Ela saiu da reunião em passos rápidos. Tudo era extremamente sigiloso e nem seu alto cargo fez com que soube-se daquilo. Se tivesse sabido antes de tudo aquilo, se ao menos tivesse tido a mínima informação! Mas agora estava feito, e ela faria de tudo para desfazer. Chegou em sua sala e trancou a porta. Organizou tudo em sua pasta executiva de couro, papéis importantes, informações essenciais, contatos. Ela verificou se havia mais alguma coisa essencial faltando e se dirigiu a porta. Não, espere. O café. Com a pasta apoiada no antebraço, o cartão entre os dedos e o café na mão, ela saiu apressada da sala. Passou pelos corredores a passos largos e entrou no elevador.

– Térreo, por favor.

– O que foi, senhorita Beaumont? Saindo tão cedo!

Comentou a senhora do elevador, em seu pequeno banquinho a frente dos botões.

– Ah, Ivone, não estou me sentindo muito bem hoje.

O elevador apitava os andares pelos qual passava e havia um leve bater de pés silencioso e impaciente. Um gole rápido no café. Mais alguns segundos e a porta abre com uma lentidão que ela nunca havia notado. Sai rápido e passa o cartão pelas catracas.

– Boa tarde, senhorita Beaumont.

Recita um senhor de idade na recepção.

– Boa tarde, senhor Bernard.

– Gostaria que eu pegasse seu carro?

– Adoraria, por favor, Bernard.

Um minuto depois o senhor chegou com um Mitsubishi Outlander prata.

– Obrigada, Bernard.

– Disponha.

Ela entrou no carro. Ajeitou as coisas como pode e deu a marcha. Ela tentaria se camuflar o tanto quanto possível mas a farsa não duraria para sempre. E até lá, ela precisaria estar pronta.