Bring Me Back To Reality. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 14
Capítulo 14: Desculpas Sinceras. Ou nem tanto....


Notas iniciais do capítulo

Hey! Demorei um pouquinho, mas foi pra deixar com um final bom. ão que alguém se importe, creio que há essa altura do campeonato não tem ninguém mais lendo. Estou publicando para me satisfazer, apenas.



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Derrubei a faca, fazendo-a tilintar no chão. Ouvi Oliver levantar-se.

– Amore mio? Por que está acordada? – perguntou não notando meu pulso.

– Ollie me leve pro hospital agora.

– Por quê?

Ele chegou mais perto e uma gota de sangue pingou em seu pé. Baixou os olhos para o meu braço.

– O que aconteceu?

– Acho que foi uma crise de sonambulismo. Me leva pro hospital, por favor.

Ele foi até o quarto e voltou instantes depois com uma blusa e uma camiseta velha. Amarrou a camiseta no meu pulso e colocou a blusa nos meus ombros, depois pegou a chave e desceu o mais depressa possível comigo. Acelerou a picape e saiu em disparada para o hospital. Por sorte o trânsito estava vazio naquela madrugada.

A escolta de Aaron estava logo atrás. Oliver nem ao menos explicara a situação para eles, mas também não foi preciso.

Mais um ataque da garota problemática, eles deviam estar pensando.

Oliver parou no estacionamento e saiu correndo comigo. Uma enfermeira nos encontrou e antes mesmo de abrir a boca percebeu a camiseta ensanguentada no meu pulso e me levou até a enfermaria.

– Qual é a sua relação com ela? – perguntou para Oliver.

– Ele é o meu namorado! – me intrometi.

– Você é de maior?

– Sou! Pelo amor de Deus, eu já tenho uma ficha aqui e pelo mesmo motivo que estou aqui agora! Dá pra você costurar logo o meu pulso?!

– Qual o seu nome?

– Sarah Jackman.

Ela retirou cuidadosamente a camiseta do meu pulso. O corte tornou a jorrar sangue escarlate.

– Creio que você não poderá mais usar essa camiseta. – comentou olhando para Oliver.

– Eu não me importo desde que ela fique bem.

A enfermeira sorriu fraco.

– Ela vai ficar. Vou costurar e envolver seu pulso numa atadura, ok? Você não vai poder esforçá-lo.

– Mas vou poder ir para a escola, não? Já faltei demais no semestre passado e é ano de SAT.

– Pode ir. Mas nada de Educação Física.

– Tudo bem.

Ela pegou a linha cirúrgica e começou a costurar meu pulso. Oliver me olhava intensamente. Eu amava aqueles olhos dourados, mas aquilo estava começando a me incomodar.

– O que foi Ollie? – perguntei.

Ele apenas deu de ombros e desviou o olhar.

– Pronto. – a enfermeira disse cortando a atadura e prendendo com um esparadrapo. – Pode ir agora. E eu espero que você não volte nas mesmas circunstâncias.

Dei um meio sorriso.

– Não vou.

Saímos e Oliver jogou a camiseta ensanguentada no lixo do estacionamento. Segurei sua mão antes que ela chegasse à maçaneta do carro.

– Por que você está assim? – perguntei.

– Assim como?

Suspirei impaciente.

– Estranho. Está me encarando e mal fala comigo. Estou te deixando assustado por acaso?

Ele desviou o olhar e eu puxei seu rosto para que me encarasse de novo.

– Estou?

– Não é isso Sarah. – disse e se sentou no capô da picape.

– Então o que é? Me diga!

– Eu odeio te ver desse jeito e me sinto culpado por isso. Fico pensando que eu poderia ter feito alguma coisa, sei lá, qualquer coisa pra ter impedido o Derek e nada disso estaria acontecendo. Você estaria bem e nós estaríamos com um pouco de paz pelo menos.

Cheguei mais perto dele e o beijei.

– Você não poderia ter feito nada, amor. Nada disso é culpa sua, entendeu? Nada.

Ele me encarou por meio segundo.

– Quando ele me sequestrou eu tive uma chance de matar ele. Se eu tivesse tido cinco segundos de coragem eu teria acertado a cabeça dele com uma barra de ferro e provavelmente teria afundado o cérebro dele. Dois golpes e ele teria morrido. Mas eu não tive coragem. Então aquela vadia da Amanda me viu segurando a barra de ferro e eles tiraram da minha mão. Depois eles amarram meus pulsos naquela corrente e me penduraram no teto e o resto você já sabe.

Lembrei-me de como eu o havia encontrado. Completamente ferido e machucado.

– Você não o matou porque não é um assassino como ele. E eu te amo por isso. Não somos justiceiros. Você pode se chamar Oliver, mas não é o Arqueiro Verde. Temos de deixar o trabalho da polícia pra polícia.

– Concordo. – ouvi uma voz grave com sotaque britânico. Me virei vagarosamente e encontrei os olhos azuis de Aaron.

– O que você está fazendo aqui? – Oliver perguntou indelicado. Dei uma cotovelada em sua costela. – Ai amore mio!

– São quase 06h00min am. Meu turno começa daqui a pouco. O que vocês estão fazendo aqui? – Aaron retorquiu.

– Alguns problemas. Nada demais. – Oliver disse.

Aaron olhou para o meu pulso enfaixado.

– Vejo que um grande problema. Não mexa esse braço, Sarah.

– Está tudo bem. Temos de ir agora, daqui a pouco temos aula. Tchau.

Ele acenou com a mão.

Entramos na picape e Oliver declarou:

– Eu não gosto dele.

Franzi o cenho.

– Por que não?

Ele saiu com o carro e deu uma última olhada para Aaron pelo retrovisor.

– Ele te olha de um jeito estranho.

Levantei as sobrancelhas.

– Oliver, eu não acredito que você está com ciúmes de um policial de 31 anos!

– Que te olha de um jeito estranho! – retorquiu.

Bufei e desviei o olhar pra janela.

– Não vou discutir com você sobre isso, Oliver Fedrizzi!

– Tudo bem. Também não quero discutir com você sobre isso.

Seguimos em silêncio pelo resto do trajeto. Eu não conseguia acreditar que ele estava com ciúmes de um cara 12 anos mais velho que nós. Era como ter ciúmes de um irmão mais velho ou um primo.

Ele estacionou a picape e eu saí na frente, subindo a escadaria rápido e deixando-o para trás. Entrei no apartamento e bati a porta com violência. Meu namorado entrou pouco depois.

– Qual o problema? – perguntou.

– Qual o problema?! Qual o problema Oliver?! Você está com ciúmes de alguém que só quer nos ajudar e é o único que pode fazer isso! – disparei.

Ele me olhou por um segundo e depois suspirou.

– Desculpa. – disse baixinho.

Olhei-o.

– O quê? – perguntei ainda brava.

– Desculpa!

Suspirei e baguncei um pouco o cabelo.

– Tá bem. Só tente não ser tão ciumento. Eu quero que esse inferno acabe, mas nós precisamos do Aaron, ok?

Oliver desviou o olhar por dois segundos e bagunçou os cabelos.

– Ok. – senti-me mais relaxada. – Mas eu ainda não gosto dele.

Bufei.

– Pelo amor de Deus, Oliver! De que jeito ele me olha?!

– Como se você fosse um pedaço de carne! Como se você não merece ser amada.

Balancei a cabeça e o beijei.

– Esqueça isso, tudo bem? Vamos trocar de roupa, temos de ir pra escola.

Fomos até o quarto e tiramos os pijamas. Cada minúsculo movimento fazia meu pulso doer e mordi o lábio por conta da dor.

– Quer ajuda, amore mio? – Oliver perguntou doce. Não importava o quanto brigássemos, pois o modo que ele falava comigo nunca iria mudar. Ele sempre falaria doce e suavemente.

– Por favor, Ollie.

Ele veio até mim e me ajudou a me vestir. Ajudou-me a por a calça e passou a camiseta pela minha cabeça. Gemi de dor quando ele encostou de leve no corte. Ele me beijou.

– Desculpa, bella raggazza.

– Tá tudo bem. Me passa o All Star pra eu calçar.

– Eu coloco em você.

Calçou os tênis nos meus pés. Suspirei sentindo-me meio inútil.

– Eu não devia ter feito isso.

– O quê?

– Aberto o corte de novo.

Ele terminou de amarrar meu tênis e olhou-me ainda ajoelhado.

– Não, não devia. Por que você fez isso?

Suspirei e senti uma lágrima descendo pelo meu rosto e pingando no meu colo. Eu estava tão cansada. De tudo.

– Eu tive uma alucinação, mas pensei que fosse só um sonho então fui abrir o corte pra acordar, mas percebi que era uma crise de sonambulismo.

Oliver levantou-se e beijou a minha testa.

– Eu estou tão cansada, Oliver! Eu não aguento mais! – e assim passei a chorar tudo que não havia chorado em meses. E estava chorando do mesmo jeito de antes, quase um ataque de pânico.

– Shh. – ele me abraçou. – Se acalme. Eu estou aqui.

– Eu não quero mais ficar aqui, Oliver. Se eu pudesse ir embora com você agora eu iria.

Ele suspirou.

– Você sabe que não podemos. Enquanto o caso não for fechado nós não podemos.

Suspirei cansada e olhei para ele.

– Eu sei, querido. Eu sei. Vamos.

Tentei me levantar, mas ele segurou minha mão.

– Tem certeza que quer ir?

– Não posso te fazer perder mais aulas por minha causa, Ollie. Nós temos o SAT esse ano, lembra?

– Lembro, lembro sim. Bem, vamos então.

Trancamos tudo e saímos. Oliver abriu a porta da picape pra mim como sempre e eu dei um jeito de não parecer tão cansada e doente como estava.

...

A manhã de aula fora o mesmo tédio. Entregamos as redações de Dia dos Namorados e o professor disse que corrigiria depois e diria as notas. Sabia que aquele “depois” dele seria quase no final do semestre, quando estivéssemos para nos formar, mas eu não ligava.

Larguei-me no sofá e fechei os olhos. Ouvi os passos de Oliver indo até a cozinha.

– O que você quer de almoço? – perguntou-me.

– Não estou com fome.

Ouvi o barulho de panelas sendo colocadas sobre o fogão.

– Sarah, por favor. Você tem que comer ao menos um pouco.

– Você sabe que não tenho fome.

Ouvi seus passos vindo até mim e ouvi sua voz mais perto.

– Por favor, Sarah, coma só um pouco.

Abri os olhos e vi que ele estava agachado ao meu lado, com a mão repousada suavemente na minha coxa.

– Ok, eu como. Mas só um pouco! Estou enjoada.

Ele levantou uma sobrancelha.

– Devo me preocupar com isso e começar a guardar dinheiro para um futuro enxoval de bebê?

Dei uma risada fraca e empurrei o ombro dele de leve.

– Não, Oliver. Eu não estou grávida, e nem quero ficar tão cedo.

Ele me olhou com uma cara de filhote que caiu da mudança e com um bico.

– Poxa, não estrague meu sonho de ser pai.

– Quer ser pai aos 19, é?!

Ele deu de ombros.

– Oliver, nós não somos seus pais!

Ele baixou o olhar.

– Eu só estava brincando. – disse meio baixo.

Merda. Toquei numa ferida dele que não era pra mexer.

– Desculpa querido. Eu não queria ter dito isso. – eu disse segurando seu rosto em minhas mãos mesmo que doesse e o beijei.

– Tá tudo bem. Só não fale dos dois, por favor.

– Um dia você terá que enfrentar os dois, Ollie.

– Quando você enfrentar seus pais eu enfrento os meus, tá bom?

Olhei-o brava.

– Também não precisa ser grosso, né?

Ele me abraçou.

– Desculpa. Desculpa. Não estou com raiva de você, é que eu não gosto de falar sobre isso. – beijou minha testa. – Me diz o que você quer almoçar, hum?

Pensei por um momento.

– Sabe, estou com um grande desejo de sair da rotina e ir comer um cheeseburguer.

– Desejo?

Sorri torto.

– Estou tirando com a sua cara, bobo. Mas eu realmente estou com vontade de comer cheeseburguer.

– Está recusando minha comida pra se encher de gordura?

– Considere como um dia de folga do fogão.

Ele me olhou por um instante.

– Tá. Vou pegar as chaves do carro.

Ele se levantou e foi até o quarto. Alguém bateu na porta e eu abri.

– Ah, oi Sr. E Sra. Fedrizzi... – cumprimentei sem jeito os meus sogros.

– Olá, Sarah. – a Sra. Fedrizzi disse. - Oliver está aí?

Mordi os lábios não sabendo se deveria deixá-los entrar. Bem, eles deveriam estar só de passagem.

– Sim, está. Entrem.

Eles entraram e sentaram-se no sofá. Pareciam odiar nosso apartamento de 30m² e eu tinha certeza que queriam sair logo dali.

– Bella ragazza, você quer ir ao McDonald’s ou no... – Oliver entrou na sala e interrompeu-se quando viu seus pais sentados no nosso sofá. – O que eles estão fazendo aqui?

– Nós queríamos conversar com você. – a mãe dele disse e depois olhou para mim. – A sós.

– Não, ela fica.

– Ollie, eu vou estar no quarto, ok? Fale um pouco com eles. – dei um selinho neles. – Com licença.

Fui até o quarto e fechei a porta. Não conseguia ouvir o que eles falavam, mas eu tinha certeza que Oliver voltaria bravo. Era hora de ele enfrentar eles, mesmo que ele não estivesse totalmente preparado.

Fui até uma gaveta e peguei minha carteira. Eu só tinha mais oitenta e cinco dólares. Eu tinha que arranjar um emprego. E rápido.

Ouvi Oliver gritando algo em italiano e sai do quarto. Os pais dele saíram da nossa casa e Oliver bateu a porta com violência.

– Amor, o que foi?! – perguntei.

– Eles vieram com uma baboseira, dizendo que eu havia esquecido o aniversário do meu primo no mês passado e quando eu disse que completei 19 ontem eles disseram que não importava. Depois falaram que queriam se reaproximar de mim e abrir meus olhos porque você estava se aproveitando de mim e tudo mais o que é ridículo porque só te chamei pra vir morar comigo depois que fiz sei lá quantas horas extras pra ter certeza que poderia sustentar a gente por um tempo. Então eles me disseram que eu poderia voltar pra casa se terminasse com você.

Fiquei quieta. Ele disparara aquilo muito rápido. Senti-me culpada, pois eu sabia que estava me aproveitando um pouco dele.

– Oliver, você não precisa deles.

Ele me olhou.

– Não, não preciso. E sabe o que vou fazer? Vou entrar numa boa faculdade sem eles, nós vamos achar um lugar maior e mais legal, vou me casar com você e nós vamos ter filhos e eu vou amar essas crianças mais do que qualquer coisa e nós vamos cuidar delas sem a ajuda de ninguém porque eles não podem me ensinar a como amar um filho já que nunca o fizeram!

Ele despencou no sofá e o ouvi soluçar.

– Por que eles não me querem? – disse com a voz meio chorosa e vi uma lágrima caindo em seu colo.

Fui até ele e o abracei forte. Aquela era a hora para eu apoiá-lo e retribuir todo o amor que ele já me dera.


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