Estamos no ano de 2075, fazem exatamente 35 anos desde que a Fortaleza foi fundada. É a maior cidade, além de capital, do Distrito Americano fundado no mesmo ano. É conhecida por possuir o maior número de militares e por ser o ponto principal do Muro que nos protege dos Rebeldes.

O Distrito surgiu com o intuito de assegurar que os cidadão de toda a América pudessem continuar a ter um vida tranquila mesmo com a Quarta Guerra ocorrendo e assim prosseguiu-se até os dias atuais. Fundada por políticos, militares e pessoas com grande poder aquisitivo, possuímos as melhores tecnologias dos tempos atuais e toda a sociedade trabalha em conjunto para que a ordem permaneça.

Diariamente enfrentamos a tenção por conta das revoltas que ocorrem fora do Muro, onde Rebeldes tentam destruir o nosso governo. Vencemos grande parte das batalhas, mas por medidas de segurança, os cidadãos devem se manter afastados.

Nós já estamos acostumados com a nossa realidade, para viver em harmonia só precisamos seguir a Ordem, o conjunto de leis para a nossa própria segurança e cumprirmos com nossas tarefas. Todos os cidadãos maiores de 16 anos possuem uma, mesmo que seja simples, é necessária.

No resto do mundo ainda há conflitos, porém em menor quantidade do que na Europa e América do Norte. Com o final da última Guerra em 2044, conexões de internet, satélite e telefones voltaram, mas são restritas em alguns pontos, por conta dos Rebeldes que tentam por todos os meios fazer com que nós nos revoltemos contra o Distrito.

Meu nome é Claire Sparks, tenho 16 anos e sou filha de um dos Conselheiros, ao todo 12 formam o governo. Não me acho bonita, a única coisa que chama atenção em mim, devem ser os meus olhos cor de mel. E tenho o que podemos chamar de uma rotina pacata, nunca há novidades por aqui, o que torna tudo mais tedioso.

Sempre disseram que eu era um exemplo de cidadã, particularmente eu concordo, afinal não vejo outra opção, é a única realidade que conheço.

O sinal tinha tocado, finalmente chegamos a última aula do dia: matemática. Por que temos que aprender a calcular o x? Não penso que no futuro isso será de alguma ajuda. Meu sonho é ser Gerente de Marketing, não precisa-se de matemática para criar slogans, propagandas e banners, precisa?

—Psiu! - sussurrou Luna. - Ela era a minha melhor amiga desde sempre. Era a segunda melhor aluna da turma, uma CDF em matemática, ou seja, ela tentava de todas as formas fazer com que eu aprendesse a matéria, mas confesso... não funcionava muito bem.

—O que foi? Já sou péssima nessa matéria, se eu não prestar atenção vou pegar recuperação. - Eu disse revirando os olhos.

—Vamos ter um excursão amanhã, adivinha para onde? - Luna perguntou.

—Museu de história natural? - arrisquei.

—Não, muito mais interessante do que isso, para o Muro. - Sussurrou ela.

—O que? Nunca deixaram-nos chegar perto. Por que isso agora? - perguntei.

—Pelo o que o meu pai disse, para conhecermos de perto um pouco mais sobre a nossa história. - afirmou Luna. - O seu pai era o diretor da escola, portanto ela era privilegiada com informações.

—Aquele lugar me dá arrepios, sinceramente não estou com muita vontade. Confesso que sempre tive a curiosidade, mas... acho que sou muito medrosa. - eu disse rindo. - O professor lançou um olhar do tipo: "vou lembrar disto quando for corrigir a sua prova."

Depois ficamos em silêncio, poucos minutos antes do sinal tocar, o professor distribuiu um comunicado , era sobre a excursão, todos começaram a sussurrar a respeito e finalmente o sinal tocou, dando fim a tortura. Corremos para a saída, as ruas estavam abarrotadas de carros e pessoas que iam e vinham por causa do horário de almoço.

A noite, meu pai chegou de uma reunião, estavam decidindo algo sobre a área Sul do Muro da cidade. Não esperava que ele fosse assinar a autorização da excursão, mas surpreendentemente, ele o fez.

Na manhã seguinte todos estavam do lado de fora do ônibus blindado, com suas identificações eletrônicas, todo o cidadão possuía um cartão com foto, nome e um código de barras. O ônibus levou-nos até a entrada Norte, onde militares nos aguardavam, eles seriam os responsáveis pelo nosso tour. Depois de passarem uma lista de regras como:

1. Não se separem do grupo.

2. Não cheguem perto das áreas restritas.

3. Não toquem em nada.

Partimos em direção ao muro, tudo parecia calmo, dezenas de soldados observavam o outro lado e se comunicavam pelos rádios. Ao longo do caminho fomos anotando o que nos contavam sobre a construção. O Muro havia caído no ano de 2043 e reconstruído, em sua maior parte, no mesmo ano. Alguns pontos estavam danificados por conta de bombas lançadas recentemente, então não poderíamos nos aproximar, pois estavam reconstruindo e algo poderia despencar.

Ao longe avistei um buraco na estrutura que estava sendo tampado por um painel, era algo temporário para não deixar tão exposto. Por ele podia ver um gramado alto e bem verde , ao longe a Floresta do Silêncio, o nome popular dado pelos soldados que estiveram em patrulha e contaram como tudo era silencio até que de repente escutavam o barulho dos Rebeldes se aproximando rapidamente e logo já estavam cercados.

—Não é incrível? - perguntou Ally, uma colega de turma. - Um dia quero trabalhar nos muros, deve ser muito emocionante!

—Credo! Eu vou ser advogada, não consigo ficar num ambiente tão pesado assim. - disse Josephine. - Concordei com ela.

Avistei uma flor muito bonita e me aproximei para tirar uma foto, então notei um painel solto, uma súbita curiosidade apareceu e quando dei-me conta, já estava do outro lado do Muro.