Curiosamente estava chovendo. Tudo que Jim tomava consciência além das gotas de chuva que caíam era a mão de Molly segurando a sua. O caixão estava sendo colocado dentro da cova e eles nunca mais veriam Summer.

Jim não chorou. Desde que encontrara Summer seus olhos adquiriram o brilho frio que Molly sabia o que significava. Ele buscaria vingança.

– Molls...

– Eu sei, Jim...

Eles estavam sentados no mesmo gramado onde haviam passado uma noite feliz aos 15 anos de Molly. Agora parecia que já fazia anos que isso tinha acontecido, e havia passado apenas dois dias. Ela olhava com pesar para o jardim à sua frente, pensando em como tinha dançado com Jim e em como fora se deitar extasiada. Até que sua mãe entrou em seu quarto, avisando que Jim tinha ligado. Que Summer morrera.

– Eu preciso fazer isso. Preciso encontrá-lo.

O pouco sol que se abrira durante a tarde estava se pondo. Molly pensava que nunca esse cenário parecera tão triste antes. Ela apenas assentiu para ele, percebendo que seus olhos se enchiam de lágrimas. Jim iria embora, estava perdendo-o.

– Não chore, Molls. Por favor.

Ele se ajoelhou ao lado dela e a abraçou, beijando seus cabelos. Por mais que ela tentasse segurar as lágrimas, elas escorreram. Eles ficaram ali, abraçados, por um longo tempo.

– Quando?

– Vou embora amanhã. Summer me deixou algum dinheiro, não posso esperar. A qualquer momento eu posso ser denunciado.

Molly apenas concordava com a cabeça apoiada no peito dele.

– Você vem se despedir de mim?

– Sim. Eu estarei aqui.

– E você vai me escrever?

Jim não respondeu e ela sabia a resposta. Não, ele não iria. Porque ele não sabia o que o futuro o reservava e que tipo de pessoa ele viraria. Não envolveria Molly mais do que já tinha envolvido.

Foi só quando ela entrou em seu quarto, depois que ele havia partido, que percebeu que talvez nunca mais o teria. Não saberia dizer se algum dia ele voltaria, era bem provável que não. Molly foi tomada por um súbito desespero. Se antes ela tinha medo de fazer algo e perder a amizade de Jim, agora ela iria perdê-lo de qualquer forma.

Esperou que todos fossem dormir para mais uma vez - a última - sair pela janela afora em direção à casa de Summer.

♫ ♪ ♫

– Molls? O que? – Jim não teve tempo de perguntar mais nada, porque assim que ele abriu a porta deixando Molly entrar, ela colou os lábios no dele. O beijo pegou ambos de surpresa, ainda que Molly já tivesse com intenção de fazer algo. Eles não se moveram por alguns segundos, até que Jim a segurou pela cintura, trazendo-a mais para perto. As mãos dela seguraram em sua nuca e subiram para seus cabelos. Lembrou-se como sempre quis fazer isso, passar os dedos pelos cabelos dele e bagunçá-los.

O beijo começou tímido e foi se aprofundando conforme Jim a apertava junto a si. Molly quase reclamou quando ele interrompeu o beijo e encostou a cabeça na sua.

– O que foi isso, Molls? – Ele a abraçava protetoramente.

– Não poderia deixar você partir sem fazer isso ao menos uma vez.

– Se você tivesse me dado um sinal, nós teríamos feito muitas outras vezes. – Ela olha surpresa para ele e vê um sorriso triste em seu rosto. Jim estava mesmo falando sério?

– Você...

– Sim. Há algum tempo já.

You call the shots babe
I just wanna be yours

Jim volta a beijá-la com carinho enquanto ela se agarra a ele como se pudesse impedi-lo de ir embora. Sabia que não adiantaria pedir para que ele ficasse, isso só traria mais dor além do risco que ele corria de ser pego.

– Faça com que essa noite dure para sempre, Jim. – Molly se afasta o suficiente para fazer o único pedido que resta. É sua última noite com ele, suas últimas horas. E ela precisa dele mais do que nunca.

Secrets I have held in my heart
Are harder to hide than I thought
Maybe I just wanna be yours

Ainda beijando-o, ela o guia até o quarto em que ele ocupa. Quando eles passam pela porta, Molly não pensa duas vezes em começar a tirar a camiseta dele. Estava decidida a não pensar, faria o que sempre quis fazer e tinha pouco tempo para isso.

– Você tem certeza que...

– Eu só confio em você para isso, Jim.

Ele sorri antes de voltar a beijá-la e lentamente retira as peças de roupa que ela usa, deitando-a na cama.

– Nunca fiz isso, Molls. Me avise se... Você sabe.

O sorriso dela é como um estimulante para ele, que a admira por alguns segundos e a beija com carinho em seguida, descendo a mão pela lateral do seu corpo. O contato com a pele dela faz seu próprio corpo ferver. Ele desejou aquilo durante muito tempo e já tinha perdido as esperanças de que um dia realmente aconteceria. Quando as mãos dela desciam por suas costas ou seguravam seus cabelos tremores se espalhavam por seu corpo.

Jim sentiu seu corpo paralisar quando ela o tocou a primeira vez e um suspiro incontrolável escapou dele, fazendo-a sorrir. Ele não demorou muito para dar o troco, vendo-a se retorcer embaixo de si quando foi a vez dele tocá-la. Quando ele sorriu, o mesmo sorriso vitorioso que ela já tinha visto algumas vezes, Molly puxou-o e o beijou, colocando ali toda a paixão que sentia por ele.

Foi melhor e mais tranquilo do que ela esperava quando ele a tomou, movendo-se com suavidade. Molly se lembraria para sempre daquela noite, de como tinha sido feliz com a única pessoa que ela amara verdadeiramente.

– Você me salvou. Eu nunca agradeci por isso... Mas não há um momento em que esqueça o que você fez por mim. – Eles estavam deitados na cama de Jim, abraçados e perdidos em pensamentos. Não faltava muito para que eles se despedissem agora. – Espero que você entenda o que eu preciso fazer. Eu ficaria se houvesse opção, ficaria por você.

– Eu entendo, Jim. Não estou culpando você... – Ela se vira o suficiente para encará-lo. – Eu am...

– Não fale. Já está sendo difícil demais deixá-la, ainda mais depois de tudo que eu sempre quis ter acontecido. Então, não fale, por favor.

Molly assentiu e novamente as lágrimas vieram. Ela não conseguiu segurá-las e chorou abraçada a ele até que pegasse no sono.

Quando Jim acordou, ela não estava mais lá e em seu lugar havia apenas um bilhete.

“Vá, faça o que precisa ser feito e leve o tempo que precisar. No final, apenas volte.”