Hidden Force escrita por SabrinaSantana2000, BrunaTaptiklis


Capítulo 9
P.O.V Adam




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Eu já não sabia o que fazer para que o tempo passasse, estava no meio da madrugada na enfermaria da Hidden Force, dezenas de camas aqui neste imenso quarto, uma ao lado da outra, estou realmente feliz por ser o único aqui. Desde a noite passada que eu não vejo Anne, Kriss me contou sobre o outro ataque de Jeanine á ela, ainda me pergunto por que não acordei para defende-la, só a ideia de Jeanine machucando Anne já me deixa furioso, não me recuperei totalmente do teste que fizemos com os poderes dela, me sinto fraco como se eu não tivesse mais poderes.

Pego a canta e o caderno que estão numa pequena escrivaninha ao lado da minha cama, começo a desenhar a única coisa que venho desenhando desde os últimos dias, Anne. Os mesmos olhos verdes estonteantes e cabelos longos ondulados, eu já vinha tendo sonhos com Anne antes mesmo dela aparecer na Hidden Force, aquela cena não sai da minha cabeça, ela debaixo da cama enquanto seus pais eram assassinados, foi como se eu tivesse presenciado aquilo.

No dia em que ela literalmente caiu no meu quarto, eu já estava decidido em ajuda-la, agora que eu sei que Jeanine é filha de um dos caras que mataram os pais de Anne e que vão tentar matá-la eu sinto uma obrigação de não deixar que Jeanine faça nada contra ela, conheço muito bem a Jeanine, sei do que ela é capaz de fazer para conseguir o que quer ou deixar o pai orgulhoso, ela é perversa, estrategista e vingativa, o ódio dela só cresceu depois que viu que eu estaria ao lado de Anne nessa futura batalha, e é isso que tem me preocupado.

Já terminei de desenhar, gosto desta minha habilidade, por mais que ela pareça inútil para muitas pessoas, pelos na minha visão ela é muito importante, eu vejo as coisas antes delas acontecerem, o que permite evita-las algumas vezes, mas tudo precisa ser feito com antecedência por esse motivo temos que treinar Anne o mais rápido possível. Não aguento mais ficar aqui neste quarto, um turbilhão de pensamentos na minha mente, calço o meu sapato e decido ir até o esconderijo.

Me aproximo lentamente da casa escura, receio em bater na porta, sei como está difícil para Anne e se estiver dormindo não quero acorda-la, as noites de sono pra ela devem ser raras. Encosto meu ouvido na porta e ouço uma respiração ofegante, uma onda de preocupação toma conta de mim e eu tento bater na porta o mais calmo possível.

_ Quem está ai? - seu tom me revela que ela está apavorada.

_ Sou eu Anne, Adam, abra- ouço passos se aproximando e ela finalmente vem destrancar a porta.

_ O que está fazendo aqui a essa hora Adam? Você ainda não se recuperou, aconteceu alguma coisa?

_ Não, não aconteceu nada- Ela me dá espaço e eu entro, mesmo ela tentando agir naturalmente, eu também posso decifrar as emoções das pessoas, também ouvi ela respirando como se estivesse fugindo de algo, sei que aconteceu alguma coisa.

Ando até colchão lentamente, vejo Anne em pé trancando a porta como se quisesse evitar a entrada de alguém, depois ela solta um suspiro se vira e me olha, eu devolvo o olhar tentando descobrir o que se passa pela cabeça dela, medo, pavor, culpa, culpa por ter me machucado. Lá estão os mesmos olhos preocupados, exatamente iguais aos que eu desenho, cabelos ondulados quase totalmente cacheados, ela tem olheiras, o lance de noite de sono rara, é baixa já que tem 17 anos, 2 a menos do que eu, também lanço um olhar furtivo para as belas curvas que por um momento me desconcentram, ela se aproxima, mas não tanto, senta no colchão e eu faço o mesmo em seguida.

_ O que aconteceu Anne? Você está preocupada- falo com calma.

_ Você não me respondeu o que veio fazer aqui, repouso absoluto Adam- me irrito um pouco mas continuo tentando descobrir o que aconteceu.

_ Desculpe, eu só não aguentava mais ficar naquele quarto, achei que pudesse vir e conversar com você a sós- me arrependo de falar isso no momento em que sai da minha boca, ela me olha com desconfiança e me pergunto o que ela vai pensar sobre o que acabo de dizer.

_ Certo, e não, não aconteceu nada.

_ Anne, eu posso ver na sua expressão, aconteceu sim, me conte- ela ia tentar mentir novamente mas decidiu falar.

_ É só que, desde o incidente com você Adam, eu venho me sentindo péssima, e tem mais, aconteceu a mesma coisa, eu também posso ver Adam, quando fui dormir eu tive sonhos, assim como pude soltar fogo depois do incidente com Jeanine, eu vi os dois caras que mataram minha mãe se aproximando, e um terceiro que sinto que está mais perto do que qualquer um pode imaginar, isso tem me aterrorizado.

O que ela falou faz completo sentido, esse é poder dela, antes de começar pensar em mil coisas eu sinto que ainda a alguma coisa, não quero pressiona-la, mas sei que tem algo que ela não quer me contar. Quando eu tento me aproximar, ela se afasta com a cabeça baixa e vejo seu semblante de culpa por alguns segundos, passo as mãos na cabeça e penso no que posso falar.

_ Calma Anne, você não vai me machucar- foi a única coisa que eu consegui pensar.

_ Não fale isso, eu vou te machucar, eu sempre machuco todos a minha volta, estou cansada, quero voltar pra casa, ver meus avós, me trancar no quarto e ficar pensando nesses acontecimentos pro resto da minha vida.

Por mais que eu queira consola-la, sei que ela não precisa disso, ela precisa de alguma motivação, nem que seja a vingança. Pego a mão dela antes que ela possa se afastar, levanto seu rosto com a outra mão, e quebro o silencio.

_ E eu estou acostumado a ser machucado, não se preocupe- dessa vez num tom bem mais sério que o comum- estou disposto a fazer isso para te ensinar a usar seus poderes. Anne, você não pode deixar que tudo que aconteceu tenha acontecido em vão, é a sua oportunidade de fazer justiça, de fazer alguma coisa, de impedir mais mortes, de conseguir viver em paz futuramente, nem que pra isso você tenha que machucar pessoas e você vai ter.

Ela me olhava com muita atenção, tenho quase certeza que vi seus olhos brilharem quando disse a palavra “justiça”, ela assentiu com confiança, e naquele momento pude ver que ela iria continuar aqui, treinar, se preparar e enfrentar os homens que a perseguiam.

Depois de longos segundos em silencio, ela se jogou no colchão e ficou olhando para o teto, decidi fazer o mesmo, tinha mais ou menos 30 centímetros de distância entre nós, ficamos ali por alguns minutos até ela quebrar o silencio.

_ Ha quanto tempo você está na Hidden Force?

_ Cheguei aqui quando tinha 12 anos.

_ E quantos anos você tem agora?

_ Me desculpe, eu tenho 19 anos senhorita Hoover- disse sorrindo

_ Okay, faz 7 anos que você vive aqui.

_ É, faz um bom tempo que vivo aqui, você Anne quantos anos tem e como veio parar na Hidden Force?

_ Tenho 17 anos, e na verdade nem eu sei muito bem como vim para aqui, depois da morte de meus pais, eu não consegui continuar na escola por muito tempo, então passei a ter professores particulares, sempre vivi isolada porque quis, meus avós sempre me deram de tudo, eu devo muito a eles, então surgiu a ideia de eu vir para Hidden Force, eles estavam empolgados e insistiram muito, ai eu decidi vir.

_ Você teve sorte em ter seus avós ao seu lado- disse pensando em como eu sai de casa, sozinho, sem ninguém do meu lado.

_ É, eu realmente tive- ela disse com um sorriso tímido.

Nós ficamos em silencio, foi bom saber mais sobre Anne, eu me sentia à vontade conversando com ela.

_ Já está quase amanhecendo- disse, feliz pelo tempo ter passado tão rapidamente. Ela se virou pra mim e disse:

_ Porque Adam? Porque você está me ajudando? - Me viro pra ela sem noção do que vou responder.

_ Há sei lá, minha vida estava um tédio, precisava de uma aventura. - arranquei um dela sorriso mas ela ainda esperava a resposta.

_ Estou falando sério Adam, porque se arriscar tanto? - Eu a encaro pensando no que ela gostaria de ouvir e no que eu falaria sem precisar mentir, me encarando de volta como se estivesse me desafiando ela me encorajou a responder.

_ Pra ser sincero Anne, nem eu mesmo tenho essa resposta-penso ver um olhar de desapontamento- sinto como se fosse meu dever, como se tivesse que recompensa-la por algo, eu gostei de você, não sei ainda o porquê, mas eu gosto de você e vou continuar gostando mesmo que você me ponha em uma situação de risco, ou que você me machuque como disse, porque você precisa.

A última vez tive uma conversa parecida com essa fora a algum tempo, e fora com Jeanine. Pude ver nos olhos verdes de Anne algo como gratidão, ela queria falar alguma coisa mas não sabia o que, eu agradeço a minha habilidade de poder ler emoções, assim posso pensar mais sobre o que fazer e falar.

Nós ainda nos encarávamos, nossas mãos se tocaram sem querer, e eu segurei a mão dela, voltamos a olhar pro teto juntos o que nos fez rir, queria poder congelar aquele momento, ela se virou novamente pra mim e disse:

_ Obrigada, muito obrigada Adam.

_ Não Anne,- me virei e segurei seu rosto com as duas mãos- não precisa agradecer.

O instinto fez com que nossos rostos se aproximassem, quase se tocando, eu não sabia exatamente por que estava fazendo aquilo, conheci Anne a pouco tempo, não sentia algo tão forte ainda, mas algo não me deixou parar, ela me olhava profundamente esperando o beijo, nossos nariz se tocaram e eu fechei os olhos para beija-la, foi então que alguém começou bater na porta repetidas vezes.

_ É a Kriss, abra rápido- ela estava ofegante devia ter corrido até aqui, trocamos olhares e eu levantei para abrir a porta. Ela já chegou entrando, e me viu

_ Adam o que está fazendo aqui? Era pra você estar em repouso- nesse momento Anne levantou e trancou a porta.

_ Eu sei, eu vim aqui para falar com ela Kriss, o que aconteceu?

_ Eu, eu fui atacada.

_Oh não- disse Anne caindo sentada no colchão, respirou continuas vezes e olhou pra Kriss- era pra ser eu, e se tivesse acontecido alguma coisa com você? Me desculpe.

_ Do que você está falando? Sente Kriss e explique o que aconteceu- eu disse.

_ Estava vindo trazer algo para Anne comer, ainda não havia amanhecido totalmente, eu andava devagar até ouvir passos me seguindo- ela fechava os olhos, como se tentasse se lembrar- alguém me atacou por trás, era um homem grande e forte, estava com um capuz, ele me jogou no chão, antes de eu ficar invisível ele já havia corrido.

Anne colocou as duas mãos na cabeça, eu e Kriss trocamos olhares, ela começou a respirar rapidamente, estava tensa e eu decidi quebrar o silencio:

_O que você quis dizer com aquele lance de “era pra ser eu”? - disse com medo da resposta, Anne levantou a cabeça lentamente e olhou pra nós dois.

_ Me desculpem por não ter falado, é que vocês já fazem tanto por mim, não queria deixá-los ainda mais preocupados, eu ia contar no momento certo, essa madrugada eu fui atacada. Era um homem grande, forte e de roupa preta, nós lutamos, depois de algum tempo consegui colocá-lo pra fora, a primeira coisa que eu fiz foi trancar a porta, ele tentou arrombar mas desistiu, não passara muito tempo e Adam chegou, acho que ele te ouviu se aproximando ou algo do tipo e foi embora.

Alguém tentara matar Anne, não creio que tenha sido um dos caras, eu teria visto, não sei o real motivo por ela não ter me contado, acho que ainda á mais algum, se ela conseguiu se defender, é um bom sinal, lanço um olhar para Anne e depois Kriss diz:

_ Ela não pode continuar aqui sozinha.


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