–Que tipo de artigo é esse Águida?- meu chefe Manoel questionou furioso.

–É a resenha sobre o que achei do livro, que o senhor me mandou ler. - disse confusa.

–Mandei você falar sobre o livro e não sobre uma baboseira romântica sobre um casal “mel com açúcar”.

–Mas o livro trata sobre... - comecei a explicar e ele me interrompeu.

–Não quero saber, vá refazer isso. - ele disse furioso e sai da sala revoltada.

–O que foi?- Karen questionou assim que me sentei em minha mesa.

Karen e eu fizemos jornalismo juntas e conseguimos emprego nesta revista chamada “Leitura” uma das maiores revistas de São Paulo, éramos amigas inseparáveis e ficamos mais unidas quando nossos pais morreram em um acidente de carro quando tínhamos 19 anos.

–Manoel acha que minha resenha é muito “mel com açúcar”. - disse furiosa e ela suspirou.

–Só fico nesse emprego por que preciso, por que se não sairia daqui dizendo: “Sayounara otarios.”- Karen sussurrou e rimos. - Não deixe esse tirano acabar com seu sonho. Eu sei que você uma grande escritora amiga, e um dia você irá calar a boca de todo mundo que duvida de você.

–Acorda Karen Martins, isso custa car. Muito caro. - a lembrei.

–Por isso você e eu continuamos aqui. - ela gemeu desgostosa.

–Águida, o artigo é para ontem. - Manoel gritou da porta da sua sala.

–Claro Manoel. - disse e comecei a refazer meu artigo.

Para Manoel as resenhas dos livros deveriam ser frias e sem emoção, apenas para titulo de informação e só, para mim elas deviam conter alma e emoção algo que encantava mais os leitores.

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–Oi Mel. - sussurrei assim que abri a porta do meu apartamento e vi minha gata no sofá.

Logo Mel ronronou e veio se esfregar nas minhas pernas.

–Oi Águi, estou indo para um barzinho com o Iago e a galera. Você não quer ir?- Karen questionou aparecendo na sala colocando suas argolas.

–Não Karen, quero dormir cedo hoje. - pedi cansada.

Tinha ficado até tarde refazendo meu artigo.

–Águida, já faz 1 ano amiga. Diogo não merece que você fique arrastando corrente por ele a vida toda. - ela me reprendeu com as mãos na cintura.

–Não estou arrastando correste, só estou cansada.

–Tudo bem, só que você precisa namorar um pouco vai fazer bem a você. - ela aconselhou. - Boa noite e pense no que eu digo.

–Boa noite. - sussurrei tirando meus saltos e indo para o meu quarto.

Diogo e eu namoramos por um bom tempo e depois noivamos, foi com ele que perdi minha virgindade, só que dormi com ele por que ele queria.

No final ele me usou e me descartou, ficando com a madrinha do nosso casamento, só descobri quando estava ás vésperas do meu casamento. Uma desilusão que acabou com minha vida amorosa.

–Apenas esqueça Águi, esqueça. - sussurrei e afundei mais na banheira para relaxar.

Assim que sai do banheiro, coloquei minha regata e meus shorts velhos de dormir e marchei para minha cama a fim de me entregar ao sono profundo e esquecer o fracasso que eu chamava de vida.

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–Panquecas?- Karen questionou sonolenta aparecendo na cozinha. - Acordou de bom humor?

–Sim, quer?- ofereci e ela se sentou na cadeira antes de atacar o café.

–Hum... Chegou uma carta para você. - ela disse mastigando.

–Que carta?

–Não sei, mas sei que era de longe. - ela disse se levantando e indo pegar a carta antes de me dá.

Confusa abri a carta e lê seu conteúdo.

–E então?

–Vou receber uma herança. - sussurrei confusa.

–De quem? Nem sabia que você tinha parente rico.

–Nem eu. Pelo que diz a carta é de um bisavô que nunca ouvi falar. - disse confusa.

–E de onde ele era?

–Segundo a carta, ele era de uma pequena cidade ao norte de Verona, chamada SantaRossa.

–Amiga, diga adeus a sua vida de salario mínimo e olá vida de milionária. - ela disse sorrindo.

–Acho que é pegadinha, nunca ouvi falar nesse bisavô e muito menos nessa cidade.

–Vamos descobrir assim que formos para lá. –Karen disse pegando o telefone e ligando para o aeroporto.

–Não Karen, temos trabalho. - disse tentando convencê-la do contrario.

–Vai por mim, eles não vão sentir nossa falta amiga. - ela sorriu suave. - Comece a fazer as malas Águi. Ah, oi...

Enquanto Karen comprava as passagens eu fui para o meu quarto arrumar as malas com minha carta nas mãos.

O advogado do meu suposto “bisavô” Dimitri Lorenzetti havia me enviado uma carta pedindo minha presença em SantaRossa para que tratássemos de minha herança. Uma herança que nem sabia que tinha.

Em silencio segurei meu pingente de rosa em ouro rosê enquanto tentava me lembrar se já tinha ouvido falar desse bisavô misterioso e conclui que não.