O Regresso do Desespero escrita por Duchess Of Hearts


Capítulo 21
A Loving Heart


Notas iniciais do capítulo

Eita, quase que não acabava isso. Quase 4 da manhã aqui, estou morrendo de sono: por isso me perdoem qualquer coisa no capítulo. Possivelmente terá coisas estranhas como repetições de palavras e afins, mas ESPERO que vocês consigam compreender o que aconteceu nesse caso.

Já agora, alguns passaram perto, mas ninguém conseguiu desvendar esse assassinato. Espero que gostem! ^^

Tentei botar músicas diferentes ao longo do capítulo em vez de voltar sempre ao Discussion Heat Up. Me digam se gostaram!

PS: Por alguma razão, esse capítulo está saindo com espaçamentos ENORMES entre os parágrafos. Nyah sendo Nyah. Desculpem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/518736/chapter/21

Entrámos na sala todos com vontade de sair dela. Uma das coisas mais desesperantes que tínhamos de enfrentar nos últimos tempos eram os Julgamentos, perdendo talvez apenas para a descoberta dos corpos. Mais uma vez, tínhamos caído no desespero que Monokuma trazia para nós. Mas será que isso nunca mais acabava? Estávamos condenados a cair sempre nas armadilhas preparadas por um urso de pelúcia até que apenas reste um de nós? Engoli em seco, sentindo vontade de gritar. Até que sobre apenas um de nós…

— Que comece o Julgamento do assassinato de Hiroko Ai! – Declarou Monokuma num tom confiante – Ohh, isso será desesperadamente interessante!

— Cê é doente! – Reclamou Akatsuki, a raiva flamejando nos olhos – A culpa disso é sua!

— Oh??? – O urso inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse pensando – Desculpe, mas… Isso não seria tudo culpa da Ai? Ela que estava doente para começar! E toda essa situação está à volta dessa doença…

— O que… Você quer dizer com isso? – Satoru semicerrou os olhos, fazendo Monokuma por as patas na frente da boca, como que para evitar acabar dizendo algo que não devia.

— Nada, nada! – Respondeu – Comecem o Julgamento!

CLASS TRIAL START

Hesitámos todos um pouco, e foi Kobayashi quem começou a falar.

— Entãão – Ela acendia e desligava o seu novo isqueiro enquanto falava, parecendo um pouco distraída – Vocês sempre começam pela parte óbvia, né? Takane quer saber as coisas óbvias! Ela na verdade não prestou muita atenção, então Takane nem sabe como que isso tudo começou!

— Err… Bom, eu posso explicar. – Murmurou Reiko, um pouco nervoso – Então, eu e Connor estávamos achando estranho Ai não ter aparecido. Ela passou pela sala de jogos para guardar o violoncelo e depois não voltou mais, ent…

— ENTÃO NÓS FOMOS PROCURÁ-LA! – Berrou Connor, num tom choroso e melodramático – E quando a encontrámos ela… Bem… Estava naquele estado…

— …Sim. – O pescador olhou para o amigo numa expressão claramente frustrada por ter sido interrompido – Dali a pouco, apareceu a Eufrat, que estava também procurando pela Ai.

— Eu não a tinha visto a tarde toda, apesar de lhe ter dito para se encontrar comigo. – Explicou-se a empresária – Estava preocupada… E, no final, eu tinha razões para tal.

— Ai foi encontrada no quarto de fotografia, na sala de escultura. – Explicou Teemu, fazendo um pequeno resumo – Ela tinha uma corda atada ao pescoço e, segundo o Monokuma file, a causa de morte foi asfixia. Ela estava lá dentro trancada com a chave no seu próprio bolso.

— Isso é bastante consistente com suicídio. – Concluiu Satoru – Afinal, ela estava trancada lá dentro… Parece que ela se pendurou a uma corda e… Bom, se matou.

— A corda rompeu – Acrescentou Teemu – Provavelmente devido ao peso dela.

— Ara ara, Takane compreende! Ela não poderia morrer por causa daquela doença que ela tem, não é? Porque assim ela estaria criando um assassino aleatório o que seria basicamente condenar maior parte da turma à morte! – Ela aplaudiu a si mesma, orgulhosa da sua dedução. – Kawaii! …na verdade, não é kawaii não. Seria muito mais excitante se tivesse sido um assassinato.

Monokuma acenou afirmativamente.

— Exato! Se Hiroko Ai morresse por leucemia, seria considerada assassinato e um de vocês seria escolhido aleatoriamente como assassino por não tê-la salvo! – Repetiu, como se uma vez não bastasse. Fiquei com vontade de ir para cima dele e espancar aquele robô: ele basicamente criara uma situação impossível para Ai.

— Uma situação… Impossível…? – Murmurei para mim mesmo, despertando a atenção de Akatsuki, a três lugares de mim.

— Se cê tem alguma coisa pra falar, fala logo. – Grunhiu ela com o seu tom desagradável, para não variar. Abanei negativamente a cabeça.

— Não… Não é nada.

— Ela realmente… Se suicidou? – O tom de voz de Eufrat era suplicante, como se pedisse por explicações – Porque é que ela não me disse…? Não me avisou…?

— NÃO! – Bradei, uma epifania me atingindo como um torpedo – É… É impossível ela ter se suicidado! Está no monokuma file…

Peguei no meu ID de estudante e abri o dito arquivo. Apresentei-o aos outros, sublinhando a frase que me interessava.

Não se debateu aquando da morte”

— Ah…! – Soltou Akatsuki, parecendo surpresa com a descoberta. Não, talvez estivesse surpresa por não ter notado isso antes – Isso é impossível.

— Ahh? Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – Indagou Reiko, coçando a cabeça num gesto de confusão – O burro aqui ainda não entendeu.

— Certamente… – Satoru estava com uma expressão séria. Depois, olhou para o pescador, a sua voz saindo confiante e perspicaz – Macio.

— Hahaha, entendi! – Connor retorquiu, forçando uma risadinha – Eles estão brincando com a nossa cara, né? Hahahaha…ha?

— Não, não! – Expliquei-me – O que eu quero dizer é… Ai não poderia ter se suicidado porque ela não se debateu quando morreu!

— Quando tá sem ar, o nosso corpo irá sempre tentar pegar oxigénio. – Continuou Akatsuki – Por isso nã tem como Ai ter ficado sem ar e ter ficado ali paradinha à espera da morte. Ela TERIA de reagir, é involuntário, do mesmo jeito ca gente retrai a mão quando se queima.

— Mas então… O que é que isso tem a ver com não poder sido suicídio? – Perguntou Reiko, numa expressão confusa.

— Para que ela não se debatesse quando… Aquilo aconteceu, ela teria de estar inconsciente. – Comentou Eufrat – Suponho que seja isso que ela esteja querendo dizer.

— O que significa que Ai não conseguiria amarrar uma corda ao pescoço estando inconsciente! – Apercebeu-se Connor com entusiasmo – Logo, tinha de haver outra pessoa fazendo isso!

— Hmmm. – Takane torceu o nariz, fazendo uma careta como se não estivesse muito agradada – Hmmmm… Takane não acha que isso seja assim. Takane acha que foi suicídio!

— C-Como assim? – Reiko, nervoso demais para encarar a designer nos olhos.

— Ara, ara! Não seria possível que Ai tivesse desmaiado durante o enforcamento? – Inquiriu, com um sorriso orgulhoso – Ela com certeza poderia, não é, não é!?

— Porque é que… cê tá tão interessada em ajudar do nada? – Inquiriu Akatsuki, olhando para a outra numa expressão desconfiada. KT encolheu os ombros.

— Ara ara, Takane está cansada dessas coisas! Ela só quer acabar com isso e ir dormir, mas com vocês são muito lentos, ela decidiu ajudar! ~

— …De qualquer forma, realmente o que Kobayashi disse é verdade. – Considerou Satoru com um aceno afirmativo – Mas… Talvez seja melhor ver outras pistas que foram deixadas por aberto. Não é, Teemu?

Todos os olhares caíram sobre o estrangeiro, que tinha se mantido relativamente silencioso até então. Surpreendi-me com a sua calma. Estava de braços cruzados e olhos fechados, suspirando e nos olhando com um certo desprezo quando percebeu que lhe dirigiam a palavra.

— Não imagino o que vocês possam estar querendo dizer com isso. – Comentou. Satoru olhou-o com seriedade, e ele soltou mais um suspiro. – Ah, porque eu fui falar com a Ai antes dela se matar? Sim… Suponho que isso me faça suspeito. Sinceramente, vocês são tão… Ugh. Inocentes não seria a palavra certa. Talvez… ignorantes. Sim, é isso.

— HEY! – Connor bateu com a mão no pódio, uma artéria pulsando na sua testa – O QUE SE PASSA CONTIGO? SÉRIO, VAI TOMAR NO CU, FICOU TODO ARROGANTE DO NADA!

— Teemu…? – Eufrat encarou-o com uma expressão confusa, como que pedindo por alguma resposta. O olhar do estrangeiro passou por alto à nossa volta e finalmente deu resposta.

— Eu fui falar com Ai para que ela não se suicidasse. Pronto.

Ele foi falar com a Ai… Para evitar que ela se suicidasse? Com certeza, isso não fazia sentido nenhum. Não tinha jeito nenhum de Teemu saber.

— Então você continua com as mentiras… Takane está surpresa! Será que Teemu é o nosso flamejante assassino? ~

— Humpf. Eu estou falando a verdade. – Cortou Teemu sem grandes delongas – Eu fui falar com ela por causa disso. Eu SABIA que ela ia tentar se matar. E ela ainda me garantiu que não o faria… Que não podia fazer tal coisa. Ela me enganou. Sempre foi muito sorrateira, essa Ai. Desde o início.

Fez-se um momento em que ninguém disse nada. Todos desconfiavam de Teemu, que estava descaradamente mentindo à nossa frente. Contudo, não fazia sentido. Teemu poderia realmente ter feito aquele assassinato? Que outra pessoa, além de Ai, poderia alguma vez ter criado aquele quarto fechado? O estrangeiro pareceu ler a minha mente.

Me expliquem, então, como é possível que outra pessoa além da própria vítima tenha criado aquele quarto fechado? – Inquiriu Teemu, num tom desafiante – Talvez Satoru tenha uma explicação possível, com a sua prática em truques de mágica. Como é que alguém enforcou Ai lá dentro, saiu, fechou a porta e fez a chave de alguma forma acabar no bolso dela?

— Eu… Não tenho resposta para a chave. – Afirmou Satoru – Assumindo que temos todas as informações, que só existe uma chave, que só existe uma forma de entrar no quarto e que não existe uma chave mestre… Não há forma dela estar no bolso de Ai a não ser que tenha sido a própria a se trancar lá dentro.

— Está vendo? – O loiro rolou os olhos – É IMPOSSÍVEL. Isso é um suicídio, não um assassinato.

— …Contudo. – Soltou o ilusionista – O enforcamento é elementar. Você sabe, a corda estava rompida e a janela na porta estava aberta. Qualquer pessoa conseguiria puxar pela corda do outro lado da porta até que Ai morresse de asfixia.

— …Mas a corda não foi cortada. – Mencionou Eufrat, num tom um pouco distante – Só havia essa, também. Que outra forma haveria ela de quebrar se não com o peso de Ai?

— Talvez ela tenha tentado se matar, ficou inconsciente, e a corda quebrou antes de ela morrer e alguém foi lá e puxou para terminar o serviço! – Sugeriu Connor, demasiado entusiasmado com as suas teorias, para não variar. Parecia absolutamente feliz por estar ajudando a desvendar o caso… Não, talvez não seja isso. Talvez fosse apenas por querer salvar seus amigos, fazer-lhes justiça. Havia algo no seu olhar que me dizia isso.

— Tsc. Vocês já viram a ALTURA em que a janela naquela porta está? – Mencinou Teemu, mais uma vez parecendo absurdamente irritado com a situação – Se Ai caísse, não teria jeito de alcança-la, nem para mim. Não tinha como pegar a corda depois de ela cair! Apenas parem com essas teorias absurdas!

— Takane concorda. – A designer cruzou os braços, fazendo a mesma careta que fizera recentemente, torcendo o nariz – Nee, nee, vamos votar logo? Estamos dando voltas faz tempo! Já deu para entender que foi suicídio, sim, sim?

Seria mesmo assim que as coisas funcionavam? Ninguém disse nada, fazendo Monokuma se interessar.

— Se quiserem, posso iniciar o voto. – Mencionou, retornando a sua atenção para o seu pote de mel.

Seria realmente assim que as coisas tinham ocorrido? Ai teria tentado se suicidar e desmaiado a meio do caminho, perdendo a vida inconsciente? Alguma coisa não batia certo… Alguma coisa estava errada…

— Bom, não houveram nenhumas reclamações, então comecemos! – Disse Monokuma, se levantando do seu banco e esticando o braço no ar – À vossa frente…

Tinha de haver qualquer coisa… Qualquer coisa… Por muito que parecesse que tínhamos chegado à verdade, eu não conseguia evitar sentir uma sensação estranha… O meu coração palpitava depressa, e dei por mim a transpirar.

— Estão uns painéis tácteis. Para votar…

Ai supostamente cometera suicídio porque o Monokuma não lhe tinha dado outra hipótese. Monokuma criou uma situação impossível para ela…

Ele criou uma… Situação impossível?

— ...mas vocês já sabem disso, né? Upupu. Que comec…

ESPERE!

— Oh? Algum problema, Isao-kun? – Inquiriu Monokuma, com uma risadinha – Talvez você esteja gostando de me ver? Upupu, se quiser, eu posso…

— Monokuma, o que é que você disse… EXATAMENTE para Ai em relação ao que lhe aconteceria se ela morresse por doença?

— Ah? O que é que isso interessa agora? – O urso pareceu um pouco confuso. Não acreditei minimamente na sua confusão, ele sabia exatamente qual era a importância disso.

— Eu… Preciso de confirmar uma coisa.

— …Certo. Eu já vos tinha dito antes, mas ok né. Vou repetir então – Tossiu um pouco, fazendo uma voz mais assustadora e grave, absurdamente irrealista – “Não importa o que aconteça, será sempre assassinato. Logo, algum aluno será culpado por isso!” Foi o que eu disse.

— O que… Tem isso de especial, Isao? – Inquiriu Eufrat, aparentemente interessada no que eu tinha para dizer. Encarei o pódio por alguns momentos enquanto pensava. No painel, a imagem de Ai rodava, cinzenta com um X vermelho em cima. Ai… Certamente, Monokuma te enganou.

— “Não importa o que aconteça, será sempre assassinato” – Repeti – Isso não deixa as coisas um pouco… Confusas? Não sei, não acham que é possível que isso tenha… Confundido a Ai?

— Bom – Comentou Connor, um pouco nervoso – Eu na verdade quando ouvi isso pensei que ele queria dizer que se a Ai se suicidasse, também seria considerado assassinato…

— Ah? – Monokuma deu uma risada cruel – Mas É um assassinato! Um assassinato em que a própria vítima é a assassina! Upupu!

— Sim, mas vocês entendem, não é? – Perguntei – Ai provavelmente pensou… Que se ela se suicidasse ou morresse por doença seria a mesma coisa: um de nós seria considerado assassino aleatoriamente.

— Hmm… Realmente, tem essa possibilidade… Eu deveria ser mais explícito com as minhas palavras. Ups! – Monokuma piscou o olho, se abanando no que parecia uma tentativa de ser sedutor.

— Isso significa que…

— A Ai nunca…

— Se mataria…

— ISSO SIGNIFICA QUE ISSO SÓ PODE SER UM ASSASSINATO!? – Berrou Reiko, em choque com a conclusão a que chegou – M-MAS É IMPOSSÍVEL! NÃO TEM COMO… FOI O TEEMU, FOI O TEEMU!

— EU NÃO MATEI NINGUÉM! – Cortou Teemu, exasperado – Mas que insistência!

— Bom, talvez ela tivesse se matado no desespero…? – Akatsuki sugeriu, sem grandes convicções – Ela… Não podia fazer nada… Não é?

— Não! Ai nunca… Nunca faria uma coisa egoísta dessa forma! – Exclamou Eufrat, exasperada pelas insinuações. – Ela certamente foi… Vocês sabem.

— Mas ainda temos esse problema – Comentou Satoru – COMO é que a pessoa o matou? Tudo parece indicar que ela morreu sozinha.

— ISSO É TUDO UMA MERDA! – Reiko estava fora de si, lágrimas caindo dos seus olhos – AI VAI NOS MATAR A TODOS POR CAUSA DO JEITO QUE ELA MORREU! ESTOU TÃO CONFUSO…

— KYAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH! – Berrou Takane. A confusão, que era geral até então, subitamente parou com esse grito da designer, deixando-nos todos a olhar para ela. Quando se apercebeu disso, ela continuou sorrindo – Ah, desculpem, desculpem! Takane achou que, na falta de Kayo e Natasha, ela deveria de tomar a posição de “personagem que grita desesperadamente com qualquer bostinha”!

— …Quê.

Uma coisa é certa: Ela conseguiu, com aquela brincadeira, fazer todos os presentes retomar à terra. Após mais alguns momentos de silêncio, decidi voltar a falar.

— …Acho que, por enquanto, deveríamos tentar nos focar na Ai. – Comentei – Afinal, ela agiu de um jeito muito estranho durante todo o dia todo. Talvez… Talvez tenha uma pista na forma como ela agiu.

— Certamente, ela ESTAVA estranha. – Concordou Satoru – Ela estava obstinada em aprender a tocar violoncelo. Não entendo bem porque é que ela queria tanto fazer isso… Por isso, à hora de almoço, eu e ela fomos ao andar de artes buscar o violoncelo para levá-lo ao quarto dela.

— Bom, seja lá o que ela queria, dali a pouco deve ter desistido. – Comentou Reiko, encolhendo os ombros. Parecia ter conseguido arranjar o tempo para respirar e acalmar os ânimos – Ela passou a meio da tarde pela sala de jogos arrastando esse violoncelo atrás de si. Eu ajudei-a a levá-lo para a sala de música e NOSSA, aquilo era pesado!

— Então… Não sei o que você estava carregando, mas não era um violoncelo.

— …Quê.

— É verdade – Confirmou Satoru – O Isao e eu fomos ver o quarto dela. Ela tinha o violoncelo lá.

— E o da sala, que você supostamente carregou e estava pesadíssimo, estava vazio. – Acrescentei. Reiko piscou os olhos, sem entender o que estava pensando. – O que quer que ela tivesse lá dentro NÃO era um violoncelo.

Eufrat ponderou um pouco sobre o que tinha acabado de ouvir.

— Eu… Não sei nada sobre isso, obviamente. – Suspirou – Nossa, como a pessoa mais próxima dela daqui… Eu não sabia nada de Ai, não é verdade…?

— T-Tenha calma, Eufrat! Com certeza vamos descobrir a verdade! – Assegurei.

— Tá, mas a gente ainda precisa de descobrir… Quem pode ter sido a pessoa a matar a Ai e como qu’ela organizou esse quarto fechado.

— Por enquanto, parece que foi o Teemu. – Comentou Connor, com toda a franqueza do mundo – Eu voto nele para assassino!

— Não é assim que as coisas funcionam! – Ralhou o aventureiro – Precisamos de provas… Provas concretas. Eu nem motivo para matá-la tinha!

— …Na verdade, tinha sim. – Comentei – Eu e Satoru… Descobrimos algumas coisas no quarto da Ai, mais precisamente uns blocos de notas do Eikichi.

— É verdade. – Confirmou Satoru, logo me auxiliando – E lá tinha, de facto, uma nota de que seus pais foram atacados por ativistas quando vieram cá ao Japão explorar “um património nacional” ou algo assim.

Teemu ergueu as sobrancelhas, depois soltou um ligeiro “Ah”.

— Sim, é verdade. – Acenou afirmativamente – Mas é isso que vocês acham que seria o meu “motivo”? Os meus pais certamente acabaram no hospital, mas depois ficaram bem. De qualquer forma, não é como se meus pais interessassem mais, depois do que…

Parou por um momento. Consegui completar a frase dele na minha mente “depois do que aconteceu no filme que o Monokuma nos mostrou”. Esperava ver alguma sombra de hesitação no rosto do moço, mas nada disso ocorreu. Em vez disso, continuou a falar.

— Ainda não é suficiente.

— Naaaa verdaaadeee! – Comentou Takane, com o seu entusiasmo e euforia invulgares – Teemu também tem força, não éé? Teemu conseguiria, talvez, quebrar aquela corda? Afinal, ela não foi cortada, e precisaria de uma força gigantesca para quebrá-la assim… Manualmente, né?

Teemu recuou um passo, a surpresa surgindo na sua face.

— Eu nunca… Conseguiria fazer tal coisa…

— Foi… Você? – Inquiriu Eufrat, a expressão dela subitamente vazia – Foi você que… Matou Ai? Você faria isso…? Teemu…?

— G-GENTE! – Teemu pareceu começar a ficar, finalmente, alarmado – NÃO FUI EU! NÃO POSSO TER SIDO EU! E AS OUTRAS COISAS? E O QUARTO FECHADO?

— Não interessa! Você arranjou um jeito, isso agora não importa mais! – Comentou Reiko, dessa vez mais confiante – Foi você!

Pensei um pouco nas pistas que nos tinham sido apresentadas. Tentei arranjar uma ligação entre todas elas na minha cabeça. Teemu sendo o assassino seria, realmente, a solução mais fácil. Contudo… Seria realmente a verdade? Será que o seu assassinato ligava todos os mistérios?

Ai foi enganada por Monokuma. Ela se via como uma bomba-relógio que, independentemente do que fizesse, acabaria por tornar um de nós involuntariamente assassinos – porque ela não sabia que, caso se suicidasse, ELA MESMA seria considerada assassina.

Ai carregou a caixa do violoncelo para o andar de arte, algo pesado. Contudo, esse algo não era o violoncelo.

A única pessoa que poderia ter criado aquele quarto fechado… Era Ai.

Ai tinha de estar inconsciente quando estava a ser enforcada, para não se debater.

As notas que encontrámos no quarto de Ai apontavam para um motivo para Teemu. Seria isso a única coisa que elas indicavam?

— …Não. – Concluí. Havia algo que Ai deveria ter feito. Ela era a SHSL Activist. Ela não se deixava a ficar sozinha. A minha ideia era muito estranha. – Isso… Não é o Teemu. Ele não poderia ter feito isso.

— …Como assim, Isao? – Inquiriu Eufrat, inclinando a cabeça para um lado – Você… Está com uma expressão estranha… Isao?

— Ai… Não foi uma mera vítima nesse esquema. – Declarei. As expressões que recebi de volta foram de plena confusão. – Ai… Foi cúmplice do seu próprio assassinato.

— …Oh. – Satoru abriu os olhos, surpreso – Isso…

— Isso significa que Ai propositadamente se trancou no quarto de fotografia. Depois disso… Passou a corda para o outro lado da porta e esperou que a outra pessoa a enforcasse. – Mordi o lábio inferior, um pouco assustado – Ai provavelmente… Queria ao menos escolher quem ela estaria tornando assassino, não deixando isso à sorte. Para o bem de todos, de certa forma. Assim, ela nos dava uma chance de descobrir… Descobrir quem a matou.

— P-Pera aí! – Akatsuki estava exasperada – Mas então… Significa qu’ela escolheu alguém para matá-la? Então deve ter sido Reiko, Teemu ou Kobayashi! Eles foram os únicos que passaram p’la sala de escultura depois dela!

— Na verdade… Tem outra hipótese. – Mencionei. Eu não queria dizer o que eu ia dizer em seguida – Tem a hipótese de… O assassino ser alguém que nunca passou pela sala de jogos para começar.

— C-Como!? – Connor me olhou numa expressão chocada – O assassino TERIA de passar por nós!

— Bom, ele passou, mas não estava visível. – Expliquei – Ele estava… Dentro da caixa do violoncelo que Ai carregava.

— Eita porra. – Soltou Reiko, as mãos quase arrancando braçadas inteiras de cabelo – Significa que eu ajudei Ai a levar… Um assassino para a sala de música?

— Provavelmente. E mais ainda… Eu acho que a inconsciência de Ai não foi mera coincidência. Eu acho que… Ela se drogou, para não ter de sentir a dor e morrer dormindo. – Expliquei.

— …Isao. – Eufrat estava séria, me encarando sem um pingo de emoção. Ela provavelmente tinha percebido a onde eu queria chegar. – Não estou gostando do rumo dessa sua teoria.

— Eufrat… Você é a única que tem acesso aos medicamentos perigosos, né? – Comentei. Estava fazendo um esforço para a minha voz não falhar. – Eu lembro que no primeiro dia… O Reiko estava dormindo como uma pedra por ter tomado um deles. Provavelmente, se tomados na dosagem certa… Ai morreria sem nem acordar…

Ela não me respondeu, nem se moveu um único centímetro. A sua expressão era cortante e aterradora, como uma víbora prestes a atacar a sua presa. Não parecia mais a mesma moça doce e amável de antes.

— Ela certamente… Quereria dar a sua morte para você. Não é, Eufrat?

— Estou a ver. – Concluiu a empresária. – Então, Kimoto… Nessa sua horrenda teoria, como é que eu e Ai quebraríamos a corda? Você sabe… Tanto eu quanto ela somos relativamente leves para simplesmente puxá-la de cada lado para que ela se rompesse. E, sendo duas moças, não teríamos possivelmente força suficiente…

Ela suspirou, e subitamente o seu sorriso normal regressou. Só aí é que notei o quão superficial o seu constante sorriso era. Uma máscara, diria eu. Uma profunda e falsa máscara que ela colocava todos os dias, enganando a tudo e todos.

— Oh…! Mas um GAROTO talvez tivesse mais chances a fazer isso. Ora, certamente o Teemu não foi o culpado, pois ele não esteve dentro da caixa… Mas você, Isao? Você com certeza teria a possibilidade de fazer toda essa engenhoca! Um SHSL National Hero deve ser, sem dúvida, mais forte do que aparenta. – Parecia vitoriosa, como se tivesse me encurralado num canto. – Oh, você diz que Ai poderia ter sido drogada… E se ela foi? Alguém, por acaso, verificou a enfermaria durante a investigação?

Fez-se silêncio, o que constou como uma resposta negativa.

— Vejamos… E se, ao chegarmos à enfermaria, o armário de vidro onde estão os medicamentos perigosos estivesse partido? – Soltou uma risadinha leve – Com certeza eu não faria isso… Afinal, eu tenho a chave.

Ela estava… Me desafiando? Apesar do seu tom que para mim soava completamente ofensivo, para os outros parecia estar… Os enganando. Eu conseguia ver no rosto de cada um a dúvida nos seus olhares.

— Monokuma. – Eufrat chamou, num tom perigosamente afável – Poderia, por gentileza, nos mostrar a situação da enfermaria?

— Mas com certeza! – Monokuma pegou num comando e carregou no botão. Os televisores gigantescos ali presentes se ligaram, demonstrando uma imagem da enfermaria…

E ali estavam eles. Os armários, partidos. Daquele jeito… Qualquer pessoa, incluindo eu, conseguiria pegar a medicação necessária para drogar a Ai.

— Então, Isao? – Eufrat suspirou, soltando o cabelo. – …Estou desiludida. E pensar que eu sempre vi você como alguém de confiança… Não poderia estar mais enganada, suponho. Bom, não seria a primeira vez.

— Eu realmente… Nã’ vi Isao a tarde toda. – Comentou Akatsuki – Não até depois do aviso do Monokuma de corpo descoberto…

— Ohh, Takane não poderia ter sido mais enganada por Isao-kuun! Kawaii, tão tão kawaii!

— Isao nos… Mentiu?

Não sabia o que responder. As palavras não saíam da minha boca. Eufrat estava enganando todo o mundo, mas eu não conseguia ripostar os seus argumentos criados de forma perfeita para me incriminar… Seria isso uma armadilha criada desde o início?

— Já chega de brincadeiras, Tsubomi. – Chamou Satoru. – Você… Quase conseguiu. Na verdade, eu quase acreditei nesse seu excelente truque de mágica.

— Hm? – O sorriso cínico da empresária desapareceu para dar lugar a uma completa confusão – O que você quer… Dizer com isso?

— Eu quero dizer que falta uma última pista. E essa pista… Com certeza vai provar que foi você quem fez isso de uma vez por todas!

— …Você quer dizer o envelope nas pias? – Perguntei – Aquele que se desfez quando eu peguei?

— Sim. – Satoru acenou afirmativamente – Vocês sabem, na altura, eu não compreendi bem o que aquilo fazia ali. Porque é que o assassino não o rasgou e deitou no lixo, ou então… Porque é que ele simplesmente não mantinha o seu motivo consigo? Fui então que eu percebi. O assassino provavelmente deixou cair o envelope dentro da água, mas não podia ir mais buscá-lo.

— Oh. Como é que eu me fui esquecer de uma coisa dessas? – Perguntou Teemu, mais para si mesmo do que para os outros – Isso significa que, obviamente…

— Qualquer pessoa normal poderia botar a mão na água e pegar o envelope. – Concluiu o ilusionista – Mas o assassino não podia… E isso me remete para o que eu e Isao lemos nas notas do Eikichi.

«Eufrat Tsubomi: Ela não deveria de conseguir andar depois de um acidente de infância. O que se passa?»

— Em outras palavras – Continuou a explicar – Eufrat Tsubomi tem algo que lhe permite andar… Algum utensílio eletrónico. E se não foi só a possibilidade de andar que ela perdeu no acidente? E se ela não perdeu também… O movimento dos braços?

— Tendo um aparelho que lhe permitisse o movimento nos braços, é provável que ela não pudesse molhá-los. – Acrescentou Teemu – E possivelmente… Acrescenta a Eufrat uma força um tanto sobrenatural. Capaz de quebrar cordas só com a força dos seus braços.

— Vocês estão sugerindo que Eufrat é uma CIBORGUE!? – Exclamou Connor – Isso é, tipo, TÃO FULL METAL ALCHEMIST!

— Nooossa, Takane se sente burra de tantas vezes que foi enganada só nesse julgamento! – KT deu uma risadinha alegre – Isso não é nada entediante! Isso é quente como um incêndio! O coração de Takane está quase explodindo!

— …O que nos diz, Eufrat? – Inquiri. Ela não respondeu, não sorriu, não se moveu.

Limitou-se a ficar parada sem se mover por 2 minutos inteiros. Após algum tempo, elevou o braço e puxou… a pele. Esta saiu com naturalidade, parecendo quase uma luva. O que estava no seu lugar era um braço e mão mecânicos.

— …Eu sabia que deveria ter escolhido os à prova de água. – Comentou distraidamente, numa voz sem qualquer rastros de emoção ou afetividade. – Mas também… Quem diria que aquelas pias iam estar cheias? Porque é que alguém iria ligar a água dali, de qualquer forma? Quando eu soltei a Ai, caí para trás… E o meu motivo voou para ali dentro.

— Você… Porquê? – Perguntou Reiko – Eu pensava que você e Ai…

— Éramos “amigas”? Oh, por favor. – Ela deu uma risadinha leve – De jeito nenhum eu teria algo tão supérfluo como uma AMIZADE. Vocês todos… E também ela… Eram apenas peças. Peças para eu comandar. Porque eu sou uma princesa, não… Uma rainha.

Deu uma risadinha fria. Ela mantinha sempre aquele tom elegante, mas agora soava completamente… desumano.

— Se pudessem me dar outro título… Seria, talvez, de Super High School Level Heartless. Não tenho problemas em dizer isso, não agora. – Comentou distraidamente – Ahh, eu já tinha intenções de matá-la antes, porém… Ela mesma veio PEDIR-ME para matá-la antes! Que conveniência, diga-se de passagem.

Fez-se a votação, que, numa decisão unânime, caiu sobre Eufrat. Após o anúncio alegre de Monokuma, a mesma soltou outra risada, dessa vez mais alta e um tanto doentia.

— Que perfeito, que perfeito que era! – Comentou, orgulhosa de si mesma – Seria o melhor assassinato de sempre! Se descobrissem que Ai não se suicidara, as atenções voltariam para o Teemu. Caso desconfiassem que não foi o Teemu, eu sempre teria Isao como plano de reserva! Um plano tão perfeito, tão digno de mim. Uma pena que uma coisa tão ridícula quanto água… Tenha estragado tudo.

— Upupu. Você… Você se faz muito corajosa, muito “fria e calculista”, não é mesmo? – Comentou Monokuma, a sua voz num tom baixo e ameaçador – Mas certamente… Não vai querer que eles saibam que você chorou enquanto matava a Ai, não é? Isso estragaria sua imagem! Ooops!

— O QUE VOCÊ…! – Eufrat pareceu irritada, batendo com força no pódio, que fez um som estranho – EU NÃO…!

— Você chorou, você chorou! “Ai, eu não consigo fazer isso!” dizia a suposta “sem sentimentos” Eufrat Tsubomi! Upupu! – Ele deu uma risada, fazendo a empresária recuar os passos, caindo no chão de joelhos, abanando a cabeça negativamente.

— E-Eufrat…?

— NÃO! EU NUNCA… EU NUNCA FARIA TAL COISA…! CORAÇÃO DURO COMO PEDRA, FRIO COMO GELO! ISSO É MEU LEMA, ISSO É MEU…

«Eufrat suspirava, observando a pequena e frágil albina à sua frente com a corda na mão. Ela não queria pegar naquela corda. Sabia o que teria de fazer.

— Por favor, Eufrat. – Pediu a albina, esticando os braços à sua frente – Por favor. Essa é… A minha única hipótese…

Ela pegou na corda e, num movimento súbito, quebrou-a. Era uma tarefa fácil para os seus braços mecânicos. Contudo, hesitou em continuar.

— Eu não quero fazer isso, Ai. – Disse, engolindo em seco. A garotinha, que apesar das aparências, era apenas um ano nova que a empresária, retirou um envelope do bolso e entregou-o. Eufrat sabia o que aquilo era: O seu motivo. A albina ficara com ele após a conversa que tiveram no dia anterior.

— Desde sempre… A fação de ativistas onde eu nasci estava preocupada em atacar membros do clã Tsubomi. A vossa empresa, sempre investindo no poder bélico para todo o mundo, constituía um perigo para a paz do mundo. Você mesma leu isso no seu motivo. – Ela deu um sorriso ténue, mas triste – Foi a minha fação que provocou o acidente que fez você perder os seus braços, pernas e seus irmãos. E três anos mais tarde… Fomos nós que provocámos o acidente dos seus pais.

— …Você não participou disso, nem concordou com nenhuma dessas coisas. – Comentou Eufrat – Você mesma me explicou. E saiu da sua fação de ativistas assim que pode por causa disso.

— E-Eu… Eu não deixava de fazer parte do grupo. – Comentou Ai – Então… Sou tão culpada como eles. Todos esses anos eu venho a me culpar pelo que aconteceu. Eu poderia ter impedido, eu poderia ter salvado sua família. Mas não o fiz, porque fui ignorante. Porque não quis incomodar minha mãe no seu trabalho. Agora, que eu tenho de escolher alguém para salvar…

Esticou a mão para a mais velha, com um sorriso suplicante.

— Por favor, me deixe te salvar. – Pediu ela – Faça isso como um favor para uma amiga, ou por vingança, tanto faz. Apenas… O faça. É tudo o que eu peço.

— Você não é… Uma mera “amiga” – Comentou Eufrat – Você é…

— Hey, vou tomar os medicamentos e me trancar lá dentro. – Interrompeu a albina. A verdade é que, caso ela ouvisse as palavras que Eufrat estaria prestes a dizer, também ela não conseguiria continuar com o plano. Assim sendo, era melhor não escutá-las. Após se trancar dentro do quarto de fotografia e tomar a medicação, ela jogou a corda que estava agora presa ao seu pescoço pela janela.

Ai e Eufrat ficaram as duas esperando. Esperavam que o efeito dos sedativos começasse. Enquanto isso, ficavam ambas de cada lado da porta, ambas com as costas viradas uma para a outra.

— …Ai?

— Sim?

— Se alguma vez pudermos nascer de novo, eu espero… Eu espero poder te conhecer.

— …Eu também, Eufrat. – Ai sorriu, aproveitando o momento em silêncio. – Eu espero que… Esse dia chegue… Logo…

Assim, Eufrat começou a sentir um peso na corda. Ai começava a cair no seu sono do qual nunca iria acordar. A empresária não conseguiu evitá-lo.

— Ai...? AI!? NÃO, NÃO! NÃO JÁ! AI, ACORDA, EU PRECISO DE… EU PRECISO DE… MAIS TEMPO…! AI! – Ela chamou e chamou, mas não obteve resposta. A empresária sabia o que fazer, a corda estava na sua mão.

E ela puxou.

Lágrimas caíam da sua face sem parar, como já há muito não caíam. Ela tinha de o fazer, ela não podia deixar… Que aquele sacrifício fosse em vão. Manteve-se puxando por mais alguns momentos e, a certa altura, soltou a corda de forma tão brusca que o seu motivo, que lhe fora dado anteriormente, voara para trás e caíra na água. No meio de lágrimas e soluços, Eufrat logo correu para tentar reavê-lo, mas assim que tocou com a mão na água sentiu a mesma a contorcer-se. Ela, naquele dia, não estava usando os seus membros à prova de água. Raios. Não podia fazer nada, tudo daria errado por causa daquilo… Mas, por um lado, não importava.

Eufrat não sabia se queria viver num mundo sem Ai.”

— Talvez… Talvez fosse essa a sua ideia desde o início, Ai? – Indagou a empresária entre lágrimas para o alto – Que eu fosse descoberta…? De facto… Esse é o melhor salvamento que você poderia me dar, não é? Hahaha… Você é, definitivamente... A pessoa que eu amo!

Os sentimentos de Eufrat… Eram incompreensíveis para alguém como eu. Eram uma mistura de tantas coisas que eu nunca sentira. Contudo, eu conseguia ver, naquela garota, um vestígio da moça amável que eu conhecera nessa escola. Sim, afinal, não era tudo mentira. Aquela Eufrat não era mentira, por muito que ela mesma acreditasse nisso.

— Agora apenas a morte me espera. – Comentou Eufrat, levantando-se enquanto limpava as lágrimas. – Eu… Eu achei que teria mais medo disso do que tenho agora. Meus irmãos… Pai, Mãe… E Ai… Por favor, me esperem. Eu estou indo.

— Certamente! Hora da punição! – Disse Monokuma alegremente, batendo com o seu martelo no botão.

GAME OVER.


Eufrat Tsubomi foi identificada como culpada. Começando execução…


Let’s Play: Great Enterprise Downfall Simulator!

Clica.

Lançada no meio de uma sala, Eufrat estava no meio de várias escrivaninhas onde Monokumas de gravata pareciam trabalhar com afinco. Ao lado da sala, que era na verdade apenas um enorme cenário artificial, estava o verdadeiro Monokuma segurando um comando de jogos. Ele movia o comando para a frente, e Eufrat, com as suas pernas mecânicas, dava um passo à frente. Assim, a empresária foi controlada até à sua imponente mesa, indiciando que ela era a chefe dali.

Um a um, os Monokumas foram até ela trazendo pilhas e pilhas de papéis enormes, ao ponto de que o rosto da pobre garota mal se via por baixo dos documentos. Quando acabou, os seus braços começaram a pegar nos papéis e a carimbá-los, assiná-los e preenche-los a uma velocidade desumana, mas ainda assim não era a tempo: um placar atrás dele que dizia “lucro da empresa” continuava a descer gradativamente, chegando a um ponto em que estava negativo. Os monokumas abandonaram os seus postos, como que se demitindo, as luzes começaram a falhar, paredes a rachar. Eufrat olhou para os lados ao ver que o seu “escritório” se transformara no que parecia o pináculo de uma empresa falida.

Assim, os seus braços começaram a se mover para baixo da mesa. Um pequeno revólver, com as brilhantes letras dizendo “Tsubomi Inc.” no seu cano, foi levado pelas suas próprias mãos às suas têmporas. Tremendo, Eufrat ficou um tempo esperando que Monokuma desse o comando. Finalmente, ele carregou no botão.

E as mãos da empresária premiram o gatilho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

...Espero que tenham gostado!
Se ficou confuso ou assim, digam. Terei todo o gosto em vos esclarecer nos reviews!
Obrigada e até ao próximo (se vocês sobreviverem os feels desse)