O mundo secreto de Velsea escrita por Little Alice


Capítulo 3
A propósta


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo sendo disponibilizado, desculpem pelo atraso.



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—Se-se-sem o que?! – Perguntei enquanto meu coração tentava se acalmar. Aquela criatura que estava caminhando por ali a segundos atrás era simplesmente assustadora, não parecia com nada que eu tivesse visto antes, fosse em filmes, fossem em sonhos, era difícil acreditar que aquilo era real. Levantei-me do arbusto onde estávamos escondidos e dei alguns passos para trás exitando em correr ou ficar travada. —Isso significa que não podemos sair daqui? – A verdade caiu bem em cima de mim, se tentássemos sair, com toda a certeza seriamos mortos e nunca acharíamos o tal local que nos levaria para casa. —Muitos homens saíram daqui, vários conseguiram ir bem longe, eles tem acampamentos em várias zonas, existem muitos boatos. – Samuel parecia um tanto quanto entediado. —Que tipos de boatos? Como vou viver aqui? – Choraminguei desistindo de tentar ser positiva. Ele parecia estar de certa forma se divertindo. —Olha, você prefere ficar aqui para sempre? Pois tudo bem, mas o meu plano é explorar esse mundo. – O observei segurar Flup no colo.

O pior de tudo é que ele estava certo, eu deveria tentar voltar para casa, devia lutar contra aquelas criaturas, era a única chance de ver meu namorado e família de novo. Por algum motivo, sentia que a minha verdadeira missão, era passar por toda Velsea até encontrar uma forma de voltar para casa. Eu queria ir para as forças armadas e estava com medo de morrer, que tipo de garota eu era? Tinha muito mais chance de morrer em uma guerra do que ali, eu só precisava ser esperta. —Caso queira sair daqui também, posso treiná-la até termos dinheiro para comprar equipamentos. – A voz de Samuel fez-me despertar. —Como assim? Armas? Existe isso aqui também? – Senti-me idiota por não ter pensado em algo assim. Era óbvio que eles deveriam ter armas, como sobreviveriam sem elas? Eu é quem devia ter reparado antes. —Escute o que lhes direi, Kelly. Se desejar sair mesmo daqui, você tem até o pôr do sol de amanha para me informar, caso contrário, irei eu. – Samuel fez sinal para que prosseguíssemos e voltássemos para a vila.

Segui-lo foi fácil, mas o silêncio me incomodava, apenas Flup hora ou outra se jogava em meus pés tentando de toda forma me fazer tropeçar. Tentava não transparecer o receio que tinha com aquela criatura já que seus dentes eram grandes demais para um simples animal de estimação. Mais adiante, Carol e a senhora de meia idade cujo nome não sabia pareciam sorrir animadas ao nos verem. Algo em minha expressão tinha deixado Carol mais do que satisfeita, agora ela sabia que eu acreditava em monstros e que tinha ficado assustada ao vê-los. —O que achou dos monstros? – A ouvi dirigir-se para mim. Abri um sorriso amarelo tentando não deixar transparecer em como tinha ficado assustada. —Qual a chance de eu conseguir um emprego? – Desviei o foco do assunto para algo que me interessava mais. —Quero dizer, como se faz para trabalhar aqui? – Arqueei a sobrancelha meio curiosa ao reparar que cada pessoa parecia ser boa em alguma coisa.

—Temos precisado de um boticário por aqui, mas ninguém quis se especializar nessa área já que algumas ervas estão além da fronteira. – Ouvi a senhorinha dizer com toda a tranquilidade do mundo. Boticários estavam em falta, isso significava que provavelmente, quando alguém adoecia, ou a pessoa era deixada para morrer, ou talvez fosse levada a uma vila próxima, se é que existia alguma próxima. —Vou querer o emprego, mas se for possível, gostaria de pedir ajuda para arranjar os equipamentos iniciais e de preferência, algum tipo de livro. – Fiquei meio confusa sobre como aprenderia sobre ervas e modos de fazer remédio. Senti todos os três me analisarem por alguns instantes e em seguida Carol correu em direção a casa que pareciam dividir. Será que eu tinha dito algo errado? Antes que abrisse a boca para perguntar, a garota morena voltou com um livro em mãos, um livro velho e bastante maltratado, as letras douradas estavam descascando e quase não se podia ver a palavra “Boticário” escrita.

—Boa sorte, vai precisar ler muito para virar boticária. – Segurei o livro que foi praticamente jogado em minha direção. Pesado era uma boa descrição dele, mas não apenas isso, me lembrava uma bíblia gigante, onde as letras eram tão minúsculas que eu começava a cogitar que tinha algum problema visual. Suspirei, precisaria me dedicar a tudo aquilo se quisesse aprender, teria de passar muito tempo estudando, mas antes, tinha que resolver uma coisa, onde passaria a noite? Não poderia dormir do lado de fora, eu provavelmente não conseguiria, seria algo tão desagradável e assustador que seria capaz de chorar e chamar minha mãe.

—Vocês conhecem algum tipo de… pousada? – Arrisquei perguntar, não queria ser um incomodo para eles, principalmente porque nem sequer os conhecia direito. —Minha querida, pode ficar conosco até achar um local para ficar, desde que vim para cá tenho dado lugar para todos os jovens que surgem sozinhos, muitos deles já estão com casa própria e outros se aventuraram por ai. – A velha senhora lançou-me um sorriso maternal que me fez lembrar um pouco de minha mãe. Senti meu rosto esquentar um pouco, não estava acostumada com a bondade e generosidade das outras pessoas comigo, inclusive, pensei seriamente em abraçá-la, mas mudei de ideia no mesmo instante ao perceber que estávamos sendo observadas. —Prometo que assim que conseguir dinheiro, a pagarei. – Murmurei em agradecimento. —A senhora se importa de eu dar uma lida no livro agora? – Disfarcei algo que tinha acabado de perceber, estava faminta. Samuel que antes estava discutindo a um canto com sua irmã, acenou para nós e saiu em direção a fronteira. Aquele rapaz não tomava jeito mesmo, sua irmã tinha toda a razão.

—O que acha de comermos algo antes? Você deve estar faminta. – Agradeci mentalmente por ela conseguir me entender tão bem e concordei com a cabeça seguindo-as até a casinha humilde onde provavelmente teria muita coisa gostosa para se comer. Devo dizer que, apesar de estar em um local onde não se conhecia ninguém, quase conseguia me sentir em casa, graças ao tratamento que tinha recebido. Ao deitar para dormir aquela noite, tive certeza de que tinha um propósito naquilo tudo para que eu tivesse sido arrancada de meu mundo natal.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.



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