- Bom dia, classe. Vamos corrigir os exercícios da ultima aula, todos com os cadernos em cima da mesa. Alissa faça a primeira questão no quadro.

- Claro professor.

- Com licença.

Eu havia deixado a porta aberta, afinal estava quente naquele dia, então ela não precisou bater, mas foi bem educada, pediu licença antes de entrar na sala, eu logo reparei que ela estava de manga comprida.

- Toda Srtª Cohen. Pode entrar.

- Obrigada professor Fritz.

Ela se aproximou da minha mesa, eu estava sentado, então para ficar na minha altura, ela teve que ficar de joelhos.

- Eu preciso de um favor.

- E o que seria?

- Eu preciso fazer uma entrevista com um professor de área¹, tu podes me ajudar?

- Claro, eu tenho o próximo período livre.

- Mas eu não, Thiago...Quer dizer, professor Fritz, eu tenho aula no próximo período,

- Então como nós vamos fazer essa entrevista? Se os dois tem aula?

- Foi exatamente por isso que eu te escolhi.

- Como assim? – Alissa tinha acabado a conta- Muito bem Alissa, a conta está correta, Rubens, faça a próxima questão.

- Tu sabes onde eu moro, poderias ir lá, depois da aula, para fazermos a entrevista.

- Nem pensar, se alguém descobre...

- Nós dizemos que você está me dando aula particular, todos sabem que a única matéria que eu tenho dificuldade é matemática, e o meu professor de matemática não gosta de mim, então essa mentira faz sentido.

- Eu vou pensar, agora tu podes sair, eu tenho que continuar dando aula.

- Eu não estou te atrapalhando nisso.

- Mas está atrapalhando a concentração dos meus alunos. Esse bando de adolescente com a epiderme em festa, não para de olhar pra ti.

Eu parecia com ciúmes ao dizer isso, não pelo que eu disse, mas pelo modo como disse, eu usei um tom de voz possessivo e ela percebeu isso. Deu um sorriso que eu não consegui decifrar e saiu.

Eu pensei muito sobre a ‘proposta’ dela, realmente a idéia fazia sentido, a única mentira ali era que eu estava lhe dando aula particular, mas era por uma causa nobre. Resolvi avisá-la que iria:

“Tudo bem, a sua historia faz sentido, eu vou. Espere-me no lugar que eu te larguei naquele dia, eu te encontro ali.

Até daqui a pouco, não se atrase.”

Enviei para o celular dela essa mensagem. Logo recebi a resposta:

“Que bom que tu aceitaste, a correria de trabalhos é grande, então fazer esse logo vai ser muito útil, obrigada pela ajuda.

Não se preocupe, não vou me atrasar.”

Eu ri, realmente ela estava com muitas coisas para fazer, fazia duas semanas que não conversávamos, nós dois estávamos muito ocupados. Ao menos naquele dia íamos poder nos falar, nem que fosse por cinco minutos.

- Tu se atrasou.

- Eu demorei dois minutos, minha professora largou a gente mais tarde, a culpa não é minha.

- Qual professora?

- A Carla. Tu podes falar com ela amanhã, fiquei sabendo que vocês estão bem amiguinhos.

- Eu poderia jurar que senti uma pontada de ciúmes nessa afirmação.

- Eu acho que tu trabalhaste demais, está até alucinando coisas. Agora, dirige, eu quero terminar logo esse trabalho.

- Tudo bem, vamos para sua casa.

- Perfeito.

Chegamos a casa dela e fomos comer algo, depois fizemos a entrevista era bem simples até não demorou muito. Conversamos durante dez minutos e eu fui embora, tenho uma pilha de provas pra corrigir.