Era dia novamente, apesar de o sol entrar radiante pela janela aberta do quarto, eu não estava feliz, não era um bom dia. Minha mente estava ocupada e atordoada. Após lavar meu suor na pia do banheiro desci as escadas correndo, esperando que estivessem todos acordados na tensão de salvar Sammy. Mas sou surpreendido, ou nem tanto, pela casa vazia, ainda estavam todos dormindo.

Deixei um bilhete grudado a um imã na geladeira, coloquei meu conjunto de moletom e fui dar uma corrida pelas redondezas para esfriar a cabeça. Apesar de estar preocupado com o fato de Sammy estar preso, na minha mente vinham as imagens da noite passada. Enquanto eu passava na frente de algumas lojas e lanchonetes, vi o amigo da Jubileu bebendo cerveja em uma esquina. Me aproximei sorrateiramente, usando as pessoas da movimentada rua para me esconder.

– Está meio cedo para beber, Satânico. – Era um nome difícil de esquecer.

O garoto se surpreendeu com a minha chegada, mas fez de tudo para não deixar notar. Ele largou a garrafa fazia sobre um contêiner de lixo e em seguida soltou um arroto alto para todos da rua ouvir. – É hora de beber em algum lugar no mundo.

– Sei, os seus amigos fizeram o meu amigo ser preso. – O encarei com raiva, mas ainda mantinha a calma.

Ele soltou um sorriso cínico e depois cuspiu no chão. – “Qualé” que é? Você e seu bandinho de mutantes de cabelos coloridos atrapalharam os MEUS AMIGOS. Mas não se preocupe a sardinha não está mais na lata.

– O que você quis dizer com isso? O que vocês fizeram ao Sammy? – Sem perceber eu já estava gritando, chamando atenção das pessoas da rua.

Satânico se jogou para frente e me desferiu um soco mais rápido do que pude raciocinar. Caí no chão sobre sacos de lixo com a mandíbula dolorida. Ele pegou um cigarro do maço que tinha no bolso e acendeu. Ele colocou um de seus pés sobre uma caixa de papelão cheia de lixo e se apoiou sobre o joelho dobrado. Tragou um pouco do tabaco e em seguida soltou a fumaça em meu rosto. – A majestade mandou colocar cartazes ordenando a cabeça viva da mutante que controla o metal. Que tal trocar a princesa pela jovem aberração? – Ele se afastou, indo para o outro lado da rua, mas antes de chegar lá gritou. – Ding dong, a rainha é impaciente, xerife.

Voltei para o casarão abandonado onde a minha “trupe” se escondia, para contar as novidades. Todos ficaram com medo, era mais fácil resgatar Sammy em uma prisão de segurança máxima do que de um grupo de mutantes descontrolados que se acham donos da cidade. Mas ele precisava de socorro, e eu estava pronto para fazer qualquer coisa, afinal ele foi o único que demonstrou ser realmente meu amigo.

Cerca de uma hora depois.

Fui até a boate onde a gangue de mutante passava todas as noites e me vesti adequadamente, eu acho. Estava com uma jaqueta de couro, uma regata por baixo e uma calça de couro combinando com a jaqueta, juntamente com tênis de alguma marca nova-iorquina que peguei emprestado do Pietro. Após alguns segundos rondando pela boate lotada de mutantes e humanos, a maior parte adolescentes, avistei um garoto com sorriso maléfico me encarando, Satânico.

– E então? – Perguntou ele enquanto olhava ao meu redor.

– Nos fundos. – Foi apenas que eu disse e então deixei o estabelecimento, seguindo para os fundos.

Abri a porta e vi Lorna onde a deixei, amarrada sobre uma viga do estacionamento. Caminhei até o seu lado, enquanto a ouvi choramingar. Pouco tempo depois a porta se abriu novamente, primeiro saiu Satânico, depois uma garota cinza e em seguida um homem enorme que por pouco não passou pela porta. Ele era feito de pedra e carregava pelo braço o pequeno Sammy. Mesmo estando a alguns metros de distancia pude ver os olhos dele brilharem.

– Você vai entregar a garota assim tão fácil? – Perguntou a mulher cinza. – Isso está muito estranho. – Ela disse para Satânico, claramente ele era seu líder.

– Esta nada mulher. – Ele disse afastando-a e depois pegou Sammy pelo braço e caminhou em nossa direção. – Vamos, traga-a.

Soltei Lorna das cordas e depois retirei a sua mordaça e ela gritou. – Venham vocês, mas venham com tudo suas bixinhas!

Antes de dar tempo para eles pensarem três carros voaram na direção deles, acertando em cheio cada um. Sammy saiu correndo em nossa direção e meu rosto estava coberto de um enorme sorriso, de felicidade e porque terei minha vingança.