POV Annabeth

– Não é um encontro. – falei pela milésima vez para Thalia que continuava insistindo em dizer que o Percy gostava de mim e eu dele.

– Claro que é. – ela disse – Ele gosta de você, por isso foi pedir desculpas.

– Não acho. – dei de ombros – Ele prometeu que vamos apenas como amigos.

– Isso não impede que ele te considere mais que isso. – Thalia me deu uma piscadela.

– Já chega. – falei um pouco cansada disso – Já está parecendo a Silena.

– Quem está parecendo comigo? – perguntou Silena aparecendo não sei de onde.

Estavamos na frente da escola depois do fim de todas as aulas de quarta feira e minha primeira aula de pintura começaria em vinte minutos.

– A Thalia só fica falando de amor. – expliquei – Por isso ela está parecendo você.

– Isso só pode significar uma coisa. – disse Silena abrindo um sorriso lentamente – Você está apaixonada Thalia.

– Não sabia que agora tinha enlouquecido de vez. – Thalia disse – Acho que precisa ir a um psiquiatra.

– É. – falei olhando para Thalia e sussurrei para Silena – O Nico.

– Eu escutei. – Thalia reclamou e nós rimos – Vocês duas agora estão conspirando contra mim?

– Não. – afirmei sarcasticamente – Claro que não.

– Meninas eu tenho que ir. – Silena disse – Minha mão vai a um jantar hoje a noite e eu e a Piper temos que comprar vestidos novos.

– Tudo bem. – Thalia disse fingindo estar magoada – Prefira os vestidos a suas próprias amigas.

– Deixa de ser dramática ou vou pensar que está mesmo virando eu. – Silena disse se virando e dando uma piscadinha dramática para Thalia que fingiu vomitar.

Logo estavamos só eu e Thalia que começou a falar do trabalho de história e de como os professores eram chatos. Vi Percy passar sozinho por onde estávamos e sorriu quando passou por nós duas.

– Agora tenho que ir Annie. – Thalia explicou – Meu irmão vai sair com a Piper, meu pai vai trabalhar e minha “querida” madrasta vai sair para fazer compras. É minha chance de ter paz.

– Já que prefere ir para casa a ficar aqui e me fazer companhia o que posso fazer? – me fingi de dramática e ela riu me mostrando a língua.

Assim que saiu pelos portões me dirigi até o corredor das salas de aula e entrei na sala onde teria aula de pintura. Havia poucas pessoas por ali e entre elas, lá estava Raquel sentada bem a frente de um cavalete de pintura. Quando me viu sorriu e me chamou para sentar ao seu lado.

– Oi Raquel. – falei me sentando em frente a um cavalete que estava ao seu lado.

– Oi Annie. – ela disse parecendo animada – Também escolheu pintura?

Fiquei tentada a dizer algo como “Nãããão. Estou aqui porque escolhi fazer natação sabe?”, mas ao invés disso apenas assenti com a cabeça e me voltei para a tela a minha frente pensando se havia sido mesmo uma boa ideia ter escolhido pintura.

– E ai Raquel? – comecei tentando parecer natural – O que está havendo entre você e o Percy?

– Ah, ele é simplesmente incrível. – ela suspirou – Não sei como pode acha-lo um idiota, ele só agiu como um cavalheiro comigo.

– Que ótimo. – disse.

– Espero que de certo entre nós, sabe? - ela continuou – Por que eu gosto dele. De verdade.

Fiquei pensando nisso até o professor entrar na sala. Era um homem baixo, e quando eu digo baixo quero dizer que era menor do que eu. Não aparentava ter mais de trinta anos e tinha cabelos ruivos quase do tom de Raquel só que mais claros. Ele começou a aula e fez com que nós nos apresentássemos para o resto dos alunos que não passavam de dez mais ou menos.

– Bem meninas. – ele disse olhando para nós – Sou professor Hunter. Como podem perceber poucas pessoas escolhem a arte da pintura como uma aula extracurricular. A maioria prefere música ou os esportes, então é preciso ser realmente bom para estar aqui. Só os melhores ficarão até o fim do ano nessa aula. Tem certeza que querem ficar aqui?

Alguma coisa nessas palavras me fez ficar com medo então apenas assenti assim como Raquel que parecia achar graça da situação. Ele continuou por mais uns quinze minutos falando de como a arte era importante para o mundo e sinceramente parei de prestar atenção depois de dois minutos.

Quando finalmente voltou para a aula ele nos disse para desenhar o que nos viesse a cabeça e então todos começaram a desenhar. Pensei em algo que realmente gostava e logo me veio algo a mente. Comecei a fazer esboços que logo fui aperfeiçoando até colocar um pouco de cor para que ficasse pronto. Olhei para o que tinha feito e percebi que os outros também já estavam acabando. Sem perceber já haviam se passado quase vinte minutos.

– Muito bom. – o professor disse olhando para o desenho de Raquel que tinha pintado uma floresta bem detalhada e um pouco sombria que eu nunca tinha visto.

Então ele passou para o meu. Eu havia desenhado o Empire State, pois amo o jeito como ele foi construído e também fico imaginando qual deve ser a sensação de observar a cidade do último andar.

– Ótimo. – ele disse e passou para olhar os outros desenhos.

– Seu desenho ficou incrível. – falei para Raquel.

– Obrigada. – ela disse – O seu também. Se me dissessem para desenhar algo assim eu não sei se conseguiria. Não sou muito boa com construções.

– Estou imaginando que floresta é essa que você fez. – comentei olhando o desenho, realmente estava curiosa.

– Eu não sei. – admitiu – Eu desenho o que me vem na cabeça e as vezes imagino que vejo coisas assim durante sonhos ou sei lá mais o que.

– Interessante. – falei.

Depois disso não aconteceu mais nada muito interessante e logo a aula terminou. Me despedi de Raquel que saiu rapidamente a caminho da biblioteca e sai caminhando lentamente até a saída da escola. Vi Percy parado perto do portão mexendo em seu celular e fui até ele.

– Oi. – falei e ele se virou para mim – Achei que fosse me encontrar no Starbucks.

– Eu sei. – ele disse – Mas eu não tinha nada para fazer então decidi vir até aqui.

– Que gentileza. – disse e sorri para ele que retribuiu o sorriso.

– Sabe eu estava ansioso para te encontrar hoje. – admitiu parecendo um pouco nervoso enquanto caminhávamos até o Starbucks.

– Sério. – dei de ombros – Por que?

Agora estava curiosa para saber o que ele iria responder e olhei para ele com expectativa.

– Eu não sei. – deu de ombros – Só sei que ultimamente venho pensando em você mais do que o normal.

Então nós paramos um pouco antes de entrar no Starbucks e ficamos de frente um para o outro.

– Olha. – ele começou meio hesitante – Sei que prometi que seria só um encontro de amigos, mas eu tenho que saber.

– Percy... – comecei, mas ele me interrompeu.

– Realmente não significou nada para você aquele beijo no vestiário domingo? – ele parecia estar falando sério e um pouco apreensivo.

– Por que quer tanto saber? – perguntei na defensiva.

– Eu só preciso saber. – admitiu – Porque significou para mim.

Suspirei sustentando seu olhar que era intenso e parecia com medo também.

– Eu não sei. – disse – Mesmo que tivesse significado eu nunca faria isso com a Raquel e espero que você também.

– A Raquel? – perguntou confuso.

– Ela gosta de você. – falei com um suspiro.

– Mas eu gosto dela só como uma amiga e nunca dei esperanças de que fosse me tornar mais do que isso. – ele explicou parecendo um pouco incrédulo com a possibilidade.

– Nunca deu esperanças? – perguntei inconformada – Andar sempre com ela e leva-la para um lugar onde não levou mais ninguém não é dar esperanças para você?

– Eu... – ele começou, mas não deixei que continuasse.

– Ela é uma boa garota. – falei – Só não a decepcione. Ela realmente acredita em você.

Me virei para ir embora, mas ele segurou o meu braço antes que eu pudesse sair do lugar.

– Onde você vai? – perguntou.

– Embora. – respondi – Não da para fazer isso. Não assim.

Então ele me soltou hesitante e pude perceber em seu olhar que ele estava chateado e infelizmente me doeu vê-lo assim, mas sabia que a Raquel gostava dele e não iria fazer isso, já que ela pensa que eu o odeio.

And I’ve thrown it all away
And watched you fall into his arms again
And I’ve thrown it all away
And watched you fall, now