O que estava acontecendo comigo? Eu não poderia me apaixonar pelo Jake, meu melhor amigo. Mas agora, já era. Aconteceu. Na verdade, aconteceu faz tempo. Como não percebi isso antes?

–Rauany. –Mamãe abriu a porta do quarto.

–Bella. – falei sem tirar os olhos da janela.

Ela suspirou. Ainda não entendi o fato de ela não estar brava.

–Por que não está decepcionada comigo? –perguntei mudando meu foco para seu rosto.

–O que a fez pensar isso? Eu estou muito decepcionada.

–Mas diferente do papai, você não gritou comigo. –Ed e Bella foram buscar a mim e meus amigos no local do acidente. Como eles sabiam? Apenas uma palavra. Alice. Chegando em casa papai trouxe-me direto para o quarto e começou a me dar um sermão. Um longo sermão. Revirei os olhos com essa lembrança. Mas a final de contas, ele tinha razão. Eu deveria ter sido responsável e cuidadosa com meus amigos humanos. Eles são frágeis de mais. E eu deveria ter escutado o papai e ficado em casa.

–Prefiro resolver as coisas na base da conversa. –Bella explicou-se.

–Papai também conversou comigo.

–Bom, que eu saiba, conversar é quando as duas pessoas falam. E desta vez, só Ed falou. E mais, eu prefiro conversar com calma.

Suspirei novamente. Lá vinha mais sermão.

–Pode começar. –falei entediada. –Vai me dar mais três meses de castigo?

–Não.

Arqueei uma sobrancelha.

–Então o que?

–Vou retirar o castigo dado pelo seu pai.

–Oi? –fiquei confusa.

–Bella... –Ed resmungou furioso no andar de baixo.

Ela simplesmente ignorou e continuou:

–Não vá festejando. Seu castigo será ficar uns tempos com seu pai biológico, em Londres.

–O QUE? Bella você não pode fazer isso comigo. Eu nunca o vi, e ele nunca me procurou. Não vou. De jeito nenhum. E se ele for um louco? Um tarado? EDIEEEE. –chamei.

–Ele não está aqui. Todos acabaram de sair para nós conversarmos. E quanto ao jeito de ser do seu pai... Não se preocupe. Já investigamos sobre ele, e a questão é que ele nem sabe que você existe.

–Espera! Eu já sei. Entendi tudo. Vocês querem me entregar para ele. Não é isso?

–O que? Não filha. Nunca. É que ele tem o direito de conhecer você. Confie em mim. Ele é uma boa pessoa.

–Bella. Não faça isso comigo. Vou contar tudo ao Ed.

–Ele já sabe.

Fiz carranca.

–Quanto tempo? –perguntei cruzando os braços.

–Dois meses.

Abri a boca, chocada.

–Vocês agüentariam ficar dois meses longe de mim?

–Não. Mas vamos ter que fazer esse sacrifício.

–Mãe. E se ele quiser minha guarda?

–Não vamos deixar isso acontecer. Nunca.

–Vou ter que ir de avião? –Bella assentiu. –Quando?

–Amanhã.

Claro que eu achei muito cedo, mas não adiantava discutir com a Bella.

–Ah, tem mais uma coisa que deva saber. –Bella passou-me tudo sobre meu pai, e onde eu poderia encontrá-lo.

Aproveitei para contá-la o que descobri sobre o lobisomem.

–Tudo bem, filha. Agora vamos falar de outra coisa.

–Que outra coisa?

–Do Jacob.

–Do Jacob? Por quê?

–Eu já havia percebido o que estava acontecendo. Na verdade todos perceberam menos você. E agora que Jake sofreu imprinting pela Nessie, você deve ter notado seus verdadeiros sentimentos.

–Você me conhece bem, não é? –abaixei a cabeça.

–Conheço sim. –ela riu.

–Mãe, deixa isso para lá. Contanto que Jacob não saiba de nada, está tudo bem. E além do mais, ele é seu ex. Não ia pegar bem... Nós dois juntos.

Ela sorriu.

–Isso não tem nada a ver. Se vocês se gostam, qual é o problema?

–Mas acontece que ele não gosta de mim. Ele gosta da Renesmee. –trinquei os dentes.

–Filha, acho que você tem que se controlar. Você está começando a ter raiva da sua amiga. E ela não tem culpa de nada.

–Tem sim. –teimei. –Ela nasceu.

–Rauany. –Bella se espantou.

–Ai, desculpe.

–Não é a mim que tem que se desculpar. –ela suspirou. –Você vai na reserva?

–Por quê? –perguntei.

–Você ia todos os dias para ver Jacob.

–Sim, eu ia. Não vou nunca mais.

–Jacob irá perceber que está agindo de forma diferente. Se continuar assim, ele vai descobrir que você...

–Está bem. Já vou. Posso trocar de roupa, primeiro?

Bella saiu do quarto para dar-me privacidade.

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–O quê? Você vai para Londres? Você não pode ir. –indignado, Jake chutou a areia da praia com uma força assustadoramente brutal.

–Posso sim. –digo colocando as mãos no quadril.

–Mas eu não quero. –falou abaixando a cabeça.

Sorri. Será que...

–Por quê? Qual a razão para que você não queira que eu vá? –questionei, com uma pitada de esperança.