Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 19
Threats


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a maradyer pela recomendação em Unapologetic, primeira temporada de Unforgivable. Eu adoro vocês. Boa leitura.



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Katerina observa tudo do outro lado. Andrew, lá de dentro, enxerga apenas vidro e nada além disso, porém ela vê mais do que ele: vê esperança. Joffrey tem um plano ótimo e se tudo der certo, Rebekah vai ser deposta, Fleur e Vincent irão para a cadeia, ela reassumirá o trono de Frömming com Francis, que também reassumirá Altulle. Ela poderá pegar seu filho com Hana enquanto Leona e Michael reinam em Ahnmach, até Erik estar casado. Muitas coisas ainda precisavam ser planejadas, mas tudo daria certo no final, ela sabia. O que a preocupava era o trajeto até lá. Fleur e Vincent não desistiriam facilmente e Rebekah anda cada dia mais louca.

Ela observa com os braços cruzados, Francis ao seu lado. Ela o encara.

– Obrigada por estar aqui.

Ele sorri para ela e volta a prestar a atenção na conversa de Andrew e Joffrey.

– Então, tio - Joffrey fala com um sorriso debochado nos lábios, pernas cruzadas em cima da mesa que separa os dois. - Isso é estranho. Eu tenho idade para ser seu tio.

– Por que eu estou aqui, afinal? - Andrew pergunta, entediado. - Você já sabe que sou o irmão perdido de Caine. Ótimo. Depois de você, eu sou o herdeiro de Frömming.

Joffrey decidiu que era melhor ele deixar pensar assim. Andrew podia estar brigado com Fleur, mas ainda era casado e apaixonado por ela. Poderia contar que Katerina estava viva e tudo iria por água abaixo. Além disso, que homem em sã consciência iria querer participar de um plano que no final ele não se dará bem como pensava que ia?

– Exatamente. Eu e Ivna poderíamos assumir Frömming também, mas a Rússia é um país grande de cheio de problemas. Por mais que adore o poder, o trono exige muita atenção, algo que não posso dispor. Eu, como um homem sério que preza a verdade, principalmente quando se trata da Família Real, o quero no trono de Frömming.

Katerina ri do lado de fora. As palavras de Joffrey pingavam sarcasmo e ironia.

– Mas para isso você terá que colaborar.

O bote da cobra venenosa.

– E o que eu preciso fazer?

– Como você deve saber, todo herdeiro deve estar casado. O divórcio não é legalizado em Frömming e você já é casado.

– O que você está propondo? Que eu mate Fleur, fique viúvo e me case com alguma mulher manipulada por você?

– Claro que não. Deixei de ser um assassino há um bom tempo - Joffrey sorri, fingindo amizade. - Não importa a realidade, o que importa é o que as pessoas pensam.

Ele cruza os braços também.

– Se todos pensarem que Fleur está morta, não significa que ela realmente precise estar.

– Fleur não vai topar isso.

Joffrey bufa.

– Estou vendo que você não tem nada da mentalidade Archiberz, garoto - ele olha com tédio para Andrew. - Fleur não tem que concordar. Nós a manteremos presa para ela pegar pelos seus crimes, enquanto você vive a sua vida como rei com uma mulher bem mais bonita e que não minta ao seu lado.

– Ela explodiu Frömming, isso é considerado crime de guerra, não é nada que necessite de prisão.

– Fleur, ao lado de Vincent, causaram o incêndio no dia do casamento de Rebekah - Joffrey conta. - Seu irmão estava lá, ela podia ter morrido. Seus amigos estavam lá, os outros rebeldes. O rei Erik morreu. Várias outras pessoas morreram pelo simples fato de que Fleur queria minha sobrinha morta.

Joffrey olha para o nada.

– O plano dela não ocorreu como o planejado, mas de certa forma deu certo. Katerina está realmente morta.

Ele olha para Andrew novamente.

– Vamos logo com isso que eu não tenho o dia todo - ele respira fundo. - E aí? Quer ser rei de Frömming ou ficar fazendo palestra em setor pobre falando mal da rainha louca?

+++

Vincent olha para Michael, analisando suas feições logo após mostrar a ele o exame de DNA.

– Eu já sabia - foi tudo o que ele disse.

– Eu tenho algumas coisas pra fazer agora, mas podemos conversar mais tarde sobre isso.

– Eu gostaria de participar de algumas reuniões.

Vincent ri.

– Como é que é?

– Convenhamos, Vincent, sou seu único herdeiro, mesmo não sendo legítimo. Você pode viver muito, talvez não tanto quanto você espera com essa guerra que você faz questão de sustentar, mas e depois? E tudo o que você construiu? Quem vai herdar? Uma garota que você criou e descobriu que não era sua? O filho da bastarda? Sua esposa que só fez o trair e enganar?

Vincent está furioso.

– Quem você pensa que é para falar assim comigo?

– Eu sou o seu filho. O seu único filho. Você devia me agradecer por estar aqui, porque todos os outros partiram.

– Eu mandei Kimberly embora.

– E ela foi de bom grado. Hillary é sua espiã, mas ainda assim está longe. A criança está com a avó e é provável que nem se lembre de você. Melanie fugiu não apenas uma, mas duas vezes. O irmão de Melanie é prisioneiro aqui. Mas eu? Eu estou aqui por espontânea vontade, eu sou o seu filho, e se você não quiser acabar completamente sozinho e sem herdeiros, é melhor você me tratar bem, porque se não eu vou embora.

Michael caminha até a porta.

– Vou trocar de roupa. O vejo na próxima reunião.

Vincent, apesar de enraivecido, não consegue deixar de sorrir.

O garoto tem mesmo sangue Fieldmann correndo nas veias, ele pensa, afinal.

+++

Heron acerta um tapa no rosto de Fleur ao ver o estrago em Frömming.

– O que você fez? Você causará apenas ruína e morte!

– É exatamente isso que eu quero. Eu estou vingando John e ao nosso pai, coisa que você não fez! - ela aponta para o peito do irmão. - Você sabia que ele planejava dar um golpe? Nem o nosso pai acreditava em você! Ele ME queria no trono porque ele sabia que seria o melhor para Hahle.

Heron se afasta, assustado, porém sem perder a raiva.

– Isso mesmo, Fleur, mostre a sua verdadeira face. Eu sabia que existia uma demônia por trás de você.

– Você é um bosta, Heron. Não serve pra nada. Eu seria uma rainha melhor, bem melhor. Nosso pai sabia disso, por isso ele planejava um golpe.

– E você aceitou, sem hesitar.

– É claro. Eu sou uma Hallaya, afinal. O búfalo. O desejo pela guerra está em meu sangue e nem que eu tenha que dar um fim na vida de qualquer um que se coloque em meu caminho, eu o farei. Vingarei todo o mal que aquele país nos fez.

– E a minha vida? - Heron pergunta. - Você teria coragem, Fleur? Você mataria o seu único irmão?

Uma risada diabólica sai dos seus lábios carnudos e vermelhos.

– Sem hesitar - ela rosna, se aproximando do ouvido do irmão. - Não tente me prender, Heron, tenho muitos aliados que me tirariam da prisão.

Ela beija a bochecha do irmão. O beijo de Judas, ele pensa.

– Se tentar fazer algo contra mim, esfaquearei a barriga daquela vagabunda na sua frente, matando sua amante e seu filho, então você implorará pela morte e como eu sou uma irmã muito generosa, a concederei.

Heron sente os olhos queimarem, não só de raiva, mas de tristeza. Ele e Fleur sempre foram tão unidos. Por que ela está assim? Ele se pergunta. Ou será que ela sempre foi e eu não tinha percebido? A questão é que a Fleur com quem ele cresceu nunca mataria nem um inseto, quanto mais o irmão. E o seu filho... Deus, ele nunca se perdoaria se algo acontecesse ao seu filho. Ou a Anne. Depois de sofrer pela morte da sua primeira esposa e de ficar meses em coma, ele finalmente achava que tinha encontrado a felicidade ao lado de uma mulher que ama, que carrega seu filho, enquanto reina em seu país natal com sua irmã ao seu lado.

Parece que ele estava errado.

Ele finalmente havia sentido o gosto da alegria e ela virou cinzas em sua boca.

– O que você quer? - ele sussurra.

– Quero controlar o Exército e você me dará autoridade para isso. Eu causarei uma guerra e você não irá me impedir, para o seu bem e do seu herdeiro.

+++

Um dos seguranças chama Rebekah. Vincent havia dito à Michael que a irmã dele estaria por lá na próxima reunião e ele decidiu não ficar. O homem achou intrigante.

– Você não gosta da sua família? Me parecia orgulhoso demais quando me jogou na cara que eu ficaria sozinho. Parece que não somos tão diferentes assim, afinal.

– Rebekah está maluca. Não gostaria de conversar com minha irmã nessa situação. Um dia a visitarei no sul, mas esse dia não é hoje.

Vincent olha para o segurança, curioso. Ele se dirige à Rebekah:

– Majestade, houve um ataque ao sul de Frömming. A senhorita estava certa, rainha Rebekah, as bombas anteriores e essas vieram de Hahle.

Rebekah bate na mesa e olha para Vincent, furiosa.

– Eu não falei que aquela vaca da Fleur estava destruindo meu país? Daqui a pouco ela ataca o norte também.

Vincent coloca um sorriso nos lábios.

– Eu duvido.

– Por que diabos você está rindo?

– Fleur é aliada do norte. Bem sabemos que Frömming poderia ser dividida em duas: Frömming do Norte e Frömming do Sul, porque nada nos conecta. Eu mando no norte, aqui ninguém te respeita, ninguém se submete a sua autoridade. Eu sou o rei do norte. Eu mando nessa merda!

Rebekah se levanta, ardendo de raiva, acertando um tapa estalado no rosto de Vincent, que ficou surpreso e possesso. Ele empurrou Rebekah, jogando-a contra a parede, fazendo um quadro de sombras cair no chão. O segurança puxou a arma do coldre e apontou para o rosto de Vincent.

– Ataque mais uma vez a rainha Rebekah e receberá um tiro na testa.

Ele ajuda a rainha a se levantar.

– Precisamos ir, minha rainha. Seu país precisa de ajuda.

Rebekah usa a mão dele para se levantar, mas depois se afasta.

– Vamos usar a sala de comunicação do Lorde Vincent, aposto que ele não irá se importar não é mesmo? - ela rosna. - Caso contrário, eu posso mandar executá-lo por desacato à Coroa.

+++

Katerina recebeu a notícia.

– Me conecte com as ruas de Frömming - ela pediu para Francis, que começou a apertar botões e ligou os monitores, dando espaço para as reportagens fluírem.

Estava tudo destruído. Prédios em ruínas, a fumaça preta tomando conta do ar, pessoas com fuligem no rosto, sangue e carne expostos, mortos sendo carregados em macas por pessoas feridas, mas que conseguiam ficar de pé. Havia outros corpos que não eram nada além de ossos. Pessoas choravam quando encontravam alguém conhecido, as pessoas se amontoavam ao redor dos jornalistas para gritar com eles, dizendo para respeitar o luto das pessoas. O quebra-quebra começou quando um homem usou um pedaço de pedra e a atirou contra a lente de uma câmera.

– Estão todos mortos! - um homem fala, indignado, o rosto uma mistura de sangue, fuligem e lágrimas. - Eles acertaram um hospital comunitário! Pessoas em coma, pessoas que estavam se curando, pessoas que estavam visitando seus parentes, seus amigos! Hoje, faz exatamente trinta anos que a Grande Guerra acabou. Do jeito que as coisas estão, nós começaremos outra.

A mulher retoma a reportagem, agradecendo ao homem pelo testemunho. Katerina continua observando a destruição ao fundo. Seu pais, aquele pelo qual ela havia feito tanta coisa, aquele pelo qual ela desistiu do amor para cumprir seus deveres. Ela não conseguia acreditar que Fleur havia feito aquilo.

Joffrey sai da sala, sorrindo.

– O idiota aceitou - ele responde, se referindo à Andrew. Ele percebe o olhar de Katerina. - O que aconteceu?

– Fleur aconteceu. Ela está tão louca quanto Rebekah - ela sussurra e aponta para os monitores. - Olha o que aconteceu! Elas fizeram isso com o nosso país, Joffrey, com o país que eu cresci, o qual eu amei a minha vida toda...

Joffrey a puxa para um abraço quando vê as lágrimas nos olhos dela. Katerina fecha os olhos, tentando focar em outra coisa, mas não consegue. A dor, a destruição, a guerra, mais iminente do que nunca.

– Eu não posso ficar morta por muito tempo - ela sussurra, ainda nos braços do pai.

– Temos um acordo com Andrew. Não podemos quebrá-lo.

Ela se afasta apenas o suficiente para olhar para ele.

– E o que eu devo fazer?

Joffrey passa os dedos pelos cabelos ruivos de Katerina e volta os olhos para os monitores.

– Nesse momento vamos seguir com o nosso plano. Vou anunciar para o mundo que você está morta e então Andrew, o causador dos motins, falará para seus novos amigos-companheiros pé rapados causarem revoltas, levantes e etc. Faremos o maior barulho até Rebekah ser deposta.

– Não seria mais fácil simplesmente tirar Rebekah? - Francis intervém pela primeira vez.

– Katerina é a herdeira direta. Com ela morta, vem Rebekah, depois Andrew - ele fala com uma suavidade extrema e surpreendente. - Apesar de ter feito muitas coisas erradas nessa vida, nunca mataria um dos meus três filhos.

– Mas matou uma mulher que deixou três órfãos - Francis resmunga.

Katerina não sabe como lidar com essa situação e parece que Joffrey também não. Afinal, quando ele pensou que o filho de uma das suas vítimas seria o namorado da sua própria filha?

– Rebekah não foi preparada para assumir o trono - Joffrey decidiu fingir que não havia ouvido o comentário de Francis. - O poder subiu na cabeça. Ela não é uma pessoa má, nunca foi, apenas não sabe lidar com isso.

Ele olha para Katerina.

– Rebekah precisa de ajuda.

– Como vamos ajudar alguém que não quer ser ajudado?

– Primeiro vamos fazer ela ser deposta. Quando o povo estiver com raiva o bastante, Andrew surge como uma alternativa. Depois, você volta.

– Eu só quero pedir uma coisa - Katerina fala, sem nem pensar nas consequências ou no que Francis pensaria.

– Qualquer coisa.

Depois de tudo que aquela desgraçada havia feito, Katerina não a deixaria escapar e muito menos ser apenas presa. Ela merecia mais, algo bem mais doloroso.

– Eu quero matar Fleur.

+++

Joffrey ajeita o último botão do seu paletó e senta na poltrona branca do Imperador. A repórter senta ao seu lado e eles entram ao vivo.

No quarto, Katerina e Francis veem a entrevista enquanto comem porcarias.

– Que papo foi aquele de matar Fleur?

– Ela fez muitas coisas ruins para mim e para o meu país.

Ela olha para Francis.

– Eu entendo que Melanie queira matar Vincent, depois de tudo que ele fez para ela. Eu deixo ele para ela, mas não abro mão de matar Fleur.

Ela coloca um pedaço de chocolate na boca.

– Por causa dela Erik está morto, por causa dela eu estou longe do meu filho e por causa dela meu país está despedaçando. Ela bombardeou Frömming - ela olha para ele de novo. - Duas vezes!

– Ela vai pagar, mas não precisa ser pelas suas mãos.

– Mas eu quero! Eu quero matar ela, Francis. Como eu nunca quis. Eu nunca senti tanta vontade de matar alguém.

– Eu só não quero que a morte pese em você. Você é uma pessoa boa, Kat, um coração generoso. Eu não quero que você mude.

– Eu não mudei, eu amadureci.

Ela suspira.

– Não vou me tornar uma serial killer, Francis. Vou apenas vingar aqueles que morreram por causa dela.

Em uma das salas de estar, Joffrey conversa com a apresentadora.

– E quanto à Katerina, sua sobrinha? - ela pergunta. - Depois da terrível morte do rei Erik, que Deus o tenha, ela desapareceu, o bebê também. O que aconteceu com ambos, afinal?

– O bebê está em segurança - Joffrey garante. - Katerina precisava espairecer, afinal ela perdeu o marido e o trono no mesmo dia, nada que se compare, mas é verdade. Ela viajou, mas...

Ela deixa mistério no ar. Bem a cara dele, Katerina pensa.

– Mas o quê? - a repórter pergunta, curiosa.

– Mas algo deu errado e... - Joffrey olha bem para a câmera, os olhos marejados. Está na hora de revelar para o mundo, a hora de colocar em prática os seus planos. - É com pesar que eu anuncio que Katerina está morta.


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Notas finais do capítulo

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