Um pedido, um tempo e um casamento escrita por Alexandra Watson


Capítulo 2
Antes de tudo, contando para a família acampamento Meio Sangue


Notas iniciais do capítulo

DEUSES, QUE NOME HORRÍVEL!!!
Espero sinceramente que achem o capítulo melhor do que isso, tá?
*Divirtam-se*



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[Dia dez de julho. Acampamento Meio Sangue.]

Acordei com a luz do sol entrando pela janela do chalé três. Olhei para cima para ver meu namorado, quer dizer, noivo, dormindo ainda.

Tentei me levantar sem me mexer muito, para não acorda-lo, mas foi em vão.

– Ei, desculpa Cabeça de Alga.

– Tudo bem, Annie. Bom dia.

– Bom dia.

Lhe dei um beijo.

– Annie, me diga que eu não sonhei com tudo aquilo e que nós estamos realmente noivos.

– Noivos? – fingi dúvida.

– Ai deuses, não me diga que ...

Ri da cara dele. Ele parecia realmente preocupado. Ele havia se sentado e eu o puxei de volta para ele se deitar.

Ele se deitou e me abraçou. Ficamos ali até que escutamos uma batida na porta. Olhamos um pro outro.

– Quem é?

– É o Tyson.

Olhei para ele. Ele me deu outro beijo, se levantou, colocou uma calça e foi em direção a minha bolsa. Lá de dentro ele tirou meu boné. Me sentei, levando o lençol comigo e ele jogou o boné para mim. Coloquei e voltei a me deitar. Tyson entrou no quarto já abraçando Percy.

– Que saudades, irmão!

– Também estava com saudades de você, grandão. Por onde andou?

Eles começaram a conversar e acho que Percy se esqueceu de mim. Em determinado momento, Percy mencionou que havia me pedido em casamento e Tyson não se conteve de felicidade e disse que iria na hora contar a Ella, sua namorada.

Percy fechou a porta e voltou para a cama. Tirei o boné.

– Acho melhor eu voltar pro meu chalé antes que o Quíron apareça por aqui.

– Tá bom. Vai fazer alguma coisa agora de manhã?

– Não, hoje minha manhã é livre, se bem que ela já deve ter passado toda. E a sua?

– Também. Mas a tarde tenho aula de arco e flecha e depois aula de esgrima para alguns novatos com um ajudante.

– Percy, acho que eu vou dar aula de esgrima com você. Mas antes eu tenho que ensinar grego antigo para alguns novatos.

– Hum.

Ele se levantou e foi para o banheiro. Me levantei e coloquei minha roupa. Quando ele saiu, estava arrumando minha bolsa. Fui ao banheiro escovar meus dentes e, quando sai, Percy estava arrumando a cama. Estranho.

– Ok, Percy. Agora você está realmente me assustando.

– Engraçadinha. Tyson teve algum efeito sobre mim.

– Isso é bom. Ele é adorável.

– Sim, ele é.

– Bom, estou indo Cabeça de Alga – dei um beijo nele.

Era pra ser um beijinho rápido, mas ...

– Percy – disse entre beijos. – Eu ... preciso ... ir ... pro meu ... chalé.

– Não, você não precisa – ele disse beijando eu pescoço.

– Sim, Percy. Eu preciso – me afastei dele um pouco. – Desculpa, Cabeça de Alga.

Ele suspirou, frustrado.

– Ok. Vamos, eu te levo até seu chalé.

– Tá bom.

Ele pegou minha mão e saímos do chalé de Poseidon e fomos para o de Athena. Paramos na porta e vi que meus irmãos já não estavam mais lá. Eles provavelmente estão em alguma aula ou coisa do tipo.

– Quando você vai querer contar a sua mãe? – Percy perguntou.

– Não sei, Percy. Amanhã nós podíamos ir pra cidade contar pro meu pai e depois para sua mãe. Depois nós vamos pro Empire e contamos pra minha mãe e seu pai de uma vez.

– Tá bom. Precisamos contar pro Quíron.

– É. Vou lá colocar minha camiseta do acampamento e já volto, tá?

– Tá bom. Vou ver se encontro Quíron por ai.

Ele foi e eu entrei no meu chalé. Lá dentro peguei um shorts e uma blusa do acampamento. Quando fui me trocar no banheiro, havia alguém lá dentro então tive que esperar. Me sentei na minha cama e esperei. Dois minutos depois, Malcolm saiu de lá com o cabelo molhado.

– Oi, Malcolm.

– Oi, Annie. Tudo bem?

– Sim, e com você?

– Tudo bem. Então, você vai casar mesmo?

– É, vou sim.

– Bom, como seu irmão mais velho eu devia dizer que você ainda é muito nova e que merece alguém melhor que o idiota do Perseu.

– Malcolm ...

– Mas, como eu sei que você gosta muito dele e que você já é maior de idade segundo a lei e eu não posso impedi-la, só vou desejar que você seja muito feliz.

– Obrigada, Malcolm.

Abracei-o. A verdade é que, aos sete anos, depois que Thalia se fora e eu e Luke chegamos ao acampamento, eu já fui logo de cara para o chalé de Athena, porque uma coruja cinza havia aparecido sobre minha cabeça, ou seja, me mantiveram longe de Luke e Malcolm me acolheu como se já me conhecesse a anos. No começo, não largava minha adaga, mas depois de uma conversa com ele, de noite depois do jantar, eu me acalmara.

*Flashback*

Estava saindo do salão onde jantamos e indo direto para o chalé. Os outros estavam indo para a fogueira, mas eu não gostava disso. Cheguei no meu chalé e coloquei minha faca em cima da cama e fui ao banheiro. Quando sai, havia uma aranha gigante, do meu ponto de vista de criança de sete anos, bem em frente à porta. Ela estava entre eu e minha adaga e meus gritos, ao que parece, não estavam sendo ouvidos daquela distância. E a aranha se aproximava cada vez mais.

Fui me afastando até esbarrar na pia do banheiro, mas eu não conseguia subir ali e já estava praticamente em pânico, até que Malcolm chegou.

– Annabeth? O que está acontecendo?

Foi ai que ele olhou para o chão e vi o pânico em seu rosto, mas ele logo mudou de expressão, pegou um escudo ali perto e jogou na aranha, a qual foi amassada por ele. Ele pegou o objeto, e o colocou num canto. Depois veio em minha direção e o que pude fazer foi abraça-lo.

– Obrigada, Malcolm.

Ele pareceu surpreso no começo, mas depois retribuiu.

– Você é minha irmãzinha mais nova, Annabeth. Eu tenho que proteger você.

Ele se ajoelhou e colocou as mãos em meus ombros.

– Sempre que você precisar de ajuda, pode me chamar, ok? Ou a qualquer um dos outros que eles vão ajuda-la. Você é uma garota bem esperta, mais do que o normal para alguns filhos de Athena, então sabe que a união faz a força, certo?

Balancei a cabeça.

– Ótimo – ele bagunçou meu cabelo. – Quer ir pra fogueira comigo?

– Sim.

Ele se levantou e me deu a mão. Segurei-a e nós fomos lá pra fora, nem me lembrando de pegar a adaga.

*Fim do Flashback*

– Então você não vai tentar matar Percy por causa disso?

– Não. Acho que não.

– Que bom.

Naquele momento senti um peso na consciência por esconder alguma coisa dele. Respirei fundo.

– Malcolm, eu tô grávida – disse de uma vez.

Senti o abraço dele se soltar um pouco.

– O que?

– É isso ai que você escutou.

Ele me soltou e ficou olhando pra mim. Depois ele me largou e ameaçou ir em direção a porta, mas eu o segurei.

– Você prometeu que não ia matar ele!

– Matar não, mas ferir gravemente quem sabe.

– Malcolm!

– Ele não pode fazer isso com a minha irmãzinha e achar que eu não vou me acertar com ele!

– Malcolm, por favor! Eu ainda preciso dele, ok? Tipo, pra casar e tudo.

– Não, você não precisa.

– Malcolm! Eu já tenho vinte e dois anos, ok? Não sou mais um bebê.

Ele me olhou por alguns instantes e depois bufou.

– Você está certa. Não vou machucar ele.

– Obrigada. Sabe Malcolm, eu me sinto melhor agora que você sabe disso.

– Tá bom, tá bom. Eu preciso ir que eu tenho que dar aula pra uns filhos de Hefesto agora.

Ele me deu um beijo na testa e saiu. Fui para o banheiro e coloquei minha costumeira roupa de acampamento: camiseta laranja, shorts jeans e tênis. Sai de lá e fui em direção ao refeitório.

No meio do caminho encontrei Thalia e ela começou a me abraçar e a me parabenizar e dizer como estava feliz por mim e tudo. Agradeci e quando fui falar sobre o casamento, ela me interrompeu.

– Annie, eu não estou falando do casamento. Quer dizer, também, mas eu estou falando do bebê!

– Quando o Percy te contou isso?

– Agora a pouco. Ele estava indo pro refeitório - seu sorriso diminuiu um pouco. - Por que? Você não queria que alguém soubesse?

– Não é isso, mas eu queria te contar.

– Relaxa Annie. Não vou deixar de adorar isso.

– Obrigada, Thalia. Onde estão os meninos?

– O Luke está com Nico no refeitório. A Bianca está por ai com a Silena.

– Ok. Tô indo pra lá.

– Tchau Annie.

Continuei andando e vi Silena e Bianca correndo e brincando pelo campo. Depois vi Chris indo atrás das duas de mãos dadas com Clarisse. Cheguei no refeitório e vi Percy brincado com Luke e Nico e Quíron conversando. Quando estava chegando perto, Nico e Quíron vieram em minha direção e me abraçaram. Dei um abraço primeiro em Nico, depois em Quíron. Então peguei Luke no colo e o abracei. Só pra constar: Percy e eu éramos padrinhos de Luke e de Silena. Hazel e Jason eram padrinhos de Bianca.

– Madrinha, é verdade que eu vou ganhar um priminho?

– Ou priminha, Luke – olhei para Percy. – Mas sim, você vai.

–E de onde ele vai vir?

–Da minha barriga, meu amor.

– Você comeu ele?!

Olhei para Percy e Nico e ri. O pequeno Luke só me olhava meio horrorizado, meio em dúvida.

– Não, Luke. Eu não comi ele.

– Então como ele foi parar ai?

Olhei em volta. Nenhuma ajuda foi anunciada.

– Olha Luke, a única coisa que você precisa saber é que daqui a algum tempo você vai ter um novo amiguinho ou amiguinha pra brincar.

– Tá bom, madrinha.

– Ai como eu tava com saudades de você, Luke!

Abracei-o muito forte e ele riu. Fazia um tempo que eu não o via.

Coloquei-o no chão e fui para perto de Percy, que passou a mão por minha cintura e começamos a conversar com Quíron (Nico foi levar o agitado Luke para brincar com as meninas). Chegando perto do horário do almoço, já havíamos combinado que o casamento poderia acontecer ali mesmo no acampamento.

Durante o almoço contamos a todos os nosso amigos sobre o bebê e convidamos Thalia e Nico para serem os padrinhos. Não fosse por nós termos concordado totalmente que eles seriam os padrinhos, cada um teria seu motivo. Eu escolheria Thalia porque ela era como uma irmã mais velha pra mim e cuidou de mim por muito tempo. Percy escolheria Nico porque eles haviam ficado muito amigos depois das guerras, quando a única preocupação eram alguns monstros. E os dois haviam se provado diversas vezes merecedores de nossa confiança.

[Uma nota da autora: (contém spoiler de A Casa de Hades) eu li A Casa de Hades e, mesmo com a parte em que o Nico revela que sentiu uma queda pelo Percy, não acho que foi uma coisa duradora ou significante, por isso acho que eles se tornaram bons amigos no final, se sobreviverem. #AguardandoAnsiosamenteOSangueDoOlimpo.]

Depois do almoço, cada um foi para um canto para cumprir com suas devidas tarefas.

Você acha que, mesmo depois de maiores de idade e tudo nos livramos de tarefas como aulas e coisas do tipo? Se sim, você está totalmente enganado. Além disso, os mais velhos como nós tem que dar aula aos novatos se algum dos mais velhos que deram aula para a gente tiver saído do acampamento ou tiver mais de um chalé para ensinar.

Por exemplo: enquanto eu dava aula de grego antigo para o chalé de Hefesto, Malcolm dava para o chalé de Afrodite. E assim se seguia com alguns outros irmãos meus. A verdade é que a maioria dos que alcançavam a maioridade e conseguiam se “instalar” no mundo mortal (o que ficara mais fácil depois das guerras, porque todos tiveram que aprender a se virar na marra), só iam no acampamento de vez em quando. Por exemplo meu irmão, que só estaria lá por uma semana pois já tinha trabalho fora do acampamento e família (ele já era casado e tinha um filho de seis anos, Michael, o qual é uma gracinha de menino, super educado e inteligente. Sua esposa também é um amor de pessoa, eu a vira algumas vezes nos aniversários de Michael e em reuniões de família, porque eu era mais próxima de Malcolm do que de meus outros irmãos). Depois da minha aula de grego para os filhos de Hefesto, fui para a arena, para a aula de esgrima. Chegando lá, haviam vários semideuses de doze a quatorze anos nos esperando e nem sinal de Percy.

– Bom dia a todos.

Eles responderam em coro.

– Bom, eu estou esperando uma pessoa, mas já vou me apresentando enquanto isso. Meu nome é Annabeth Chase, filha de Athena. Tenho vinte e dois anos e estou no acampamento desde os sete anos.

Uma mão se levantou em meio aos doze semideuses presentes (fiz uma rápida contagem mental).

– Pode perguntar.

– Você é a Annabeth Chase da história de Thalia?

Aquilo me pegou desprevenida.

– Sim, sou em mesma.

Outra mão. Apontei na direção da criança que reconheci ser uma irmã mais nova minha. Só havia visto ela dentro do chalé, nem conversara porque havia chegado a poucos dias e mal ficara em meu chalé. Digamos que o de Percy era mais “convidativo”.

– Então você é a Annabeth Chase que ajudou a devolver o raio mestre de Zeus? A que viajou pelo Mar de Monstros? A que sustentou a maldição do titã Atlas? A que recebeu a missão na batalha do labirinto? A mesma que ajudou a derrotar Cronos e Gaia nas duas guerras? A mesma que ...

Ela parou por um minuto antes de continuar e eu já sabia o que ia perguntar.

– A mesma que – ela continuou – derrotou Aracne e caiu no Tártaro?

Juro que tive que segurar minha lágrimas.

– É, é ela mesma – uma voz veio do portão. Percy. – E tem muito mais além disso. Ela já deu a vida pela minha vária vezes, ela é a melhor estrategista do acampamento, ela já venceu milhões de batalhas só pelo uso de sua sabedoria e já a questionou também. Ela também reconstruiu o Olimpo depois da guerra contra Cronos.

Olhei para ele agradecida. Devia estar corando. Sussurrei um “obrigada” para ele enquanto ele caminhava em minha direção.

– Qual o seu nome, querida?

– Meu nome é Petra.

– De quem você é filha, Petra?

– Eu sou sua irmã, senhorita Annabeth.

– E quem lhe contou essas coisas? Você não está aqui a muito tempo, certo?

– Malcolm me contou. Cheguei aqui a uma semana e você não estava aqui, mas ele estava contando as histórias das guerras e disse que você teve uma participação importante nelas. Sou uma grande fã sua, senhorita Annabeth.

– Me chame de Annie. Malcolm disse isso?

Ela balançou a cabeça. Percy já estava se aproximando. Me abaixei perto de Petra.

– Hoje à noite eu posso lhe contar como foram essas aventuras, se você quiser.

Os olhinhos cinzas dela brilharam. Ao contrário de mim, Petra tinha os cabelos negros bem escuros e a pele branquinha. Ela era bem parecida com minha mãe, na verdade. Mais do que eu, acho.

– Eu gostaria muito.

Percy chegou perto de mim e me deu um beijo na bochecha. Então ele se apresentou.

Começamos a aula explicando o básico: como se posicionar, que tipo de espada é melhor para quem, como utilizar um escudo. No final, depois de eles terem treinado um pouco e tudo, eles pediram uma demonstração. Olhei para Percy com uma sobrancelha erguida.

– Você se importa, Cabeça de Alga?

– Nem um pouco, Sabidinha. Pegarei leve com você.

– Desculpinha barata, hein, Percy?

– Só estou sendo um cavalheiro, meu amor.

– Sabe que não preciso desse seu cavalheirismo pra ganhar, não sabe?

– Chega disso – ele estava sem argumentos. Sorri. - Vamos?

– É claro.

Nos posicionamos no centro da arena e as crianças ficaram sentadas um pouco ao longe.

Percy destampou Anaklumos e eu desembainhei minha adaga. Antes que pudéssemos começar, Petra levantou a mão.

– Annie, não é uma desvantagem para você usar uma adaga e Percy usar uma espada?

Olhei para ele e ele sorriu para mim.

– Na verdade é sim, Petra. Uma espada é muito mais versátil do que uma adaga, mas a adaga é muito mais útil para quem já dominou os meios de usá-la. E eu já me acostumei a ela e não a espada.

– Eu escutei uma vez que só os melhores lutadores usam uma adaga – Percy disse dando de ombros. – A pessoa que disse isso estava completamente certa.

Por um momento achei que ele havia dito isso só para tentar me distrair emocionalmente, mas seus olhos me diziam o contrário, que ele só estava me fazendo um elogio.

– Obrigada, Percy – disse agradecida. – Era só isso, Petra?

– Uhum. Podem começar.

Nos posicionamos e ataquei primeiro. Ele defendeu e desferiu um golpe pela minha esquerda, o qual desviei indo para o outro lado. Dei um giro e fui atrás dele, mas ele se virou rapidamente e parou meu ataque. Continuamos nesse ataca-defende até que cansei um pouquinho.

– Você melhorou muito, Cabeça de Alga.

– Você também não está nada ruim, Sabidinha – ele disse todo suado e parecendo cansado.

– Já está desistindo? Por que se quiser eu posso aceitar sua rendição e ...

Ele se aproveitou desse momento em que eu estava falando e me desarmou, jogando minha adaga para o lado. Nisso, ele fez eu dar uma volta e colocou um braço na minha barriga e com a outra, colocou a espada perto de meu pescoço.

– O que você estava dizendo, Sabidinha?

Pensa rápido, Annie. As crianças estão olhando.

Coloquei mão esquerda sobre a dele, que estava em minha barriga e a direita sobre seu braço com a espada.

– Estava dizendo como você melhorou em suas técnicas de luta, meu amor. E em como terei que pedir misericórdia pra você e ...

Nem precisei terminar de bajula-lo, porque ele caiu logo no começo. Já havia utilizado bastante essa tática e ele sempre caia. Ele afrouxou um pouco o braço que estava na minha barriga e eu me aproveitei disso para desarma-lo e aplicar o golpe de judô que havia aplicado quando o encontrei no acampamento Júpiter. Enquanto ele estava atordoado demais no chão, peguei minha adaga, me sentei em sua barriga e coloquei-a em seu pescoço.

– Francamente, Percy. Ainda não acredito que depois de todos esses anos você ainda cai nessa.

– Nessa o que? – ele disse

Ri dele.

– Nada, Percy. Desiste?

– É, né. Não tenho nenhuma chance.

– Exatamente.

Dei um selinho nele e me levantei. Ajudei-o a se levantar e as crianças bateram palmas. Dispensamos elas e fomos cada um para seu devido chalé tomar banho. Lá, encontrei Petra e, durante o jantar, ficamos conversando o tempo inteiro. Malcolm nos acompanhou também.

Disse a Petra que só ia ficar no chalé de Percy durante a fogueira e que depois conversava com ela. Fomos de mãos dadas para o chalé, enquanto os outros iam para a fogueira. Sorte que Tyson adorava ficar perto do fogo. Eram sete horas quando chegamos na cabine e a fogueira só acabaria ás nove e meia.

Entramos e fomos nos sentar no sofá, ver se estava passando alguma coisa. Estava passando um filme antigo, mas que Percy adorava por se passar no mar. Enquanto ele assistia, eu tentava ler meu livro, mas ele ficava a cada momento me cutucando e dizendo “olha, Annie”, “essa é a melhor parte, olha”, “não, agora é a melhor parte” e “na verdade, essa é a melhor cena”.

– Percy, eu gostaria de ler um pouquinho.

– Mas esse é o melhor filme do mundo.

– Mesmo? Supera até mesmo aquele da baleia que você ama?

Ele pensou por um tempo.

– Não, não é melhor. Mas é bom também.

– Você não vai deixar eu ler, né?

– Tá bom. Pode ler, então.

– Obrigada.

Estava encostada no braço do sofá e com as pernas no colo de Percy. O filme acabou e Percy deixou a TV ligada num canal onde estava passando uma série, mas ele não estava assistindo.

– Annie, tá acabando?

– Daqui a pouco, Percy – disse sem tirar os olhos do livro.

Ele esperou dez segundos.

– Já acabou agora?

– Ainda não, Percy.

Mais cinco segundos.

– Annabeth, já acabou?

– Di Immortales, Percy! Ainda não.

– Mas você podia ler depois, não?

– Não, depois eu tenho que conversar com Petra.

– Então lê amanhã.

– Não, Percy.

Quando achei que ele tinha finalmente sossegado, senti ele saindo de debaixo de meus pés. Tirei, pela primeira vez, os olhos de meu livro para ver Percy se aproximando de meu rosto.

– Annabeth Chase, você poderia pôr esse livro de lado e ficar um pouco com seu noivo?

– Perseu Jackson, será que você poderia deixar sua noiva ler um pouquinho?

– Não, não posso.

E ele me atacou. Com um beijo, mas me atacou do mesmo jeito. Eu deveria ter me afastado e gritado com ele por ele não deixar eu ler e tudo, mas ao invés disso coloquei meu livro de lado e coloquei as mãos em seu pescoço e o puxei para mim. Filho de Poseidon maldito.

Em algum momento, me lembrei de que estava brava com ele.

– Eu ainda estou brava com você, sabia?

– Aham, sei – ele disse beijando meu pescoço.

– Eu estou falando sério.

– Tá bom, Annie. Você está brava comigo e ai? – ele parou e me encarou com aqueles ferozes olhos verde água. – Vai fazer o que?

Encarei-o com uma sobrancelha erguida. Então, num só movimento (quase caindo do sofá), segurei-o e fiquei por cima dele. Ele pareceu surpreso, é claro.

– Você quer saber o que eu vou fazer, senhor Perseu?

Ele sorriu e voltamos a nos beijar. Ele se sentou encostado no braço do sofá e eu estava em seu colo. Tirei sua camisa e joguei sei lá aonde.

Então ele fez menção de se levantar e eu passei as pernas por sua cintura. Então ele se levantou mesmo e foi para a cama. Ele não se sentou delicadamente, como era de se esperar, mas se jogou na cama, comigo por cima. Nessa hora, nós havíamos parado de nos beijar por alguns segundos e começamos a rir um do outro quando ele se jogou na cama.

Apoiei as duas mãos em seu peito e coloquei meu queixo ali, observando-o.

– Eu te amo, Sabidinha.

– Também te amo, Cabeça de Alga. Muito.

Ele me beijou calmamente. Então nós nos sentamos e ele tirou minha blusa e a jogou para fora da cama. Trocamos de lado e eu me deitei.

Knoc. Knoc. Knoc.

– Não ... – Percy gemeu em meu pescoço. – Quem é?

– É a Petra, Percy. A Annie tá ai?

Ele olhou para mim. Seu olhar me perguntava “está?”. Balancei a cabeça.

– Estou sim, Petra. Vai pro chalé que daqui a pouco eu vou pra lá.

– Ok, Annie. Tchau, Percy.

– Tchau.

E silêncio. Olhei para Percy como se pedisse desculpas.

Empurrei-o gentilmente. Peguei minha blusa e a vesti. Olhei para Percy atrás de mim, deitado na cama com cara de cachorrinho abandonado.

– Desculpa, Cabeça de Alga. Mas eu prometi a ela.

– Eu sei. Vai lá e me deixe abandonado aqui.

– Para de drama, Percy. Amanhã eu volto.

– Tá. Vai lá.

Ele fez um bico. Bufei e beijei-o.

– Percy, Petra é nova no acampamento, ok? Eu tenho que ajuda-la como Malcolm me ajudou, tá? Amanhã eu juro que te recompenso por isso.

– E como pretende fazer isso, senhorita?

– Como você acha que eu vou fazer isso, Percy?

Ele pensou por um minuto e voltou a me encarar com os olhinhos brilhando.

– Você vai fazer biscoitos azuis pra mim?

– Não era bem isso que eu planejava, mas sim, eu posso fazer biscoitos azuis pra você, Percy.

– Ok. Pode ir. Te vejo amanhã.

Me levantei e andei até a porta. Antes de sair, mandei um beijinho pra ele e sai. Chegando no meu chalé, Petra estava sentada na cama de Malcolm, conversando com ele. Comecei a conversar com eles e as dez e meia nós fomos dormir.


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Notas finais do capítulo

Bom, está ai.
Até o próximo capítulo amores.
Beijinhos.
— A