What Is Your Sun Like? escrita por ak_yume


Capítulo 4
Capítulo 4




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            -Que... que quer dizer com isso, Takuya?

            Takuya desviou o olhar. Não sabia por que, não conseguia se sentir à vontade. Talvez pelo fato de ele agora ter de falar que sabia a verdade, talvez pelo de estar segurando a mão de Kanon - não sabia ao certo. Assim sendo, soltou sua mão, ao que o moreno também pareceu mais confortável.

            -Você não gosta de mim porque eu vim ocupar o lugar do Bou - o guitarrista falou logo, com simplicidade. Estava tentando não sentir pena de si próprio, e também fazer com que o outro não sentisse. Àquela frase, Kanon não respondeu. Com isso, Takuya achou que seria melhor continuar, expelir logo a idéia, o pensamento que queria que o outro tivesse. - Mas Kanon, eu não vim substituir ele - parou por um instante, deu de ombros. - Talvez eu tenha entrado em seu lugar, mas eu... - suspirou, fazendo o outro se sentir culpado pelo cansaço do amigo. - Eu não pretendo ser importante pra você tanto quanto ele era, eu vou... me contentar com o que você quiser me oferecer - tentou um sorriso desanimado. - Está bem assim?

            Seria impossível narrar o sentimento de Kanon naquele momento. Sentiu-se tão... idiota. Depois de todo aquele tempo negando a companhia do novo integrante, imaginava que o outro já deveria odiá-lo; ou então, ser muito pegajoso e irritante o suficiente para bajular todos os outros, a fim de se sentir mais incluído. Mas não. Ao invés de Takuya xingá-lo, ou ignorar sua indiferença, o ruivo veio com um pedido de desculpas. Desculpas por ter sido tão persistente, desculpas por tentar forçar Kanon a fazer algo que ele não queria, desculpas por às vezes parecer audacioso - apesar de, na verdade, não chegar nem perto daquele adjetivo. Envergonhado, abaixou os olhos.

            -Você não precisa gostar de mim. Se não quiser a minha companhia, eu... – o silêncio que voltou a reinar no ambiente foi como uma punhalada pra Kanon. De novo, Takuya ia se desculpar. Se desculpar simplesmente por ser bom demais. - ...eu entendo! - viu o ruivo engolindo a insegurança e tentando chegar a uma expressão convincente. De qualquer forma, não importava o quanto tentasse, sempre continuaria sendo o Takuya de sempre. Força e dureza não faziam parte de seu vocabulário.

            Kanon não sabia o que responder. Queria se desculpar, mas, provavelmente, aquilo não era o suficiente depois de tudo o que fizera. Quem sabe, fosse a hora de ele finalmente sentar e conversar com alguém. Se livrar de suas agonias, o motivo da excessiva melancolia por ter perdido Bou. É, talvez a hora houvesse chegado. Respirou fundo, tentando manter o tom de voz constante:

            -Takuya, vem comigo até um kiosque? - convidou, largando a bolinha de beisebol no chão.

            O outro prendeu a respiração:

            -O quê...?

            -Vem? - pela primeira vez, Kanon estava abrindo um sorriso para o ruivo.

            E que sorriso, pensava Takuya. Não se conformava em toda a vida nunca ter visto aquele olhar seguro e protetor direcionado para si. O alívio que sentiu foi algo além da realidade. Pela primeira vez, se sentia calmo ao lado do baixista. Pela primeira vez conseguia olhá-lo nos olhos sem medo. Livre, enfim.

            -Eu... - automaticamente, aumentou seu sorriso. - Claro, Kanon-senpai.

 

            Takuya deu sorte: o kiosque que Kanon havia escolhido não era o mesmo que o kiosque em que os outros integrantes se encontravam. Assim, não precisaria explicar a mudança rápida no comportamento de Kanon - uma mudança que nem ele entendia direito.

            Pediu uma bebida qualquer - apenas arranhava o inglês, o que quer que viesse seria lucro - e sentou-se em uma mesa que havia escolhido com o outro.

            Takuya claro, estranhando a situação - não de estar sentado em uma mesa com Kanon, mas principalmente de estar tomando algo que seria pago por ele -, foi o primeiro a falar:

            -Você quer me dizer alguma coisa? - perguntou mais calmo, porque sabia que o outro agora seria gentil.

            -Takuya, eu me sinto péssimo - foi a resposta abatida. – Não devia ter feito o que fiz com você.

            O ruivo, com ainda um pouco de vergonha de olhá-lo no fundo dos olhos, manteve o olhar em sua bebida que também não sabia do que era feita.

            -Kanon-senpai, isso já pass--

            -Eu não sou melhor que você, Takuya.

            Foi então que o guitarrista levantou os olhos e fitou Kanon no fundo dos seus. Por alguns segundos ficaram em silêncio. Takuya fez menção de falar algo várias vezes, mas em nenhuma delas realmente o fez. Queria apenas curtir o momento; era impressionante como, há algumas horas atrás, se sentia na obrigação de tratar Kanon com tanto respeito, e agora o outro fazia de tudo para que se sentisse bem. Não era mais necessário ficar calculando palavras, ou fazendo planos para se aproximar do baixista; tudo que precisava fazer naquela hora era continuar olhando-o daquela forma tão profunda, tão... silenciosamente expressiva. Não podia querer mais nada na vida.

            -Olha, tem uma coisa - Kanon começou a falar, hesitante. - Tem uma coisa que você não sabe sobre o Bou. Que ninguém sabe.

            Àquela frase, Takuya achou melhor não responder; além de se mostrar curioso, ele ainda apresentaria a persistência de amizade que tanto parecia irritar o outro. Já havia aprendido bastante com ele nos últimos meses, e não jogaria todo seu aprendizado fora, ainda mais de ter conseguido se aproximar tanto do moreno. De qualquer forma, ele também não precisou perguntar nada. Kanon continuou por conta própria:

            -Ele significava muito pra mim - prosseguiu, vendo que a toda palavra Takuya só assentia com a cabeça; também, não poderia fazer mais nada, o pobre. - Mas Takuya, eu e ele... - parou. Apenas parou por um tempo. Precisava continuar, sabia que o outro não diria nada até que concluísse sua frase; era uma das características do ruivo ouvir muito e falar pouco, dando sempre às pessoas chance de explorá-lo e desafabar todas as agonias, todos os problemas. Praticamente um psicólogo com ouvidos de penico. - Eu e ele não éramos só amigos.

            Takuya não se surpreendeu. Na verdade, nem entendeu muito bem o objetivo daquela conversa:

            -Você e ele tinham algum... parentesco? [n/a: essa pergunta me mata a cada vez que eu leio]

            -Quê? Não. Não, não foi isso que eu quis dizer. Eu e ele... Takuya, eu e ele...

            O pobre Kanon tentou de tudo; desde eufemismos exagerados até gestos com as mãos, mas não importa o quanto tentasse, não conseguia fazer com que o outro compreendesse. Foi quando finalmente parou e teve uma nova idéia de mostrar ao guitarrista o que ele e Bou costumavam fazer. Sentia-se diferente. Principalmente porque aquilo não seria somente uma demonstração do carinho que sentia pelo ex-integrante, mas também uma amostra do quanto se importava com o novo guitarrista desde alguns minutos atrás. Queria mostrar-lhe que Bou não tinha nada que ele não tinha; queria que visse que não pretendia ter sido tão duro e injusto, que também havia um outro lado Kanon; um lado bom.

            Ficaram mais um tempo em silêncio. Takuya prendeu a respiração ao sentir a mão de Kanon tocando a sua. Via os sinais de nervosismo estampados no olhar inseguro do ruivo, o tremor vindo de suas pernas; o quase pulo que deu quando o baixista finalmente encostou a mão quente, que antes segurava a sua, em seu rosto gelado e tenso.

            -K-Kanon, eu não...

            Mas não pôde concluir a frase. Porque exatamente naquele momento, o moreno encostou os lábios nos seus, e começou a beijá-lo lentamente.

 


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Notas finais do capítulo

[WTF? essa fic é louca, sério]



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