Bring Me Back To Reality. escrita por Elizabeth Watson
Notas iniciais do capítulo
Me jguem na fogueira, eu sei que eu mereço! Pedão por ter ficado tanto tempo sem postar, mas a minha internet disse "tchau" e sumiu por dois meses! Eu mereço?! Espero que o capítulo compense.
Afastei-me vagarosamente do balcão e sentei-me no sofá, apoiando a cabeça nos joelhos. Senti as mãos grandes e quentes de Oliver abraçando minha cintura.
– Quando esse inferno vai acabar Oliver? Quando? – perguntei atônita. Embora eu tiver certeza de que meu rosto estava congelado em choque e embora um grito estrondoso estivesse preso em minha garganta, eu não iria chorar. Eu já havia cansado de ficar com medo.
– Você está bem? – Oliver perguntou com a voz aveludada e carinhosa que sempre usava comigo quando eu estava em algum momento de fragilidade. Como se a voz dele pudesse me quebrar.
– Sim, estou. – levantei-me, escapando de seu abraço. – Vamos à delegacia? Esse desgraçado não pode escapar dessa vez. – eu estava determinada.
Oliver me olhou por um momento, parecendo querer entender a minha reação e depois levantou com a mesma determinação que eu ostentava.
– Vamos.
Fomos trocar de roupa. Era quase madrugada e estava extremamente frio lá fora. Teríamos de ir a pé e não parecia que ia parar de nevar tão cedo então precisávamos nos aquecer o máximo possível.
– Pronto? – Oliver perguntou escondendo seus cachos em um gorro azul.
– Pronto. – eu disse, colocando meu gorro preto.
Oliver pegou as chaves e colocou cuidadosamente o pacote dentro de um saco de lixo. Ele estava com uma careta de nojo e estremeceu quando amarrou o saco e jogou dentro de sua mochila.
Saí, tomando cuidado para ficar bem distante da mochila e esperei que ele trancasse a porta.
O silêncio tomava conta do prédio. Fomos até o elevador lentamente, procurando não fazer barulho nenhum, como se Derek fosse sair de qualquer apartamento com seu facão e nos atacar. Inevitavelmente lembrei-me de meu sonho com Helena, em que ela estava morta no quarto dos meus pais e a mesma frase do bilhete estava escrita na parede. Senti um arrepio subindo-me pela espinha. Como ele poderia saber?
O elevador chegou e a porta se abriu.
Havia um homem com um casaco preto com a gola levantada cobrindo-lhe a face.
– Boa noite. – eu disse.
Oliver me olhou com a sobrancelha arqueada.
– O quê? – perguntou.
– Estou dando boa noite ao homem. – respondi em um sussurro, para que o homem de casaco não ouvisse.
– Sarah, não há ninguém além de nós nesse elevador.
Olhei novamente para a figura de preto no canto do elevador.
Ele girou a cabeça lentamente para que eu pudesse ver seu rosto.
Seu rosto completamente desfigurado.
E então seu rosto estava refletido em todos os espelhos do elevador. Meus olhos procuravam um ponto fixo e limpo para parar e olhar, mas ele estava em todos os lugares.
Fixei-me no rosto preocupado de Oliver. Seus belos olhos castanhos amarelados, os pequenos cachos loiros que estavam para fora do gorro, sua boca bem desenhada e avermelhada, a barba que crescia em seu queixo, a ruga em sua testa vincada de preocupação. Seu belo rosto ajudou-me a me distrair, embora o homem de rosto desfigurado estivesse logo atrás de seu ombro, como uma sombra.
Depois de um tempo que se estendeu em demasia, o elevador parou no térreo. Oliver me puxou para fora do elevador. Uma última olhada para trás. O homem sorriu e acenou e então, o elevador se fechou.
Oliver segurou meu rosto em suas mãos, puxando para que eu o olhasse.
– O que você viu? – perguntou-me.
– Um homem.
–Sim. E como ele era?
– No começo ele estava com um casaco preto, cobrindo o rosto, mas depois ele se virou e o rosto dele estava completamente desfigurado.
– Ele se parecia com o Derek?
– Eu não sei, eu, eu acho que não.
– Tem certeza?
– Eu não sei Oliver!
– Está bem, está bem. – ele me abraçou. – Desculpa te pressionar assim, mas eu fico nervoso com você, amore mio!
– Tudo bem, eu sei que você só quer me ajudar. Agora, vamos logo à delegacia pelo amor de Deus?
– Vamos.
Saímos ás pressas, despertando o vigia do turno da noite que dormia em frente ao computador.
Andamos o mais rápido possível pelas ruas de San Diego. A delegacia mais próxima ficava á quarenta minutos de casa. Chegar até lá, naquele frio cortante, andando o mais rápido que podíamos e com cuidado para não escorregar na neve fazia o ar de meus pulmões sair fazendo um caminho que mais parecia fogo do que oxigênio.
Chegamos ao prédio e suspiramos quando entramos e o ar se tornou mais quente por conta do aquecedor. Tiramos os casacos e fomos até o policial mais próximo.
– Queremos fazer uma denúncia. – anunciei.
O homem negro de aparentemente trinta e poucos anos me olhou debochado.
– Ok. E o que dois adolescentes gostariam de denunciar?
– Isso. – Oliver disse, pegando o saco de lixo e tirando de dentro dele o pacote.
– O que é isso? – um ligeiro interesse passou pelos olhos do policial.
– Estávamos indo dormir quando ouvimos uma batida na porta. Atendi e tudo o que havia era o pacote.
O policial abriu o pacote e ele não pôde conter o horror em seus olhos cor de avelã. Ele levantou a cabeça e nos olhou muitíssimo sério.
– O delegado irá vê-los.
Assenti, segurando a mão de Oliver.
Fomos levados até a pequena sala do delegado. Em sua mesa havia uma placa identificando como Delegado John Monroe. Um copo de café expresso repousava na mesa junto com uma pilha de arquivos.
– Sentem-se, por favor. – ele disse. Seu tom era autoritário e um tanto apressado, como se quisesse que fôssemos embora logo.
– Bem, viemos fazer uma denúncia. – Oliver disse com a voz firme.
– E qual é a sua denúncia, filho?
– Bom, estávamos prestes á dormir hoje quando ouvimos a campainha tocando. Olhei pelo olho-mágico e não vi nada então abri a porta e encontrei apenas o pacote. – ele depositou o pacote em cima da mesa.
O delegado levantou uma sobrancelha, desconfiado. Ele abriu o pacote rapidamente e o choque congelou-o por um breve momento.
Limpou a garganta.
– Vocês tem alguma ideia de quem possa ter feito isso? – um homem no canto da sala digitava tudo desde quando Oliver comunicara que tínhamos ido fazer uma denúncia.
– Na verdade, temos um suspeito. Derek.
– Perdão filho, não me recordo dos nomes de todos os criminosos. Pode especificar esse tal de Derek?
– Ele sequestrou meu namorado - apontei para Oliver. – e minha prima á dois meses.
– Ah sim, você é a Srta. Jackman, não é?
– Sim.
– Ah sim... E por que vocês suspeitam dele?
– Ele costumava ameaçá-la, mas ela nunca fez uma denúncia. – Oliver disse, apertando minha mão.
– Posso perguntar o motivo, Srta?
– Bom, obviamente na época eu não sabia que era ele, ele se autointitulava por “Anjo da Morte”. Eu tinha medo de sair de casa para fazer uma denúncia e meus parentes nunca chegaram á saber, então ficou por isso mesmo.
– Entendi. – o delegado disse. – Bem, nós iremos investigar. Faremos uma análise para saber de quem são estes olhos e vamos continuar na busca por Derek. Sugiro que vocês voltem para casa e se sentirem ameaçados podem nos ligar que mandaremos uma escolta policial.
– Ok. – eu disse.
Assinamos alguns papéis e saímos. Colocamos os casacos. Eram 2:00 AM e as ruas estavam muito escuras. Oliver passou um braço pela minha cintura e me olhou por uma fração de segundo de um modo estranho que não pude entender.
Começamos á fazer o caminho de volta para casa.
...
Tínhamos andado apenas uma quadra e eu estava morrendo de frio e cansada. Sentia como se minhas pernas fossem paralisar por conta do frio e temi que quando eu tirasse as botas e as meias, descobrisse dez dedos dos pés completamente pretos e necrosados.
Ouvi uma buzina ao nosso lado. Eu e Oliver olhamos para o carro ao mesmo tempo.
– Ei, o que os pombinhos estão fazendo aí no frio? Olhe Oliver, você pode ter o fetiche que for, mas não mate a minha prima de hipotermia! – disse Helena de dentro de um Opala 94 preto.
– Helena! Onde você arranjou esse carro? – perguntei.
– Cala a boca e entra logo, garota! Você também, loirinho.
Entramos no carro.
– É um prazer ver você também, Helena.
– Oi, Rainha! – Laila disse do banco da frente. Seu cabelo estava turquesa e ela parecia ter colocado alongamentos capilares, pois seus cabelos estavam um pouco abaixo da cintura, como os meus.
– Oi, Laila. – Oliver disse.
– O que vocês estão fazendo andando pelas ruas gélidas de San Diego á essa hora da madrugada? – Helena perguntou, aumentando o volume do rádio para que Radioative do Imagine Dragons tocasse mais alto.
– Estávamos na delegacia. – respondi.
– Por que...?
– Derek. – Oliver disse.
Helena freou bruscamente, quase fazendo eu e Oliver colidirmos com os assentos da frente.
– O que tem o Derek? – perguntou, olhando para mim pelo retrovisor com um olhar feroz. Ela ainda não havia se esquecido dele.
– Ele deixou um bilhete perturbador na porta do nosso apartamento.
– O que dizia o bilhete?
– “Olhos azuis, olhos azuis, por que tão cheios de morte?” – recitei.
– E junto havia um belo par de glóbulos oculares azuis. – Oliver disse.
Helena fechou os olhos e engoliu em seco. Olhou para Laila, suspirou e acelerou o carro, saindo do meio da rua.
– É, e vocês? O que estão fazendo andando de carro á essa hora da madrugada? – perguntei.
– Não conseguimos dormir e resolvemos dar uma volta de carro. – Laila disse.
– Ah claro, quem não faz isso, não é? – respondi sarcástica.
– Os que não têm carro? – replicou.
– E os que não são maiores de 16. – Oliver acrescentou.
– Na verdade não é bem assim. Alguém que não é maior de 16 pode pegar um carro emprestado de N pessoas por N motivos. – repliquei.
– Por favor! É sério que vocês estão discutindo isso?! – Helena interviu claramente alterada. Acho que ter dito que Derek tinha dado as caras não fora algo muito inteligente.
– E é sério que você está á mais de 120 km por hora? – Oliver disse.
Helena foi desacelerando o carro ainda com as mãos firmes no volante e parecendo um tanto pálida.
– Quer que eu dirija Lena? – Laila perguntou colocando a mão encima da de minha prima.
Helena assentiu encostando o carro. Ela e Laila trocaram de lugar enquanto eu e Oliver nos entreolhávamos com uma interrogação nos rostos.
Laila acelerou e seguimos todos calados enquanto Waiting for a Friend da The Pretty Reckless tocava.
Laila parou em frente ao prédio onde eu e Oliver morávamos dois minutos depois. Despedimos-nos brevemente e Laila pôs algo na mão do meu namorado.
– Só por precaução. – ela disse dando de ombros, mas olhando-o profundamente nos olhos.
Oliver assentiu e guardou o objeto no bolso do casaco, depois pôs a mão na minha cintura e me guiou até o prédio.
– O que ela te deu? – perguntou.
– Shh. – sussurrou e deu um “oi” ao vigia noturno. – Em casa eu te mostro.
Fomos pelas escadas. Eu não entraria no elevador por um bom tempo.
Abrimos a porta e pude ver Oliver varrendo o local com os olhos.
– Fique aqui. – disse e foi checar o restante dos cômodos.
Voltou e soltou um suspiro pesado.
– Laila me entregou isso, para, você sabe... Casos de emergência. – tirou algo do bolso. Um canivete suíço.
– Ah sim. Bem, faz sentido. – eu disse.
– E, eu estava pensando Sarah... Acho que você deveria ter aulas de algum tipo de luta. Pra você aprender á se defender.
– Entendo. Mas, que luta?
– Bem, existem inúmeros tipos de luta para você escolher. Mas amanhã nós vemos isso, você precisa descansar.
– E você também.
– No meu caso você sabe que não é necessidade, é força do hábito mesmo.
– É verdade. – eu ri.
Fomos para o quarto e trocamos de roupa. Depois de checarmos se tudo estava bem trancado e o alarme ligado, deitamos na cama e tentamos desfrutar de algumas horas de sono tranquilo juntos. Apenas algumas horas de paz, pois, a paz parecia-nos inalcançável.
Mas Derek pagaria dessa vez. Eu não o deixaria escapar-me por entre os dedos de novo.
Dessa vez, ele não teria para onde fugir.
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Não vou pedir comentários, sei que não mereço.