Meu nome é Kyoko Hori, tenho 18 anos e acabo de me mudar para Tóquio, onde irei frequentar minha faculdade de advocacia.

Sempre quis ser uma grande advogada, e eu estava muito ansiosa para meu primeiro dia de aula com pessoas novas e em uma cidade nova.

Após chegar em Tóquio, liguei logo para minha mãe. Nem todas as coisas estavam resolvidas: eu precisava de uma moradia em minha nova cidade. O lado bom é que ela já tinha providenciado isso.

Minutos depois...

- Filha, você pegou o táxi certo? Você já mostrou o endereço do apartamento para o motorista?

- Sim, mãe. O apartamento lá é grande?

- Não, é bem pequeno. A dona dele é uma antiga amiga minha, mas acho que você não irá se lembrar dela. Mesmo assim, já deixei tudo pago o aluguel dos próximos meses, até você arranjar um emprego.

- Entendi. Obrigada, mãe.

- De nada. Espero que você goste do seu novo apartamento. Você sabe que a mamãe te ama.

- Obrigada de novo. Eu também te amo, mãe.

Desliguei o telefone e percebi que o táxi já tinha chegado no local certo. Peguei minhas malas e logo entrei na recepção.

- Kyyyoko, minha querida! - uma mulher estava na porta me esperando.

- Olá! - falei sorrindo.

- Bom, fico feliz por você ter chegado bem. Seu apartamento já está reservado, é no segundo andar, n° 15.

- Tudo bem! Muito obrigada.

Ela havia me dado a chave, um pouco nervosa.

- Han, só que aconteceu um imprevisto.

- Imprevisto? Qual?

- Você terá um colega de apartamento. Tem algum problema?

- COMO ASSIM? Que colega?

- Me desculpe, mas aconteceu um rolo por aqui. Ele estava desesperado por uma moradia, então fiz uma bondade e o deixei ficar com o último apartamento que havia sobrado. E pelo visto, era o seu... Foi erro meu, eu sei! Mas você não irá se importar de ter um companheiro de quarto, não é? Vocês podem dividir o aluguel, ele é um ótimo garoto!

- M-mas... Você tem certeza disso? Como você pôde deixar isso acontecer?

- Calma! Não fique nervosa. Eu irei resolver isso imediatamente, mas você precisa aguentar por mais uns dias, até outro apartamento esvaziar.

Eu não acredito! Sério mesmo que eu teria que ter um garoto morando comigo?

- Argh. - revirei os olhos - Tudo bem. Vou tentar não me estressar nesse meu primeiro dia em Tóquio, mas muito obrigada.

Subi as escadas até chegar no meu novo apartamento. Quando abri a porta, percebi o quanto ele era pequeno e simples. Comecei a andar pelos cômodos minúsculos, até chegar ao quarto que estava com a porta fechada. Quando a abri, me deparei com um garoto de óculos e somente de cueca lendo mangás em cima da cama.

- MEU DEUS! O QUE É ISSO?

Ao me ver, o garoto saltou imediatamente de onde estava.

- Q-QUEM É VOCÊ?

- Eu sou a sua colega de apartamento!

- Ahhhhh, é você. Havia me esquecido.

Fiquei em silêncio, tampando meu rosto com as duas mãos.

- DESCULPE! Eu vou vestir alguma coisa imediatamente! Não olhe, por favor!

- Tá, tá! Vista logo!

Depois de alguns segundos, ele já estava vestido. Seu rosto estava todo vermelho.

- Agora sim - ele sorriu.

- Ufa!

- Me desculpe por isso. Foi algo completamente vergonhoso. Qual é seu nome?

- Meu nome é Kyoko Hori. E o seu?

- Olá, Hori-san. Meu nome é Izumi Miyamura, prazer.

- Oi. Han, você sabe onde é meu quarto?

- Bem, pelo o que eu percebi, só tem um quarto aqui.

- O QUE???????

- É. E uma cama de casal. Acho que teremos que dividir.

- T-TÁ DOIDO? Acha mesmo que vou dividir uma cama com um garoto? Ainda mais um garoto que estava de cueca em cima dela?

- Ué! Qual o problema?

- O problema é que suas partes íntimas tocaram na cama! Você deve até ter se masturbado aí! Eu não sou doida de dormir nessa cama, ainda mais contigo.

- Hahaha, vai dormir no sofá então - ele ria.

- Eu prefiro. É muito melhor que dormir com um idiota como você.

- É brincadeira, sua boba. Eu nunca iria deixar uma garota como você dormir em um sofá duro daqueles. Para de graça e venha dormir na cama. Posso dormir lá na sala.

- NUNCA! NUNCA! Argh, que bosta. Eu sou uma azarada mesmo.

Miyamura se aproximou de mim e logo me abraçou.

- Uau, você nem me conhece e já está me amando. Adoro isso!

- M-me larga! - o empurrei para longe.

Ele não parava de rir. Garoto retardado... E tarado!

- Bom, vamos parar então. E aí, me conte sobre você.

- Acha mesmo que irei ficar falando de mim para um cara que nem conheço? Tá bom né.

- Você é uma garota difícil, Hori-san.

Ele foi para a sala e começou a assistir TV. Enquanto isso, fui arrumando minhas coisas e tirando algumas roupas da minha mala. Eu tinha que começar a organizar tudo para amanhã, o meu primeiro dia de aula.

Depois disso, liguei para a minha mãe e contei tudo o que havia acontecido.

''Ah, filha! Não seja assim. Ele deve ser uma boa pessoa. Não tire conclusões precipitadas.''

OK. Vou tentar seguir esse conselho da minha mãe. Eu não havia passado nem mesmo uma hora com o Miyamura. Precisávamos nos conhecer.

Fui até a sala e perguntei se ele gostaria de comer alguma coisa.

- Hmmmm, você cozinha, Hori-san?

- Sim.

- Eu gostaria de pipoca.

- Pipoca?

- SIM! Qual coisa que combina mais com um filme? Pipoca, não é?

- Han... Tudo bem.

Fui até a cozinha e preparei um enorme pote de pipoca para nós dois.

- Sente-se aqui. Ah, e obrigada por ter feito isso.

- De nada - falei sentando ao seu lado no sofá.

- Bom, o que você veio fazer aqui em Tóquio?

- Estudar. Fazer minha faculdade de advocacia. E você?

- Han... Er... Passar as férias.

- Férias? Logo agora?

- Sim. É por pouco tempo.

- Entendi.

Ele sorriu novamente. Percebi que Miyamura-san era uma pessoa muito sorridente.

Quando a noite chegou, eu ainda estava um pouco perturbada. O apartamento era muito pequeno, e tinha apenas uma cama de casal. Era óbvio que eu não gostaria de dormir lá, por isso arrumei uma coberta e fui direto para o sofá.

- Você é muito idiota, Hori-san. Deixe-me dormir aí e vá logo para a cama.

- NÃO! Eu prefiro dormir aqui.

- Eu não me masturbei nem nada do tipo naquele cama!!! Esse sofá é muito duro!

- Me deixe dormir, Miyamura! Amanhã preciso acordar cedo.

- Não! Vá logo para a cama!

- Pare de mandar em mim!

- Pare de ser complicada, Hori-san!

- Você nem me conhece direito! Sai daqui!

- Eu moro aqui!

- Cara, como você é chato!

- Sou mesmo!

Em um piscar de olhos, Miyamura me tirou do sofá e me pegou no colo.

- AAAAAAAAH! ME SOLTA!

Enquanto eu gritava, ele me levou direto para cama, e me jogou lá.

- Você é doido!

- Hahahaha! Viu! Agora fique aí. Eu estou indo dormir no sofá.

Então, ele apagou a luz e eu cedi. Queria poder gritar mais com ele, só que eu morava em um apartamento onde provavelmente havia vários vizinhos.

Eu estava muito cansada, então, logo dormi.