Dirty Little Secret: O preço dos segredos escrita por Summer H


Capítulo 3
Abstinence


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 3 veio rapidinho, né?

Obrigada as lindas Geovannah, CamilaZhao e Cruby que comentaram. *-*



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1h08.

Summer ainda não consegue dormir. Se o livro não está na biblioteca, onde está? Com quem está? Ela precisa descobrir, antes que surjam mais problemas por causa dele.

Toc toc toc

Alguém bate na porta da varanda de seu quarto. Ela se levanta e anda até lá, mas hesita antes de puxar a cortina e ver quem é. 1h09. Quem viria vê-la a essa hora da madrugada? Apenas uma pessoa entra pela sua varanda, mas já não o faz há algum tempo.

Ela puxa a cortina preta de seda. Seth a encara do outro lado do vidro, parecendo impaciente. Ela abre a porta e ele entra rapidamente, desviando o corpo cuidadosamente para não encostar nela.

— Que raio você está fazendo aqui, Seth?! — ela sussurra, num tom nada amigável.

Summer o encara com uma expressão raivosa, enquanto ele exibe seu melhor sorriso sem jeito e coça a nuca com a mão esquerda.

— Eu sei que você pensa que eu não quero que fiquem sabendo do que aconteceu entre nós, e eu sei que você não vai acreditar em mim, mas eu não ligo se eles ficarem sabendo. Não mais. — Seth desembucha, e quando percebe que ela está pronta para dizer algo rude, continua — Sim, eu sei que é tarde demais — coloca as mãos nos bolsos da calça jeans —, eu só precisava que você soubesse disso. — abaixo das sobrancelhas duramente franzidas da loira, um olhar de descrença, que parte o coração do garoto — Eu te mostrei o que estava na lousa porque estou preocupado. Eu sei que você tem muitos segredos e que eles não são nada bons.
— Eu tenho segredos, assim como todas as outras pessoas daquela escola. — rebate com frieza. Summer percebe que é verdade o que o moreno diz, mas, de qualquer maneira, isso não diminui sua raiva.

O olhar dela se torna duro.

— Mas eu não me importo com o que acontece com qualquer um que não seja você. — mantém os olhos castanhos nos azuis dela, mas logo os desvia, incerto de sua reação.

Após ele dizer aquilo, o semblante dela fica mais calmo, doce. Aquelas palavras carregadas de um sentimento genuíno a tocaram.

— Seth — chama e ele volta os olhos castanhos para ela —, eu não acho que essa pessoa, quem quer que seja, saiba algum segredo meu. — mente — Você deveria ir para casa, amanhã temos aula e você precisa descansar. — sorri um pouco, sem mostrar os dentes, com o propósito de confortá-lo.

Ele anda até a varanda, abre a porta e sai, mas não vai embora. Vira-se para Summer.

— Essa sua maneira fofa de me expulsar até me lembra os velhos tempos. — Seth sorri torto e a loira também.

Summer fecha a porta e a cortina, seu sorriso se esvai. Pelo menos Seth está a salvo. Precisa conversar com as outras meninas o mais rápido possível.

•••

Emma, Summer, Scarlett e Blair estão almoçando em uma mesa redonda no pátio da escola.

— Ouvi dizer que Charlotte virá aqui com os pais. Precisa conversar com a diretora, mas só na última aula. — comenta Blair, bebericando seu suco de laranja.

— Pensei que ela tivesse conversado com a diretora ontem. — Scarlett diz distraidamente enquanto olha para a entrada do prédio principal da escola.

Uma garota baixa, de cabelos castanhos claros, que usa um vestido rosa sai correndo em direção a uma rodinha de pessoas, em sua maioria, garotas da sala de Summer. Ela anuncia algo e todas entram no prédio principal.

— Será que é uma mensagem do anônimo? — supõe Scarlett. Elas se entreolham e levantam-se, seguindo os alunos e indo em direção a sala de aula A.

Passam por entre as pessoas, tentando ler o que está escrito no quadro-negro. Scarlett é a primeira a conseguir ler. Suas sobrancelhas arqueadas e o queixo caído atiçam a curiosidade das outras garotas ainda mais.

— Meu Deus! — exclama Emma. As quatro se entreolham e saem da classe a procura de um lugar calmo e vazio, onde podem conversar sozinhas.

•••

Ele passa as mãos pelos cabelos, puxando-os para trás, despenteando-os. Nunca esteve tão furioso.

Como ela pôde fazer isso com ele?! Passaram meses juntos, o mínimo que ela podia ter feito era ter respeito, principalmente a respeito isso! Ela não tinha o direito de contar esse segredo a ninguém! Só pode ter sido ela, ninguém mais sabia.

E, apesar de saber o que enfrentará na escola com a revelação de seu segredo, o que mais importa é o fato de que fora traído por ela. Mais uma vez. Isso é o que mais dói. E ele se odeia por se importar mais com ela do que com si próprio.

•••

Encontram-se no jardim da escola, dentro da estufa. Ninguém mais está lá, já que todos estão extasiados com o segredo que fora revelado.

— Eu preciso contar uma coisa para vocês. — a loira começa, já sentindo o coração pulando do peito — Ontem à noite... Eu fui procurar o livro. — suas amigas escutam cada palavra, olhando-a atenciosamente — Não está lá. Foi substituído por esse aqui. — ela tira a alça da mochila do ombro esquerdo e abre o zíper, retirando da mochila o livro grosso de capa marrom, com as palavras "Era uma vez" entalhadas.

Emma pega o livro e o abre, passa as folhas rapidamente. "O que você procura não está aqui".

— Ah, meu deus! — Scarlett sussurra horrorizada, leva a mão a boca — Então é o nosso livro que está causando esses problemas. — ela desvia o olhar para os próprios pés tentando conter as lágrimas — Deveríamos ter queimado isso quando tivemos a chance, sabíamos que nos traria problemas se alguém encontrasse!

— Para com esse ataque, Scarlett! Não seja idiota. — ordena Blair, recebendo um olhar de reprovação de Summer. Emma sequer entende o que a amiga diz, está em um estado de torpor — Desculpa. — a morena cruza os braços — Ficar desesperada não vai ajudar. Temos que descobrir quem o roubou.

— Ou seja, temos que descobrir quem está por trás das revelações que andam acontecendo. — Summer olha para Blair, que devolve o olhar — O único problema é que... — desvia o olhar para as outras, que prestam atenção nela — Estar contra alguém que não se sabe quem é, é a mesma coisa que estar contra todos e contra ninguém. — suspira pesadamente.

•••

Summer já está cansada de ficar na escola tendo que escutar coisas que já sabe, pois terminou a escola aos quatorze anos. Faltam trinta minutos para acabar a última aula, ela precisa tomar um ar e parar de escutar aquela porcaria de professora de geografia — que, sinceramente, mais cospe do que fala. A professora deixa-a ir ao banheiro sem nem hesitar, provavelmente porque tem medo do que o pai da garota a faria se ela não deixasse.

A loira sai da sala rapidamente, fechando a porta atrás de si. Anda até o banheiro e para em frente a porta, quando ouve a porta da diretoria abrir. Charlotte atravessa a porta, seus pais atrás. Summer entra no banheiro feminino, depois entra em uma das cabines e fecha a porta. Só quer ficar longe das pessoas por um tempo, precisa disso.

Mas não tem um minuto sequer de descanso. A porta é aberta. Pode ouvir o barulho agudo e irritante do salto batendo contra o chão.

— Charlotte, você entende o que você fez? Roubar gabaritos?! — a irritação na voz feminina é clara. Certamente é a mãe de Charlotte — Não foi assim que eu te criei! Você conseguiu uma bolsa de estudos na melhor escola da cidade e desperdiça desse jeito? Agora foi expulsa! — a voz se tornando chorosa — Eu não consigo colocar em palavras o quão decepcionada eu estou agora.

Summer observa tudo pela fresta da porta da cabine. A mulher alta, de cabeços lisos e castanhos levanta o braço e dá um tapa na cabeça da filha. Charlotte mantém a mão sobre a boca para abafar o choro. A mãe sai do banheiro, mas ela fica um pouco mais. Apoia os braços sobre a pia e deixa a cabeça tombar entre eles.

— Eu só queria ajudar... — diz entre o choro e as fungadas — Vocês têm problemas financeiros... E eu só queria ajudar... — conversa com si mesma, como se conversasse com a mãe — Foi a Ambre, ela me persuadiu a fazer isso. Eu só queria ajudar, eu juro.

Continua a chorar e repetir "eu só queria ajudar". Pobre Charlotte. Tinha boas intenções, afinal. Summer sente-se culpada, mas nada pode fazer. Tudo que poderia ter feito, era ter protegido o livro, mas descuidou-se e por sua culpa Charlotte perdeu a vaga na escola e o orgulho dos pais.

Pronto. Mais um segredo que simplesmente cai em suas mãos. Antes ela dividia todos os segredos que descobria com as amigas e, juntas, elas escreviam no livro. Mas, e agora? Sem o livro, o que ela deve fazer com o segredo? Talvez o que deveria ter feito desde o início... Guardá-lo.

•••

Summer olha o céu estrelado distraidamente da sua varanda. Os braços apoiados no parapeito de vidro. O som de passos lentos e arrastados alcança seu ouvido e a intriga, praticamente obrigando-a a olhar para baixo a procura do ser que provoca o som.

Castiel dirige-se em direção ao jardim dos fundos, cabisbaixo. Sem pensar duas vezes, ela vai atrás dele. Quando chega ao jardim, o encontra deitado na grama, fitando o céu estrelado, como ela fazia há alguns minutos. Deita-se ao lado dele.

— O que você quer? — Castiel bufa — Vai me zoar? Por que você não vol-

— Não vim aqui te zoar. — afirma a garota, fazendo-o sentir-se um pouco idiota por ter tagarelado coisas rudes.

— Então por que está aqui? — o rapaz indaga, virando a cabeça para fitá-la. Ela encara-o de volta.

— Porque eu quero saber se é verdade... Você é mesmo virgem? — pergunta, sem nem pensar se seria insensibilidade de sua parte. Castiel volta a olhar as estrelas, a loira também.

— Sim. — diz baixo, como se não quisesse que ela ouvisse. E realmente não quer. — Eu estou muito ferrado né? — solta um sorriso dolorido — Vão me zoar até eu sair dessa maldita escola.

— Quem liga? Pro inferno eles e tudo o que eles pensam! — diz sinceramente. Ela não liga e, na sua cabeça, ninguém liga. Ou, pelo menos, ninguém deveria ligar.

Summer se lembra do que estava escrito no quadro-negro.

"O bad boy, o pegador do colégio. Até parece. Castiel é V-I-R-G-E-M, e eu não me refiro ao signo."

Maldoso, muito maldoso.

— O fato de que eles não são virgens não os fazem melhores do que você. Se bem que, cá entre nós, eu duvido que eles não sejam virgens... — de repente, uma dúvida surge em sua mente — Você namorou a Debrah durante meses... Por que você é virgem? — indaga, curiosa. Curiosamente, ele não se irrita com a pergunta.

— Para quem não liga, você faz muitas perguntas. — sorri, desta vez, de verdade — Há dois anos, quando eu tinha quatorze, eu namorava uma garota. — suspira — Um dia, decidimos que estávamos prontos pra... Ir para o próximo nível. — fecha os olhos. Summer não consegue imaginar o que aconteceu para traumatizar o garoto — Estávamos indo para um motel, eu estava pilotando a moto e... Aquele carro surgiu do nada quando eu fui fazer a curva. — fecha os olhos com mais força, como se tentasse afugentar as memórias dolorosas — Ela morreu por causa do acidente, e eu saí intacto, tirando a parte de várias penas por estar pilotando uma moto sem carteira e blá blá blá. — Castiel pensa um pouco antes de contar de suas suspeitas, ou melhor, de suas certezas sobre quem é o anônimo. Resolve contar mesmo assim, aliás, ela é a única a quem pode contar no momento, e não tem certeza nem se Lysandre estará disposto a conversar amanhã. — Debrah é a anônima, só pode ser ela. Ninguém mais sabia sobre meu segredo.

— Esse anônimo é muito esperto. Se ela fosse o anônimo, seria burrice dela revelar um segredo que até então só teria sido revelado a ela. — a garota estreita os olhos, pensando na possibilidade. Não, não é a Debrah.

Summer o encara enquanto ele tem os olhos fechados. Por que raio ele está contando tudo isso a ela? Sequer são amigos. Mas, quando ele abre os olhos e vê que estão marejando, ela percebe: Castiel só precisa de alguém que queira escutar.

Os dois passam algum tempo em silêncio, apenas observando o céu noturno.

— Eu pensei que você não ligasse para o que os outros pensam. — diz a loira, retomando a conversa — Agora está aí, reclamando porque todo mundo vai te zoar. — balança a cabeça para os lados, descrente.

— Todo mundo liga para o que os outros pensam, mesmo que digam o contrário. — retruca o rapaz de cabelos rubros — E o que você quer que eu faça? É apenas a verdade, todos vão rir de mim por causa desse segredinho estúpido.

— Isso é uma mentira. — responde, convencida — Você tem duas opções: bater em todos que zoarem você, ou ignorar o que disserem. — vira o rosto para fitá-lo — Dica: a segunda opção é bem menos cansativa. E, de qualquer maneira, você nunca precisou deles mesmo. Estava sempre sozinho por aí. — ela se levanta e começa a caminhar lentamente em direção a casa.

— Quando você parou de se importar com o que pensam sobre você? — indaga Castiel, fazendo com que ela pare de andar e solte um sorrisinho de satisfação que, por ela estar de costas, ele não consegue ver.

— Eu deixei de me importar com o que pensam sobre mim quando perdi a esperança de que me aceitassem do jeito que eu sou. — declarou com sinceridade, a voz branda.

Summer continua a caminhar, deixando um Castiel muito intrigado para trás. Do que ela está falando? As pessoas nem conheciam ela, como a aceitariam? Mas que garota mais louca. Entretanto, é até uma boa companhia.


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Notas finais do capítulo

Comentem, hein? Eu não mordo, juro. ;)



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