Bring Me Back To Reality. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 3
Capítulo 3: Sem Saída.


Notas iniciais do capítulo

Me jguem na fogueira, eu sei que eu mereço! Pedão por ter ficado tanto tempo sem postar, mas a minha internet disse "tchau" e sumiu por dois meses! Eu mereço?! Espero que o capítulo compense.



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Afastei-me vagarosamente do balcão e sentei-me no sofá, apoiando a cabeça nos joelhos. Senti as mãos grandes e quentes de Oliver abraçando minha cintura.

– Quando esse inferno vai acabar Oliver? Quando? – perguntei atônita. Embora eu tiver certeza de que meu rosto estava congelado em choque e embora um grito estrondoso estivesse preso em minha garganta, eu não iria chorar. Eu já havia cansado de ficar com medo.

– Você está bem? – Oliver perguntou com a voz aveludada e carinhosa que sempre usava comigo quando eu estava em algum momento de fragilidade. Como se a voz dele pudesse me quebrar.

– Sim, estou. – levantei-me, escapando de seu abraço. – Vamos à delegacia? Esse desgraçado não pode escapar dessa vez. – eu estava determinada.

Oliver me olhou por um momento, parecendo querer entender a minha reação e depois levantou com a mesma determinação que eu ostentava.

– Vamos.

Fomos trocar de roupa. Era quase madrugada e estava extremamente frio lá fora. Teríamos de ir a pé e não parecia que ia parar de nevar tão cedo então precisávamos nos aquecer o máximo possível.

– Pronto? – Oliver perguntou escondendo seus cachos em um gorro azul.

– Pronto. – eu disse, colocando meu gorro preto.

Oliver pegou as chaves e colocou cuidadosamente o pacote dentro de um saco de lixo. Ele estava com uma careta de nojo e estremeceu quando amarrou o saco e jogou dentro de sua mochila.

Saí, tomando cuidado para ficar bem distante da mochila e esperei que ele trancasse a porta.

O silêncio tomava conta do prédio. Fomos até o elevador lentamente, procurando não fazer barulho nenhum, como se Derek fosse sair de qualquer apartamento com seu facão e nos atacar. Inevitavelmente lembrei-me de meu sonho com Helena, em que ela estava morta no quarto dos meus pais e a mesma frase do bilhete estava escrita na parede. Senti um arrepio subindo-me pela espinha. Como ele poderia saber?

O elevador chegou e a porta se abriu.

Havia um homem com um casaco preto com a gola levantada cobrindo-lhe a face.

– Boa noite. – eu disse.

Oliver me olhou com a sobrancelha arqueada.

– O quê? – perguntou.

– Estou dando boa noite ao homem. – respondi em um sussurro, para que o homem de casaco não ouvisse.

– Sarah, não há ninguém além de nós nesse elevador.

Olhei novamente para a figura de preto no canto do elevador.

Ele girou a cabeça lentamente para que eu pudesse ver seu rosto.

Seu rosto completamente desfigurado.

E então seu rosto estava refletido em todos os espelhos do elevador. Meus olhos procuravam um ponto fixo e limpo para parar e olhar, mas ele estava em todos os lugares.

Fixei-me no rosto preocupado de Oliver. Seus belos olhos castanhos amarelados, os pequenos cachos loiros que estavam para fora do gorro, sua boca bem desenhada e avermelhada, a barba que crescia em seu queixo, a ruga em sua testa vincada de preocupação. Seu belo rosto ajudou-me a me distrair, embora o homem de rosto desfigurado estivesse logo atrás de seu ombro, como uma sombra.

Depois de um tempo que se estendeu em demasia, o elevador parou no térreo. Oliver me puxou para fora do elevador. Uma última olhada para trás. O homem sorriu e acenou e então, o elevador se fechou.

Oliver segurou meu rosto em suas mãos, puxando para que eu o olhasse.

– O que você viu? – perguntou-me.

– Um homem.

–Sim. E como ele era?

– No começo ele estava com um casaco preto, cobrindo o rosto, mas depois ele se virou e o rosto dele estava completamente desfigurado.

– Ele se parecia com o Derek?

– Eu não sei, eu, eu acho que não.

– Tem certeza?

– Eu não sei Oliver!

– Está bem, está bem. – ele me abraçou. – Desculpa te pressionar assim, mas eu fico nervoso com você, amore mio!

– Tudo bem, eu sei que você só quer me ajudar. Agora, vamos logo à delegacia pelo amor de Deus?

– Vamos.

Saímos ás pressas, despertando o vigia do turno da noite que dormia em frente ao computador.

Andamos o mais rápido possível pelas ruas de San Diego. A delegacia mais próxima ficava á quarenta minutos de casa. Chegar até lá, naquele frio cortante, andando o mais rápido que podíamos e com cuidado para não escorregar na neve fazia o ar de meus pulmões sair fazendo um caminho que mais parecia fogo do que oxigênio.

Chegamos ao prédio e suspiramos quando entramos e o ar se tornou mais quente por conta do aquecedor. Tiramos os casacos e fomos até o policial mais próximo.

– Queremos fazer uma denúncia. – anunciei.

O homem negro de aparentemente trinta e poucos anos me olhou debochado.

– Ok. E o que dois adolescentes gostariam de denunciar?

– Isso. – Oliver disse, pegando o saco de lixo e tirando de dentro dele o pacote.

– O que é isso? – um ligeiro interesse passou pelos olhos do policial.

– Estávamos indo dormir quando ouvimos uma batida na porta. Atendi e tudo o que havia era o pacote.

O policial abriu o pacote e ele não pôde conter o horror em seus olhos cor de avelã. Ele levantou a cabeça e nos olhou muitíssimo sério.

– O delegado irá vê-los.

Assenti, segurando a mão de Oliver.

Fomos levados até a pequena sala do delegado. Em sua mesa havia uma placa identificando como Delegado John Monroe. Um copo de café expresso repousava na mesa junto com uma pilha de arquivos.

– Sentem-se, por favor. – ele disse. Seu tom era autoritário e um tanto apressado, como se quisesse que fôssemos embora logo.

– Bem, viemos fazer uma denúncia. – Oliver disse com a voz firme.

– E qual é a sua denúncia, filho?

– Bom, estávamos prestes á dormir hoje quando ouvimos a campainha tocando. Olhei pelo olho-mágico e não vi nada então abri a porta e encontrei apenas o pacote. – ele depositou o pacote em cima da mesa.

O delegado levantou uma sobrancelha, desconfiado. Ele abriu o pacote rapidamente e o choque congelou-o por um breve momento.

Limpou a garganta.

– Vocês tem alguma ideia de quem possa ter feito isso? – um homem no canto da sala digitava tudo desde quando Oliver comunicara que tínhamos ido fazer uma denúncia.

– Na verdade, temos um suspeito. Derek.

– Perdão filho, não me recordo dos nomes de todos os criminosos. Pode especificar esse tal de Derek?

– Ele sequestrou meu namorado - apontei para Oliver. – e minha prima á dois meses.

– Ah sim, você é a Srta. Jackman, não é?

– Sim.

– Ah sim... E por que vocês suspeitam dele?

– Ele costumava ameaçá-la, mas ela nunca fez uma denúncia. – Oliver disse, apertando minha mão.

– Posso perguntar o motivo, Srta?

– Bom, obviamente na época eu não sabia que era ele, ele se autointitulava por “Anjo da Morte”. Eu tinha medo de sair de casa para fazer uma denúncia e meus parentes nunca chegaram á saber, então ficou por isso mesmo.

– Entendi. – o delegado disse. – Bem, nós iremos investigar. Faremos uma análise para saber de quem são estes olhos e vamos continuar na busca por Derek. Sugiro que vocês voltem para casa e se sentirem ameaçados podem nos ligar que mandaremos uma escolta policial.

– Ok. – eu disse.

Assinamos alguns papéis e saímos. Colocamos os casacos. Eram 2:00 AM e as ruas estavam muito escuras. Oliver passou um braço pela minha cintura e me olhou por uma fração de segundo de um modo estranho que não pude entender.

Começamos á fazer o caminho de volta para casa.

...

Tínhamos andado apenas uma quadra e eu estava morrendo de frio e cansada. Sentia como se minhas pernas fossem paralisar por conta do frio e temi que quando eu tirasse as botas e as meias, descobrisse dez dedos dos pés completamente pretos e necrosados.

Ouvi uma buzina ao nosso lado. Eu e Oliver olhamos para o carro ao mesmo tempo.

– Ei, o que os pombinhos estão fazendo aí no frio? Olhe Oliver, você pode ter o fetiche que for, mas não mate a minha prima de hipotermia! – disse Helena de dentro de um Opala 94 preto.

– Helena! Onde você arranjou esse carro? – perguntei.

– Cala a boca e entra logo, garota! Você também, loirinho.

Entramos no carro.

– É um prazer ver você também, Helena.

– Oi, Rainha! – Laila disse do banco da frente. Seu cabelo estava turquesa e ela parecia ter colocado alongamentos capilares, pois seus cabelos estavam um pouco abaixo da cintura, como os meus.

– Oi, Laila. – Oliver disse.

– O que vocês estão fazendo andando pelas ruas gélidas de San Diego á essa hora da madrugada? – Helena perguntou, aumentando o volume do rádio para que Radioative do Imagine Dragons tocasse mais alto.

– Estávamos na delegacia. – respondi.

– Por que...?

– Derek. – Oliver disse.

Helena freou bruscamente, quase fazendo eu e Oliver colidirmos com os assentos da frente.

– O que tem o Derek? – perguntou, olhando para mim pelo retrovisor com um olhar feroz. Ela ainda não havia se esquecido dele.

– Ele deixou um bilhete perturbador na porta do nosso apartamento.

– O que dizia o bilhete?

– “Olhos azuis, olhos azuis, por que tão cheios de morte?” – recitei.

– E junto havia um belo par de glóbulos oculares azuis. – Oliver disse.

Helena fechou os olhos e engoliu em seco. Olhou para Laila, suspirou e acelerou o carro, saindo do meio da rua.

– É, e vocês? O que estão fazendo andando de carro á essa hora da madrugada? – perguntei.

– Não conseguimos dormir e resolvemos dar uma volta de carro. – Laila disse.

– Ah claro, quem não faz isso, não é? – respondi sarcástica.

– Os que não têm carro? – replicou.

– E os que não são maiores de 16. – Oliver acrescentou.

– Na verdade não é bem assim. Alguém que não é maior de 16 pode pegar um carro emprestado de N pessoas por N motivos. – repliquei.

– Por favor! É sério que vocês estão discutindo isso?! – Helena interviu claramente alterada. Acho que ter dito que Derek tinha dado as caras não fora algo muito inteligente.

– E é sério que você está á mais de 120 km por hora? – Oliver disse.

Helena foi desacelerando o carro ainda com as mãos firmes no volante e parecendo um tanto pálida.

– Quer que eu dirija Lena? – Laila perguntou colocando a mão encima da de minha prima.

Helena assentiu encostando o carro. Ela e Laila trocaram de lugar enquanto eu e Oliver nos entreolhávamos com uma interrogação nos rostos.

Laila acelerou e seguimos todos calados enquanto Waiting for a Friend da The Pretty Reckless tocava.

Laila parou em frente ao prédio onde eu e Oliver morávamos dois minutos depois. Despedimos-nos brevemente e Laila pôs algo na mão do meu namorado.

– Só por precaução. – ela disse dando de ombros, mas olhando-o profundamente nos olhos.

Oliver assentiu e guardou o objeto no bolso do casaco, depois pôs a mão na minha cintura e me guiou até o prédio.

– O que ela te deu? – perguntou.

– Shh. – sussurrou e deu um “oi” ao vigia noturno. – Em casa eu te mostro.

Fomos pelas escadas. Eu não entraria no elevador por um bom tempo.

Abrimos a porta e pude ver Oliver varrendo o local com os olhos.

– Fique aqui. – disse e foi checar o restante dos cômodos.

Voltou e soltou um suspiro pesado.

– Laila me entregou isso, para, você sabe... Casos de emergência. – tirou algo do bolso. Um canivete suíço.

– Ah sim. Bem, faz sentido. – eu disse.

– E, eu estava pensando Sarah... Acho que você deveria ter aulas de algum tipo de luta. Pra você aprender á se defender.

– Entendo. Mas, que luta?

– Bem, existem inúmeros tipos de luta para você escolher. Mas amanhã nós vemos isso, você precisa descansar.

– E você também.

– No meu caso você sabe que não é necessidade, é força do hábito mesmo.

– É verdade. – eu ri.

Fomos para o quarto e trocamos de roupa. Depois de checarmos se tudo estava bem trancado e o alarme ligado, deitamos na cama e tentamos desfrutar de algumas horas de sono tranquilo juntos. Apenas algumas horas de paz, pois, a paz parecia-nos inalcançável.

Mas Derek pagaria dessa vez. Eu não o deixaria escapar-me por entre os dedos de novo.

Dessa vez, ele não teria para onde fugir.


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Notas finais do capítulo

Não vou pedir comentários, sei que não mereço.