Legàmi escrita por Gabriel Neres


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

" Destino, não existe. O que existe são consequências. "



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“Faz 20 anos que tudo aconteceu. Eu tinha seis anos de idade, e minha irmã nove. Brincávamos a beira do lago quando nossa mãe, Rita, caiu às águas. Nosso pai, Joaquim, pulou e tentou a salvar mais ele não conseguiu. Ela acabou por morrer afogada, grávida do nosso irmão, e seu corpo nunca reapareceu. Já meu pai, foi levado pela correnteza e caiu na cachoeira. Minha irmã foi morar com a família de meu pai e eu com a família de minha mãe. Cresci, estudei, me formei, e agora, estou reabrindo o restaurante que a anos esteve fechado. Decidi chamar a minha irmã, estou bastante apreensiva. Sei que este encontro pode mudar completamente o rumo não só da minha vida, como o da vida dela. Mais seja o que Deus quiser.”

O campo do roseiral estava como nunca. Era primavera. As rosas vermelhas se fundiam com as folhagens verdes, mostrando um contraste único. Próximo dali um rio, desaguava uma cachoeira. Borboletas planavam nas árvores, abelhas colhiam o néctar das flores, numa total calmaria. A família Hoyt acabava de chegar. Joaquim Hoyt, Rita Hoyt, e suas filhas, Sofia e Julia Hoyt. Rita estava grávida de nove meses dessa vez de um menino. Joaquim tirava as coisas pra organizar o piquenique à beira do rio, enquanto que as miúdas brincavam próximos as arvores.
– E então meu amor. Estás bem? -perguntou ele ao ver a mulher com o olhar meio que desviado.
– Eu? – gaguejou. – Eu estou bem sim. Só um pouco preocupada.
– Preocupada? Mais com o que?
– Com a gravidez. Eu tenho medo que alguma coisa aconteça.
– Vem cá. – Abraça-a. – não vai acontecer nada. O nosso Tiaguinho vai nascer bem. Só porque a Catarina perdeu o seu filho, não significa que também vamos perder. O que aconteceu com o bebe da sua irmã foi uma fatalidade.
– Será?
– É claro que sim. Não te preocupes. Vai dar tudo certo.
Joaquim da um leve beijo na testa da mulher, e volta a organizar as coisas do piquenique. Ali próximo, Maria, observava a movimentação da família escondida atrás de uma moita. Julia e Sofia brincavam a beira do rio, a alguns metros dos pais.
– Julia, eu não vou emprestar a minha boneca a ti! Tu tinhas a tua e estragaste-a.
– Então a brincadeira acaba aqui!
– Meninas, o que é que se passa? – Aproxima-se Rita. – Estão novamente a brigar?
– A Sofia não quer me emprestar à boneca dela!
– Onde é que está a tua? Lembras-te? Destruíste. Agora vais ficar sem nenhuma.
– Tu gostas mais da Sofia do que de mim!
– Julia! Por favor, minha filha. Não invente histórias. Eu nunca tive e nem vou ter preferência por nenhuma de vocês.
– Mais tu gostas mais dela do que de mim! Eu odeio vocês duas! Odeio! – grita Julia furiosa, saindo do local e entrando na floresta.
– Julia! Julia volta aqui!
Os chamados foram a toa, pois Julia apesar de ouvi-los, continuou caminhando pra dentro da densa floresta.
Joaquim também se aproxima.
– E então? O que está acontecendo?
– A Julia está teimando. Queria a boneca da Sofia e quando eu disse que não, ela foi na direção da floresta.
– Isso é só uma pequena teimosia de criança. Logo ela volta.
– Vocês, podem ir tomar o pequeno almoço, que eu vou atrás da Julia.
– Está bem... Mais não demores.
Joaquim leva Sofia pra o lençol onde estavam as guloseimas, e Rita vai à direção da floresta. Apreensiva como se pressentisse algo, Sofia olha pra trás. Seria a ultima vez que veria sua mãe. Do outro lado, a beira de uma forte correnteza, Rita ver a filha e corre em sua direção puxando-a pelo braço.
– Julia! O que tu ias fazer? – fala apreensiva, abraçando-a em seguida. – Nunca mais fale aquilo que tu me disseste! Eu amo-te querida. Tu és a minha primogênita.
– Larga-me! – Recua - É por este motivo que eu odeio-te e odeio a Sofia mais ainda! Ela nunca era pra ter nascido! Eu quem recebia os presentes, eu quem ganhava os abraços, os beijos. Depois que ela nasceu eu perdi a prioridade. E agora tu estás grávida de outra criança. Mais quer saber o que mais? Ela não vai nascer.
– O que estás a dizer?
– Ela não vai nascer! E depois que eu cuidar de si, e do pequeno Tiaguinho, vou cuidar da Sofia!
– Julia!
O grito de Rita ecoou impactante mente por todos os cantos do lugar. Julia, empurra a mãe rio abaixo.
– socorro, socorro! – grita Julia fingindo desespero. – Pai, pai!
Joaquim escuta os gritos e corre á procura das duas.
– Filha, o que foi, onde está a sua mãe?
– Lá! – aponta para as águas!
Joaquim pula na água e vai em direção a mulher. O choque é total, a tensão é de botar o coração pela boca. Julia sorri em ver o desespero. Alguns moradores do local chegam perto das garotas completamente em estado e choque.
– Anita, vá até a casa e ligue pra guarda costeira.
A mulher corre pra casa.
– Miúdas, venham comigo.
– Eu quero a minha mãe e meu pai! – chora Sofia.
– Acalma-te miúda, o socorro já esta por vir!
Joaquim é arrastado pela correnteza e consegue alcançar Rita.
– Te peguei querida. – fala, batendo com a cabeça em uma pedra.
Rita afunda nas águas desaparecendo. Joaquim é arrastado até a cachoeira e cai água abaixo
.- Pai! – Sofia da um grito chocada com a cena.
Julia parecendo estar em estado de choque, sorri pela desgraça por dentro. Aquele que seria o dia mais feliz da vida dos Hoyt tornou-se o ultimo.

20 anos depois...


Julia chega ao trabalho, o café do Jorge. Garçonete terminou o ensino médio, porém não quis fazer faculdade. Depois da tragédia ocorrida na infância, foi morar com a família do pai. Sem condições financeiras, só o que poderiam oferecer pra a garota era uma pequena mesada de cinqüenta euros. Joaquim e Rita eram donos de um restaurante, mais propriamente dizendo, ele pertencia a Rita. Depois da morte de Joaquim e do desaparecimento dela, o restaurante acabou fechando as portas. Apesar do amor e carinho que recebeu dos avós e parentes de seu falecido pai, a jovem, continuou revoltada, e alimentou ainda mais o ódio que sentia por Sofia, já que esta foi morar com os avós maternos que lhe davam tudo do bom e do melhor. Sofia, formada em administração decidiu reabrir o restaurante, mudando seu nome para R, T, J em homenagem a família. Este era o grande dia do R. T. J. Abrir as portas depois de tantos anos fechado. Era um restaurante conceituado na época e sua reabertura trazia grande expectativa. A mídia inteira estaria presente, sem falar nos críticos gastronômicos. A sócia de Sofia, Gi, acabará de chegar para discutirem os últimos por menores.
– Eu passei pelo restaurante. Adorei a decoração, e o tema Indiano, com danças típicas do país ficaram... Incríveis!
– Isso não teria acontecido sem a sua ajuda Gi. Mais a expectativa ainda é grande, pois os críticos estarão de olho em todos nós. – sorri simpática.
– Minha querida, você parece um pouco tensa. O que é que se passa?
– Eu estou pensando se convido minha irmã pra vim até a reabertura do restaurante.
– Desculpa? Tu tens uma irmã?
– Sim. Mais é uma longa história. O que importa é que não nos dávamos bem quando criança. Na nossa ultima briga, deu no que deu. Nossos pais acabaram por morrer naquela tragédia que eu prefiro até esquecer.
– Eu entendo. Mais... Você não deve se culpar do que ouve. Muito menos a tua irmã. Pense bem minha querida. Vocês eram duas crianças. Aquilo que aconteceu foi uma fatalidade. O que você deve fazer, é seguir em frente. Convide-a.
Batidas soam á porta da casa de Giovanna, avó de Julia. Ela abre a porta.
– Senhora, Julia Hoyt? – Pergunta o carteiro confirmando o nome no envelope.
– Não, não sou eu, é a minha filha. Mais pode me entregar que eu a entrego com todo prazer.
– Tudo bem. A senhora só precisa assinar nesta linha. – entrega-lhe o envelope e uma caneta com a prancheta.
O carteiro se vai. Giovanna abre o envelope.
“Julia, eu sei que faz bastante tempo que não nos vemos, desde daquele fatídico dia. É a hora de nos encontrarmos novamente. Hoje, é a grande re-abertura do restaurante da nossa família. Gostava muito que viesse ter comigo. Vai ser um dia muito especial, não só pra mim, mais pra toda nossa família. O antigo M, era um restaurante muito conhecido aqui em Lisboa, e depois daquele dia, acabou fechando as portas. Mais a um tempo que eu vinha pensando em reabri-lo, para homenagear nossos pais e nosso pequeno Tiago, que nem chegou a nascer. Aguardo a tua presença. Sofia Hoyt.”
Por trás da mãe, Julia observava toda a cena. Giovanna vira-se e se assusta.
– Mais o que isto? – questiona-lhe ao apanhar no chão o envelope, onde o destinatário é ela. – Andas a ler as minhas correspondências?
– Não minha querida... Eu só fiquei um pouco curiosa, já que não é de costume chegar correspondências para si.
– A curiosidade matou o gato, nunca ouviste falar? Entrega-me isto agora! – puxa o convite de sua mão.
Lê.
– Então a minha querida irmã depois de anos sem dar noticias estar a convidar-me pra uma festa no restaurante da família? – sorri sarcástica. – Eu já vi que hoje o dia vai ser de grandes emoções.
– Tu vais minha querida?
– Vou sim. Não vai ser nenhuma novidade pra mim. Eu esperava já por este convite .
– Esperava?
– Sim. Agora mãe, da licença. Tenho uma festa importante pra comparecer.
No quarto, Julia escolhe o seu melhor vestido, o único de grife que havia ganhado do ex-namorado, Patrício. Enquanto isso, no restaurante, os clientes chegavam um a um. Jéssica, amiga de infância de Sofia, chega com o namorado.
– Minha amiga... Eu não disse que tu ias conseguir realizar teu sonho? Tua mãe onde quer que ela esteja está muito orgulhosa de si. Esta a seguir os passos dela de onde ela parou.
– Sim, eu sei. A minha mãe gostava muito deste restaurante. Eu sei que ela está orgulhosa de mim. Agora se não se importam, tenho que receber alguns críticos gastronômicos. A Eliane vai levá-los até a mesa de vocês. Reservei um lugar especialmente para os dois ali no canto. – aponta.
Eliane, acompanha-os até o local. Os críticos cumprimentam Sofia, e está, os leva até a suas reservas. A jovem volta ao bar. Gi aproxima-se.
– Está a sair melhor do que o esperado. – Cochicha em seu ouvido.
– É verdade, mais a Julia ainda não chegou. Eu acho que ela está se sentindo tão culpada quanto eu.
– Sabe que, tu enviaste o convite em cima da hora, talvez ele não tenha sido enviado, desviado, não sei. Vai ver ela não recebeu.
– Pode ser.
Nesse momento Julia chega ao restaurante. Linda, glamorosa, acompanhada do ex namorado.
– Olá minha querida irmã. – cumprimenta Julia seriamente.


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Notas finais do capítulo

- Olá minha irmã. A quanto tempo. - responde Sofia surpresa.- É verdade. Eu não te procurei antes porque as condições não permitiam. Já tu... " - Aguardem o próximo episódio! -