Segredos de Izumi escrita por Cupcake


Capítulo 3
Capítulo 3 - A casa do Toru


Notas iniciais do capítulo

estão gostando? preciso de opiniões ;-;



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No outro dia, acordei e resolvi bisbilhotar o Miyamura. Ele estava tremendo de frio. Coitado, aquele cobertor não havia sido o suficiente para nós dois. Aquele apartamento era muito gelado.

Eu não podia deixá-lo tremendo daquele jeito, então peguei algumas jaquetas minhas, na quais eram muito quentes, e coloquei em cima de seu corpo. Mesmo sendo uma ideia meio idiota, acredito que deu para esquentá-lo um pouco mais.

Miyamura-san era idiota (isso eu digo e repito mil vezes), mas mesmo assim ele era um cara gentil. Seu jeito bobo me irritava algumas vezes, mas eu gostava daquilo. Ele sempre estava de bom humor e me tratou muito bem nesses últimos dois dias.

Preparei o café da manhã e me arrumei para a faculdade.

A manhã passou rapidamente, mas eu já tinha uma pesquisa para fazer em dupla. Então, resolvi fazer com o Toru.

Depois das aulas, resolvemos ir para meu apartamento, onde já começaríamos a fazer imediatamente.

– Por favor, Toru, não ligue para a bagunça do meu apartamento! Tudo é muito pequeno e simples – falei enquanto subíamos as escadas.

– Tudo bem, Kyoko! Relaxa com isso.

Abri a porta e estava Miyamura deitado no sofá lendo seu mangá. Pelo menos daquela vez ele não estava pelado.

– Oi, Miyamura.

– Oi, Hori-san – ele dizia enquanto não tirava os olhos de seu mangá.

– Miyamura, seja educado! Dê oi para o Toru.

Ele parou de ler seu mangá e olhou para Toru.

– Prazer, sou Toru Ishikawa. Sou colega de classe da Kyoko.

– Hannn... Oi.

Naquela hora, houve um clima de tensão entre nós três.

– Er... Eu vim fazer uma pesquisa aqui com o Toru, ok?

– Tudo bem.

Percebi que Miyamura estava meio desconfiado. Mesmo assim, o ignorei e peguei meu notebook. Logo, eu e Toru começamos a fazer nossa pesquisa.

Depois de quase duas horas estudando, resolvi fazer algo para nós comermos.

Fui até o quarto chamar o Miyamura, que estava deitado na cama olhando para o teto.

– Ei, saia daí! Venha comer conosco. Eu preparei um suco de laranja e pão de queijo para nós três.

– Não quero ficar perto desse seu namorado, Hori-san.

– V-VOCÊ É IDIOTA? – perguntei desesperada e com vergonha.

– Não sou. Argh, achei que aquilo era uma faculdade, não uma casa da putaria.

Me aproximei e dei um tapa de leve em sua cabeça.

– Ai!

– Idiota. Vem logo.

– Eu estou certo! Esse cara até te chama de Kyoko.

– Você me chama de Hori porque quer. Eu não ligo se você me chamar pelo meu primeiro nome.

– Pare de reclamar! Venha logo, Izumi!

– Izumi?

– Sim. Você me chama de Kyoko, e eu te chamo de Izumi. Está bom assim?

– Tá bom...

Ele continuava parado na cama. Aquilo estava me irritando, então segurei sua mão e o levantei. Mesmo já levantado, percebi que Izumi não havia soltado minha mão. Ele olhava para mim enquanto meu rosto começava a ficar avermelhado.

– Kyoko... Seu nome é realmente bonito.

– I-IDIOTA! – soltei de sua mão e corri para a sala.

Aquele Izumi é mesmo um retardado! Ele ama me deixar com vergonha. Odeio isso. Mas... Fiquei feliz por ele achar meu nome bonito. Nunca ninguém havia me falado aquilo. Não daquele jeito, segurando minha mão e olhando para mim.

– Cadê o seu colega? – Toru perguntou.

– Ele está no quarto. Já está vindo.

– Uau, aqui só tem um quarto?

– Sim, infelizmente.

– E você divide seu quarto com o Miyamura?

– Não só o quarto, mas a cama também...

– O-O QUÊ? – Toru quase derramou seu suco – Vocês dois namoram?

– C-claro que não!

– Cheguei. O que aconteceu? – Izumi apareceu.

– Han, estávamos conversando sobre o quarto daqui do apartamento – respondi.

– Ah, é. Aqui é bem pequeno, mas eu e a Kyoko nos damos bem aqui – Izumi sorria.

– Sério? Vocês dois nunca fizeram nada?

– Claro que não, Toru! – respondi nervosa – Eu e o Izumi nos conhecemos faz somente dois dias.

– DOIS DIAS? SÓ? Vocês dois são ráp...

– Cale a boca, Toru!

Fui em sua direção para dar um tapa em seu cabeça, mas Izumi me segurou.

– Ter que lidar com a Kyoko é difícil. Ainda mais quando ela está na TPM. – Izumi sussurrou.

– TPM?

– Sim. Você é muito brava nessa época.

– Você fala como se nós nos conhecêssemos há tempos!

– Claro que não. Isso é óbvio, eu consigo perceber isso em uma mulher.

– Izumi, você fala muita merda! Eu não estou na TPM...

Eu estou na TPM. E aquele idiota descobriu. Como ele conseguiu?

Então, os dois começaram a rir.

– Argh. Bestas.

– Bom, Kyoko... Voltando ao assunto... Se é tão complicado morar aqui com esse Izumi, por que não vem morar comigo? Minha casa é bem grande, e ainda por cima tem um quarto de hóspedes para você poder dormir. Podemos estudar juntos e ficar juntos. Você nem precisará pagar o aluguel.

– É SÉRIO? – perguntei com meus olhos brilhando.

– Tá doido? A Kyoko está morando aqui comigo, Ishikawa.

– Estou falando sério, Kyoko – Toru respondeu, ignorando completamente o Izumi.

– Eu aceito! Claro que eu aceito! Obrigada mesmo, Toru! Tem certeza que não vou atrapalhar?

– Claro que não. Ficarei honrado por poder hospedar você em minha casa.

– Kyoko, você vai mesmo?

– Claro que vou! É uma grande oportunidade. Você vai poder ficar com esse apartamento, Izumi.

– NÃO! – Izumi gritou.

– Não o quê?

– Kyoko, fique comigo! Nós podemos dividir a cama! Você vai mesmo com esse cara que só conhece faz dois dias?

– Olha quem fala! Eu também te conheço somente há dois dias.

– MENTIRA! São três dias.

– Ei, ei, ei! Deixe a Kyoko escolher! É o melhor pra ela – Toru se levantou, aproximando-se de Izumi.

– Izumi... Olha... Me desculpe. Eu não posso perder essa oportunidade. Toru é uma pessoa boa. Nós iremos estudar juntos e isso poderá me ajudar em minha vida acadêmica. Você ficará muito feliz aí sozinho.

– Sim! – Toru exclamou.

– M-mas Kyoko...

– Izumi, confie em mim – Toru colocou uma de suas mãos no ombro de Izumi – Kyoko estará em segurança comigo. Vai ser muito melhor pra ela. Vocês podem se ver todos os dias também.

– É mesmo, Izumi! Você foi muito legal comigo nesses últimos três dias. Obrigada por isso!

Ele não respondeu, apenas sentou no sofá e ligou a TV.

– Izumi? – sentei ao seu lado e olhei em seus olhos.

– Han... Ok, Tudo bem. Se vai ser o melhor pra você, eu entendo...

– Obrigada! – o abracei e logo peguei o celular para ligar para minha mãe.

Arrumei minhas coisas e deixei o número do meu celular com o Izumi. Então, me despedi e fui com Toru para sua casa.

Chegando lá, percebi o quanto era grande e bonita. Tinha uma quadra de tênis, piscina e um jardim enorme.

A casa então... Nem se fale! Meu quarto era muito bonito também, apesar de ser de hóspedes.

Tomei banho e aproveitei para estudar um pouco com Toru. Ele era realmente legal e muito inteligente.

Curtimos bastante no meu primeiro dia em sua casa. Por fim, a noite chegou e resolvi dormir. Meu quarto tinha uma janela enorme, que dava para o jardim, onde estava muito escuro.

Aquilo começou a me atormentar um pouco. Parecia que havia algo me observando. Tampei meu rosto com o cobertor e tentei dormir. Estava muito frio, mas o aquecedor ajudava bastante.

OMG! Estava realmente frio. E aquilo me lembrou de Izumi. A única coisa que ele tinha era um cobertor super fino. Como ele estava agora? Fiquei realmente preocupada. Argh, sou uma idiota!

Ouvi um barulho. Parecia vir do andar debaixo. Seriam os pais de Toru?

Falando nisso, eu havia me esquecido de perguntar sobre esse assunto. Será que eles sabiam que eu tinha vindo para cá?

A gritaria começou e fiquei assustada imediatamente. Me levantei da cama e fui até a escada, onde dava para ouvir melhor.

– Toru, você é um irresponsável! – seu pai gritava – Como pôde deixar uma garota vir para nossa casa sem mesmo autorizarmos?

– Ela estava morando com um cara muito estranho! E num apartamento muito pequeno! Não era digno pra ela!

– Deixasse ela lá! Você sabe como está nossa situação atualmente. Seu pai ficou procurando um emprego o dia inteiro para nos sustentar, enquanto você trazia mais um peso para nossa casa!

– Mas eu irei ajudar vocês! Nós podemos cuidar dela. Na verdade, ela mesma pode se cuidar sozinha! Só a trouxe para cá porque sua condição naquele apartamento era péssima.

Meus olhos começaram a lacrimejar. Eu estava mesmo ouvindo aquilo?

– Só porque você já tem 18 anos, não significa que você tem o direito de trazer qualquer pessoa para nossa casa. Você nem sabe de onde ela veio!

– Não fale assim da Kyoko, pai!

– Seu pai está certo, Toru. Suma logo com ela daqui. Se você já nos dá um trabalho, imagine ela...

Desci as escadas e apareci entre eles. Todos pararam e me encararam.

– Pode deixar. Não culpem o Toru. Eu vou embora daqui agora mesmo.

Subi as escadas chorando e arrumei minhas coisas. Eu estava desesperada e muito chateada naquela hora. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Izumi imediatamente.

“Izumi, venha me buscar, por favor. Eu quero voltar para casa.”

– Kyoko, me desculpe! Eu não queria que isso tivesse acontecido! Achei que meus pais entenderiam!

– Tudo bem, Toru – falei enquanto secava minhas lágrimas.

Ele tentou segurar minhas mãos, mas eu soltei.

– Por favor, me deixe ir embora. Izumi está vindo me buscar. Me desculpe por tudo.

– Como assim? Você pode ficar até amanhã, Kyoko!

– Relaxa. Eu já tinha passado o endereço para ele. Vou esperá-lo lá fora.

– M-mas Kyoko! Não vá agora, me perdoe, de verdade!

– Fique calmo, Toru – me virei olhando para ele – Está tudo bem. Vou lá pra fora esperar o Izumi.

Até chegarmos no portão, vi que Izumi já estava me esperando. Sua respiração era ofegante e ele parecia estar muito cansado. Sua roupa era toda preta e ele usava um capuz cobrindo seu rosto.

– O que aconteceu aí? – Izumi perguntou.

– Nada – respondi e me despedi de Toru.

Ele estava tão chateado que entrou em casa imediatamente.

– Você não quer me contar mesmo, Kyoko?

– Não. Fui idiota, só isso. E ainda por cima, quem levou a culpa foi o Toru.

– Corri para cá o mais rápido possível. Já são meia noite, está muito frio. Você não quer colocar uma blusa mais quente?

– Essa daqui já está boa, Izumi. Obrigada por isso. E me desculpe também.

– Relaxa. Só fiz isso por você. Sabe, é legal sua companhia... Mas se você fosse uma pessoa chata...

Empurrei ele para o lado e dei um sorriso. Mesmo tensa depois daquela situação, Izumi havia conseguido me distrair um pouco.

– Ei, por que você está com esse capuz cobrindo todo seu rosto?

– Hannn.. Não é nada. Só não gosto que as pessoas vejam meu rosto.

– Ok né...

Chegamos em casa e me senti muito melhor. Mesmo assim, o apartamento me deixava congelada.

– Cara, como você conseguiu dormir nesse frio? – perguntei.

– Eu não dormi. Fiquei praticando exercícios para me esquentar, só isso. Essa coberta minha não dá nem mesmo pro calor... Imagine pro frio!

– Fiquei preocupada com você – sussurrei.

– Isso é bom! Mas acho que já está na hora da senhorita dormir. Eu vou ficar aqui na sala.

– Não, Izumi. Eu quero que você venha deitar comigo.

Ele se assustou um pouco com as palavras, mas logo voltou ao normal. Mesmo assim, estava todo vermelho.

– Sério que você quer isso?

– Sim, por favor. Eu estou com muito frio... – minha voz começou a abaixar – Agora já temos dois cobertores, mas acredito que se nós ficarmos próximos um do outro, podemos nos esquentar muito mais.

Meu coração começou a disparar. Os olhos de Izumi se esbugalharam e os meus também.

– N-NÃO FOI ISSO QUE EU QUIS DIZER!

Ele riu e correu para o quarto, pulando na cama feito uma criança.

– Venha, Kyoko! Está realmente muuuuuuuuito frio.

Fui até a cama e me deitei. Dessa vez, estávamos um de frente para o outro. Ele me encarava com seus grandes olhos azuis.

Aos poucos, fomos nos aproximando um do outro. Izumi me abraçou e eu fechei meus olhos. Seu corpo estava quente e pude sentir seu coração batendo, já que minha cabeça estava encostada no seu peito.

Meu coração disparava loucamente. Será que Izumi está percebendo isso? Nunca pensei que isso poderia acontecer, mas estava acontecendo. E era bom.

– Muito obrigada, Izumi – disse baixinho.


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