As Histórias de Bella Swan - ShortFic escrita por Paola_B_B


Capítulo 4
Bella a caçadora


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a demora, estou meio atolada com a faculdade :( Mas o cap está aí e espero que gostem. Ele está bem sangrento e dramático, o próximo tentarei deixar um pouquinho mais leve ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/519148/chapter/4

Bella a caçadora

Eu ainda tremia embaixo da cama. Fechei meus olhos com força desejando que toda aquela tragédia não passasse de apenas um pesadelo terrível, entretanto quando abri os meus olhos eles ainda estavam lá... Inertes, caídos, com seus olhos arregalados, completamente sem vida.

Com o choro preso em minha garganta percebi que tudo estava silencioso demais. Havia acabado. Finalmente.

Eu estava viva. Meus pais não.

Arrastei-me em direção ao corpo do meu pai, era o mais próximo de mim. Desisti de prender o choro e deixei-me lamentar a minha perda. Minhas lágrimas pareciam eternas enquanto eu abraçava o corpo sem vida de papai. Agoniada em olhar para os seus olhos vidrados eu os fechei com delicadeza. Dei-lhe um beijo carinhoso na testa e arrastei-me em direção ao corpo de minha mãe.

Da mesma forma chorei por ela. Fechei-lhe os olhos e beijei sua testa despedindo-me da mãe que eu tanto amava.

Sem qualquer força em minhas pernas obriguei-me a levá-los para fora. Preparei uma grande fogueira e queimei seus corpos.

Eu ainda sentia-me em estado letárgico, como se estivesse há muito tempo embaixo d’água. O silêncio a minha volta fazia-me sentir ainda mais sozinha. O tempo ensolarado parecia zombar da minha tristeza e olhando para o céu azul e pacífico a raiva começou a crescer em meu coração.

Com a minha irritação e magia o vento começou a soprar forte e não tardou a trazer nuvens negras carregadas de eletricidade e água.

Olhei mais uma vez para a fogueira que cremava os corpos daqueles que mais amei em minha curta vida. O fogo estava quase apagando em meio ao grande amontoado de cinzas.

Eu iria vingá-los. Não deixaria que suas mortes fossem em vão. Cada participante dessa caçada absurda sucumbiria diante de mim. Eles iriam se arrepender amargamente pelo mal que causaram a mim.

– E isso é uma promessa.

A raiva fluiu em minhas veias e eu deixei que a energia me dominasse. A tempestade começou derrubando árvores a minha volta e descarregando raios em toda a floresta. O aguaceiro me encharcou em segundos e tudo era tão forte que eu tinha certeza que os malditos que saíram da minha casa gargalhando teriam que se abrigar em algum lugar. E seria neste momento que eu os alcançaria.

Um raio caiu 100 metros a minha frente, neste mesmo momento transformei-me em loba. O olfato animal seria útil para rastrear os bastardos, mesmo que a chuva estivesse me atrapalhando.

Adentrando pela floresta não demorei a encontrá-los. Estavam abrigados em uma cabana de madeira, riam como hienas aconchegados a volta da lareira.

Rosnei e em seguida uivei.

As risadas dentro da casa pararam por um segundo antes de voltarem ainda mais altas.

Caminhei lentamente até visualizar a janela na outra lateral da casa. Certifiquei-me de gravar a fisionomia de cada um deles para que ninguém escapasse entre meus dedos.

Uivei mais uma vez. Desta vez o silêncio abrupto foi mais longo. Aproveitei para caminhar rapidamente e uivar mais uma vez. Com a minha movimentação os bruxos pensariam que havia uma alcateia inteira a volta da cabana e não apenas uma animaga com sede de vingança.

Observei com satisfação um deles aproximar-se da janela e procurar a escura floresta.

Nãol irei descrevê-los, não direi seus nomes muito menos suas últimas palavras. Eles não merecem essas memórias.

Com o caminhar lento aproximei-me da mesma janela onde estava o bastardo e sem que ele esperasse pulei contra a janela rosnando com ferocidade.

Com o susto o bruxo caiu de costas ao chão me olhando espantando através do vidro.

Minha quente respiração começava a embaçar a janela e eu resolvi que aquele seria o momento certo. Os homens discutiam dentro da cabana, mas não liguei para as suas palavras, apenas segui até a porta e comecei a arranha-la.

Rosnava e latia colocando terror nos bruxos que não entendiam o porquê de um lobo selvagem estar tentando entrar em uma cabana. Não dei chance para eles descobrirem sozinhos, voltei a minha forma humana e derrubei a maldita porta.

O tempo em que fiquei parada os observando foi incontável. Eles estava apavorados. A minha imagem estava deveras assustadora e meus olhos transmitiam todo o sentimento de vingança que corroia meu coração.

Sem nenhuma palavra eu ataquei os lançando em direção as paredes. Espantados com o meu poder começaram a revidar. Seria uma mentira eu dizer que nenhum ataque me acertou, na verdade a maioria deles me atingiu, porém por mais letais que eles o fossem eu não sentia nenhuma dor. Tudo continuava letárgico.

Apavorados com a falta de sucesso eles começaram a tentar fugir. Um a um eu os derrubei.

Ateei-lhes fogo enquanto ainda respiravam. Eles queimariam assim como os meus pais queimaram.

Os gritos agonizantes não tinham qualquer efeito sobre mim, mais tarde quando pensasse sobre aquilo eu me sentiria incomodada, mas naquele momento nada era mais importante do que fazer todos aqueles monstros sofrerem.

Um deles conseguiu chegar a uns 10 metros da cabana, acabou tropeçando em seus próprios pés e cobrindo-se de lama. Ele virou-se rapidamente e apontou sua varinha para mim. Sua mão tremia tanto que mesmo a centímetros de distância eu podia jurar que ele não me acertaria.

Eles virão atrás de você! Vão nos vingar! Vão nos vingar! – gritou sem conseguir esconder o medo em sua voz.

– Não se eu chegar a eles antes. – respondi sem nenhuma emoção para em seguida fazer seu corpo incendiar.

Deixei-o gritando enquanto caminhava de volta para a cabana.

Eu não sabia quem eles eram, mas eu descobriria e os queimaria também.

Eu ainda me sentia letárgica.

[...]

Revirei cada mochila, cada bolsa, cada carteira dos bruxos. Nada explicava o motivo do assassinato dos meus pais, nem mesmo uma dica. Presumi que o motivo era pura crueldade e foquei-me em tudo que indicava os esconderijo daqueles malditos.

Encontrei em uma agenda o endereço de um lugar no centro de Londres e não precisei pensar duas vezes para decidir o meu destino.

Voltei até a casa em que cresci junto de minha família. Juntei tudo o que era de importante e segui viagem sem olhar para trás.

Conforme eu caminhava meu corpo começava a reclamar de todo o exercício recém-executado. Pela primeira vez em horas eu sentia dor física, sentia frio, sentia fraqueza. Meu corpo não aguentaria e eu teria que descansar. Então quando encontrei um albergue tratei logo de me instalar.

Recusei-me a comer a sopa que a velha cozinheira havia preparado. Em vez disso coloquei o pouco conteúdo do meu estômago para fora. Minha consciência começava a me alertar dos meus atos, contudo nada moral conseguia ultrapassar o vermelho que cobria os meus olhos.

Muitos diriam que eu estava errada, que a vingança não era justificada. Ao inferno esses hipócritas de merda, pois eles fariam o mesmo em meu lugar.

Assassinato seria justificado com massacre. Como é mesmo aquele ditado? Olho por olho, dente por dente. A diferença é que se eles me arrancassem um olho eu lhes arrancaria a cabeça.

A falta de cuidado com a minha própria saúde e meu óbvio desequilíbrio psicológico me prendeu na cama. Foram três dias de febre alta, delírios e vômitos. Emagreci tanto que até as minhas roupas mais justas não pareciam me pertencer. Eu estava em um estado tão deplorável que sequer podia imaginar se ia ou não sobreviver aquilo. Bem, a velha cozinheira achou que eu morreria e tratou de empurrar comida pela minha garganta para que eu me fortalecesse.

Não pense que a velha era boazinha e cuidou de mim com todo o seu amor e carinho. A verdade é que ela só “cuidou” de mim para que não tivesse que se livrar de um corpo, o que para ela, era algo obviamente muito mais trabalhoso.

Quando fiquei firme o suficiente para me manter em pé tratei logo de continuar o meu caminho.

[...]

Vigiei o prédio por vários dias. Marcava cada rosto que entrava ou saía do local. Quando nenhum novo membro apareceu eu peguei o que julguei ser o mais fraco.

Anos mais tarde e muito mais experiente eu talvez usasse uma outra tática para conseguir as informações que eu queria. Talvez eu o tivesse seduzido, embebedado e desvendado cada segredo sórdido do miserável sem grandes esforços ou derramamento de sangue.

Porém eu ainda era muito jovem e estava tomada pela raiva e movida pela vingança.

Então, assim como nas piores histórias de terror, eu o peguei no calar da noite em uma perfeita armadilha em um beco escuro. Arrastei-o para o esgoto e lá eu não tive receios em fazê-lo gritar o nome de cada membro daquela maldita seita.

O desgraçado sequer sabia o real objetivo da facção. Tudo o que sabia era que eles iam atrás de bruxos realmente poderosos, pois muito poder era algo suspeito e deveria ser destruído antes que se tornasse algo maligno. Aquilo era ridículo e me deixou ainda mais enraivecida.

O que se deu a seguir está longe de me deixar orgulhosa. Sim, eu vinguei meus pais. Sim, eu extravasei toda a minha raiva. Não eu não fiquei feliz depois disso.

Não lembro detalhadamente como tudo aconteceu. Sei que matei todos. Sei que incendiei cada casa ou esconderijo. Não restou nada, absolutamente nada. Porém no final de tudo, enquanto eu via a fumaça escura subir e enegrecer o céu, meu coração parecia doer ainda mais e tudo que se passava em minha cabeça eram imagens de meus pais.

Caí de joelhos ao chão, chorando, gritando, xingando, implorando. E quando pensei que não tinha mais forças para aguentar o peso da minha própria vida senti braços gentis enlaçarem minha cintura me puxando para cima.

– Vamos, os aurores em breve estarão aqui.

– Eu não me importo. – murmurei exausta.

– Mas eu me importo. – retrucou Dumbledore. – Vou levá-la para um lugar seguro, caso contrário acabará em Azkaban.

Eu não tinha mais forças para retrucar.

Alvo Dumbledore era um bruxo que sempre me tratou com gentileza. Meus pais tinham grande respeito por ele, e graças a isso deixei-me levar.

Ele abrigou-me em sua própria casa e me deu um álibi quando os aurores começaram as investigações sobre as recentes mortes. Engraçado como eles não deram uma merda pela morte dos meus pais, os verdadeiros inocentes por trás de toda essa matança.

A governanta que cuidava de sua casa me tratou com firmeza. Obrigou-me a tomar banho e a comer. Sou grata a ela também.

Quando finalmente me senti preparada para sair da proteção do bruxo eu já não era mais a mesma. Para proteger meu coração fechei-me completamente. Por muitos anos recusei-me a demonstrar afeto por qualquer um. De minha boca apenas a arrogância saía. E a descoberta do meu próprio poder só serviu para eu caçar qualquer desgraçado criminoso.

Sei que essa não é há mais bela das histórias ou a mais bem contada, mas infelizmente ela está incrustada em minha alma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tentarei não atrasar o próximo cap D: