Cheguei em casa me arrastando, meu corpo todo doía, todos vieram para cima de mim querendo saber o que raios havia acontecido comigo, eu apenas fiquei em silêncio. Subi as escadas gemendo de dor, parecia que eu ia morrer ali, me joguei na cama, eu estava acabada, eu estava com raiva, com vontade de matar aquele ser chamado Lucy. Aquilo não ia ficar assim. Eu ia descobrir mais sobre essa demônia e me vingaria, me vingaria da pior forma possível.
Quando percebi já estava de manhã, eu não havia dormido quase nada, e se tem uma coisa que eu não deixo de fazer é ir para a escola, não sei como explicar... Eu simplesmente gosto de me sentir normal.
Me levantei ainda com muitas dores, fui a passos lentos até o banheiro, olhei para o espelho com a intenção de analisar a situação. Estava aceitável, pequei um casaco roxo e o coloquei por cima da minha blusa do Bob Esponja que eu usava para dormir, coloquei um tênis qualquer e peguei minha mochila indo em direção a saída da mansão.
Andei, ou melhor, manquei até a escola sem dirigir a palavra a ninguem, subi direto para a minha sala, sentei na última cadeira do fundo e coloquei a mão no local onde eu levara a joelhada, massageando o lugar.
–Ei, Molly!!! O que aconteceu com você? Meu deus parece que você foi atropelada por um rinoncerote.-Olhei para a pessoa a minha frente tentando identifica-la.
–Pois é... Me desculpe não estou me sentindo muito bem.-Me levantei e fui em direção ao banheiro.
Olhei para o grande espelho do banheiro checando a situação mais uma vez. Revirei os olhos, penteando meu cabelo com os dedos e me xingando mentalmente por aparecer assim na escola.
–Molly, ah meu Deus, deixa eu te ajudar amiga.-Me virei na direção da voz melosa que se dirigia a mim, abrindo um sorriso amarelo para a a garota.
–Amanda, eu estou passando por uma situação complicada.-Ela me olhava com uma expressão preocupada enquanto colocava um estojo te maquiagem em cima da pia e começa a escovar meu cabelo.
Amanda era uma garota ruiva branca e de olhos castanhos, depois de mim ela pode ser considerada a mais popular da escola.
–Ai amiga, não fica assim não, as coisas vão melhorar amore. Não se preocupe. Mas uma queen como você não pode aparecer na escola de uma forma tão decadente.-Após dizer isso ela piscou para mim e começou a me ajudar com a maquiagem.
–Não sei o que seria de mim sem você amiga.-Mentira, eu não gostava dela.
Após passar por uma trasformação de zombi decadente a rainha da beleza fui para a sala de aula, e aguentei pacientemente as 6 aulas. Depois que o sinal da saída tocou sai praticamente correndo. Hoje começaria minha vingaça.
Cheguei em casa e taquei minha mochila no sofá, pegando apenas meu celular e me pus a correr até a casa horrível daquele ser que não pode ser de Deus. Chegando lá me posicionei atrás de uma árvore, sempre achei horrível eles morarem na frente de um bosque, mas agora eu agradeço e muito pela falta de noção da Lucy e seus coleguinhas estranhos.
Eu já estava a quase 3 horas na frente daquele lugar horroroso e nem um sinal daquele ser asqueroso e assustador. Eu já estava quase desistindo e deixando para uma próxima, mas graças a alguma força divina ela apareceu, acompanhada dos 2 seres estranhos de ontem a noite. Ela estava com uma cara sonada enquanto os outros dois riam e se apoiavam nela. Seria perigoso, eu dúvido que conseguiria dar conta dela sozinha, agora imagina junto com esses 2 alienigenas, seria como pedir para morrer. Eu estava extremamente indecisa, atacar ou esperar uma chance melhor? Mas eu já estava a tanto tempo esperando, o que fazer?
Acabei optando pela pior opção, atacar. Taquei uma pedra na cabeça da Lucy e corri pra direção contrária, tentando evitar ser vista. Assim que a pedra acertou a cabeça de Lucy, a mesma cambaleou para frente colocando a mão no lugar acertado e olhando em volta procurando o agressor. Ela olhou para os aliens que estavam do seu lado falando alguma coisa para eles, que logo se moveram, ela tirou a mão da cabeça olhando-a e depois olhando para todos os lados, eu ria silenciosamente.
Estava tudo perfeito, agora era só eu entrar naquela casa e pronto. Eu estava me vangloriando. De repente eu sinto algo gelado tocar meu braço, solto automaticamente um grito esganiçado, mas paro assim que vejo quem fora o indíviduo que me tocara.
–Meu Deus Nicolas, você quase me matou do coração.-Eu só faltava pular no pescoço dele e dizer "Me come".
–Sinto muito, é que eu estava passando por aqui e do nada vejo você atrás de uma árvore espiando alguma coisa, então eu fiquei curioso. Sério mil perdões.-Ele soltava risadinhas muito fofas enquanto falava.
–Não, tudo bem, é que eu pensei que fosse outra pessoa. Quer tomar um sorvete?-Eu estava em êxtase.
–Pode ser, mas o que você estava fazendo não era importante?-Ele disse com um tom até um pouco irônico.
–Não, na verdade nem lembro o que estava fazendo.-Ele é tão lindo.
Fomos até uma sorveteria ali perto e conversamos por horas, e eu descobri finalmente o por que dele ter me recusado, ele já era apaixonado por uma garota da escola dele. É a vida, eu provavelmente sou mil vezes mais bonita e interessante que essa garota, mais cedo ou mais tarde ele vai perceber isso.
Depois que ele foi embora eu voltei a minha posição original, todas as luzes estavam apagadas, e uma das janelas estava aberta. Perfeito. Me esqueirei até a casa entrando pela janela. Olhei bem aquela casa, tinha um visual meio velho, aposto que eles não ligariam se eu fizesse uma "reforma". Peguei um abajur, o tacando contra um vaso que deveria ser um pouco caro, chutei a TV de 50 polegadas deles até que ela ficasse inutilizavel, peguei os vários pratos de porcelana os tacando no chão, me dirigi aos banheiros onde rasguei todo o papel higiênico o espalhando por toda a casa. Eu estava fazendo um trabalho de mestre, até que ouvi um barulho vindo da porta, ai sim eu entrei em pânico. Pela mesma janela que eu entrei eu sai, caindo de cara no chão, mas no momento eu não liguei, corri de volta para a minha casa, sem olhar para trás, mal sabia eu que havia esquecido algo muito importante.