A madrugada foi o maior tédio. Eu tinha que apenas ficar parada no escuro sem fazer nada. Absolutamente nada. Por um lado, foi bom pensar um pouco. Pensar naquele beijo de boa noite do meu pai. Esse sempre fora o meu sonho.

Olhei a hora em meu celular. Eram nove da manhã e não se ouvia ninguém na casa. Luke ainda estava dormindo e pap... Andrew havia saído para o trabalho.

O que eu faria hoje?

Revirei os olhos.

Agüentar dois meses aqui não iria ser fácil.

Ah, fala sério! Isso é Londres. Ninguém passa tédio aqui. Eu iria é levantar dessa cama e dar uma volta pela cidade. Não seria aquele passeio maravilhoso de ontem, mas pelo menos a uma pracinha eu iria.

Fui descalça até a sala. Sentei no sofá e liguei a TV.

Depois de quinze minutos Luke aparece.

–Bom Dia! –ele diz.

–Bom Dia!

–Any... Porque você está com a mesma roupa de ontem?

Olhei para baixo. Esqueci-me completamente.

–Ahm... Acabei pegando no sono ontem.

–Hm... Dormiu bem?

–Como uma pedra. –menti.

Ele riu.

–Vou preparar café para mim. Você quer?

–Não. Obrigada! Vou a uma Starbucks.

–Tudo bem!

Entrei em meu quarto e escolhi uma roupa. Entrei no banheiro e deixei a água do chuveiro escorrer em mim. Peguei a pedra de sabonete, e fui passando lentamente pelo meu corpo, aliviando cada músculo.

Depois de um bom banho, eu me troquei, colocando uma roupa de inverno. O dia amanheceu frio. Claro que não sinto frio, mas me chamariam de louca se eu saísse de regata e short na rua.

Depois disso fui até Luke me despedir.

–Tchau Luke. Até daqui a pouco.

–Any... Eu sempre almoço em algum restaurante. Porque não me encontra em algum?

–Tudo bem. Me liga informando o endereço. –falei.

Ele assentiu.

Abri a porta.

–Tenha cuidado. –ele alertou.

E foi a minha vez de assentir.

Nada poderia acontecer comigo.

Ao atingir a calçada, olhei para os dois lados, decidindo para onde ir. Decidi ir para a esquerda. Puro instinto.

Eu andava e pensava. Jacob e Nessie? Arg... Eu sentia vontade de vomitar.

O que Jake viu naquela sujeitinha? Ah lembrei. Não se precisa de nada quando é um imprinting. Ta certo que ela é bonitinha, mas eu não me trocava por ela.

Coloquei meu fone de ouvido e aumentei a música no máximo.

Eu precisava. Era meu dever esquecer Jacob. Eu devia seguir em frente. Ele nunca olharia para mim como ele olha para ela.

Isso não vai ser fácil. Será muito complicado esquecer Jake, mas eu faria o possível e aproveitaria esses dois meses em Londres.

–Ai... –resmunguei.

–Me desculpe. –Falou o garoto alto que acabara de se esbarrar em mim.

–Tudo bem.

Continuei meu caminho, e depois de um tempo cheguei.

Sentei-me em uma das mesas e logo fiz meu pedido para uma mulher com cara de coruja.

Enquanto esperava, eu batia minhas unhas na mesa, imitando uma canção. A outra mão estava sustentando o peso da minha cabeça enquanto o cotovelo apoiava-se na mesa.

Na televisão passava um noticiário. E o mesmo se tratava das várias mortes no mesmo lugar, em um acampamento. Ao que parece, um grupo de adolescentes acampavam em uma das florestas aqui perto, e na manhã seguinte foram encontrados mortos. Dezesseis mortos.

–Aqui está. –A cara de coruja deixou o cappuccino em cima da mesa.

Nesta hora senti minha garganta queimar de sede. A mulher tinha um cheiro muito bom. Droga! Eu precisava caçar.

–Muito obrigada! –Deixei um bolo de dinheiro para ela em cima da mesa, e sai apressada, deixando-a com cara de confusão.

Eu precisava ir até essa floresta do noticiário. É bem perto.

Enquanto eu caminhava a passos largos, eu sentia uma coisa estranha. Algo como se eu estivesse sendo seguida.

Afastei esse pensamento e continuei o meu percurso. Mas eu não conseguia afastar a sensação.

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Depois de caçar, eu estava indo para o restaurante que combinei com Luke. E a sensação não me deixava.

Não pode ser. Alice teria visto e se comunicado comigo.

Abri a porta e logo o avistei. Luke estava sentado em uma das mesas perto da janela.

–Oi. –ele disse.

–Oi.

O garçom trouxe o cardápio. Luke fez o pedido.

–E você? O que vai comer? –Luke perguntou.

–Acho que não vou comer nada.

–Por quê? Você precisa almoçar.

Então eu fiz um pedido qualquer.

Fui conhecendo Luke cada vez mais no meio de nossas conversas enquanto esperávamos os pedidos.

Quando os pratos chegaram, Luke já começava a comer.

Olhei para o prato cheio de comida humana, e retorci o nariz.

Enchi o garfo de comida e com muita coragem levei até a boca.

Mastiguei apenas duas vezes e engoli.

Não tinha como explicar. Era horrível. Insuportável. Como comer terra.

Empurrei o prato com as mãos.

–Não vai comer mais? –Luke perguntou.

–Não. Estou sem fome.

Ele deu de ombros e voltou a se concentrar em sua refeição.

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A noite tinha chegado e neste momento eu estava em meu quarto. Abri meu e-mail e havia um de Alice.

“O que está acontecendo? Estou tendo umas visões embaçadas. Não consigo ver direito. Você está com algum lobo ou lobisomem por aí? Responda-me o mais rápido o possível. Estou preocupada.”

Hã? Alice está doida?

O e-mail foi enviado de manhã.

Comecei a escrever quando bateram na minha porta.

–Any... Você pode vir aqui um instante? –Luke pediu.

Levantei e deixei o notebook na cama.

Ele me acompanhava até a sala e eu ficava cada vez mais confusa.

Por enquanto eu só podia ver Andrew sentado na poltrona de frente para o corredor.

Suspirei. Eu não estava a fim de conversar agora. Eu nem sabia por onde começar.

Então eu os vi.

–Oi Any. –Bella estava com um sorriso no rosto, enquanto Ed adotava uma expressão séria.