"Lembre-se semideus, essa luta é sem poderes, apenas nós e nossas espadas" - essa frase se repetia várias vezes pela mente de Isaac, palavras de Aaron, de Urano, do deus primordial dos céus

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Depois de muito tempo tentando acertar um golpe, mas sempre sendo impedido por a espada de seu oponente, conseguiu uma brecha e conduziu sua espada para o braço do outro.

Quando a lâmina conseguiu eliminar a proteção do braço e entrou em contato com a pele, um gemido alto invadiu o local, mas era uma voz feminina bem rouca. Isaac olhou para o lado e viu que o gemido foi de Mel, seu braço estava com um corte idêntico ao que deixou no semideus a sua frente, escorria muito sangue.

– Ah, - sorriu maldosamente - esqueci de falar que se você me ferir, parte dessa dor e o próprio ferimento irá para ela

Isaac resmungou algo entre os dentes e atacou novamente. Suas investidas eram rápidas e precisas, mas tinha receio em acerta-lo. Iria ferir Mel, e se fosse muito grave, ela poderia morrer por estar muito fraca. Foi tirado de seus pensamentos por uma dor em seu ombro. O oponente havia conseguido se livrar de sua proteção naquele local. Colocou a mão no local ferido e sentiu seu sangue entre os dedos.

Atacou novamente, desta vez, sem pensar em outras coisas a não ser "atacar", "desviar" e "bloquear".

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No local só se ouvia os sons das lâminas se cruzando, os gemidos de dor, e a respiração pesada dos dois. Aquilo estava começando a cansar ambas as partes. Estavam lutando a quanto tempo?

Suas armaduras estavam mais no chão que em seus próprios corpos. O cheiro de sangue era forte. Os dois em situações horrendas. Cortes espalhados por todo o corpo. Sangue sujando suas peles. Mas a maior concentração de sangue era em suas mãos.

A mão que segurava a espada era onde os respingos de sangue, o sangue um do outro que fora parar ali por culpa de um ferimento

Usando a parte achatada de sua espada, Aaron afastou Isaac e, por um tempo, ficaram se observando.

– Vamos acabar logo com isso - rosnou o mesmo e tirou o resto da armadura, lhe restando suas roupas razoavelmente rasgadas - Não vai tirar a armadura filho de Nyx?

Isaac o fuzilou com o olhar, mas acabou optando por tirar a armadura, já que não lhe fornecia muita proteção. Se posicionaram novamente e Aaron avançou. Ao desviar do ataque que passou raspando por sua bochecha, forçou a espada contra o ombro desse. Ouviu-se o gemido do oponente e de Mel, que já estava exausta e a única coisa que lhe impedia de se deitar no chão eram as correntes.

Aaron se afastou com a mão sobre o corte, sorrindo ao ver que Isaac observou rapidamente a garota no chão.

– Sabe que ela não aguentará muito, não é? - disse em deboche e tirou a mão do ombro para ver o sangue

Isaac não responde, apenas ataca.

– O... O pon-onto... Fra-aco... I-isaa-ac... O pon-onto - Mel gemia, tentando fortalecer sua voz o máximo possível e formar palavras inteiras sem gaguejar, mas não tinha forças nem para levantar a própria cabeça - A-acertar... Derro-otar... P-pon-to fra-aco

Foi o máximo que conseguiu dizer, depois só conseguia fazer som de "N". O filho de Nyx tentava descobrir o que ela quis dizer, mas a tontura e o forte cheiro de sangue atrapalhava um pouco seu raciocínio, além de ter que se defender do seu oponente que o atacava ferozmente.

"Está bem... Ponto fraco... Aaron tem uma resistência incrível e apesar de poder ser machucado, matá-lo é quase impossível... Quase... Tem um ponto fraco, e esse ponto fraco derrubará ele... Mel fica repetindo o som de "N"... Ela deve saber o ponto, mas deve ser muito bem protegido e começa com "N"... Espera, "N"?!" - seus pensamentos param de rondar quando sente uma dor insuportável na mão em que segurava sua arma e soltou-a no mesmo instante.

A lança caiu no chão e fez um som metálico, e foi chutada por um tênis de corrida. Aaron apontava sua espada para o pescoço dele, a ponta tocando e quase perfurando o local. Uma risada maléfica saiu de sua garganta

– Pois é semideus... Você fracassou! - exclamou Aaron vitorioso, sua outra mão empurrou Isaac para o chão e seu pé pousou pobre o peito do garoto caido. - Achou que iria me derrotar, não é, moleque? - ele sorria cinicamente - Você é tão tolo... Irei matá-lo, e em seguida, irei matar todos os seus amigos, um por um,. Levarei sua amiguinha ali, como está, comigo. Usarei-a como exemplo para unir os semideuses a mim, e quando conseguir um extenso exército... - ele dobrou o joelho e apoiou no peito do filho de Nyx - ... Executarei-a - ele sorriu mais ainda, até soltou uma gargalhada

Isaac o xingava mentalmente e serrava os dentes, mas parte estava feliz por sentir o cabo firme e áspero de sua faca de caça em seu bolso de trás entre seus dedos. Um simples movimento bem calculado resolveria tudo. Apenas um movimento...

O que estava em cima de si abaixou a cabeça e sussurrou:

– Chegou a sua hora... - sua expressão era de satisfação, mas mudou para surpresa quando uma faca de caça atingiu sua NUCA.

O sangue desse escorria pelo braço de Isaac que segurava firmemente a faca e pelo pescoço de Aaron, escorrendo por seu corpo e manchando as roupas de Isaac.

O filho de Nyx tirou a faca dali apenas quando teve certeza que ele estava morto e empurrou seu corpo para o lado. Chutou o corpo. Virou o corpo e viu Mel. As correntes a haviam soltado e estava caida no chão, imóvel.

Correu até a garota e a pegou em seus braços. Seus olhos estavam serrados e era possível apenas ver um pouco das íris roxas, os pequenos e finos lábios abertos. Isaac pousou sua mão em sua nuca, para sustentar sua cabeça e sentiu o que mais temia. A nuca estava encharcada, assim como o cabelo, e seus dedos mostrava-lhe o que a encharcava. Sangue.

– I-isaac... - ela conseguiu pronunciar

– Mel - a voz de Isaac estava embriagada e sua visão estava embaçada - Eu vou te salvar... Lucas chegará num momento e irá me ajudar... Só espere eu pegar meu kit de primeiros socorros... - ele ia se levantar mas ela segurou sua jaqueta

– Não... Por favor... Me-me ouça - ela sussurrava - O-obrigada - ela sorriu o máximo que podia - A-agora vai fi-ficar tudo-o bem...

Os Escolhidos são cuspidos por buracos negros e pisam no local. Lis e a primeira a avista-los e fica ao lado de Isaac. Ao ver o rosto de Lis, perto do de Isaac, Mel aumenta seu sorriso milimetricamente

– Vo-vocês formam um lin-lindo casal - ela sussurra assim que Lis pega sua mão e as lágrimas rolam por seu rosto. Ela percebe que está cercada por todos os Escolhidos assim que Katy pega sua outra mão, chorando também. Ela olha para os outros dois casais - To-todos vocês sã-ão lin-lindos casais. Tu-tudo vai fi-ficar bem... Vocês fo-foram a família que eu nunca tive... O-brigada a to-todos

– Mel... - Lucas murmura - Eu-eu posso tentar...

– Não... - ela desvia o olhar de todos e olha para o teto. Uma lágrima. Apenas uma cai e escorre por seu rosto, abrindo espaço pela sujeira e a poeira que cobriam seu rosto - Eu-eu ficarei bem... - seus músculos relaxaram, mas o seu sorriso ainda era visto, assim como as íris meio escondidas sob as pálpebras. O silêncio tomou o local