Era um daqueles dias em que tudo dava errado. Briguei com meus pais logo de manhã e acabei não comendo absolutamente nada. Corri para a escola, xingando todos que aparecessem em meu caminho e com o estômago roncando, pra variar. Quando cheguei ao colégio, percebi que o portão ainda estava fechado e que eu teria que ficar esperando mais alguns minutos para poder entrar no local.

Tive que aguentar umas patricinhas nojentas reclamando sobre como a manicure pintou a sua unha mal ou falando sobre um famoso qualquer. Tive que suportar também os meninos metidos a descolados que precisam me mandar cantadas imbecis todas as vezes que me veem.

Assim que o porteiro – mais atrasado do que nunca – chegou e abriu o portão, rumei rapidamente para a minha sala. Rolei os olhos ao lembrar qual seria a primeira aula. História. Sério, ninguém merece.

Coloquei meus fones e aumentei o som até o último volume. Abaixei minha cabeça na carteira e fechei meus olhos. Iria aproveitar o tempo restante para dormir. Esperava que alguma de minhas amigas me acordasse quando a aula começasse.

[...]

Despertei com o grito da professora e olhei ao redor. Suspirei frustrada ao constatar que nenhuma das garotas tinham ido à escola. Um dia, elas ainda reprovam por falta. Abri meu caderno a muito contragosto e passei a encarar a lousa preenchida completamente. Alguém deveria dar o prêmio de “mulher mais irritante do mundo” para a professora.

Tive minha atenção desviada – novamente – ao ouvir alguém batendo na porta. Ainda bem que não foi apenas eu que olhei para lá. Do jeito que estava azarada...

- Pode entrar. – a professora, Kurenai, pediu. Sorri de canto ao vê-la revirar os olhos irritada com a interrupção.

Deixei meu queixo cair quando vi quem era o individuo que estava do outro lado da porta. Se deuses gregos existiam, ele com certeza era um deles.

- Meu nome é Uchiha Sasuke e eu sou o aluno novo. – a voz, o sorriso, os cabelos, os olhos, o corpo, o rosto. Tudo extremamente perfeito e sexy.

- Seja bem-vindo. Pode escolher um lugar e se sentar. – Kurenai começou a encher o quadro de novo e Sasuke começou a andar por entre as carteiras. Por onde passava, as meninas suspiravam e os meninos faziam caretas, Típica reação estudantil diante alguém bonito.

O que me surpreendeu, porém, foi o fato dele ter parado em minha frente e estendido sua mão em minha direção.

- Uchiha Sasuke e você? – seu sorriso de canto fez todo o meu corpo arrepiar-se. Estava com os olhos levemente arregalados, perguntando-me internamente o que raios estava acontecendo.

- Haruno Sakura. – estendi minha mão até a dele, ainda meio receosa. Sasuke simplesmente sorriu e beijou as costas de minha mão.

- Posso me sentar ao seu lado, Haruno Sakura?

Sorri, entrando na brincadeira. Se é que aquilo era uma brincadeira.

- Claro, Uchiha Sasuke. – respondi, vendo-o sentar ao meu lado e abrir seu caderno.

E então, naquele momento, percebi que o dia começava a melhorar.

[...]

O sinal soou, anunciando o intervalo. Esperei todos saírem da sala para enfim, levantar-me. Não queria ser atropelada, afinal.

- Fica aqui comigo. – franzi as sobrancelhas ao sentir Sasuke segurando meu pulso levemente. Virei-me para ele, confusa. – Trouxe lanche.

Sorri, sentando-me novamente, enquanto ele abria sua mochila e retirava algumas bolachas. Ficamos conversando por todo o intervalo e descobri ter muitas coisas em comum com ele. Muitos gostos, muitos medos e principalmente, muitas revoltas.

E mais uma vez, tive certeza que o dia já estava quase tornando-se o melhor dia da minha vida.

[...]

Durante a saída, decidimos ir embora juntos. Eu estava tensa, pois lembrei-me que teria que enfrentar meu pais. Não queria ter que pedir desculpas e assumir que estava errada. Era muito vergonhoso.

- O que foi? – Sasuke indagou parando de andar e eu percebi que havíamos chego na rua em que nos separaríamos.

- Só umas coisas aí. – encolhi os ombros, fingindo despreocupação.

- Quando eu era pequeno, mamãe sempre me dizia sobre um ótimo método de esquecer os problemas e ficar um pouco melhor.

- Qual? – pendei a cabeça, confusa. Precisava descobrir esse tal método urgentemente. Iria usá-lo sempre.

Sasuke apenas sorriu de canto – novamente – e me surpreendeu – novamente – puxando-me pela cintura e colando nossos corpos em um abraço.

- Abraços são os melhores remédios do mundo. – ele sussurrou em meu ouvido e eu sorri, concordando.

Realmente, não existia nada melhor que um abraço. Ainda mais se esse abraço for de Uchiha Sasuke.

E claro, naquele instante, tive a máxima certeza que, o pior dia de minha vida tinha se transformado no melhor. Porque, obviamente, não existe dia ruim quando se tem Sasuke nele.