Um menino no espaço - 2ª parte escrita por Celso Innocente


Capítulo 10
Alienígenas.




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Mais tarde, enquanto os senhores Tony e Rud voltaram a examinar a nave, me despi e apenas de cueca, segui novamente de encontra ao rio, seguindo até a cachoeira, onde acabei de me despir e num salto, aproveitando o calor de mais de quarenta graus, estava novamente dentro d´água.

Durante algum tempo, fiquei brincando sozinho, entre a cachoeira e toda a extensão de água represada.

Apesar do clima saudável, era estranho que aquele planeta, aparentava não ter vida animal, pois não se ouvia sequer o chilrear de um pássaro, mas sim, o ruído de alguns insetos. Dentro de toda aquela água potável, nem uma forma de vida. Nem um peixinho sequer…

Uns quinze minutos, após entrar na água, um barulho de passos chamou minha atenção e quando olhei para ver se eram meus companheiros, avistei um bando de seres estranhos, que se aproximavam rapidamente. Eram criaturas com formato humano, andando em pé, com o corpo muito ereto; estatura de um homem adulto; brancos, como se jamais tivessem sido expostos a luz de qualquer estrela; cabeça igual a de uma coruja, sem pelos ou penas; olhos e orelhas grandes; nariz pequeno; sem pescoço; tronco, quase que de um ser humano; sem umbigo e praticamente sem tórax e sem mamilos; os braços, aparentando um par de asas sem penas; as pernas, quase iguais as de um homem, porem, com pés de quatro dedos. Todos nus e machos, com órgãos genitais, tão pequenos e semelhantes aos meus (só que eles eram adultos). Apesar do estranho formato e nem um pelo, eram até bonitos. Por trás, também, quase idêntico a um homem, com costas bem largas e musculosas e nádegas bem semelhantes às minhas, perfazendo um bumbum perfeito.

Eram pelo menos vinte deles e se comunicavam com estranho ganido, muito estridente, os quais, talvez por meu aparelho em meu pescoço, estar molhado, não conseguia entendê-los.

— Quem são vocês? — Perguntei assustado.

Não responderam. Apenas ganiram, uns com os outros, à beira da represa.

Um deles apanhou minha cueca, que estava sobre o solo e a vistoriou encantado. Não sabia o que era ou para que servisse aquilo, em formato triangular, feito de algodão: um material, talvez estranho à eles.

Eu, assustado, continuava parado dentro d’água. Se saísse, não sei o que fariam comigo. Se ficasse, eles continuariam ali. Quem sabe, logo meus dois amigos resolvessem aparecer.

Três deles resolveram pular dentro da represa e eu apavorado, procurei nadar o mais rápido possível, de encontra a outra margem; mas foi em vão: aqueles seres estranhos, ao contrário de mim, péssimo nadador, nadavam tão rápido quanto apareceram, cortando a água límpida, como se fosse um barco com motor, conseguindo me alcançar, me pegando no meio da represa. Meu coraçãozinho de criança, parecia querer saltar fora do peito e eles nem ligaram. Um deles me abraçou, com seus braços fortes e em poucos segundos me tirou fora d’água.

Todos ficaram me olhando e ganindo entre eles. Talvez, fazendo comparações entre eu e seus filhotes. Jogaram minha cuéquinha no chão e dois deles, me segurando pelos braços, me fizeram caminhar à frente do bando.

Continuamos descendo ao lado do riozinho, por pelo menos um quilômetro, onde atravessamos uma ponte feita de três troncos paralelos de árvores, atravessando as duas margens. Caminhamos por mais uns dois quilômetros, com eles sempre ganindo muito e meu coraçãozinho descompassado. Então, chegamos a uma clareira, onde havia alguns barracões muito grandes, todos construídos de madeira. Aparentemente, o menor daqueles barracões, tinham pelo menos trezentos metros quadrados.

Conforme nos aproximávamos, muitos outros, daqueles estranhos seres, vinham a nosso encontro, me admirando dos pés à cabeça, como se jamais tivessem visto, outro ser igual a mim.

Esses que vieram a nosso encontro eram filhotes e algumas fêmeas, que eram idênticas aos machos, com exceção dos órgãos genitais (é claro) e do tórax, que era mais desenvolvido e tinha mamilos. Ou seja: puxava muito, para uma menina terráquea. Acho que Deus, quando criou os seres vivos que dominariam os lugares do Universo, não quis perder muito tempo, inventando formas muito diferentes, ou, depois de se divertir muito, inventando dinossauros, vacas, galinhas, sapos, jacarés... Na hora do ser humano, não tinha muitas opções, mesmo em planetas distintos. Com certeza, aqueles bichos deveriam ter coração, estômago, pulmão, fígado, intestino e tudo mais.

Entraram comigo no maior dos barracões, o qual deveria ter pelo menos mil metros quadrados, todo de madeira, inclusive o telhado arredondado. Levaram-me à presença de um deles, a qual deveria ser a chefe; deixaram-me livre e recuaram pelo menos uns cinco passos. A chefe ganiu algo, como se me perguntasse alguma coisa, que não entendi.

Não podia compreender: o aparelhinho em meu pescoço, já havia secado há muito tempo e eu continuava não entendendo a linguagem deles; seus ganidos estridentes. Talvez quisessem saber de onde eu vinha e o que fazia em seu mundo.

Estava com medo… Muito medo! E com vergonha também! Apesar deles também estarem nus! Mas eu era eu... Nada a ver com alienígenas! Temia que eles resolvessem me sacrificar a algum deus pagão, ou mesmo, comer minha carne humana. Porém, eles não pareciam ser carnívoros e nem mesmo perigosos. Acredito que só estavam admirados, em terem encontrado um ser tão diferente em seu planeta.

A chefe, se aproximou, deslizou as mãos sobre meus cabelos, já secos; segurou uma mecha, que não era muito curta; passou as mãos em meu rosto, segurou meu braço direito; segurou minha mão, diferente da sua, que era de apenas quatro dedos; passou a mão em meu umbigo, apertando-o de leve, ocasionando um pouco de mal estar por dentro; analisou a marca mais branca, que a cueca deixara em minha virilha... Protegi meus genitais, com ambas as mãos, o que a fez ganir, talvez como a rir; analisou minhas pernas e pés, diferente dos seus…

— O que vocês vão fazer comigo? — Perguntei ainda assustado.

Ela olhou de repente para meu rosto, sem ter entendido minha pergunta; percebeu meu pavor e passou a mão em meu tórax, sentindo as batidas forte de meu coração. Ganiu lentamente, como a perguntar alguma coisa.

Sentindo um pouco mais de confiança, meu pavor diminuiu um pouco e então insinuei devagar:

— Não sei por que, mas não consigo entender você!

Com as mãos, fiz gestos, tentando explicar que vim do espaço, só que acredito que ela nada entendeu. Só então, segurou em meu aparelhinho tradutor, observando-o, sem saber sua verdadeira utilidade.

Talvez para me acalmar, um filhote macho, de meu tamanho, surgiu com uma vasilha, feito de bambu, cheia de água e me ofereceu. Aceitei, tomando toda a água, que como a da Terra, era límpida, incolor e inodora, parecendo ser potável e saudável; deixando, porém, cair um pouco sobre meu peito. Devolvi-lhe a vasilha e agradeci com um simples “obrigado”, o qual ele nada entendeu e saiu.

Pouco depois, a chefe se afastou e dois outros, me levaram a um canto do barracão, onde me deitaram no chão, sobre algumas peles de algum animal. Então se afastaram e alguns filhotes, machos e fêmeas, vieram me fazer companhia.

Naturalmente, não me sentia nada à vontade, nu diante daqueles seres, também nus, com seus órgãos genitais, bem menores do que os meus. Eles eram habituados a viverem assim, como os indígenas do passado de meu mundo; mas eu, acostumado a proteger meu corpo, com o tal acessório roupa, desde o nascimento, me sentia desconfor-tável, diante da situação constrangedora.

Eles mexiam comigo, como se eu fosse apenas um brinquedo vivo, pegando em meus cabelos, meus braços, meu aparelhinho tradutor, querendo até mesmo, tirá-lo de mim, só que eu me esquivava. Já estava ficando de saquinho cheio, quando eles finalmente, resolveram se aquietar. Só que continuavam me observando.

Sentei-me junto a eles e resolvi retribuir na mesma moeda, ou seja, fazer com eles o que fizeram comigo: Segurei na orelha grande e áspera de um filhote; peguei em seu braço, em forma de asa, com a pele grossa; segurei seus dedos sem unhas e então, demonstrando carinho, beijei o rosto de uma fêmea (não beijaria um macho!). A princípio, todos se assustaram, mas depois, seguindo meu exemplo, beijaram-se entre si e eu sorri, mostrando-lhes meus dentes brancos. Eles assustaram-se com meu sorriso e deram um pulo, depois ganiram, forçando a boca em certa careta, mostrando-me também, seus dentes serrilhados e brancos.

Apanhei a menor das peles, que estava atrás de nós e cobri a parte inferior de meu corpo. Eles, me remedando, com a mesma pele, fizeram o mesmo.

Tornei a me deitar e eles se deitaram comigo, uns por cima dos outros e de minha barriga, minhas pernas… Um deles me abraçou e assim permaneceu, até que eu, exausto, acabei adormecendo.

©©©

Algumas horas mais tarde, sendo chacoalhado, acordei assustado. Eram os filhotes, que não querendo me ver dormir, faziam de tudo para que acordasse.

Levantei-me e acompanhado por eles, saí do barra-cão. Lentamente, fui até o início da vasta floresta, onde, de uma árvore baixa, de folhas largas, apanhei duas folhas e de seu tronco, arranquei uma tira seca; então, usando a tira como amarres e as duas folhas, cobrindo minhas nádegas e meus genitais, fiz do tipo uma tanguinha, semelhante à de Tarzan. Os filhotes, sempre me imitando, fizeram o mesmo.

Dali, tramando uma fuga, sempre acompanhado, agora por uns vinte deles, voltei até a parede do barracão, apanhei um dos mais velhos e o coloquei com o rosto na parede; então, fazendo sinal aos demais, saímos correndo a nos esconder. Porém, aquele que estava com o rosto na parede, também deixou seu posto e nos acompanhou, todos na maior ganição (Acho que nem existe esta palavra).

Parei, apanhei novamente o mesmo, coloquei-o junto à parede e com os demais, saí correndo a nos esconder. Não adiantou, pois aquele que estava junto à parede, não sabia mesmo brincar de esconde-esconde.

Vendo que não teria jeito, coloquei o rosto junto à parede e todos os demais saíram correndo. Correram uns dez metros e então, percebendo que eu não iria, pararam e retornaram.

Apanhei o menorzinho, o qual se fosse um menino, teria seus cinco anos de idade; coloquei-o com a cara na parede e com os demais, saí correndo. Dentro da floresta, me escondi por trás de um arbusto e todos se esconderam no mesmo local que eu. O menorzinho saiu de seu posto e correu a nos procurar, até nos encontrar, o que não foi nada difícil, pois aquele bando não parava de ganir. Assim que ele nos encontrou, acompanhado por todos, menos por ele, saí correndo de encontro ao pique. Logo depois, ele chegou, cabisbaixo, julgando querermos desprezá-lo.

Então, outro deles, colocou o rosto na parede e nós, os demais, fomos nos esconder, novamente todos juntos.

Na próxima vez, eu coloquei o rosto junto à parede e todos foram se esconder. Em seguida, saí a procurá-los, onde, apesar de saber de antemão onde estavam, pois seus ganidos, ouvidos a um quilômetro de distância, os denuncia-vam; fingi dificuldade para encontrá-los, passando por eles, fingindo não os ver. Andei mais uns dez passos e retornei. Ao encontrá-los, saí correndo à frente e chegando ao pique, bati a mão na parede gritando:

— Pique a todos, um, dois, três…

Pensando em fugir, tentei esconder o rosto novamente, mas, como um deles já se prontificara, fui me esconder com os demais.

Depois de umas cinco ou seis vezes, consegui ser eu a procurá-los. Então, escondi meu rosto, eles foram se esconder e quando fui procurá-los, com um plano de fuga, passei disfarçadamente a uns cinco passos deles e após caminhar uns dez metros à frente, saí disparado rumo ao rio. Todos se levantaram e saíram disparado a meu encalço, me alcançando em menos de vinte metros de corrida. Eles corriam muito mais rápido do que eu, chegando até a saltar, como em pequeno vôo, devido seus braços em forma de asas, embora sem penas. Levaram-me novamente ao pátio, sem maliciar meu plano de fuga, imaginando eu estar apenas brincando.

Nessa altura dos acontecimentos, a maioria deles, já haviam perdido suas tangas de folhas e estavam novamente nus; os demais, alguns estavam com a tanguinha de folhas de atravessado, outros, com as folhas todas rasgadas. A minha, porém, como eu cuidava com carinho dela, devido minha timidez, estava perfeita, como se fosse parte de mim. Porém, quando eu corria, ela voava e era a mesma coisa que eu estivesse pelado, mas quanto a isso, não me importava, pois todos estavam nus mesmo.

Já que não conseguia fugir mesmo, pensando em outra brincadeira, apanhei dois pequenos pedaços de paus secos e em um terreno arenoso, coloquei um distante do outro, aproximadamente um metro e então, correndo e com impulso, saltei sobre eles. Todos os filhotes, inclusive as fêmeas me imitaram. Aumentei a distância entre os paus, pelo menos vinte centímetros, saltando-os novamente, sendo, contudo, imitado por eles. Após aumentar a distância umas quatro vezes, sem sequer o menorzinho errar, saltei, pisando por cima dos paus. Nenhum deles errou novamente. Tornei a aumentar a distância, corri uns cinco metros, tomei impulso, saltei… e errei, pisando no meio do lance. Os demais, todos saltaram, sem cometer o mínimo erro. Eram mais velozes do que eu… tinham mais impulso do que eu… Faziam mais algazarra do que eu. E eu, apesar de mais uma vez prisioneiro, acho que até me esquecia deste detalhe e ria extravagantemente.

Parando aquela brincadeira, me fizeram acompanhá-los até o início da floresta, onde todos, inclusive eu, insistido por eles, subimos no mais alto das árvores e lá de cima, saltavam, ganindo ao chão.

No mesmo galho em que me encontrava, outros dois machinhos, me faziam companhia e faziam sinal para que eu saltasse.

— Nããão! — Neguei assustado.

Para eles, parecia moleza, mas para mim, caso eu saltasse de lá, no mínimo, quebraria as duas pernas.

Vendo que eu recusava a saltar, um deles me empurrou e eu, gritando apavorado, caí rapidamente.

Quando pensei que me esborracharia no chão, caí sobre os braços fortes, de um dos filhotes mais velhos.

Sabia que eles eram muito fortes e eles perceberam, que eu era apenas um frágil ser vivo; de onde: não sabiam.

Naturalmente, os braços em forma de asas, embora não os fizessem voar, os ajudavam muito. Eles sabiam também, que a falta daquilo, era a principal razão, de eu não poder saltar tão longe ou de tão alto, quanto eles.

Novamente subiram todos nas árvores, sem, contudo, fazerem questão que eu subisse e por isso, como fiquei sozinho embaixo, pensei em fugir, mas sabendo que em menos de um minuto, eles saltariam e me alcançariam, optei apenas em me esconder atrás de um arbusto.

O bando de filhotes, saltaram em algazarra e não me vendo, começaram a me procurar, ganindo muito entre eles.

Conforme surgia oportunidade, procurava me afastar mais e mais, até conseguir alcançar a trilha de volta ao rio, onde, percebendo não ser mais visto, comecei a correr com todas as minhas forças. Quando pensei que já podia me considerar livre, eis que surgem dois deles, bem à minha frente. Tentei me esquivar, mais eles eram mais espertos do que eu podia imaginar e me agarraram com todas suas forças, quase arrancando meus frágeis bracinhos infantis.

— Me deixe ir embora! — Pedi chorando.

Embora ganindo, de modo a achar engraçado minhas lágrimas, mas sem dar bolas à elas, me arrastaram de volta aos demais filhotes e em seguida, ao grande pátio, contando o ocorrido, em sua linguagem, a um adulto. Este me levou à presença da chefe, contando o ocorrido. Ela se abaixou diante de mim, passou sua mão áspera em meu rosto molhado de lágrimas e ganiu algo lentamente, como se fosse uma palavra de ternura. Levantou-se a seguir, deu alguma ordem aos dois machos, que, me segurando pelos braços, me levaram até o pátio, onde, ganindo alguma coisa, me apontou a floresta e me deixou sair.

Desconfiado, comecei a caminhar lentamente ao rumo daquela densa floresta e então, percebendo que eles, realmente me deixariam ir, comecei a andar mais rápido. Então, eles começaram a me seguir.

Pela mesma trilha que me trouxeram, eu retornava: atravessei a ponte de troncos de árvores, caminhei ao lado do rio, até a cachoeira, onde tentei em vão, achar minha cuéquinha, a que provavelmente o senhor Tony ou Rud, encontrou. Continuei caminhando até a saída da floresta, de onde podia ver o grande disco voador preto e dourado. Ali, os dois deles, me seguraram novamente, evitando que eu voltasse à nave. Percebendo que eles só queriam saber de onde eu vinha e sabendo que eles me levariam de volta, só me restava, na esperança que Tony ou Rud me ouvisse, gritar chorando:

— Me ajudem…

Foi aí que eles me arrastaram correndo, de volta a sua colônia.

Fui então trancado em uma sela de paus, onde continuei chorando e eles sem se importar, se afastaram, indo contar à chefe, o que viram lá no campo cerrado.

Quatro filhotes se aproximaram, comendo um fruto diferente e a me ver ainda chorando, uma das fêmeas, me apontou um daqueles frutos redondo, do tamanho de um abacate marrom. Faminto, porém, sem muito apetite, apanhei aquele fruto de polpa amarela, rachando-o com as mãos, retirando sua única semente redonda, grande igual de abacate e lentamente, experimentei seu sabor, pouco adocicado. Era verdadeiramente um abacate, naquele planeta distante.

A feminha, julgando ter feito uma boa ação, mostrou-me seus dentes serrilhados brancos, no que seria um sorriso e eu, com fome, devorei todo aquele fruto, observado por eles, grudados à jaula, como se eu fosse um animal, em um jardim zoológico interplanetário.

— Me deixe ir embora, por favor! — Pedi, na esperança que entendessem.

Mas era claro que não me entendiam. Meu aparelhinho tradutor, devia ter se danificado, em contato com a água da represa.

Logo depois, apareceu a chefe, que, desamarrando a porta da jaula e comentando algo com os filhotes, me libertou, me deixando sair com eles. Fomos até atrás do último dos barracões, a mais de quinhentos metros, onde havia uma bica, jorrando água permanentemente. Os filhotes, juntando-se a pelo menos outros dez, entraram embaixo daquela água, na maior algazarra. Sabendo que não conseguiria mesmo fugir, resolvi fazer o mesmo. Despi daquela tanguinha de folhas, já murchas, devido o calor e entrei no meio daquela farra molhada.

Ao longe, os adultos nos observavam sem cessar, pois sabiam que a qualquer descuido eu fugiria.

Uns dez minutos sobre aquela bica e então, resolvi sair. Tornei vestir minha tanguinha improvisada e acompanhado pelos demais filhotes, fomos até uma árvore alta, carregada daqueles frutos, que ganhara da feminha. Três daqueles filhotes machinhos subiram com muita facilidade na árvore e apanhando os frutos, jogavam um a um aos demais.

Quando todos, inclusive eu, já estava com apenas um fruto cada, eles, também com o seu, saltaram lá de cima, caindo de pé. O interessante era que eles não esbanjavam frutos. Distribuíam apenas um para cada filhote. Caso alguém entre eles, quisessem mais, acredito que poderiam apanhar; desperdiçar, jamais.

Agora aquela estrela mais baixa, porem mais quente, a qual eu batizara como sendo “Estrela Tony”, já se escondia por trás do horizonte daquele planeta, fazendo escurecer bastante, já que a outra estrela, ainda não surgira.

Os filhotes me levaram de volta a chefe, que mesmo sob minha recusa, me trancou novamente naquela jaula de madeira, amarrando sua porta, com corda de cipó. Lá dentro, me deitei sobre algumas peles, de algum tipo de animal estranho. Quatro filhotes deitaram-se igualmente em peles de animais, perto de mim, do lado de fora da jaula.

Prisioneiro, porém cansado, acabei adormecendo logo, sem saber, até quando iria permanecer por ali. Apesar de eles serem muito dóceis e com certeza não me fariam nenhum mal, preferia muito mais, ser prisioneiro do senhor Frene, do que daqueles seres, de certa forma, diferentes dos humanos.

©©©

Cansado, dormi bastante e quando acordei, a outra estrela, batizada como “Estrela Rud”, já havia surgido. Eu me encontrava novamente nu, pois enquanto dormia, me movimentava em sonhos e as folhas, haviam se rasgado, permanecendo amarrado em minha cintura, apenas a fita do galho de árvore. Todos aqueles animais diferentes continua-vam dormindo, inclusive os filhotes, deitados em frente minha jaula.

Levantei-me com cuidado e tentei desamarrar a porta daquela jaula, mas logo percebi o quanto eles eram hábeis nessa arte de amarração e aquela corda, bem feita, não me deixou ter nenhum sucesso. Se pelo menos tivesse uma faca, ou outro objeto cortante! Mas como? Se nem roupa para vestir, eu tinha! Que horas para ser sequestrado, por estranhos alienígenas! Justo quando me encontrava pelado, peladinho, peladão!

Já que não tinha nenhum sucesso, resolvi me sentar num canto da jaula, onde aproveitei para cobrir a parte inferior de meu corpo, com uma daquelas peles de animais.


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