– Com licença senhorita.

Acordei e dei de cara com uma aeromoça me chacoalhando delicadamente para me fazer acordar. Levantei minha cabeça que estava encostada na janelinha do avião.

– Já estamos em Nova York. – ela explicou.

– Ah, tudo bem. – falei e me levantei para pegar minha bagagem acima das poltronas.

Acabei dormindo quase a viagem toda já que sempre tive medo de andar de avião, e a parte da decolagem e do pouso eram as piores partes. Caminhei em direção a ala de desembarque onde minha mãe estaria me esperando para me levar para casa e logo pude vê-la com um cartaz ridículo escrito “Bem vinda Annabeth”.

Caminhei lentamente até ela e com um suspiro disse:

– Oi.

– Como está? – ela perguntou enquanto me ajudava a levar uma das minhas malas.

– Como você acha? – perguntei de volta com um suspiro – Fui forçada a vir para cá para morar com você. Acho que é o dia mais feliz da minha vida. – disse irônica.

– Annabeth. – ela revirou os olhos e apontou para que saíssemos.

Enquanto andávamos até o estacionamento pude olhar para ela, usava um vestido simples e claro, e tinha longos cabelos escuros que estavam presos em um rabo de cavalo alto, a única coisa que eu tinha dela eram os olhos cinzas. Atena era incrivelmente bonita. Assim que chegamos até o carro ela colocou minhas duas malas pretas no banco de trás e eu me sentei no banco do carona.

No caminho para casa pude observar tudo que havia por ali, os prédios, as casas, as lojas, os museus... Era incrível a arquitetura de alguns lugares por ali, Nova York era realmente bonita.

Depois de algum tempo paramos em frente a um prédio branco que parecia ter mais ou menos vinte andares e ficava em frente ao Central Parque. Peguei minhas malas no carro e segui minha mãe para dentro do prédio.

– Bom dia senhora. – cumprimentou o porteiro que usava roupas pretas, ele era alto, tinha cabelos pretos e um sorriso amigável, parecia não ter mais de vinte e cinco anos.

– Bom dia Stefan. – minha mãe respondeu com um sorriso – Essa é minha filha Annabeth. – ela me apresentou para ele.

– Muito prazer. Sou Stefan, o porteiro do prédio. – ele estendeu a mão para mim e eu a apertei.

Então nós fomos até o elevador onde ela apertou o 11º andar e eu percebi que havia 16 andares no prédio. Começou a tocar aquelas típicas musicas chatas de elevador até que finalmente chegamos.

– Nosso apartamento é o 312. – ela explicou e pegou as chaves para abrir o apartamento.

Percebi que naquele andar tinham cinco portas então eu imaginei que morassem mais cinco famílias por ali. Assim que entrei no apartamento, percebi que era grande e simples, mas era bonito. A sala possuía dois sofás pretos, uma mesa de centro e uma TV grande.

– Seu quarto é a segunda porta do lado direito do corredor ali. – ela disse apontando onde era – Pode arrumar suas coisas lá e depois ver o resto da casa.

Fiz o que ela disse e fui até o meu quarto que tinha uma porta branca. No corredor havia duas portas do lado direito e uma porta entre elas no lado esquerdo. Entrei e me deparei com uma cama de casal com um jogo de cama roxo, um guarda roupas grande e branco embutido, uma mesa para estudos e uma estante para livros também branca. As paredes eram brancas com uma sendo roxa. Havia uma pequena sacada que tinha vista para o Central Park.

Comecei a desarrumar as malas, coloquei minhas roupas no guarda roupas, organizei alguns dos meus livros na estante e coloquei meu notebook na mesa. Pendurei algumas fotos antigas nas paredes e guardei o que faltava.

Observei o quarto que agora com algumas das minhas coisas estava com um toque pessoal meu e fui até a sacada onde me debrucei na mureta que me impedia de despencar de 11 andares, dava para ver as pessoas passando apressadas umas pelas outras nas ruas enquanto havia pessoas descansando e curtindo uma tarde com suas famílias no Parque, crianças brincando, pessoas passeando com cachorros.

A cidade tinha duas faces: aquela onde todos corriam como se estivessem muito atrasados sem notar nada ao seu redor e aquela onde você podia aproveitar a vida com as pessoas com quem você se importa.

Resolvi ir ver o resto da casa, abri a porta da frente e vi um banheiro que era simples e tinha uma banheira pequena. Depois abri a porta ao lado e dei de cara com outro quarto que percebi ser da minha mãe, tinha uma cama de casal, uma porta que eu não sei aonde dava e uma guarda roupa, além de também ter uma sacada.

Então eu passei pela sala e vi a cozinha que era toda branca e tinha uma bancada que a separava da sala e tinha também uma mesa para quatro pessoas. Próximo a sala tinha uma porta que estava entreaberta e pude perceber que era um pequeno escritório onde minha mãe trabalhava.

Ela estava de pé analisando alguns esboços do que pareciam projetos que estavam em uma mesa, ali também tinham estantes com livros, uma janela e cadeiras em frente a mesa, provavelmente era onde recebia os clientes e mostrava os projetos. Atena era uma arquiteta muito prestigiada em Nova York, pois realmente era boa no que fazia, acho que por causa dela gosto de observar a arquitetura dos lugares por onde passo e penso em me formar em arquitetura.

– O que é tudo isso? – perguntei assim que entrei.

– É um novo projeto de um prédio em que estou trabalhando. – ela respondeu.

– Parece gigante. – observei os desenhos – Estão tentando usar arte grega?

– Estamos tentando incorporar um pouco do designer das construções grega com a das atuais. – ela explicou – Beleza antiga e modernidade.

– Se der certo vai ficar incrível. – comentei – Acho que vou sair um pouco.

– Aonde vai? – perguntou enquanto eu me dirigia para fora.

– Andar por ai. Conhecer os arredores. – dei de ombros.

– Lembre-se que você já tem aulas amanhã. – ela observou e eu assenti com a cabeça.

Sai do apartamento pensando em como seria ruim entrar em uma nova escola no meio do ano. Esperei o elevador e quando ele chegou mostrou uma garota com estilo meio punk usava roupas pretas e coturno, tinha cabelos pretos e curtos, tinha olhos azuis elétricos e usava fones de ouvido.

Entrei e percebi que ela já havia apertado para descer. Depois de alguns segundos ela tirou os fones e olhou para mim.

– Nunca te vi por aqui. – falou – Veio ver alguém?

– Não, eu vou morar um tempo com a minha mãe aqui. – expliquei.

– Quem é sua mãe? – ela perguntou levantando uma sobrancelha

– Atena. – respondi simplesmente.

– Atena. Atena Pathernos? – perguntou surpresa – Não sabia que ela tinha uma filha.

– É uma longa história. – falei.

– Bem, acho que vamos nos ver de vez em quando. – ela disse – Moro no 16º andar.

– Na cobertura? – perguntei agora surpresa.

– Meu pai é um pouco exagerado. – nós rimos – Sou a Thalia. – ela estendeu a mão.

– Annabeth. – falei apertando a mão dela.

– Vai estudar na CHB? – perguntou e eu assenti com a cabeça – Bem então somos colegas.

– Mais alguém que estuda lá, mora aqui?

– Só eu, você e o Luke. – ela pareceu pensar um pouco – E o meu irmão.

Então o elevador se abriu e nós saímos. Acenei com a cabeça para Stefan que acenou de volta e sai para andar um pouco por ai, até que ouvi Thalia me chamar.

– Hei. Quer ir comigo encontrar uns amigos? – ela perguntou – Posso te mostrar um Starbucks aqui perto.

– Claro. – dei de ombros e segui com ela.

It just takes some time
Little girl, you're in the middle of the ride
Everything, everything will be just fine
Everything, everything will be alright, alright