Bring Me Back To Reality. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 16
Capítulo 16: Eu Sei O Que Você Fez No Verão Passado.


Notas iniciais do capítulo

É a terceira vez que tento postar isso, mas sempre aparece um imprevisto.
Na verdade nem sei porque estou postando, porque estou crente de que ninguém está lendo.
Só desculpem o atraso (se alguém realmente estiver acompanhando). É que estou muito cansada, quase entrando em colapso e realmente preciso relaxar.



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Estremeci e senti meus olhos queimarem com lágrimas. Percebi que meu reflexo levantou o braço esquerdo. Havia uma marca roxa profunda ali. Um corte enorme. Mataria qualquer um em poucos instantes.

Meu reflexo era muito mais branco que eu e os lábios tão secos que pareciam pedra. As olheiras nos olhos eram tão roxas, quase pretas. Parecia que ela, ou eu, havia levado um soco muito forte no rosto. O suficiente para um trauma craniano.

Fui andando para trás e abri a porta às pressas. E então dei de cara com o meu reflexo. Ela usava um vestido branco um pouco sujo de terra e tinha machucados nas mãos e os joelhos ralados.

Vi Oliver entrando.

– Oliver, tem alguma coisa errada... – eu disse chorando.

Ele me olhou e correu até mim. Meu reflexo piscou como uma projeção e depois sumiu.

– O que foi? – perguntou.

“Prepare-se para voltar à clínica, princesa...” – ouvi uma voz ao meu lado. Virei o rosto e era o homem com o rosto desfigurado da outra vez.

– Tem algo errado, Oliver. Estou alucinando comigo mesma. – sussurrei.

Ele me abraçou e afagou meu cabelo. Senti seus braços fortes em minha volta e por meio segundo parecia que tudo ficaria bem...

Tenho o costume de me deixar enganar muito fácil.

Vi um pequeno bilhete sendo passado por baixo da porta. Soltei-me de Oliver rapidamente e fui correndo até a porta, abrindo-a. Não havia ninguém ali. Corri pelo corredor e acabei trombando com o porteiro.

– Senhorita Jackman, está tudo bem?

Olhei nos olhos e engoli em seco.

– Sim. O senhor por acaso viu alguém subindo para o meu apartamento?

Ele franziu a testa.

– Não, não vi. Mas seus pais tem te procurado há um bom tempo, senhorita. O Sr. Fedrizzi havia me dito para não deixá-los subir, então não deixo, mas eles insistem em querer falar com a senhorita. Acabo de falar isso para o seu namorado. Ele não te contou?

Passei a mão pelos cabelos.

– Não. Ele não teve muito tempo. Obrigada de qualquer jeito.

– Não há de quê.

Voltei para minha casa. Oliver estava sentado no braço do sofá, com o bilhete em mãos.

– O que é isso? – perguntei.

Ele me passou o bilhete.

– Você chegou a comentar com alguém que nós achávamos que Derek não estava sozinho? – perguntou.

Li o bilhete.

“Vocês sabiam que eu não estava sozinho, não é? Acertaram. E quem está comigo está louco para acabar com isso.”

– Eu, eu não sei... Não me lembro de... – uma lembrança me veio. – Eu comentei com a minha mãe. – sussurrei.

Ele me olhou.

– Você o quê?

Olhei em seus olhos.

– Ela tinha me ligado uma vez pra perguntar como eu estava e tudo o mais. Na verdade ela faz isso de tempos em tempos, mas sempre me esqueço de comentar com você. Ela tinha perguntado sobre Derek e eu disse que ele não deveria estar fazendo tudo sozinho, porque seria muito arriscado.

– Amore mio, sei que não conheço minha sogra como deveria, mas não acho que ela se juntaria com um assassino.

– Minha mãe não. Claro que não. Mas o meu pai... – me sentei. – Nunca cheguei a te contar isso porque até eu duvidava do que eu tinha ouvido, mas agora eu acho que ouvi certo. – suspirei. – Quando eu tinha era pequena eu tinha chegado da rua e fui até meu quarto. Acontece que ouvi meu pai falando algo como “apagar os pais da menina”, mas eu não tinha entendido na época. Mas agora faz sentido, Oliver! Ele matou os pais da Lena!

Oliver coçou a cabeça.

– Não entendo. Você disse que o pai da Helena estava metido com um agiota, não é?

– Meu pai sempre aparecia com muito dinheiro em casa. Era repentino e nós nunca sabíamos de onde tudo aquilo vinha.

– Mas por que ele se juntaria com um assassino que quer te matar?

– Não sei... É a única parte que não se encaixa...

O telefone tocou. Atendi meio receosa.

– Alô?

– Srta. Jackman. – disse meu porteiro. – Sua prima e a amiga... – ouvi a voz de Laila gritando “namorada”. – sua prima e a namorada dela estão aqui embaixo. Mando subir?

Dei um riso fraco.

– Sim. Mande o casal subir.

– Tudo bem.

Ele desligou. Eu ainda estava rindo.

– O que foi, amore mio? – Oliver perguntou.

– Laila ficou brava porque o porteiro se referiu à ela como amiga da Helena e não como namorada.

Oliver riu.

– Está certa ela. – disse dando de ombros.

– Também acho.

Minha porta foi aberta e as duas garotas entraram no meu apartamento. Os cabelos turquesa de Laila haviam desbotado para um tom pastel bem bonito.

– Sarah, porque seu porteiro não te chama de Sra. Fedrizzi? – Helena perguntou-me.

– Porque não sou casada com o Oliver, embora os avós dele pensem que sim.

– Resolva isso logo, ué! –Helena disse. – Meu caro Oliver, quer ajuda com as alianças, o pedido...?

Oliver sorriu.

– Acho que vou querer uma ajuda sim.

Dei um tapa em seu bíceps.

– Engraçadinho.

– Você não quer se casar?! – ele disse.

– Oliver, você só tem dezenove e eu tenho dezoito! Nós já discutimos sobre isso! Mais de uma vez!

Ele bufou.

– Mas que caramba, Sarah! Eu estou brincando!

– E qual é o problema de vocês se casarem? – Laila falou. – Vocês já moram juntos, só iriam oficializar isso num cartório e usar uma aliança no dedo. E você adotaria o sobrenome dele.

Fiquei calada em frente àquilo. Tecnicamente era aquilo mesmo. Mas eu tinha um certo receio de me casar. E se não desse certo?

– E se a gente terminasse? – eu disse. - Um divórcio é muito mais complicado do que eu simplesmente me mudar de casa.

– Você está concluindo que vamos terminar, então? – Oliver disse.

O olhei meio desesperada e meio brava.

– Parem com isso! Vocês estão me enlouquecendo! – gritei e fui para o quarto. Sentei na cama e abracei meus joelhos.

Oliver entrou no quarto, com as mãos nos bolsos.

– Ei, desculpa. – ele disse. Desviei meu olhar e fitei a janela embaçada. – Sarah, não faça assim. Desculpa te pressionar assim, eu não queria. – colocou a mão no meu joelho, cobrindo minha mão gelada. – Por favor, me desculpa. Não toco mais nesse assunto, tudo bem? – deu um beijo no meu pescoço.

– Só não quero que vocês me pressionem desse jeito, ok? Isso me assusta!

– O que te assusta, amore mio?

– Casamento, Oliver! Somos novos demais, você é o segundo namorado que eu já tive e isso me assusta!

– Você não teve medo quando veio morar comigo. – murmurou.

Suspirei.

– É diferente. Eu não tinha lugar pra ir. E morar com você parece, não sei, mais normal do que me casar.

Ele concordou com a cabeça.

– Entendi. Vamos mudar de assunto então. Tenho algo pra você.

O olhei confusa.

– O que?

Ele colocou a mão no bolso e tirou de lá um colar. A safira que ele havia me dado.

Sorri.

– Eles devolveram!

Ele sorriu.

– Sim, devolveram. Aaron estava na portaria quando desci pra falar com o porteiro, ele estava com isso. Quer colocar?

– Sim!

Me virei e puxei meu cabelo para longe da nuca. Oliver passou o colar pelo meu pescoço e prendeu o fecho. A pedra caiu entre as minhas clavículas, como sempre ficava.

Dei um sorriso fraco então senti os lábios de Oliver no meu ombro, subindo pelo meu pescoço e chegando ao meu maxilar.

– Laila e Lena ainda estão na sala... – eu disse.

Senti Oliver suspirar no meu pescoço.

– Tudo bem. – ele disse. – Vamos voltar pra lá.

Levantamos da cama e fomos até a sala. As meninas estavam lá sentadas, de mãos dadas e Laila estava olhando meu violão.

– Gostou do meu bebê, Laila? – perguntei.

Ela me olhou e vi seus olhos irem em direção ao meu colar.

– Esse colar foi feito pra você. Combina perfeitamente com os seus olhos.

Sorri e passei a mão pelos cabelos. Havia pegado esta mania de Oliver, já que ele sempre fazia isso.

– Obrigada, Laila. Também ficaria bonito na sua namorada. Os olhos dela são lindos.

Ela sorriu.

– Estou pensando no que dar pra ela.

– Eu não quero nada. – Helena cortou-a.

Laila pareceu magoada.

– Por que, Lena? – perguntei.

Helena me olhou desacreditada. Como, dentre todas aquelas pessoas daquela sala, eu deveria saber. Mas a verdade é que eu não fazia ideia.

– Por quê? Por quê?! Não gosto de me sentir em dívida com ninguém! Meus pais morreram por causa de uma dívida estúpida!

Calei-me diante daquilo. Mas Laila não.

– Não vou te dar algo esperando que você me pague depois! Vou te dar algo porque te amo!

– Você por acaso quer me enlouquecer?!

– Não!

– Então não me dê nada!

O clima ficara pesado na sala. Oliver me olhou de esguelha e sibilou “conte pra ela.”.

O reprendi com o olhar e Helena percebeu.

– Qual o problema de vocês?

Suspirei.

– Lena, nós... Nós temos que te contar uma coisa.

Ela me fitou, parecendo ansiosa.

Mergulhei em seus profundos olhos azuis. Eram grandes e brilhantes. Por um momento me perdi e passei a pensar: será que desconcerto as pessoas com os meus olhos do mesmo jeito que Helena faz?

– Sarah! Me conta logo!

Balancei a cabeça, tentando clarear os pensamentos.

– É que... Nós achamos que descobrimos quem está ajudando o Derek.

Helena e Laila ficaram inquietas.

– Quem?! – foi a vez de Laila perguntar.

Cocei a cabeça, suspirando pesado.

– Seu pai, Lena.


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