Viver em Negrito escrita por anna kurara


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A história é única não há capitulos que dividam-na, portanto postarei de 3x.



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Viver em negrito


No centro da grande São Paulo, dentro de um prédio cinza, denominado Hospital Maria Guedes, estava à rude, taciturna, introspectiva e anti-romantismo Larsi Degas sentada num dos desconfortáveis sofás verde-musgo, onde cerca de dez bonecas, usadas para demonstração dividiam o espaço com ela que estava acabando de fechar um livro:


  A cidade Cerejas - Cujo título infantilmente inventado, satirizava o modo de viver do homem-moderno. Por mais más características que pudessem atribuir á Larsi, uma coisa não se discutia, seu alto potencial como médica-cirurgiã. Cursou por seis anos a melhor faculdade de medicina do estado, terminou em segundo lugar, atrás somente de Dethus, porém, nenhuma diferença faria, já que a diferença entre o total de pontos adquiridos foi de 0,5, além do mais, ela não conhecia aquele rapaz:


-Doutora Larsi, aqui está sua lista de pacientes. Disse a secretária Judit.


 Judit tinha longos cabelos negros e cacheados que combinavam perfeitamente com sua pele cor de ébano:


-Sim, claro. Disse ela se levantando do sofá verde musgo e colocando o livro na alta estante que havia atrás de sua mesa e pegando a lista das mãos de Judit, nela constava o nome de mais de trinta pessoas.


O primeiro da lista era Obwal Martins Souza, Larsi abriu a porta e chamou-o pelo primeiro nome, olhou para os lados e ninguém se levantava, chamou novamente, então uma mulher com uma criança entraram cruzando o corredor apressadamente quase gritando:


-Somos nós!


O pequeno garoto loiro entrou na sala meio cambaleante parecia fraco, deveria ter seis á sete anos, sentou-se na cadeira que ficava em frente á mesa branca e fria de Larsi e esperou a mãe, uma mulher alta também loira sentar-se na cadeira ao lado, esta foi interrompida antes mesmo que proferisse a primeira frase:


-Bom dia, bem o meu tipo de consulta é um pouco diferente do usual, eu prefiro deixar primeiro que o paciente fale sobre os sintomas e depois o acompanhante pode ser?


A mulher estranhou um pouco, mas, assentiu com a cabeça, esse método era mais fácil para que Larsi soubesse minuciosamente o que estava acontecendo e assim pudesse diagnosticar mais rápido e mais eficientemente:


-Pois bem, criança o que está acontecendo?


-Minha garganta dói de tanto tossir.


-O que mais? O menino olhou para a mãe coçou os olhos:


-Dói aqui. Disse mais uma vez o pequeno apontando para o peito.


-Certo- A voz de Larsi estava calma-.. Mais alguma coisa pequeno? Obwal balançou a cabeça:


- Pois bem, a senhora é a senhora Lucília Martins Souza? A mulher acenou afirmativamente com a cabeça.


-Me diga mais alguns sintomas.


-Ele vomitou hoje pela manhã, e não tem comido muito ultimamente. Larsi anotou algumas coisas num bloquinho que sempre ficava a direta da mesa e disse:


-Ele teve contato com alguém doente por estes dias?


-Não, não...


-Certo, então vamos fazer uns exames complementares, tirar algumas radiografias e um exame de sangue certo? Assim que ouviu a palavra sangue o menino encostou sua cabeça no colo da mãe e choramingou:


-Não, mamãe, por favor, eu não quero! Antes que o garoto começasse a chorar Larsi tirou de dentro do bolso do jaleco branco um pirulito e deu-o ao garoto, uma coisa que não gostava era de ouvir choro de criança. O pequeno Obwal não pensou duas vezes antes de pegar o pirulito e abri-lo a mãe o repreendeu:


-Só depois do almoço!


“Vinte e nove pacientes e depois será o meu almoço” Pensou Larsi descontente.


 Os três foram até a sala de Raios-X:


-Por favor, leve seu filho até aquela saleta ali, dispa-o e depois siga as orientações que serão dadas pela Márcia. A mulher pareceu, mais uma vez confusa.


-Aquela mulher de branco. Disse Larsi respondendo a indagação dos olhos daquela mãe apontando para uma ruiva que estava dentro da saleta. Seguidos os procedimentos os três voltaram para o consultório, sentaram-se nas mesmas cadeiras:


-Pois bem, de acordo com o Raio X e os sintomas apresentados, há a evidência de uma possível pneumonia bacteriana. Mãe e filho se assustaram.


-Porém- Continuou a médica- Com o devido tratamento há cura através de antibióticos e também uma fisioterapia respiratória, Mãe, o que você pode fazer tapotagem, ou seja, uma percussão no tórax da criança. Larsi se levantou da cadeira foi até o sofá verde-musgo, pegou uma boneca que lá havia e demonstrou como se fazia.


-Certo? A mãe e acriança acenaram com a cabeça que sim, Larsi terminou a consulta passando os remédios que teriam de ser comprados e consumidos segundo orientação, e marcando o dia da próxima visita.


 Larsi pegou a lista, que antes havia deixando em cima da mesa, levantou-se e repetiu o gesto de ir até a porta e chamar o próximo nome. Assim sucederam-se mais dezoito nomes, logo ela e Judit foram almoçar no restaurante Parmeddia, que ficava logo ao virar da esquina. Costume de três anos atrás, quando Larsi começou a trabalhar no Maria Guedes:


-Doutora Larsi, é hora do almoço, porém têm mais dois pacientes lá fora, quer atende-los agora ou prefere almoçar primeiro? Disse Judit assim que entrou no consultório.


-Chame-os. Quando terminou a consulta do segundo paciente, Larsi fechou a aporta do consultório e ia mais uma vez almoçar na cantina do hospital, porém Judit a convidou para comer em outro lugar.


-É um restaurante italiano, bem gostozinho.


-Eu estou com pouco dinheiro.


- Barato também!


Assim iniciou-se um costume, de todo o horário de almoço as duas almoçarem no Parmeddia, o grande restaurante que tinha plantas em todos os quatro cantos de sua parede e em todas as janelas. As mesas eram cobertas com um pano verde e vermelho, no centro havia um jarro com um par de lírios brancos, - as cores da bandeira italiana-, nas paredes, quadros pequenos que, em sua maioria, retratavam barcos e marinheiros.


Larsi e Judit sentaram-se a primeira mesa que viram, e começaram a colocar a conversa em dia, dês do primeiro dia de Larsi no Maria Guedes, Judit tinha se mostrado muito receptiva e simpática, porém, os sorrisos dela não enganavam Larsi, assim que entrara o hospital soubera que Judit, não havia feito coisas muito honestas com seus anteriores companheiros de trabalho:


-Pois bem, como vai à vida Larsi?


-Vai bem, nada de mais, e a sua?


-Eu tenho muita coisa a dizer, sabe a semana passada?


-Hum... Larsi pegou o cardápio que estava em cima da mesa.


-Ah menina, eu... E começou a falar, falar...


Enquanto Judit contava sobre a sua semana passada Larsi já havia feito o tradicional pedido de duas porções de spaghetti e as duas laranjadas, estas não tardaram a chegar e Judit continuava a contar sobre seu final de semana:


-... Ele chegou todo manso perto de mim dizendo que me amava e tal, mas, na frente dos amigos dele ele me trata igual a um nada! Ah estou cansada disso, chega quem agüenta?! Tudo começou errado, nós nos conhecemos de modo errado, começamos a namorar de modo errado...!


Esse foi o exato momento que o coração de Larsi disparou, as pupilas dilataram, a boca ficou seca... Com seus aproximados 1,70 de altura, corpo arredondado esculpido por grandes ossos, lábios rosados e bochechas de mesma cor, ele entrou no Parmeddia.  Passando bem perto da mesa onde Judit e Larsi estavam. O cheiro de perfume inundou as narinas de Larsi, logo seu canal respiratório liberou o gás carbônico que estava preso lá dentro, em forma de suspiro. Ele sentou-se na mesa da frente, passou as mãos pelos brilhantes cabelos negros e encaracolados e acenou para um dos garçons, não tardou para que um fosse atendê-lo, ele indicou algo cardápio e sorriu.


-Larsi, tudo bem?


-S-sim... Disse ela ainda sem tirar o olhar de cima do rapaz.


-Nunca a vi tão abstraída.


-De certo. Os spaghettis chegaram, pareciam estar bem quentes pelo vapor que saía da massa, o molho e queijo ralado vinham em vasilhas separadas. Judit continuou a falar sobre ela e o marido, Dário:


-Eu não vou trabalhar para sustentar DUAS pessoas, melhor, DOIS adultos, Larsi não vou!Então... 


 Então ao lado daquele deus grego da perfeição sentou-se uma mulher, os sonhos e flores de Larsi sumiram, como se um balde d’água nela fosse jogado.


-Normal...


-Normal? Você acha normal que ele me trate assim?!


Não era essa a idéia que Larsi queria passar para Judit, ela dissera normal quanto ao fato daquele deus está acompanhado por uma mera mortal, mas, se estivesse com ela também o caso não seria o mesmo?


-Não foi isso o que eu quis dizer Judit, acontece que meus pensamentos foram absorvidos por outras coisas...


-Como o rapaz aqui atrás?


-É assim tão evidente? Judit arqueou uma das sobrancelhas, sinal verde, Larsi engoliu a seco e mudou de assunto:


-Está gostoso não é?


...//...//...


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