Adônis: Em Busca do Mundo Perdido escrita por Cloe


Capítulo 2
Capítulo 2- A Flecha Perdida




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Dobrei a carta com o objetivo de fazê-la caber na minha caixinha que escondo debaixo da palha de minha cama. Deitei na minha ‘’cama’’ desconfortável, esperando o sono chegar, eu olhava para o teto onde um buraco se aparecia no nosso telhado e pude observar as estrelas. Elas depois de muito tempo estavam atraentes e em uma alta quantidade. Com a poluição das explosões, elas tinham desaparecido das nossas vistas.

Fiquei pensando na minha vida se não tivesse acontecido tudo isso. Minha profissão, minha casa, meus filhos, tudo que uma adolescente qualquer deseja para o seu futuro. Mas eu não tive a mesma sorte que as outras mulheres que já realizaram isso. Uma lágrima se escorria pelo meu rosto, era apenas uma única lágrima, mas com um milhão de sentimentos.

Aconcheguei-me logo para dormir, lá na vila você não tinha muito tempo para dormir, quando amanhecia todos já tinham que estar de pé, ás vezes quando não tinha muita necessidade de ajuda, deixávamos as crianças dormirem. Mas com o inverno rigoroso que estava há chegar, tínhamos que nos preparar.

– Kiara, acorde! Temos que preparar as lenhas para o inverno. – Falou mamãe me cutucando.

– Está bem, estou me levantando.

Levantei-me e peguei o espelho velho e sujo que tínhamos guardado em nossas mochilas. Dei uma ajeitada no meu cabelo e fui logo trabalhar.

– Bom dia Kiara. – Falou Xavier ao puxar um sorriso no rosto.

– Bom dia.

A maioria estava de cara feia com a vida cruel que andamos tendo, alguns choravam e outros reclamavam, alguns estavam até feliz, como Xavier, sempre um guerreiro.

– Kiara, quer ir comigo pegar lenhas? – Perguntou Ian.

– Oi Ian, parece que cada dia que passa você está maior! Que lindo! Vamos sim.

– Obrigado. – Agradeceu com uma risada baixa.

Seguimos a trilha em busca de lenha com nossos baldes, você ouvia o cantar dos pássaros, você sentia as árvores e plantas implorando por uma gota d’água, eu queria tanto matar a sede delas, mas não tínhamos água quase nem para nós mesmos.

– Com a seca conseguimos mais lenha. Os galhos vão caindo e alguns são bem grossos. – Disse Ian pegando alguns gravetos do chão.

– É verdade. E como estão as aulas com a Sabrina? – Perguntei com a intenção de mudar de assunto.

– São legais. Ela conseguiu mais livros, quando saiu em busca de materiais.

– Parece divertido. Sinto falta do colégio.

– Da comida que servia na cantina. – Falou Ian com a língua passando entre os lábios.

– E quando servia bolo de cenoura?

– Nem me fale! Com aquela calda... Os amigos se enlambuzando... Mas aprendi com meu pai que passado é passado. Temos que aprender a viver com o agora. – Uma lágrima com um sorriso apareceu em seu rosto.

– Pelo que parece o pequeno Ian, está grande de cabeça. – Dei uma risada.

Sabrina era a professora antes disso ‘’tudo’’ e quando as crianças tinham tempo, ela procurava dar aulas para elas. Ela é muito bonita, ruiva dos cabelos longos com os óculos pretos, olhos verdes e com uma pele branquinha sem nenhuma sarda ou espinha.

Quando estávamos enchendo o balde escutamos um choro, um choro agudo com gritos que arranharam os nossos tímpanos e vinha da Adônis.

– Ai meu deus, Ian fique ai, vou ver que está acontecendo. – Mandei desesperada.

– Espere... Deixa-me ir com você.

Saí correndo atrás daqueles gritos. Cheguei estavam todos tampando a vista do que havia acontecido.

– O que aconteceu? – Perguntei ofegante.

– A Dasy. – Respondeu Xavier.

– O que aconteceu com Dasy?

– Morreu, não conte ao Ian, ele vai ficar deprimido.

A roda se abriu e vi Dasy Fillings morta com uma flecha no peito, seus cabelos longos e ruivos que nem os da mãe estavam esparramados no chão, estava com seu vestido bege e sua tiara que sempre usava, já estava até encardida. Ela era filha da Sabrina. Sua mãe estava ajoelhada ao lado de seu corpo, chorando e gritando. Era de lá que vinha o grito. Um choro baixo chegou aos meus ouvidos, estava atrás de mim, quando vi, era Ian chorando com uma cara de assustado. Ao eu olhar pra ele, ele saiu correndo.

– Ian! Espere! É perigoso sair por aí! – Gritei.

Dasy Fillings era uma criança igualzinha a Ian. Eles tinham uma amizade muito forte. Sempre os dois juntos. Em todo lugar, trabalhavam juntos, comiam juntos e riam juntos. Um fazia o outro ficar feliz mesmo sobre as dificuldades. Não sei o porquê que ela estava com a flecha no peito, mas não tive tempo para pensar ou perguntar. Saí correndo atrás de Ian, todos tinham que manter a segurança ou podemos correr o risco de sermos descobertos e assim sermos sequestrados ou mortos.

Lá estava Ian, no cantinho em que compartilhava com a Dasy, eles quando tinham tempo ficavam lá atoa, batendo papo e fazendo desenhos nas árvores. Ele estava olhando as árvores, passando os seus delicados dedos sobre os desenhos.

– Ian, eu... Eu sinto muito. Dasy sempre vai ficar em nossos corações e a gente nos dela. – Falei com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

– Tomara que sim. Mas ela vai ser esquecida daqui algum tempo. Que nem a vida que tínhamos vai ser esquecida, que nem os desaparecidos foram esquecidos porque paramos de procurá-los, que nem muitos morreram. E que daqui algum tempo, obviamente o mundo vai morrer por explosivos, seca e assassinatos, e ninguém vai estar aqui para lembrar-se de nada. – Falou Ian com algumas lágrimas surgindo em seus olhos.

Ian era apenas uma criança, mas confesso que era possível ser mais inteligente que eu. Ele era muito inteligente, sabia das coisas, podemos dizer.

– Você pode me deixar sozinho? – Perguntou Ian.

– É muito perigoso, agora não tem ninguém para observar você.

– Então vamos continuar a procura de lenha. – Falou Ian indo em direção aos nossos baldes.

– Ok. Se isso for melhor pra você, se quiser eu caço sozinha e vá para sua toca.

– Não precisa, vamos.

Continuamos a pegar os gravetos, o silêncio se espalhou pelo lugar. Eu escutava alguns soluços do choro de Ian e ficava com muito pena. Eu tinha que perguntar o que aconteceu com Dasy, minha curiosidade só aumentava.

Quando de repente uma flecha perdida com a tentativa de me acertar, aparece se chocando com uma árvore atrás de mim.

– Abaixa Ian! Deita no chão! – Gritei.

– Socorro! – Gritou Ian desesperadamente.

Continua...


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