– Querem mais biscoitos? - perguntava a voz da doce senhora

Os sete estavam na minúscula sala do apartamento da senhora D. Alice, Lucas, Katy e Lis dividiam o pequeno sofá, em quanto Mika e Isaac se sentavam no chão, encostados nas pernas de Lis e Katy. Mel se encontrava em pé, encostada numa parede e apenas observando os que se sentavam no sofá, devorando os biscoitos caseiros de chocolate da anfitriã.

Duas garotas saíram da cozinha, uma loira e a outra morena, aparentavam ter quinze anos, e entraram carregando copos de vidro. Logo atrás, entrou uma garota ruiva, aparentava uns treze anos, carregando uma garrafa de refrigerante tamanho gigante e uma jarra de suco de morango. Ao deixarem tudo na mesa de centro, caminharam para ficar ao lado da senhora D.

– Bom, essas são minhas netas - ela sorriu para eles e apontou para os adolescentes que estavam ao seu lado - Gretel - ela apontou para a loira - Jenny - apontou para a ruiva - e Rachel - apontou para a morena

As três acenaram sorrindo docemente

– Tenho mais dois netos, mas eles devem estar andando pelo bairro para conhecê-lo. Daqui a alguns minutos estaram de volta - colocou o prato na frente de Mel, quase que enfiando-o em sua boca - Biscoito?

– Não, não quero. Obrigada - ela disse afastando o prato com a mão

– Ah - reclamou a senhora, com uma expressão decepcionada - Você não comeu nada, meu docinho - sua mão traçou um caminho até a bochecha de Mel, que foi afastada pela mão da mesma - É por isso que não cresceu. Não came nada, não bebe nada, não cresceu. E ficou assim, pequenina e com esse corpinho magrelo - ela pegou o braço da garota e o mediu com os dedos

– Eu não quero nada. Obrigada - disse Mel com um sorriso falso e soltando seu braço das mãos da senhora

A senhora se afastou de Mel com um sorriso e passou oferece-los a Lucas, que logo aceitou

– É incrível como um ser pode mentir tanto e sorrir tão falsamente bem - murmurou Isaac que estava ali perto

– Cala boca - murmurou Mel, encostando seu pé no braço do garoto e empurrando-o de leve

– "É por isso que não cresceu. Não came nada, não bebe nada, não cresceu. E ficou assim, pequenina e com esse corpinho magrelo" - murmurou Mika, imitando a voz da senhora

– Cale-se você também - murmurou Mel fazendo em Mika, o mesmo que havia feito com Isaac

Mika riu um pouco, mas parou para dar um pouco de atenção à Katy, o mesmo fez Isaac, mas para dar atenção à Lis

Passaram-se meia hora, e lá estavam eles, no mesmo lugar. Os do sofá, comiam e conversavam animadamente.

– Ahn, Melany? - cutucou Mika a garota que estava distraída demais olhando o céu escuro pela janela

– Oi? - perguntou ela se voltando à ele

– Jenny está pedindo sua ajuda - disse ele apontando para a ruiva

– Pode me ajudar com esses pratos sujos? - perguntou a garota sorrindo

– Tanto faz - ela deu de ombros e foi até a garota ruiva

Pegou alguns pratos e foi andando até a cozinha, atrás da ruiva. Elas colocaram os pratos na pia da minúscula cozinha.

Assim que iam voltando para sala, Janny bateu um de seus pés na mesa da cozinha, criando um ruído metálico. Ela gemeu um pouco. Mel teve a impressão da perna despida da garota ser de bronze

– Sua... Perna?! - disse a morena olhando a perna da garota

A ruiva sorriu, até chegar ao ponto de gargalhar. Mostrava seus dentes, ora limpos, ora sujos e pontiagudos.

Mel fuzilou-a com o olhar e a garota parou de rir, terminando de se revelar

– O que foi, filha de Érebo? Nunca viu uma? Não sabe quem eu sou? - disse ela se divertindo, mas a morena apenas fuzilava-a e com uma mão pronta para puxar sua corrente e a outra para puxar uma faca de caça

Ouve-se gritos da sala

– ELAS TAMBÉM SÃO?! - perguntou Mel

– Claro! Menos a Senhora D. - Mel tentou passar por Jenny, mas foi barrada - Nem pense nisso! Vai acabar com toda a diversão!

A ruiva pulou em cima de Mel, jogando-a no chão. Ela rolaram por um tempo no chão, até Mel tomar o comando e conseguir se levantar, jogando a empousai para longe.

A morena correu para sala e encontrou os outros lutando contra mais duas Empousais e uma Equidna. Mel correu para ajudar Lis e Isaac à lutar contra a Equidna, em quanto Alice, Luck, Katy e Mika enfrentavam as Empousais.

A senhora D estava diferente, parecia mais jovem e bonita. Seus cabelos brancos estavam soltos, eram compridos e lisos, seu tronco parecia pertencer a uma mulher de vinte anos, rosto com traços delicados, e sua cauda de serpente era de uma coloração estranha e parecia "brilhar".

Mel sacou sua corrente e atacou-a pelas costas, prendendo seus braços junto ao corpo

– Acertem-na o máximo que puderem! - gritou/gemeu Mel, segurando a Equidna que se debatia sem parar e fazia a semideusa usar o máximo de força possível.

Lis e Isaac não perderam tempo. Eles acertavam-na em todas as brechas possíveis, mas o monstro se defendia com sua cauda.

Já irritada, avançou com a cauda para cima dos dois que a acertavam. Eles conseguiram desviar no ultimo instante, mas Mel não teve a mesma sorte. A Equidna bateu a cauda na garota, fazendo-a voar para longe e bater a parte de trás da cabeça no degrau da pequena escada

Ela mal conseguia ver a luta. Sua visão estava embaçada e sentia cheiro de sangue. Aquilo não era bom. Erguei a mão e passou por seu cabelo, um líquido vermelho ficou na mesma. A visão ficou cada vez mais turva e não conseguia distinguir nada. A ultima coisa que viu antes da escuridão tomar-lhe conta foi Rachel pulando em sua direção. "Que jeito mais besta de morrer" - pensou

– MEL! - gritou Lis assim que viu Rachel pulando em cima da garota. A filha de Deméter foi mais rápida. Uma das flores que havia em um vaso, cresceu e prendeu a Empousai, segurando seus braços junto ao corpo

Ela e Isaac continuaram a lutar contra a Equidna. Isaac desferia golpes rápidos e certeiros, já Lis era mais lenta mas seus ataques eram fortes e causavam um grande "dano" no monstro.

Golpes eram trocados, sangue era espalhado. Foram lançados várias vezes para longe, mas nunca desistiam. Quando as Empousais já estavam derrotadas, resolveram todos atacarem no mesmo instante.

A Equidna se transformou em pó.

Todos sujos de sangue, de pó de monstro. Cheios de cortes e hematomas. Até que se viraram para a semideusa caída no chão.

O sangue espalhando-se por seu cabelo, sujando o carpete. Os olhos fechados. O seu peito subia e descia bem devagar, nem parecia estar respirando. Sua pele pálida estava cada vez mais branca. Não sabiam se iria sobreviver