Lucky Ones escrita por Hamish


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Sobre o ritmo da história: Eu estava pensando em fazer uma oneshot de início, por isso ela é rápida desse jeito. Enfim, espero que estejam gostando. Não esqueçam de comentar, isso me deixa extremamente feliz.



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E naquele momento eu senti que nenhuma emoção do exército se compararia à emoção de me juntar à Sherlock em um de seus casos. O brilho que ele tinha no olhar me demonstrava aquilo e me deixava com vontade de segui-lo para qualquer lugar, desde que aquele brilho estivesse presente. Mycroft deu mais detalhes sobre o caso, mas eu não ouvi nada pois estava ocupado prestando atenção na expressão de Sherlock. Assim que ele terminou, o mais novo se levantou, sem se importar com a presença do irmão, que ficou ligeiramente enojado com a nudez dele, e saiu da banheira enrolado em uma toalha branca felpuda. Mycroft ainda estava no banheiro quando eu me levantei e timidamente enrolei uma toalha na cintura.

– Realmente não consigo entender o que ele viu em você – falou Mycroft antes de um sapato atingir sua cabeça – Mas é verdade – gritou ele saindo do banheiro e deixando o quarto.

Sai do banheiro e Sherlock estava abotoando uma camisa roxa que ele tinha acabado de roubar do guarda roupa do irmão. Ele levantou o olhar para mim e nem precisou sorrir para demonstrar o quanto estava animado com tudo aquilo. Apontou para algumas roupas jogadas na cama.

– Acho que devem servir – falou ele arrumando o colarinho da camisa –Não sei porque Mycroft tem tantas roupas masculinas de tamanhos diferentes em seu closet, mas não vou me meter na vida do meu irmão... Assim como ele não deveria se meter na minha – A última parte ele falou bem alto, com esperança de que Mycroft escutasse.

A primeira peça era uma cueca vermelha. A vesti um pouco contrariado, ignorando o olhar divertido de Sherlock. Vesti as calças jeans o mais rápido que pude. Havia uma camisa de manga comprida branca e um suéter creme. Vesti tudo aquilo e sequei meus cabelos com uma toalha enquanto Sherlock olhava as mensagens do seu celular.

– Em que hotel eu devo te deixar, John? – perguntou, colocando seu sobretudo preto de sempre.

– Como assim “me deixar”? – levantei as sobrancelhas – Eu vou junto com você.

Ele arregalou os olhos, demonstrando surpresa. Acho que aquilo ele não havia conseguido deduzir.

– Hmm... Tá bem então. Você tem certeza disso?

– Claro que tenho – respondi com um sorrisinho no rosto – Eu realmente quero acompanhar o graaande Sherlock Holmes em ação.

Ele foi andando para fora do quarto, meio envergonhado com o que eu dissera, e eu o segui, largando minhas roupas antigas jogadas no chão do quarto mesmo e vestindo um casaco que ele havia deixado em cima da cama junto com as roupas que escolhera para mim.

– Então você é tipo um detetive? – perguntei, tentando não demonstrar que estava achando tudo aquilo extremamente excitante.

– Detetive consultor – assim como eu, ele estava tentando fingir que não achava aquilo tudo a coisa mais legal do mundo – Quando a Scotland Yard não sabe o que fazer, ela me chama para resolver os problemas.

– E você tá com toda essa moral?

Ele deu de ombros e abriu a porta, me deixando passar antes dele. Nem reparei se Mycroft estava no apartamento, nem reparei que tinha deixado minhas coisas para trás, eu só estava interessado no que iria acontecer em seguida.

...

Quando disseram que havia sido um duplo homicídio, o brilho que vi nos olhos de Sherlock Holmes não era normal. Me fez questionar o que estava fazendo ali com aquele maluco, mas depois de me lembrar do que havíamos feito na noite passada esqueci de todas as suspeitas. Simplesmente dei de ombros e enfiei as mãos nos bolsos da calça jeans que havia pego emprestada do irmão mais velho de Sherlock.

Era impressionante como as pessoas realmente respeitavam e escutavam o que ele tinha a dizer. Ele não mentia quando dizia que a Scotland Yard precisava dele, pois ela certamente precisava. Fomos até o quarto em que o crime havia ocorrido. Dois corpos estavam dispostos no chão, com panos brancos por cima deles. Um era claramente uma mulher, pelo contorno do corpo e o outro estava de bruços, o que dificultava o reconhecimento. Alguns legistas nos olharam torto, mas saíram de perto assim que Sherlock pisou no quarto. Ele foi, sem cerimônia alguma, para cima dos corpos, tirou os panos deles e começou a examiná-los, fazendo algumas perguntas e as respondendo em seguida, entre murmúrios. Ele me chamou com um movimento dos dedos finos e eu me aproximei, atraindo mais olhares maldosos dos dois legistas que estavam no caso.

– O que você pode dizer a respeito desse buraco de bala aqui? – ele apontou para o peito da mulher, que usava um imenso colar de pérolas.

– Foi claramente feito no pós-mortis – olhar para ele me dava uma coragem de fazer deduções que eu nunca faria antes, não sem muito embasamento pelo menos – A temperatura do corpo não está fresca o suficiente em relação ao...

– Cheiro da pólvora que está presente no quarto – olhei para ele e ele estava sorrindo para mim. Ele parecia querer me beijar bem ali, em cima do cadáver. Eu achava que não era um clima muito maneiro para rolar um beijo, mas conhecia muito pouco da personalidade de Sherlock para saber se ele realmente curtia beijar alguém em cima de um cadáver – Elementar, meu caro Watson!

Ele se levantou e se virou para os dois caras extremamente ofendidos por conta de sua presença.

– Digam ao seu supervisor que os dois morreram envenenados. Peça para que a empregada Gloria seja investigada pois ela claramente tem algo a ver com isso.

– Como você sabe? – perguntou o mais petulante dos legistas enquanto o outro o olhava, claramente desesperado.

Sherlock revirou os olhos azuis e sorriu de canto de boca, da maneira mais cínica possível.

– Eu até poderia tentar te explicar como a bainha da calça que está dobrada logo ali indica que eles tiveram problemas recentes com a empregada e podia dizer também que só pelo cabelo da mulher ela tem mais dinheiro do que eu, você e meu companheiro juntos... Bom, talvez se tiramos eu da conta pode realmente ser, pois claramente eu tenho mais dinheiro do que todos vocês e ela – ele apontou para o cadáver – juntos. Mas, sinceramente, eu não te devo explicação alguma, ainda mais porque se eu as desse você não conseguiria entende-las.

Terminando de dizer isso, Sherlock ajeitou a gola do seu casaco e começou a andar para fora do quarto. Tive de correr um pouquinho para alcança-lo, que já estava fora da casa.

– Isso foi incrível – falei, tentando controlar todos os elogios que eu gostaria de fazer.

Ele deu de ombros, mas não conseguia disfarçar como estava orgulhoso. Me coloquei em seu lado enquanto esperávamos um táxi. Senti seus dedos tocando os meus de forma muito delicada e não o impedi de entrelaça-los aos meus. Ele parecia bem sem jeito ao fazer aquilo, mesmo que já tivéssemos feito coisa muito pior um com o outro.

– Amanhã você vai embora – ele falou com uma voz diferente. Parecia insegurança.

– Sim, eu vou embora amanhã – me virei para ver seu rosto. Ele estava sério, parecendo que tinha acabado de sair de um enterro... Se bem que se formos pensar no que havíamos acabado de fazer – É muito mais saudável que aproveitemos o dia hoje ao máximo, já que muito provavelmente nunca mais nos vere...

Ele tapou minha boca com a mão livre e falou, calmamente.

– Não. Diga. Isso. – ele tirou a mão da minha boca e soltou minha mão. Me senti mal por um momento, afinal ele realmente parecia que gostava de mim... E eu realmente estava gostando dele.

– Me desculpa – agora quem estava sem jeito era eu – O que você quer fazer?

– E-eu queria... Ai, esquece, é idiota.

– O que foi? – perguntei, realmente interessado.

– Já te mandei esquecer.

– Fala logo, Sherlock!

– Eu queria sair com você – suas bochechas pálidas se tornaram cor-de-rosa - Tipo um encontro, tomar um café, ir no cinema, sei lá... A gente pode até voltar para o apartamento do Mycroft e passar um tempão juntos na banheira fazendo o que você quiser.

– Do jeito que você fala eu pareço um tarado – falei como se estivesse ofendido, quando na verdade estava realmente pensando na proposta da banheira – Tá, pode ser.

...


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