Deep Six escrita por Gothic Princess


Capítulo 21
Capítulo XXI - Fora do jogo


Notas iniciais do capítulo

Hello heroes!!

Ganhei muitos leitores novos e fiquei muito feliz com isso. Também recebi comentários lindos que me deixaram muito motivada *-* Obrigada a todos que tiram um tempinho do seu dia para deixar a tia Gothic feliz!!

Um agradecimento especial para a Miss Tavares que fez uma recomendação perfeitaaaa!! Esse capítulo é dedicado a você, honey, muito obrigada por me emocionar com suas palavras!!

Criei uma página nova no tumblr para quem não vai muito lá, mas quer se manter atualizado nos headcanons: http://deepsixfanfic.tumblr.com/headcanons
Ainda não está completo, porém logo estará :)

Aproveitem esse capítulo de hoje!!



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Ethan não ficou surpreso ao receber uma ligação de Grace às três da manhã, geralmente, quando ela assistia a um filme muito legal, não aguentava até amanhecer e o ligava para discuti-lo com ele. Ficou surpreso ao ouvir que precisaria ir até Gotham, pois precisaria levar uma de suas invenções antigas para a Mansão Wayne.

Ele trocou de roupa o mais rápido que conseguiu depois que ouviu a velocista gritar que era uma emergência do outro lado da linha. Por sorte não teria que avisar a seus pais que iria para outra cidade, já que ambos estavam em Star City. Apesar disso, Central City ainda era longe de Gotham, então ele teria a chance de usar o teletransporte que havia feito na semana anterior depois de pegar alguns projetos da Liga.

Chegou ao laboratório no segundo andar da cobertura e ligou os computadores, colocando as coordenadas da mansão e subindo na plataforma azul no centro da sala.

— Computador, liga o teletransporte para um — Ethan segurou a caixa preta que carregava contra seu peito com força, com medo de não conseguir teleportá-la também.

— Teletransportando em três segundos… — uma voz robótica disse e logo o moreno sentiu seu corpo sair do chão.

Não demorou para aparecer bem na frente da casa dos Wayne em Gotham, mas estava um pouco longe do chão e acabou caindo. O moreno fez uma careta ao sentir suas costas baterem contra o chão duro e aproximou seu relógio de seu rosto.

— Nota: Melhorar a aterrizagem do teletransporte — ele baixou o braço depois de ouvir um alto “bip”, indicando que aquela observação havia sido anotada em seu computador.

Com certa pressa, o jovem se levantou e correu até a porta da frente, batendo na mesma e esperando que a abrissem. Nem conseguia imaginar qual era a emergência, mas para Grace mandar ele trazer aquela invenção especificamente, era porque alguém havia quebrado a perna.

Um homem alto, de cabelo branco e trajando roupas formais abriu a enorme porta de madeira.

— Senhor Palmer, eu presumo — Alfred disse, abrindo caminho para Ethan entrar.

— Sim, sou eu mesmo — o moreno entrou na mansão e quando piscou, viu Grace aparecer bem na sua frente.

— Uau, não esperava te ver aqui tão rápido!

— Como assim? Disse que era uma emergência.

— Ah, sim… Então, não era uma emergência, é que eu sei como você é preguiçoso, se eu não falasse que era urgente, só chegaria amanhã — a loira deu uma risada.

— Quem quebrou a perna? — Ethan suspirou, pensando em matar a amiga por tê-lo deixado preocupado.

— A Mel… Sei que ela não vai aguentar ficar três meses parada, então tive a ideia de usar sua invenção. Ela tá na batcaverna, só que as coisas estão meio agitadas lá em baixo, não estranha — Grace segurou o braço do amigo e o puxou na direção de uma das enormes salas do local.

A porta já estava aberta, o que fez a loira usar sua super velocidade para fazê-los descer as escadas com mais rapidez. Assim que Ethan conseguiu focalizar a imagem a sua frente, pôde ver os heróis do Deep Six perto de uma enorme computador. Bruce estava sentado em uma cadeira preta bem na frente do mesmo e Selina estava ao seu lado, só então ele percebeu que haviam chegado bem no meio da discussão.

— Vocês sabiam que o Bane estaria lá, e mesmo ele sendo um vilão muito acima do seu nível de habilidade, seguiram com esse plano maluco! — a calma que Bruce mantinha ao falar só deixava a bronca pior.

— Nós só queríamos nos infiltrar lá dentro para sabermos mais sobre o que eles planejavam, encontrar o Bane foi uma fatalidade — Kate já havia sido examinada pela médica que Selina havia chamado quando os sete chegaram à mansão, enquanto Melissa ainda estava deitada em uma maca do outro lado da batcaverna. — Não esperávamos ser pegas naquela brincadeira doentia da Duela, mas nos saímos muito bem.

— Me lembro de termos feito um acordo; Vocês só iriam em missões autorizadas pela Liga — Bruce se levantou. — Essa noite não só quase perderam duas companheiras, mas também quebraram uma promessa que haviam feito.

— Tecnicamente Apolo e eu não estávamos presentes nesse momento, então não prometemos nada para voc… — Scott foi interrompido por Kevin, que quis impedir seu amigo de contrariar o bilionário.

— De alguma forma eles sabiam que estaríamos lá, por isso o plano deu errado. As garotas não teriam sido descobertas se…

— Você é, pelo que eu posso ver, a pessoa mais sensata dessa equipe, Kevin. Sei que não tem tanta experiência com liderança, mas deveria ter visto no que estavam se metendo desde o começo — as palavras de seu padrinho fizeram o jovem desviar o olhar.

— Já acabou com a bronca? Temos coisas para fazer — Melissa gritou de onde estava, chamando a atenção dos outros heróis para ela.

— A senhorita não vai conseguir andar com essa perna durante uns dois meses, então pode ficar quietinha — Leslie, a médica de confiança da família, disse.

— Como ela está? — Apolo se aproximou da namorada.

— Não foi uma fratura exposta, mas o joelho dela ficou muito danificado. A Cassy fez um ótimo trabalho segurando as pontas até eu chegar — a médica deu um sorriso para a mais nova.

— Um ano de medicina em Harvard serviu para alguma coisa — Cassandra se inclinou sobre sua irmã para abraçá-la, sendo empurrada pela outra assim que tentou fazer isso.

Leslie começou a guardar seu equipamento.

— Precisará repousar por um mês, pelo menos, para poder ter uma recuperação saudável.

— Você tem um senso de humor ótimo, doutora Thompkins — Melissa deu uma risada forçada enquanto a médica permaneceu séria.

— Não é brincadeira, Mel. Não vai poder sair da cama por um tempo, tenho certeza que seus amigos podem cuidar de todos os seus afazeres enquanto estiver assim.

Antes que Melissa pudesse respondê-la, Bruce falou primeiro.

— Eles não cuidarão de nada porque estão fora desse caso.

— O quê?! — Scott, Grace e Melissa gritaram em uníssono.

— Pai, não acha que isso é meio radical? — Cassandra perguntou, tão chocada quanto os outros. — Podemos cuidar de tudo, estamos nesse caso há meses, sair agora seria decepcionante.

— Conversei com o Tony ontem e ele me colocou a par de tudo o que sabia. Agora que sei com quem estamos lidando, não posso mais permitir que continuem com essa investigação — Bruce parecia impassível quanto a sua decisão. — Quem está fazendo isso não conhece limites, não sei como estão vivos até agora com ela sabendo sobre vocês se metendo em seus planos.

— Fala dessa pessoa como se a conhecesse — Kate cruzou os braços.

— Infelizmente conheço, e é por isso que estou acabando com essa história antes que mais alguém se machuque.

— Como se eu fosse te obedecer agora, depois de todo esse tempo ignorando suas ordens — Melissa bufou.

— Mel, escute o seu pai, só dessa vez — Selina suspirou.

— Quem é essa pessoa tão perigosa que não conhecemos? Por que sinto que todos vocês sabem de algo que nós não sabemos? — a Wayne indagou, vendo Selina trocar olhares com seu pai. — Esqueçam, a resposta é não. Nós não vamos parar de tentar impedir esses vilões e eu não vou parar de ser Batgirl por dois meses!

— Kevin, — Bruce ignorou o comentário da filha e se virou para seu afilhado. — Preciso falar com você em particular.

Quando o bilionário não saiu do lugar, todos entenderam que precisariam sair da batcaverna. Apolo segurou uma Melissa extremamente irritada em seus braços e a levou para o andar de cima junto com os outros. Leslie recebeu um agradecimento de Bruce e também deixou o local.

— Não sei como vocês me convenceram a vir para cá — eles ouviram Mel reclamar.

— Você detesta hospitais e sua perna estava péssima, não reclama — Scott a respondeu, saindo da caverna.

— Sei o que vai me pedir, mas não vou conseguir convencê-la a ficar fora disso — o mais novo começou assim que ficaram sozinhos, parecendo ler os pensamentos de seu padrinho. — E os outros também não vão querer abandonar tudo o que fizemos agora que estamos tão perto.

Nem o próprio Kevin queria desistir naquele momento, não compreendia a decisão de Bruce de simplesmente proibi-los de continuarem a acabar com os planos daqueles vilões. O Batman não fugia de uma luta e havia ensinado isso para suas filhas, por que mudar agora?

— Isso tudo é maior do que vocês imaginam. Não estou mandando se afastarem porque acho que não são bons heróis, na verdade apoiei a formação dessa equipe — Bruce voltou a se sentar na cadeira e cruzou os braços. — Estou mandado se afastarem porque a Melissa está com um alvo nas costas, e isso acabou fazendo de vocês obstáculos a serem eliminados.

— Eliminados por quem? — Kevin seguiu o olhar de seu padrinho para a parte mais escura da caverna. O silêncio reinou e o mais velho voltou a encarar o jovem a sua frente.

— Precisa convencer a Melissa a se afastar, vou cuidar de tudo para mandar ela e Cassandra para algum lugar bem longe até eu ter resolvido tudo.

— Bruce, do que você está falando? Quem é essa pessoa que está fazendo você ter medo? — claro que ele não estava com medo por ele, estava com medo por sua filha, até pelos heróis do DS, que eram obstáculos a serem eliminados.

— Eu vou te falar, mas isso é algo extremamente sigiloso — a expressão séria de Bruce revelava que ele não estava de brincadeira. Kevin sentiu que se contasse seja lá o que fosse aquilo para qualquer pessoa, seria morto. — Apenas os membros fundadores da Liga, Selina, Cassandra e Tony sabem disso. Entende que depois de ouvir o que eu tenho para dizer, não poderá compartilhar com ninguém, principalmente com a Mel.

Ele engoliu seco ao ouvir as palavras do Wayne, mas assentiu mesmo assim, se preparando para a bomba.

§

Na manhã seguinte, Kevin acordou em um quarto que não era o seu. Olhou em volta e se lembrou que todos haviam dormido na Mansão Wayne por estarem muito cansados e porque não estavam com a mínima vontade de irem para suas respectivas casas. Soltou um longo suspiro ao se lembrar de sua conversa com Bruce algumas horas antes e de como havia ficado chocado com a notícia. Agora entendia perfeitamente o medo do padrinho, a coisa era séria mesmo.

Lembrou-se então de que precisava conversar com Melissa para convencê-la a ficar um tempo parada. Se levantou rapidamente e desceu as escadas, indo para a cozinha quando ouviu algumas vozes vindas de lá e se deparou com Kate, Grace e Cassandra tomando café da manhã.

— Bom dia! — as três falaram ao mesmo tempo.

— Bom dia. Onde estão os outros? — Kevin se aproximou da mesa repleta de vários tipos de comida.

— A Sara passou aqui de manhã para pegar a Ariel — Kate respondeu, logo bebendo um gole de seu suco de laranja.

— E depois que o Ethan colocou aquela bota especial na Mel, ela, Apolo, Scott e o nerd foram para a base — Grace disse, enchendo suas panquecas com creme chantili.

— A médica mandou ela não sair da cama — Kevin já esperava por isso, só não sabia que aconteceria tão rápido.

— A bota que o Eth inventou funciona como um gesso, e também deixa os nervos do local dormentes, ela pode andar sem sentir dor e ainda vai estar se recuperando ao mesmo tempo — Cassandra disse, com as mesmas palavras usadas pelo Palmer quando explicou para eles como sua invenção funcionava.

— Preciso falar com ela, urgentemente — Kev fez menção de sair da cozinha, porém parou ao ouvir a voz de Kate.

— Nós vamos com você! — a loira se levantou e puxou Grace consigo, ouvindo-a soltar um som de decepção ao deixar sua comida restante no prato. Cassandra também se levantou e os seguiu até a entrada. — Hum, Kev?

— O quê? — ele olhou para a amiga ao seu lado, que o encarou de cima a baixo.

— Está sem a parte de cima do uniforme — ela observou e ele fechou os olhos, suspirando profundamente.

Havia se esquecido que removera a parte de cima para dormir de forma mais confortável, estava mesmo estressado com toda aquela história para não perceber.

Com sua super velocidade, o moreno subiu as escadas e voltou completamente vestido em seu uniforme. Os quatro chegaram na base rapidamente, tanto que até encontraram os outros na rua do teatro.

— Ou vocês andam muito devagar, ou o Kevin e eu somos muito rápidos — Grace disse, pulando nas costas de Scott conforme eles andavam.

— Pegamos um trânsito horrível e ainda passamos dez minutos tentando convencer o Apolo a entrar no carro — o atlante explicou, não fazendo nada para retirar a amiga de suas costas, carregando-a sem muito esforço.

— Só espero não levar uma bronca do Batman por estar sendo cúmplice de tudo isso — Ethan havia ficado mais apavorado do que qualquer um na noite anterior e nem sabia como havia sido convencido a acompanhá-los de volta para a base.

— Ele não vai fazer nada, duvido que tenha falado sério sobre fazer a gente parar de investigar esse caso — Cassandra disse.

— Alguém falou com a Yuki na noite passada? — Melissa perguntou depois que os nove haviam entrado no elevador.

— Eu liguei para ela ontem antes de irmos para o clube Iceberg, ela falou que estava tudo bem — Grace afirmou, só então descendo das costas de seu amigo.

— Estou preocupada com ela sozinha com o Ibn, ele é extremamente habilidoso e por pouco não nos matou quando nos encontramos pela primeira vez — Kate lembrou.

— Ela é mais habilidosa do que ele, tenho certeza de que é bem capaz de… — a frase de Kevin se encerrou no momento em que as portas se abriram.

A cena que todos viram era chocante, e ao mesmo tempo bizarra. Cassandra inclinou a cabeça para o lado, como se de outro ângulo visse algo diferente. Apolo puxou sua espada assim que seu enjoo por andar no elevador passou e ele conseguiu analisar o que havia acontecido.

— Oi — Yuki disse, simplesmente e voltou sua atenção para o tabuleiro de xadrez sobre a mesa onde o teclado de um dos computadores ficava.

Damian estava sentado na outra cadeira e parecia pensar em qual seria sua próxima jogada, ignorando os heróis pasmos na entrada.

— Se importa em me dizer o que é isso? — Melissa apontou na direção do criminoso e Yuki voltou sua atenção para ela.

— Fica bem chato aqui quando vocês não estão por perto, então resolvi jogar um pouco com ele.

— Ele deveria estar numa jaula de segurança máxima! — Grace gritou, se escondendo atrás de Scott.

Kate foi a primeira a se aproximar dos dois, parando a uma distância segura de Damian.

— Yuki, não deveria deixar ele sair da sala.

— Aquilo lá não é uma prisão, e ele ameaçou matar todos os detentos e os guardas se o colocarmos em uma, precisei me virar sem ajuda — a oriental viu que ele fez uma jogada e não demorou para mexer outra peça. — Cheque.

Damian bufou, como se estivesse frustrado por já ter perdido tantas vezes.

— Enfim, nós dois precisávamos comer, tomar banho, dormir, então fiz um acordo com ele; Faríamos tudo isso no meu hotel se ele concordasse em não fugir.

— E acreditou nele? — Melissa disse, surpresa com a ingenuidade da jovem.

— Ele está aqui, não é? — Yuki a respondeu com outra pergunta.

— Então vocês tomaram banho e dormiram juntos? — Cassandra deu uma risada. O comentário fez as bochechas de Yuki ficarem vermelha e Damian se virar na direção da Wayne como se perguntasse: “Que pergunta idiota foi essa?”

— Fizemos tudo separadamente, é claro! — Yuki afirmou.

— Apolo, leva o nosso convidado para a sala de interrogatório, por favor — Kate disse, se afastando para o mais alto se aproximar.

Damian se levantou e seguiu para a sala antes de o herói fazer isso.

— Não devia ter deixado ele sair sem nós aqui — Melissa disse, agora se aproximando da oriental. — Se ele quisesse, teria te matado.

— Ele não iria me matar, já teve muitas chances antes, não faria isso agora — Yuki cruzou as duas pernas sobre a cadeira. — Sei que não vão acreditar em mim, mas isso tudo não é culpa dele. Assim como nós fomos influenciados por nossos pais, ele também foi influenciado a se tornar isso o que é hoje.

— Sabemos que foram amigos, só que as coisas podem ter mudado — Kevin disse. — E apesar de estar muito interessado no motivo de ele não ter fugido ainda, precisamos mandá-lo para o Arkham.

— Ainda podemos dar conta dele, ele será útil alguma hora — Melissa indagou.

— Mel, ouviu seu pai, nós estamos fora desse caso.

— Como é? — Kate se virou para o amigo, incrédula.

— Não pode estar falando sério, Kev — Scott também pareceu não acreditar nas palavras do herói.

— Tenho motivos para falar isso, é a coisa certa a se fazer. Sinto muito por ser eu a tomar essa decisão pela equipe — Kevin suspirou. — Podemos focar em outras missões, mas essa está fora de questão.

— Estamos nisso há meses, não pode simplesmente chegar aqui e nos dizer que… — Mel foi interrompida pelo amigo.

— Preciso falar com você — ele a encarou por algum tempo antes de se virar e andar até a pequena ponte luminosa que levava ao outro lado da base.

Parou ao lado do tanque de água de Scott e esperou pela morena, que ainda mancava e andava mais devagar.

— Como se sente? — ele perguntou, vendo-a parar na sua frente.

— Estou bem, a invenção do Ethan ajudou bastante. Só que vou ficar algum tempo sem poder correr ou dar chutes, fora isso…

— Não falo só da perna.

Mais uma vez, os dois se encararam por um longo tempo.

— Do que mais pode estar falando? — ela cruzou os braços, desviando o olhar.

— Sobre você ter matado uma pessoa na noite passada — Kevin respondeu, firmemente, porém sem querer ser rude.

— Aquilo não foi nada, não vai acontecer de novo.

— Espero que não, mas estou preocupado.

— Por quê? Estou bem.

— Ninguém em sã consciência mata alguém e fica “bem”, Melissa — ao ouvi-lo usar seu nome e não o apelido, a jovem rapidamente virou o rosto na direção dele. — Preciso saber a verdade.

Ela respirou fundo, pensando em suas próximas palavras com cuidado.

— No momento em que quebrei o pescoço daquela mulher, me senti bem. Ela merecia isso, então não sinto remorso. Quer saber se já quis matar outros vilões? É claro que sim! Mas não fiz isso porque, de acordo com o código do herói, é errado. Era isso o que você queria ouvir? Que eu gosto da ideia de matar vilões? — a voz dela foi aumentando gradativamente, ecoando pelo esconderijo. — Eu faria de novo, e me sentiria bem. Isso tem a ver comigo. Agora se você pensa que pode decidir algo, que afeta a todos da equipe, sozinho, está muito enganado.

Kevin estava sem palavras após ouvi-la. Entendia o que Bruce dissera agora, ele tinha medo que algo assim acontecesse. Ela era mesmo um alvo para quem quer que estivesse por trás de todo aquele esquema do soro, e eles haviam feito tudo aquilo exatamente para manipulá-la e fazê-la matar alguém.

— Acho que deveria ouvir seu pai — ele disse quando conseguiu encontrar a voz novamente. — Não vamos mais interferir nessa missão, então não vai ter nada para fazer aqui. 

— Se não vai me ajudar, vou terminar essa missão com os outros. Ainda posso lutar — ela trincou o maxilar, já começando a sentir raiva do amigo. 

Kevin mordeu o interior de sua bochecha antes de falar o que tinha em mente. Ele precisava fazer ela ir para casa, onde Bruce a mandaria para um local seguro, ela entenderia quando soubesse a verdade. 

— A única coisa que você podia fazer era ser ágil, com a perna quebrada não vai conseguir fazer nada rápido e vai acabar sendo morta se sair em uma missão sozinha. Os outros vão concordar comigo quando eu explicar tudo a eles, concordarão que o melhor a se fazer é ficar fora disso — ele fez uma pausa. — Você seria inútil sem a gente. 

Melissa sentiu um nó se formar em sua garganta assim que ele terminou de falar. 

— Se eu não fosse quebrar minha mão no processo, socaria o seu rosto... Várias vezes — ela disse, quase que como um sussurro. 

— Falei a verdade, e você sabe disso.

Ela sabia, mas não admitiria isso na frente dele. 

— Você é inútil ferida, estará fazendo melhor em casa, se recuperando, do que aqui sendo um peso morto — ele olhou para a parede para não encarar a expressão de choque dela. — Quando estiver melhor pode voltar. 

A morena ficou paralisada por alguns segundos, tentando conter algumas lágrimas de raiva que se formavam em seus olhos. Ela queria muito poder socar ele naquele momento. 

— Não se preocupe, eu não vou voltar — ela virou as costas para o herói e seguiu para a saída. 

Bem nesse momento, Tony saiu do elevador e se surpreendeu ao vê-la andando em sua direção. 

— O que aconteceu com a sua perna? — ele perguntou, dando um passo para o lado ao perceber que a expressão dela não era amigável.

— Não fala comigo, traidor — ela vociferou antes de entrar no elevador. 

Ele chegou a conclusão de que a heroína estava com raiva por ele ter falado com seu pai e deu de ombros. 

Apolo fez menção de ir atrás dela, mas parou quando Kevin colocou a mão em seu ombro. 

— O que aconteceu? — Kate perguntou, assustada com a forma como a amiga saiu. 

— Algo necessário aconteceu... — Cassandra respondeu, já sabendo que seu pai havia pedido para Kevin achar um jeito de mandar Melissa para casa. — Acho que meu pai não vai se importar se contarmos para eles agora, não é, Tony?

Ela se virou para o detetive, que agora estava de pé ao lado de Apolo. 

— As coisas vão começar a ficar sérias logo, então eles precisam saber. 

— Saber o quê? — Grace perguntou, curiosa. 

— Quem realmente está por trás disso tudo e como essas pessoas estão ligadas à Melissa — Kevin respondeu. 

§

Ela estava com tanta raiva porque ele estava certo. Sem sua agilidade, ela era inútil, e sua perna havia acabado de sofrer uma fratura grave, não deveria nem estar conseguindo andar. Se tentasse continuar nesse caso sozinha, acabaria mais ferida ou morta, então não tinha escolha se não parar de ser a Batgirl até sua perna melhorar. 

Depois de sair da base, Mel parou em uma cafeteria não muito longe dali quando começou a chover e sentou-se em uma mesa depois de pedir um café. Não queria ir para casa e receber outra bronca de seu pai por ter saído sem permissão, queria realmente ir embora da cidade e ficar o mais longe possível de tudo antes que acabasse matando mais alguém. 

O som do sino preso em cima da porta de entrada a alertou que mais pessoas entravam, rostos familiares se aproximando. 

— Obrigada, Mel, acabou de me fazer perder uma aposta — Amanda suspirou e, ainda que derrotada, sorriu. 

— O quê? — a morena lançou um olhar questionador para Alex, que tinha um sorriso vitorioso no rosto. 

— É que quando vimos que você não estava na base, eu disse que te encontraríamos na sua cafeteria favorita. A Amanda duvidou que eu soubesse aonde era, e aqui estamos. 

— Fico feliz por ter ajudado — Melissa bebeu um gole de seu café, sem muita animação. 

— Vou pagar minha dívida, volto já — a loira foi até o balcão para pedir dois cafés. 

— Parece meio pra baixo. Aconteceu alguma coisa? — Alex sentou-se ao lado dela, franzindo o cenho. 

— Vou ter que me afastar por um tempo... Quebrei a perna. 

— Caramba, isso é horrível — ele suspirou, pensando por um segundo. — Sabe, a Amanda e eu estávamos terminando o antidoto para o soro, não quer mesmo usá-lo? Ou talvez dar para o DS?

— Não, eles estão fora do caso — ela sentiu mais raiva ainda quando falou isso. 

Alex ficou surpreso e segurou uma risada, mantendo-se sério. 

— Uma pena, eles poderiam ter acabado com os planos desses vilões — ele balançou a cabeça em sinal de desaprovação. — Quer saber, antes que vá embora, queria te mostrar uma coisa. Se lembra daquele projeto que viu no meu laboratório?

— Aquele relógio que podia soltar batarangues? — Melissa pareceu deixar a raiva diminuir um pouco. 

— Sim, fiz eles especialmente para você. Terminei com os reparos finais na noite passada, quer ir testar? — ele sorriu, estendendo a mão na direção da morena. — Não vai levar mais que dez minutos.

Melissa pareceu considerar a ideia e assentiu. Não tinha nada melhor para fazer mesmo, e precisava acabar com aquela raiva que sentia, talvez acertar alguns batarangues em um alvo ajudasse.

Segurou a mão dele e aceitou a ajuda para se levantar, bem no momento em que Amanda voltava com os pedidos. 

— Maninha, vamos levar a Mel para mostrar aquele protótipo para ela. 

— Ok, vou mandar colocarem para viagem e encontro vocês lá fora — Amanda andou na direção do caixa e observou enquanto os dois deixavam a cafeteria.

A loira pegou seu celular e discou um número, colocando-o em seu ouvido antes de falar:

— Estamos com ela. Iniciando próxima fase do plano agora — em seguida, encerrou a chamada, pegou os cafés e saiu do local. 

 


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Notas finais do capítulo

Quem tá ansioso pelo próximo???? Eu já tô!!! Tanto que comecei a escrever logo que acabei esse kkkkk Vamos ver o desenrolar do plano dos vilões e a reação dos heróis ao descobrirem tudo :3

Visitem o tumblr, façam perguntas e se divirtam com os personagens: http://deepsixfanfic.tumblr.com/
(lembrem-se de usar o "com" dessa forma: c/ )

Obrigada por lerem, comentem e me digam se estão gostando ou no que devo melhorar!!

Un beso mis amores :*