Lucky Ones escrita por Hamish


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada novamente pelos comentários. Fico muito feliz com quem se dá ao trabalho de me dar feedback... É uma das melhores coisas de escrever. Enfim, avisando novamente sobre o ritmo da história... Mas se você chegou até aqui acho que já deve ter sacado que as coisas são bem rapidinhas hahahah



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Tenho certeza que se hoje em dia sou viciado em adrenalina, a culpa é total e completa de Sherlock Holmes. O que fizemos aquela noite era o cúmulo do errado, mas me serviria de um prelúdio do que faríamos no futuro. Ele sabia exatamente em que ponto das portas ele tinha de chutar para que elas se abrissem, sabia quais eram os pontos das grades que tinham falhas suficiente grandes para que passássemos... Em outras palavras, Sherlock Holmes era um mestre em fazer coisa errada.

Mas se você quiser minha opinião sincera; eu não me importava nem um pouquinho com isso. Eu estava finalmente no tão famoso e fotografado London Eye. Era emocionante demais para descrever, então fiquei quieto, olhando para aquela roda gigante que eu costumava ver nos jornais e nos filmes. Sherlock tirou um maço de cigarros do bolso e me ofereceu um. Eu fiz que não com a cabeça e ele deu de ombros, acendendo o seu e dando uma tragada profunda.

– Sinceramente, eu não sei como você nunca tentou fumar – ele falou, com seu rosto transmitindo o prazer que ele sentia ao ter a fumaça em seus pulmões – É a melhor coisa do mundo.

– Ah, pode acreditar que não é – falei sem pensar duas vezes – Se você acha isso ai a melhor coisa do mundo é porque nunca ficou com uma garota.

Ele fez uma careta e soltou a fumaça no meu rosto. Abanei a fumaça para longe e notei que ele ficara meio incomodado ao me ouvir falando sobre garotas, ele parecia inclusive meio tenso com o assunto.

– Calma ai – ele olhou para mim, jogando uma bituca de cigarro no chão – Você nunca ficou com uma garota?

– Você não vai tirar fotos dessa porcaria ai não? – perguntou ele, com um tom de voz irritadiço – Sério, aqui está meio frio, quero voltar para o carro.

– Ai meu Deus – soltei uma gargalhada – Você não pode ser... Não, só pode estar de brincadeira comigo. Um cara como você...

– O que você quer dizer com “um cara como eu”? – ele me fitou com aqueles olhos estupidamente azuis, sem realmente entender o que eu queria dizer – Você não está querendo dizer que eu sou um “cara” atraente, certo?

– C-claro que não – gaguejei fazendo com que seus lábios se repuxassem em um sorriso malicioso – Ei, não me olha assim. Eu não disse nada.

– John Watson – ele riu enquanto pronunciava meu nome da forma mais lenta que conseguia – Você está levando isso rápido demais. Vamos pelo menos jantar juntos antes que você comece a me... Como as pessoas falam mesmo? “Paquerar”?

Meu rosto deve ter ficado mais vermelho do que já estava por conta da ação do frio, pois Sherlock soltou uma gargalhada, enquanto pisava no restinho de cigarro que ainda estava meio aceso.

– Você leva as coisas muito a sério – ele andou em direção ao carro – E é a segunda vez que eu te falo isso, mesmo tendo te conhecido há menos de três horas.

Observei enquanto ele entrava no carro e sem me importar em tirar uma foto do London Eye, fui em direção ao carro também. Quando eu entrei, ele me recebeu com um sorriso meio sem graça. Reparei que quando ele sorria, ele ficava até... Bonito. Pensei melhor. Não era certo eu pensar daquele jeito sobre um homem, né? Tudo bem, Harry namorava uma menina há um certo tempo, mas meus pais nunca levaram isso na boa.

Pelo amor de Deus, John Watson, você está mesmo pensando nessas coisas só porque o cara lhe sorriu? Isso tá errado, com certeza tá errado.

– Sabe – Sherlock, ainda não havia começado a dirigir, havia apenas ligado o carro para que não congelássemos por causa do frio- acho que fui meio grosso com você em relação àquele assunto... É que, sei lá – ele levou a mão aos cabelos e os jogou para trás – Você tá certo, eu nunca estive com ninguém e... – ele se virou para mim e viu minha expressão confusa no rosto – Me desculpe estar falando disso contigo... É que eu tenho um troço, é tipo um superpoder e eu consigo deduzir muitas coisas à respeito das pessoas...

– E o que você consegue dizer ao meu respeito? – perguntei, interrompendo-o e me virando de frente para ele, encostando a lateral da minha cabeça no banco do carro.

Ele sorriu novamente, dessa vez ele não estava sem graça, o que o deixava ainda mais bonito.

– Bem, eu consigo deduzir que você é o mais velho e que seus pais esperam muito de você – fiquei em silêncio e ele continuou, ficando de frente para mim, com as pernas cruzadas como uma criança no jardim de infância – Você já teve algumas namoradas, a maior parte delas na faculdade, estava dormindo no ônibus que te trouxe para cá e pisou no cocô de cachorro antes de entrar nesse mesmo ônibus e eu espero sinceramente que você tenha limpado aqui dentro do carro para deixar Mycroft nervoso.

Eu ri, olhando impressionado para ele. Quando ele demonstrava seus “poderes” seus olhos azuis adquiriam um brilho diferente. Era visível como ele se orgulhava daquilo, assim como era visível que ninguém apreciava tanto aquela habilidade quanto ele mesmo.

– Incrível – falei com um suspiro cansado – Isso é realmente incrível.

Ele voltou a olhar para mim e depois olhou para suas mãos, com o rosto pálido se tornando cor-de-rosa.

– Não é isso que as pessoas falam – ele ainda estava com a cabeça abaixada – Geralmente elas só me mandam calar a boca.

– Mas você não devia escutá-las. É um “superpoder” impressionante.

– Sabe que está dizendo isso em voz alta, certo? – perguntou ele, levantando o olhar para mim e sorrindo.

– Sim, eu sei – sorri de volta – Todo mundo merece ser elogiado de vez em quando... Até mesmo um maluco que rouba o carro do irmão mais velho.

Sherlock riu e abaixou a cabeça novamente. Ele ainda não estava lidando bem com a situação. Sinceramente, acho que ele não estava acostumado a receber elogios, mas também não estava acostumado a conviver com pessoas.

– E sobre mim? – ele perguntou, voltando a fitar meus olhos – Será que você consegue deduzir alguma coisa ao meu respeito?

Olhei bem para ele, enquanto ele tentava manter a expressão séria. No momento todos os pensamentos que inundavam minha mente eram a respeito de como ele era bonito e de como eu estaria disposto a fazê-lo sentir-se o cara mais genial do planeta se ele me permitisse. Se isso era errado? Eu não sabia mais o que era errado ou o que era certo, eu não sabia se aquele sentimento de querer afogar meus dedos em seu cabelo cacheado passaria na manhã seguinte, ou se Londres e seu clima gélido tinham algo a ver com isso, mas tudo o que eu pensava era em como eu queria fazer com que ele não se sentisse tão inseguro. Queria gritar para ele como ele era bonito, como seu sorriso era encantador e lhe ajudar a reunir coragem para que ele impressionasse uma menina tanto quanto ele estava me impressionando.

– E então... ? – perguntou Sherlock, começando a ficar tenso.

– Eu sinto que você é um cara bem sozinho, sinto que não se dá nada bem com o teu irmão mais velho e que ainda é virgem – ele revirou os olhos, como se tentasse demonstrar que aquilo era completamente irrelevante no momento – Não sei dizer se você tem uma namorada ou um namorado ou qualquer coisa – ele fez que não com a cabeça e o canto dos seus lábios se repuxou em um sorriso – Também não sei dizer se você gosta de homens ou de mulheres...

– E isso é importante desde quando? – agora ele sorria completamente.

– Isso realmente não é nada importante – senti um arrepio na nuca e levantei as sobrancelhas, incrédulo – E você nem me levou para jantar e já está, como é que se diz? – ele riu – Oh sim, já está me paquerando?

– Só queria ver se funcionava – ele deu de ombros – Era um experimento.

Inclinei-me em sua direção e ele pareceu nervoso, encostei meus lábios em seu pescoço e dei um beijo ali. Senti a respiração de Sherlock ficando ofegante.

– O resultado foi positivo – falei, levando minha mão ao seu cabelo cacheado e puxando um cachinho, vendo-o voltar ao monte – E como termina esse experimento?


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