Passado Obscuro escrita por LeitoraApaixonada


Capítulo 2
Capítulo 1 - Ronald Mc Donald


Notas iniciais do capítulo

Heeey Cupcakes!! Como vão? Eu não demorei, certo? Então, é isso que eu pretendo fazer nas férias (pelo menos o que eu estou pensando em fazer), 1 cap por dia. Estou me esforçando ao máximo para deixar tudo aqui perfeito e não fazer nenhum erro de português sair nos caps mas, se acontecer, me perdoem. Então, esse negocio de 1 cap por dia não é certeza ok? Pode ser que eu viaje no meio das férias então... Sei lá, alguns dias sem cap. Mas se isso acontecer vou avisar ok?
Outra coisinha: Recebi o meu primeiro comentário no capitulo anterior! Festaaaa!!! Hahaha!! Muitas pessoas vão pensar: Mais o que tem de mais nisso? E eu respondo: TUDO! Para uma autora, como eu explico nas Notas Iniciais da Fic, um único comentário, pode ser criticando, ajudando ou apenas escrito um único “Gostei” já é muito importante.
Por esses e por outros motivos, ser fã numero 1 dela é um deles, que esse capitulo vai para a minha queridíssima gilbitchs! Sério, obrigada, de coração. Ela tem uma fic perfeita e um conto que está participando do concurso que o Nyah está fazendo. Os links são:
Fic do conto, chamada “O testemunho de uma judia” - http://fanfiction.com.br/historia/518472/O_testemunho_de_uma_judia/
Fic Original que ela está fazendo, chamada “A orquestra” - http://fanfiction.com.br/historia/517976/A_orquestra/
Parece que estou obrigando vocês a lerem mais não! Só quero mostrar outras fics que eu realmente gosto! E se vocês quiserem posso fazer isso a cada cap com fics diferentes, assim podemos, tipo, trocar ideias e gostos. Ahm! E se você quiser me recomendar alguma fic, sinta-se a vontade!
Bom, finalmente, vamos ao capitulo. Ele mostra o presente, como eu havia prometido. Esse simples cap não fala muito do passado de Jane, mas explica o presente e talvez até o seu futuro.
Acabouu!! Podem ler agora! E não se esqueçam: Recomendem fics legais, de todos os tipos.

Musica do CAP: Sara Bareilles – Brave (uma musica que vale muuuito a pena, ouçam!).
Beijocaaas!!



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Youngstown, Ohio; Nos dias atuais.

O despertador toca insistente ao meu lado. Antes de abrir os olhos, solto um som de reclamação. Qual é! Hoje é o meu aniversario, será que ele não poderia dar uma folga? Os raios de sol entram pelo pequeno vão de uma parte da cortina a outra e, para a minha infelicidade, a luz bate bem em meu olho.

Depois de mais algumas reclamações e muitas tentativas de voltar a dormir resolvi finalmente levantar. Quando meus pés descalços encostam no chão gelado tenho vontade de voltar para a cama imediatamente. Minhas pernas nuas se arrepiam e meus braços automaticamente se cruzam, tentando deixar o frio de lado.

Caminho até o meu guarda roupa e pego a primeira roupa que vejo pela frente. Com passos rápidos atravesso o corredor e entro no banheiro. Deixo minhas roupas em cima da pia e tomo uma chuveirada rápida sem molhar os cabelos. Me visto e saio do banheiro.

No andar de baixo posso ouvir o barulho da frigideira e sentir o cheiro de waffles. Desço as escadas, passo pela sala e entro na cozinha. Meu pai está em frente ao fogão, de costas para mim, e veste um avental escrito “O MELHOR PAI DO MUNDO”. Detalhe: Não fui eu que dei pra ele.

– Bom dia! – grito o mais alto que consigo. Ele se assusta e acaba deixando a frigideira cair. Com as mãos afobadas, pega um pano mas, acidentalmente, esbarra com ele nas chamas do fogão. Bom, resumindo, eu tive que encher alguns copos de água para apagar o fogo que começava a se espalhar em seu avental de pano.

Quando a confusão parece se acalmar eu caio na gargalhada. Meu pai me acompanha e, logo depois que os risos acabam, ele me dá um abraço apertado.

– Feliz aniversario filha. – é o que diz no meu ouvido com a voz cheia de emoção. Sei que se não acabar com esse momento “Meu Deus, minha filhinha cresceu” terei que consolar as lagrimas do meu pai durante o dia inteiro.

– Ok pai. – me separo dele e olho em seus olhos. Bom, meu plano deu errado, já que ele já está chorando. O abraço de novo antes de voltar a falar. – Tudo bem, eu sei. A sua menininha cresceu.

– É mais do que isso querida! Você virou uma linda mulher! A mais linda de todas! – declara sorrindo feito o gato da Alice. Reviro os olhos, pronta para reclamar, mas ele toma a palavra. – Sua mãe ficaria muito orgulhosa de você.

Ele acaricia a minha bochecha direita e me olha com compaixão. Uma lagrima escapa e eu trato de limpá-la rapidamente, sem que ele perceba. Se eu começar a chorar agora não vou parar durante duas semanas.

– E agora?! – digo me desvencilhando de seus braços e virando de costas. Abro o armário de guloseimas e tiro uma barra de chocolate ao leite. Sorrio e me viro para o homem com cabelos castanhos escuros ralos e sorriso acolhedor atrás de mim. Balanço o chocolate. – Já que não temos mais waffles...

– Nem pensar Jane! – ele briga comigo com um sorriso torto no rosto. – Você não vai comer chocolate de café da manha!

– Ahm pai! – reclamo com um biquinho no rosto. Ele revira os olhos. – Por favorzinho? Só hoje? Prometo que amanha saio pra correr bem cedo e queimo todas as calorias que ingeri durante os meus 16 aninhos de vida!

Depois de mais um tempo pedindo ele assente devagar. Dou um beijo estalado na sua bochecha e saio da cozinha, saltitando feito uma princesa de contos de fada. Às vezes, imagino que sou isso mesmo. Uma princesa que sorri por fora, mas que está morrendo por dentro.

Paro quando chego à ponta da escada, antes de subir o primeiro degrau. Na parede ao lado está um retrato meu e da minha mãe. É quando ela me carregou no colo pela primeira vez depois do parto, no quarto do hospital. Ela beija a minha bochecha sorrindo.

– Eu te amo. – sussurro para que só ela me ouça segurando o colar de anjo que antes era dela. Não é bem um anjo, são só duas assas abertas com um pequeno brilho no meio, mas é a única coisa que me sobrou dela, então o guardo com cuidado desde sempre.

Passo a mão pelo porta retrato, imaginando como a minha vida seria se nada daquilo tivesse acontecido. Se ela estivesse aqui eu não teria que estudar em casa e poderia sair com mais frequência. Acabo de me dar conta que sou igual a princesa Rapunzel. Presa.

Hoje faz onze anos. Na madrugada de onze anos atrás, para ser mais exata. O tempo voou desde que tudo aquilo aconteceu. Ainda tenho a imagem dela caída na sala da nossa antiga casa, com a poça de sangue ao redor de seu corpo. E as suas ultimas palavras, o seu ultimo olhar...

Balanço a cabeça e mando as minhas pernas subirem as escadas. O pior de tudo isso nem é ela ter morrido. Para mim o pior é ter que conviver com a culpa. Seu eu pudesse viver aquele momento de novo... Se eu chamasse a policia antes... Se, se, se...

Não sei se resolveria. Talvez acontecesse a mesma coisa, talvez o destino tenha planejado isso desde o começo. Mas, ainda assim, tem o peso de não saber o real motivo da morte dela. Porque aquele homem armado entrou justo na minha casa e matou justo a minha mãe? Porque ele disse que a amava? Porque, porque, porque...

O homem nunca foi pego. Isso também me irrita. Em vez de ficar olhando para a minha mãe em estado de choque eu deveria ter impedido a sua fuga. Eu devia isso a ela. De repente, ouço a voz rouca do assassino em meus ouvidos.

– Filha! – meu pai grita da cozinha. Só então percebo que já estou no meu quarto, sentada no chão. O que mais me surpreende é que a barra de chocolate já esta no final. – Se arrume que eu tenho uma surpresa para você!

Grito falando que vou me arrumar. Na verdade, eu apenas quero me recuperar dessa enxurrada de lembranças e acabar com o chocolate. Dois minutos depois estou em frente a porta de entrada. Enquanto espero prendo meu cabelo loiro em um coque no alto da cabeça.

– E então? Não vai perguntar o que é a surpresa? – pergunta meu pai saindo da casa com a chave de seu carro em mãos. Ele sorri de orelha a orelha.

– Se eu perguntasse você me responderia? – questiono o olhando com a sobrancelha erguida. Ele sorri e nega com a cabeça. – Então, não.

Nós rimos e entramos em seu carro, um sedan prata que está estacionado na frente de nossa casa. Coloco o sinto e meu pai dá a partida. No caminho conversamos sobre coisas insignificantes e, quando o silêncio paira, eu canto a musica que toca no radio.

Meu pai para o carro em frente a um Mc Donald’s e eu estranho. Uma coisa que o Sr.Morgan odeia é fast food. Um dia, depois de uma apresentação do teatro da escola, quando a minha mãe ainda estava viva, fomos ao Mc. Estava havendo uma festa, daquelas de crianças pequenas que pintam a cara e fazem balões temáticos. Até ai, tudo bem. Mas então, como uma surpresa de aniversário, o Ronald Mc Donald apareceu. E ai que eu descobri o maior medo do meu pai: Palhaços.

Resultado? Uma infância sem as surpresas do Mc Lanche Feliz.

– Serio? Você acabou com o seu preconceito contra o Ronald Mc Donald? Já sei! Acabou de descobrir que a maquiagem que ele usa é de marca? Ou que o sapato dele faz os calos da sua joanete desaparecerem?

– Para de gracinha Jane! – ele diz isso rindo, o que me faz gargalhar ainda mais. – Parei aqui porque você tem que colocar a venda antes da gente chegar no lugar da surpresa.

Reviro os olhos, mas mesmo assim coloco a venda que ele faz tanta questão. Depois, sem enxergar nada, sinto o carro voltar a se movimentar e parar alguns minutos depois. Meu pai abre a sua porta e depois a minha, me ajudando a sair.

– Esse cheiro é... Óleo? – pergunto dobrando o nariz. Não posso ver meu pai, mas sinto o seu sorriso ao meu lado. Ele segura o meu braço e me guia para a direita.

– “Para quem sabe esperar, tudo vem a tempo”. – meu pai adora frases famosas e brincamos desde eu era pequena de tentar descobrir a frase que o outro fala. Dessa vez, ele me pegou.

– Não sei. Talvez Aristóteles? – pergunto sendo puxada para a direita. Consigo ouvir ao fundo um barulho de metal sendo fundido e parafusos sendo desatarraxados.

– Errou feio. Clément Marot. – eu sorrio, pois adoro as únicas duas frases que esse pensador tem. “A morte é o fim e princípio da vida” é uma delas. Uso isso para pensar em minha mãe. Como pude errar essa?

– Acho que ainda estou dormindo hoje. – me desculpo. Ele faz um som de deboche.

– A desculpa do aleijado é sempre a muleta, Jane. – ele sempre fala isso. Acho que essa é uma das suas frases favoritas. E o mais clichê é que é de sua própria autoria. – Pare.

O obedeço e ouço seus passos indo para frente. Ele fala com alguém, um homem, e depois volta ao meu encontro.

– Posso tirar?

– Pode sim.

Desamarro o nó atrás da minha cabeça e vejo na minha frente um Fusquinha preto todo sujo de terra com bancos brancos. Suas janelas estão abertas e, pelo que posso perceber, é um daqueles Fusquinhas que tem capota. Agora, ela está fechada.

– Um Fusquinha? Serio? – pergunto para meu pai que sorri encostado no carro. Sei que pareço mesquinha mais... O carro parece acabado. E... É um Fusquinha!

– É de 1979. Foi de um pai de um amigo meu. Agora que ninguém mais usa consegui comprar pela metade do preço do mercado. E bom... é seu presente de aniversario.

– Você teve ter pagado 0,50 centavos nele. – declaro me aproximando do carro. Estamos em um galpão feito de oficina, é grande e bem dividida. Olho de relance para meu pai e vejo que sua cara parece triste. – Não foi isso que eu quis dizer, pai. Serio, eu adorei. Tipo... É um carro! O sonho de toda adolescente, certo?

Ele vem ao meu encontro e me abraça. Sinto seu sorriso contra o meu ombro e me forço a sorrir mesmo tendo odiado o presente. Meu pai sempre quis me fazer feliz e, como ele me cria sozinho, sem minha mãe, quero parecer gostar de tudo. Estar feliz mesmo não estando.

– Agora vou deixar você curtindo o seu novo carro um pouco. Meu amigo ainda teve a gentileza de trocar a bateria pra você. Então, o radio funciona. Ahm, e ele precisa de um tranco pra andar mais depois pode passar de 70 km por hora.

– Ahm, que maravilha. – falo com ironia, mas ele não percebe. Sorrio sem mostrar os dentes e vejo o meu pai se afastando em passos largos. Olho para o Fusca e pego na maçaneta da porta do piloto.

Por dentro ele não parece tão acabado assim. Os bancos aparentam ser novos e a única coisa de ruim é o cheiro. Parece de... Gente velha. Decido passar em um supermercado na volta para a casa para comprar um daqueles saches de perfume para carros. Talvez funcione.

Meu pai vem me dando aulas de direção todas as tardes depois do seu trabalho durante 5 meses. Para falar a verdade, eu já estou craque na direção, mas nunca dirigi um Fusca e, pelo o que todos dizem, ele é um carro que tem a marcha dura.

– Claro que ela gostou Jorge! – meu pai grita acenando para Jorge, um de seus antigos amigos. Jorge me vê dentro do carro e acena para mim também. Eu retribuo o gesto. Meu pai chega perto e diz. – E ai? Curtiu?

– Claro. – minha voz soa sincera e eu agradeço a Deus por isso. Meu pai abre a porta do carona e entra, se sentando ao meu lado. – Como está o Jorge?

– Na mesma. – meu pai dá os ombros e olha para frente. Reconheço esse seu olhar e eu quase saio do carro correndo. É o mesmo olhar que ele me deu quando foi falar de sexo pela primeira vez comigo. – Tenho uma coisa para falar com você.

– Pai se for sobre voltar para casa antes das 22:00 horas e não esconder um namorado de você pode acreditar que eu...

– Não é sobre isso. – ele me corta, evitando o meu olhar. Dá um suspiro longo e continua com a voz baixa. – Não sei como falar isso, mas... Nós vamos nos mudar.

– O que? – pergunto dando um impulso para frente e ficando quase cara a cara com ele. Minha voz é alta e preocupada. – Como assim? Pra onde? Por que?

– Acalme-se Jane. – ele me olha nos olhos e vejo aquele mesmo olhar vacilante que vi quando ele chegou em casa no dia que a minha mãe morreu, quando não sabia o que falar para uma menina de cinco anos que acabara de ver a mãe sendo assassinada. Aquele olhar confuso e perdido. – Eu conheci alguém.

– Alguém? Tipo um cara que vai te dar um emprego novo? Ou... – eu mesma me corto. Eu conheci alguém. – É... É uma mulher?

Primeiro, ele abaixa a cabeça. Depois, sem coragem de falar olhando diretamente para mim, assente.

– Nós... Nós vamos nos casar Jane.

A raiva sobe a minha cabeça. Minhas veias pulsão forte e eu sinto minha pele do rosto esquentando. Sei que estou vermelha de raiva e, para não bater na cara do meu próprio pai, soco o volante do Fusca, fazendo a buzina soar. Lagrimas se acumulam nos meus olhos.

– Eu sei que parece difícil pra você minha filha mais eu a amo e preciso continuar a minha vida. Sua mãe iria querer que...

– Minha mãe queria que eu crescesse bem! – grito com toda a força que meus pulmões me permitem. Olho dentro para seus olhos castanhos esverdeados. – E pode acreditar que conviver com outra mulher não vai me fazer bem.

– Não fale isso! Sara tem até uma filha com apenas um ano a mais que você! Ela pode ser sua amiga. E o melhor é que vamos morar perto da sua avó! – abro a boca, surpresa.

– Você quer se mudar para a Califórnia? Quer que eu viva tudo aquilo de novo?! – não consigo mais me controlar e deixo as lagrimas caírem sobre as minhas bochechas. – Ela morreu lá!

– Jane não...

– Saia do carro. – encosto a testa no volante e falo isso com um bolo na garganta. Ele tenta protestar mais eu repito, com a voz mais firme. – Saia do carro, agora!

Quando a porta se fecha não me importo com mais nada. Apenas giro a chave que está na ignição e, mesmo sem impulso, o carro sai andando. Para longe dele e de todos os problemas que virão. Para longe dos olhos mortos da minha mãe e da poça de sangue ao redor de seu corpo. Para longe do que me persegue.


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Notas finais do capítulo

Gostaramm?? Odiaramm??
Próximo cap tem a nova casa da Jane e as novas pessoas que ela vai conviver. Acompanhem e me deem sugestões! Adoro quando vocês participam!
Leiam as Notas da Historia e as Notas Iniciais dos caps, eu falo muito da fic lá!

Beijocaass!!



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