Mas mesmo assim, não consigo de pensar...

Nas minhas memórias com Sakura Kyoko....

Ω