Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 2
Regente


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas estou de volta. Quero saber a opinião de todos, hein, por isso comentem.



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Leona entrega o pequeno Erik a Michael quando eles pousam em Ahnmach.

– Você precisa levá-lo até o Forte da Lua.

– O que você vai fazer?

– O Palácio Le Lëuken não é mais seguro para ele. Assim que sairmos desse avião, quero que você vá até o banheiro e coloque o que está dentro dessa mochila - ela diz entregando-lhe uma mochila preta. - A maioria dos jornalistas vão me seguir, mas alguns ainda ficarão. Terá um carro vermelho te esperando lá fora - ela dá um beijo rápido em Michael e o empurra para fora do avião do seu pai. - Agora vai.

Ele fez como ela o instruiu. Colocou os cabelos dourados dentro de um boné azul escuro e tirou a camisa e a calça social, substituindo-as por uma bermuda cáqui e uma camisa azul clara e tênis. Ele coloca óculos de sol e envolve o bebê nos seus braços. Por sorte, ninguém reconhece eles e os dois conseguem chegar ao carro sem dificuldades.

– Para onde, senhor? - o motorista pergunta.

– Para o Forte da Lua.

O trânsito em Ahnmach é bem mais tranquilo do que em Frömming, apesar de ser uma cidade grande. Os transportes públicos são de qualidade, tem ar condicionado porque é o país mais ao sul, o que significa que é mais quente do que qualquer outro. Apesar disso, as pessoas são bem educadas e alguns vão trabalhar até de bicicleta. Para Michael, o dia estava ameno. O inverno se arrasta desde o norte e logo chegará as cidades do sul, então o vento gelado o reconforta um pouco e o lembra do seu país.

As mulheres não usam vestidos nas ruas, ele percebe. Elas vestem ternos femininos e saias sociais, as mais novas usam shorts e blusa de manga curta, às vezes com uma prancha de surf embaixo do braço e a pele mais bronzeada, algumas andam até de biquíni pelas calçadas e o engraçado é que nenhum homem mexe com elas da forma que mexeriam se elas estivessem em Frömming. Alguns homens andam de terno, mas outros também estão surfando ou bebendo água de coco em algum quiosque na beira da praia.

Michael interrompe o vento fechando a janela do carro. O pequeno Erik poderia pegar um resfriado.

O carro vermelho para. Michael desce do carro com o bebê nos braços e para em frente a câmera.

– Identificação - uma voz grossa e masculina pede.

– Michael Archiberz, filho de Joffrey e Ivna Archiberz, Senhores de Frömming e atual imperador e imperatriz da Rússia.

– Com quem deseja falar?

– Donald Linznert.

– O Senhor do Forte da Lua não se encontra.

– Pode ser com sua esposa também, Hana Archiberz.

Provavelmente dois ou três minutos depois o homem volta a falar.

– A senhora Hana irá recebê-lo.

O enorme portão é redondo e prateado. Quando a parte esquerda se afasta da direita, Michael entende porque chamam o local de Forte da Lua. Uma meia-lua é formada e como é prateada, faz com que se pensem na noite com suas estrelas e uma lua minguante. Lá dentro, uma espécie de carrinho de golfe o esperava. Um homem conduziu-os até o próximo portão.

– Para que tantos portões?

– Segurança - o homem responde. - Depois desse há a montanha e depois da montanha só mais um portão. O Forte da Lua fica lá em cima, assim é bem mais difícil invadi-la.

Michael percebe então como o local é protegido. Há seguranças caminhando para todos os lados, alguns correndo, outros escondidos nas sombras e até alguns descansando, mas sempre com a mão no coldre, segurando a arma, prontos para atirarem a qualquer momento. Há também criados carregando comida, empregados levando roupas sujas para a lavanderia e cestas de comida sendo içadas por cabos de aço para a fortaleza.

Então eles chegaram a montanha.

– Eu não posso mais levá-lo.

– Eu estou com um bebê. Como que eu vou subir uma montanha?

– Há uma estradinha. É de terra batida, mas dá para subir.

– Eu estou com um bebê - ele repete.

– Vocês podem ir pelos cestos - o homem sugere - junto com as comidas.

Michael lembrou-se de que não é filho de Joffrey e Ivna, mas que no papel ele ainda é o primeiro herdeiro. Ele ainda será o Lorde Archiberz algum dia, já que Rebekah é a rainha. Ela não pode ocupar dois postos assim.

Ele percebe que chegou ao fundo do poço quando se dá conta de que está carregando o herdeiro de Ahnmach nos braços enquanto os dois estão dentro de um cesto de nabos.

+++

Os alojamentos eram realmente espaçosos, mas com poucos cômodos. Havia só um banheiro, já que no início eram projetados para apenas uma pessoa, mas havia uma hidromassagem. Como eles conseguiram essa façanha, Katerina não sabia. No quarto havia duas camas de casal, como Valentina havia dito, separadas por uma mesinha com um comunicador, que é uma forma de Valentina conseguir se comunicar com todos sem necessariamente se reunir com eles.

Katerina tem tempo de tomar um banho rápido e lavar os cabelos até que Francis bata na porta, dizendo que está na hora do jantar. Ela coloca um vestido verde comprido, porém simples, apenas com as mangas feitas de renda. As pessoas a encaram quando ela entra. A ruiva percebe que ninguém usa vestido ali, além das meninas pequenas com seus vestidos rosas infantis. Ela se sente um pouco incomodada e pergunta a Valentina se ela pode emprestá-la algumas roupas mais normais nos próximos dias. A chefe dos Apátridas concorda.

O refeitório está minado de pessoas. A sala onde todos se reuniam para as refeições ocupada um andar todo, o que era muito, e Valentina tinha que usar um microfone para todos ouvirem-na. Katerina trouxe vinte mil soldados e segundo Valentina, eles tinham pelo menos dez mil rebeldes ali.

A chefe dos Apátridas cumpre com suas parte do acordo. Ela diz a todos que Katerina ainda é a rainha e que ela pode ajudá-los, mas a ruiva se sente mal por isso.

– Francis...

– Deixe - ele diz. - Essas pessoas se alimentam de esperança. Nós temos que dar esperança a eles.

– Eu não posso mentir assim - ela sussurra para que ninguém ouça e para não atrapalhar o discurso de Valentina. - Eles não merecem isso.

– Você vai recuperar aquele trono Katerina, eu sei disso. Eles não precisam sofrer antecipadamente. Quando chegar a hora, se você quiser, poderá ser revelado, mas se você fizer isso agora passará a imagem de que não quer ajudá-los e que está aqui por algum motivo específico.

– Eu prometi a Josh que o ajudaria a trazer Melanie de volta porque eu pensei que ela era a minha irmã - ela diz. - Eu enviei vinte mil homens para lutar contra Vincent.

– Como assim pensou? Ela mentiu?

Francis ainda não sabia da verdade. Apesar dele estar sendo muito bom para ela nos últimos dias, Katerina ainda não conseguiu perdoá-lo e nem confiar nele da mesma forma. Um dia, quem sabe, ela não consiga. Porém hoje...

– Eu vim porque eu matei o pai do rei de Hahle - ela sussurra. - Eu precisava me esconder e manter o meu filho em segurança, mas eu não podia trazê-lo. Então eu o deixei e fugi. Rebekah deve ter colocado o país todo na minha cola e se Heron não fizer o mesmo, Fleur com certeza fará. Ela planejou aquele ataque para me matar e ver a minha cabeça em exposta em um espigão por assassinato real com certeza é mais gratificante para ela do que ver uma bala alojada na minha testa.

Katerina só percebeu que aumentou o tom de voz quando começou a falar de Fleur quando vê algumas pessoas a encarando. Graças aos céus, Valentina já havia acabado o seu discurso e o jantar havia começado a ser servido. Katerina odiaria ver aqueles olhos negros de Valentina a encarando com raiva.

– O que você quer fazer? - Francis pergunta.

Ela pensa no assunto. Tantas coisas... Viajar pelo mundo, ficar com o seu filho, voltar a ser rainha, trazer Erik de volta, conhecer a sua origem desde o começo, vingar os mortos que algum dia foram importantes para ela e, acima de tudo, ser feliz. Porém muitas coisas dessas eram impossíveis. Tudo o que ela poderia fazer era vingar seu marido e seu pai, ficar com o pequeno Erik algum dia quando a guerra acabar, e para viajar pelo mundo, ela teria que voltar a ser rainha. Se ela vencer, é claro. Caso contrário, tudo terá sido em vão.

Apesar disso, ela responde:

– Eu quero voltar para casa.

+++

Hana pegou o pequeno Erik no colo assim que o viu. Michael tirou aquele boné e sentiu falta das suas roupas sociais quando pisou no salão do Forte da Lua, onde os passos ecoavam e o vento sibilava gelado.

– Ele está cheirando a nabos - a ruiva diz.

– Tivemos companhia para chegar até aqui - ele ironiza.

Ela dá um sorriso leve.

– Desculpe. A família Linznert era fissurada com esse negócio de segurança.

Michael se lembra de quando estava quase na fortaleza e viu a água lá embaixo, os penhascos o oprimindo, apertando a ele e ao pequeno Erik conforme podiam. Ele se sentiu sufocado e percebeu que quem ousasse atravessar aquele lugar, seria morto sem muito esforço. Lá do Forte da Lua era possível arqueiros atirarem suas flechas para quem estivesse a pé ou até mesmo para invasores nos cestos de comida. O desfiladeiro era apavorante.

– Eu percebi.

Aquelas pedras enormes ainda estavam na sua cabeça quando Hana perguntou:

– Como Katerina está?

– A morte de Erik foi sofrida - ele conta -, mas ela vai conseguir superar. Francis está com ela.

A ruiva concorda com a cabeça.

– Soube que o divórcio agora é legalizado em Altulle.

– Nós não somos de Altulle.

Hana dá um sorriso forçado.

– Eu não quero me divorciar, só estou tentando puxar assunto.

Ela caminha pelo piso de mármore frio e o seu salto faz um barulho irritante quando entra em contato com o chão. Hana parece não ligar.

– Erik precisa de um banho - uma criada presente logo o leva e a ruiva dispensa os outros empregados e seguranças presentes. - Você pode ir agora. O bebê estará seguro aqui.

Michael fica apreensivo. Ele soube dos protestos em Ahnmach, sabia que o melhor para o pequeno Erik era ficar com algum parente em uma fortaleza tão impenetrável quanto o Forte da Lua, mas mesmo assim ainda temia que algo desse errado. Temia perder alguém que tem o seu sangue.

– Eu virei visitá-lo quando puder.

– Erik nunca estará tão seguro quanto no Forte da Lua. Esse lugar é mais protegido que qualquer palácio no mundo.

– Mesmo assim eu virei. Virei ver o meu sobrinho - Hana parece surpresa ao descobrir que ele sabe a verdade. Sim, é claro que alguém contaria a ele. Michael se aproxima e beija a testa pálida de Hana. - Até mais, irmã.

+++

Leona ajeita os cabelos loiros uma última vez e suspira diante do espelho.

– Eu nunca quis assumir esse país, Vale - ela diz a irmã.

A morena tatuada se levanta e caminha até a irmã do meio.

– Será por alguns anos. Até o filho do nosso irmão tiver idade suficiente para se casar e assumir o trono.

Lágrimas acumuladas se formam nos olhos de Leona e ela se deixa chorar depois de tanto tempo sufocando aquelas gotas dentro de si. Só ela sabia o quanto doía se fingir de forte para todos esse tempo enquanto ela queria desabar em cima do caixão do irmão e trazê-lo de volta.

– Se eu soubesse quem foi, eu juro que o mataria com minhas próprias mãos...

– Deixe a justiça para quem entende dela - Valeria fala, pegando as mãos frias da irmã. - Leona, olhe para mim. Você será a fortaleza dessa família de agora em diante. Nosso pai está tão abalado que não vai para as reuniões e nossa mãe está dopada no hospital há uma semana porque não aguentou o choque. Nós somos tudo o que restamos dessa família e bem sabemos nós duas que você é melhor nisso do que eu.

– Vale...

– Eu sou a ovelha negra dos Le Lëuken, mas está ficará tudo bem. Francis desistiu do trono, Hector é o rei agora e ele é o meu noivo, lembra? - Valerie diz. - Você, como rainha regente, apressará esse casamento. Amarraremos Altulle do nosso lado. Agora que Rebekah é a rainha, é possível que não tenhamos mais o apoio de Frömming, por isso temos que resgatar nossas forças.

– Você nunca quis casar com ele, Vale.

– E eu ainda não quero, mas eu farei isso pela nossa casa. Pelo nosso futuro - ela toca o rosto da irmã e a olha no fundo dos olhos. - Você me disse que Harriet fugiu ilegalmente para Las Mees depois que Katerina foi para o norte, certo? Então você conquiste o apoio de Petrus e Branka. Quanto mais países tiverem ao nosso lado é melhor.

Leona se surpreende com as ideias da irmã e com suas estratégias de ataque e formação de alianças.

– Somos um país forte, temos o nosso exército. Hahle perdeu Jacques, Heron está entre a vida e a morte e Fleur ainda está no norte de Frömming. Florence não segurará o povo por muito tempo, pois nós sabemos que os protestos lá estão bem mais intensos do que aqui. É a nossa hora.

– Você é realmente uma serpente, Valerie.

A morena mostra a tatuagem de cobra no colo, tão coberto de desenhos que Leona nunca havia reparado.

– Muitas pessoas pensam que a serpente é um sinal do mal, da morte ou da escuridão, mas não é só isso - Valerie fala. - A serpente é um símbolo de conhecimento. Os Le Lëuken, sempre calmos e com a sua aparência angelical, surpreenderam quando escolheram a serpente como símbolo cinquenta anos atrás, após a Grande Guerra. Está na hora de provarmos que eles estão errados.

Ela segura Leona pelos ombros.

– Está na hora de provarmos que somos mais perigosos do que todos imaginavam - ela sorri de leve. - Você é a nossa chance, Leona. Você é o nosso futuro.

+++

A loira posiciona o pequeno ponto em frente aos lábios. As pessoas a olham. Eles, em frente a praça; ela, na sacada do tribunal de Ahnmach. Todos esperavam por algumas palavras.

– Meu irmão veio a falecer há uma semana atrás por causa de um ataque a Frömming. Ahnmach se mostrou desolada com o fato e foi as ruas para protestar, não só pela tristeza em seus corações e para exigir justiça, mas para que alguém assumisse o trono. Um país não se governa no automático, afinal. O herdeiro do meu irmão, Erik II, ainda é um bebê e não pode assumir esse cargo e a esposa de Erik, Katerina, não se sente - que diabos ela podia falar? - bem para assumir o cargo de rainha regente. Então eu venho aqui lembrar a todos que eu sou a próxima na linha de sucessão, sou casada e que se me aceitarem, ficarei feliz em ser a rainha de vocês até que Erik II tenha idade para ser o rei efetivo.

O povo fica em silêncio por algum tempo, mas depois grita em aprovação. Ela nunca se sentiu tão aliviada, mas tudo o que fez foi esboçar um leve sorriso.

– Eu, Leona Christine Le Lëuken Archiberz, serei a Regente - ela repete. - Provarei que as mulheres podem ser tão boas quanto os homens no poder.

+++

A hora de dormir é um tanto constrangedora. Katerina não teve muito tempo para fazer as suas malas já que estava ocupada demais fazendo as do pequeno Erik, então a maior parte dos seus pijamas são as camisolas transparentes da Corte.

Ela coloca uma preta que tampa um pouco dos seus seios e a sua barriga, mas a maior parte da sua bunda e as suas coxas ficam totalmente expostas. Ela sente como se estivesse nua, por isso solta os cabelos ruivos cacheados, já na altura da cintura, e os joga em cima do corpo em uma tentativa de se esconder um pouco mais.

Em pé, Francis está apenas com uma calça de moletom verde escura. Ela corre para se esconder debaixo das cobertas e ele apenas ri, mas quando ela pensa que ele vai para a cama dele, Katerina o vê sentando na ponta da sua.

– Será que algum dia você vai me perdoar? - ele pergunta, tocando o rosto dela.

Katerina sente o nervosismo tomar conta do seu corpo. Eu já o perdoei, é o que ela quer dizer, porque no fundo ela sabe que é verdade, mas ela simplesmente ergue os ombros.

– Você lembra quando viu o medalhão no meu quarto e eu o escondi de você? - ele ergue o colar de ouro com o pingente de um gavião. - Eu não queria mostrá-lo porque eu pensava que ficaria óbvio demais, então eu o escondi, mas eu simplesmente não podia ficar longe dele.

– Por quê? - ela pergunta.

– Porque minha mãe me deu quando eu era pequeno. Quando ela morreu, meu pai jogou a maior parte das coisas fora, mas eu... eu consegui guardá-lo.

Francis se lembra de que Joffrey o levou e que o pai foi atrás dele. Se lembra de ter salvo o medalhão porque estava com ele no pescoço, escondido dentro da blusa, quando viu a mãe ser morta.

– É tudo o que eu tenho dela - ele fala. - Eu poderia estar indo para a forca e ainda assim eu o levaria comigo.

Ela olha no fundo daqueles olhos que um dia ela achou que eram verdes e que hoje são azuis. Ela tocou naqueles cabelos que ela sempre admirou por serem tão negros e que agora são claros como trigo, porém ainda assim macios. Ele fica lindo de qualquer jeito.

Como eu vou contar isso? Ela pergunta a si mesma.

Katerina suspira e toca seu rosto e pensa em encostar seus lábios nos dele no meio do caminho, mas resiste a tentação. Sua boca para a centímetros do ouvido dele.

– Joffrey é o meu pai biológico.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora. Quero meus comentários, hein.



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