“Mestre, você está vivo!”

Os olhos de Shara se fechando ao ouvir aquela voz amada aos gritos, que não a faziam descansar. Seu corpo afundando, enquanto as ondas a faziam bater contra as pedras do penhasco, a mantinham consciente. Logo seus pensamentos se tornaram controversos e um desejo de desistir veio a tona.

–Eu não posso morrer sem ele. Não pode acabar assim. – usando suas últimas forças, começou jogar seu corpo por entre a correnteza emparedada – Eu vou viver... Viver por você.

A noite logo caiu e o som do desespero havia cessado. Não haviam mais os rumores de tempestade atormentadora. O Mago estava em sua casa, o caçador estava novamente em sua cidade e a população dormia aliviada.

Sobre uma pequena cidade ao norte, havia uma tempestade de ventos, onde um corpo acabou por repousar em sua margem.

–Um corpo! Ei garota.... – dizia uma voz despreocupada, com um livro em mãos a esconder seu rosto - ... Ai não é um bom lugar para dormir. Ei...

–hm... Q-Quem... – sem forças para falar, tentava ver a imagem de seu suposto salvador

–Não se esforce, até porque essas roupas molhadas não iriam durar muito. O que fazia na água a essa hora? Não sabe que houve uma tempestade a alguns dias?

–Alguns dias?

–Sim, as águas pararam a dois dias. Agora está começando essa tempestade de ventos aqui. – avaliando a imagem da garota, o jovem esticou sua mão e ficou em frente a mesma, em busca de uma ação – Venha, vamos secar você.

–Não... Tem medo... De mim?

–Tenho medo de nos verem nessas condições. – risos eram o que coravam o rosto da jovem yokai – Você deve estar com fome. Quer um pouco de pão ou uma fruta? Uma bebida quente...

–Eu adoraria um pouco de leite. – o brilho nos olhos demonstrava sua fragilidade e seu amor pela nova humanidade que conhecia

Uma jovem com roupas molhadas e longos cabelos brancos não era uma aberração. A cidade era visitada por todo o tipo de pessoa, principalmente seres místicos como yokais.

Em cada passo que dava, ouvia-se pessoas saindo de suas casas para olhar. Aquela novidade que havia sido guiada pelo rio até o norte, de onde tudo se era esquecido.

–Por que estão olhando? – incertezas e desconfiança foi o que pairou sobre sua mente

–Apenas estão vendo quem é a novidade.

–Novidade? Não sou uma coisa. – os passos sessaram

–Calma. – risos- Você é a garota dos cabelos brancos. Não vemos muitas garotas como você por aqui. Só yokais, mas eles não ficam aqui dentro. Vagam pela floresta. Já viu um?

“Yokais são ameaças. Nunca diga que és uma ou será destruída”

–Não. – voz trêmula era um sinal de fraqueza e proteção – E-Eu acho que não.

Chegando próximos a uma casa nova, Shara se deparou com um grande jardim, rodeando a casa e uma varanda com um banco de madeira. Não era uma casa muito boa para tempestades, tinha goteiras, mas era bem mais aconchegante que as masmorras do qual se lembrava.

–E então, do que se lembra? – perguntou aquele garoto de olhos claros, co um semblante misterioso – Por falar nisso, me chamo Gennosuke, Akio.

–Shara... Eu me lembro de ter sido perseguida e me ver encurralada no penhasco ao sul. – uma lágrima caiu de seu rosto- Cai e enquanto repousava meu corpo na morte exorbitante... Vi um rosto de um homem e me chamar, com lágrimas em seus olhos.

–E essas lágrimas em seu rosto? Por acaso ele era alguém importante? – Akio sempre com um olhar gentil – Talvez devêssemos procurá-lo quando estiver melhor. Agora venha se secar e colocar roupas menos destrutivas. – novamente risos

Ao entrar, Shara notou uma mobília familiar e um pouco chamativa. Móveis de madeira, com um pano surrado, livros sobre uma mesinha e um cheiro de humanidade.

–Aiko, o que fazia lá fora com esse tempo? – uma mulher de cabelos escuros, era curiosamente intrigante – E quem é essa garota?

–Mãe, essa é Shara. Uma garota que o mar trouxe até nós. – uma voz firme, mas cautelosa – Ela não se lembra de muita coisa. Será que poderíamos ajudá-la?

–Claro. Não seja bobo. Olá minha querida, pode me chamar de Hatsu. – mais sorrisos, agora um pouco desajeitados – O seu cabelo é branco. Que incomum... De onde você veio, minha querida?

–Ao sul daqui, eu acho, fica uma pequena aldeia.

–Há um mago lá, não há?

_______________________________________________________

Bland: Sharaaaah!

__________________________________________________

–Não... Não há.