Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 15
Breaking the Rules


Notas iniciais do capítulo

Estou com uma séria falta de criatividade. Sinto muito.



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Melanie acordou melhor do que estava quando foi dormir. Josh não estava ao seu lado, porém já era de manhã. O relógio marcava oito horas. Ela pensou em dar uma passada pelo refeitório e assim o fez, mas ele não estava lá. Passou até na enfermaria, mas nada. Antes que pudesse chegar a pensar em conferir se ele havia ido falar com Heather, deu de cara com Matthew e Hillary chegando no saguão do primeiro andar, na recepção com algumas malas.

Ela correu para abraçar seu velho amigo e depois deu um em Hillary. As duas conseguiram construir uma amizade, apesar de tudo que Vincent havia feito a ambas. Melanie achava que esse era o ponto: por mais que olhar para Hillary a lembrasse de Vincent, ela também havia sofrido nas mãos do cruel Senhor de Meurer e isso as unia.

– Como vocês estão?

– Bem, na medida do possível - Matt conta. - Hahle começou a bombardear Frömming ontem de noite. Caímos fora antes que a nossa ficasse na reta.

– Desde que Erik morreu, não havia como chantagear os Hallaya. Não sei como conseguimos ficar vivos por tanto tempo.

Ela olha fixamente par Melanie.

– Meu pai com certeza sabe algum podre.

Matt a olha como se ela fosse louca.

– E o que você pretende fazer? Se fingir de arrependida e se infiltrar?

– Sim.

Ele dá risada.

– É absurdo ser estúpida a esse ponto, Hill. Você acha mesmo que ele vai te aceitar assim?

Melanie olha para os dois com repreensão.

– Vamos para um lugar mais privado.

Depois de levá-los a uma sala de reuniões, Melanie sente as engrenagens do seu cérebro funcionarem aos poucos e depois trabalharem fervorosamente.

– Eu tenho um plano.

+++

Katerina observa em Cérebro Vincent e Fleur conversando pelo monitor, Melanie falando com a filha de Vincent e outro rebelde... tudo parecia monótono demais até que ela o viu. Joffrey.

Pálido e com olheiras, debruçado sobre uma foto dos dois que foi tirada no dia do seu aniversário de vinte anos, momentos antes de ela discursar e levar um tiro dos rebeldes com quem ela está mancomunada agora. Tudo parecia tão surreal.

Joffrey estava chorando. Ela nunca havia o visto em situação tão deplorável. Ela nunca imaginou que Joffrey fosse capaz de chorar, não daquela maneira, ainda mais por ela. Sabia que ele se importava, mas a maneira como ele sussurrava o seu nome em meio aos soluços... ele parecia completamente desolado e estava ficando sem ar. Naquele momento Katerina teve certeza que ele a amava.

Vê-lo daquele jeito quebrou seu coração e ela tomo uma decisão: ignoraria o protocolo e se comunicaria com Joffrey. Diria que está viva.

+++

Rebekah foi convidada para várias entrevistas, mas decidiu ir para o norte, assim daria uma olhada por lá e já encontraria com Vincent para discutir alguns negócios.

Quando chegou, ela foi vacinada contra a Praga antes mesmo de descer do avião particular.

Foi para o hotel, onde Herbert Duninghan foi visitá-la pelas sete horas para eles conversarem antes da entrevista.

Herbert tem cabelos grisalhos e olhos extremamente azuis. Ele é alto, com a pele pálida e com alguns pés de galinha na região dos olhos. Parecia ter seus quarenta e poucos anos, talvez cinquenta.

Oito e meia da noite os câmeras chegaram bem quando as criadas haviam terminado de arrumá-la. Rebekah usa um vestido amarelo comprido de rendas na região da clavícula até os seios e de mangas compridas com renda também. Ali era tão frio. No sul já nevava, no norte então... mesmo com o aquecedor ligado, ela tremia de frio e pediu para ligarem a lareira.

A lareira ali não era elétrica. Era antiga, rústica, à base de madeira, formada por rochas e tijolos avermelhados. O crepitar do fogo a deixa com sono.

Nove horas, todos estavam em seus lugares. Havia começado.

– Boa noite a todos - Herbert cumprimentou o público pelas câmeras. - Vocês devem ter percebido que hoje não estamos no estúdio, porque é uma entrevista especial. Estamos ao vivo com Sua Majestade Rebekah.

Ela sorri para ele, assentindo com a cabeça.

Ele começou com perguntas leves, como estratégias políticas para os próximos anos, melhorias e etc. Porém, é claro que chegaria a hora.

– Então... uma questão polêmica foi a morte do seu marido. A senhorita, se é que posso chamá-la assim agora, poderia nos contar alguma coisa?

Sim, ela diz a si mesma. Eu não sou mais casada. Sou senhorita novamente.

– Bom... eu fui criada para abrigar os amigos e perdoar dívidas e pessoas e até algumas traições contra mim por um bem maior. Porém Alek traiu a nação, compartilhando segredos com rebeldes e passando informações sobre a segurança interna. Isso não é algo que se possa perdoar.

– Mas a senhorita não chorou durante a execução. Pelo contrário, quebrou o protocolo e atirou no seu marido.

– Porque qualquer sentimento que eu tenha tido por ele morreu quando descobri sua traição contra o meu povo - ela respira fundo. - Sabe, Herbert, quando você tem um país para governar, você tem que escolher um cônjuge que saiba lidar com isso e que a ajude, porém é claro que sempre há os que deixam o poder subir à cabeça. Há pessoas que simplesmente não nasceram para ser da realeza.

– Entendo... creio que o povo entenderá essa ação de amor.

– Amor e sacrifício - ela completa. - Não é fácil abrir mão de alguém que você gostou por tanto tempo para um bem maior, mas eu creio que a morte de Alek sirva de lição para que todos saibam que eu defenderei o meu povo e os meus princípios até o fim.

– Depois do seu casamento houve todas aquelas revelações, a queda da rainha Katerina, o incêndio que matou figuras ilustres com o rei Erik e o pai do rei Heron, Jacques Hallaya. Também houveram vários feridos e depois desse cruel ataque vários países enfrentaram as revoltas populares. O que a senhorita tem a dizer sobre isso?

– Eu creio que seja natural. No caso de Frömming, por exemplo, o povo esperava que Katerina reinasse juntamente com Erik e depois seu filho e os filhos de seus filhos... mas quando há uma reviravolta como essa, é natural ficar confuso. Só que as revoltas podem estar sendo um tanto equivocadas, porque ninguém dentro do meu reinado causou o incêndio, pelo contrário, estamos abrigando feridos em nosso palácio até hoje. Esse ataque cruel e que causou danos irreparáveis foi causado pelos rebeldes e já há medidas para contê-los e aos seus ataques.

– Que medidas são essas?

– Eles ameaçam não só a vida da família real e da Corte, mas também a do povo sulista. Eu pretendo erradicar com qualquer um que ameace-nos.

Erradicar. Estava óbvio o que ela queria dizer: a morte.

– Pretendo ter uma reunião também com o Senhor de Meurer e com os demais lordes sobre a Praga que assola o norte por tantos anos e quero progamar tudo para que medidas mais populares sejam tomadas.

– Medidas mais populares?

– A queda radical dos preços da cura, é claro.

Isso chamaria a atenção de Vincent para ela. Era o suficiente.

+++

Jean-Pierre se ajeita no trono. Odiava aqueles ornamentos em ouro que incomodavam o traseiro.

A verdade é que sua conversa com Henry não lhe saia da cabeça. Aquilo o perturbou de uma forma desigual.

Foi até a sala de comunicação e entrou em contato com Las Mees. Alison estava na sala de comunicação do outro país, por acaso. Ou seria o destino? Ela sorriu de forma estranha para ele, como se soubesse de suas desconfianças. Como se tivesse assumindo a sua culpa.

– Quero que você e o seu irmão venham para casa.

– Eu sou a rainha, pai. Não posso.

– Eu insisto.

Alison achava que era a hora de contar.

– Pai, eu estou grávida.

Silêncio. Jean-Pierre que poderia ter ido até a Lua e voltado.

– Amanhã é o aniversário da morte da sua mãe. Já que Francis não estará conosco, eu quero meus outros filhos aqui.

Não havia como recusar. Jean-Pierre sabia disso, Alison também.

– Avisarei as criadas para arrumarem nossas coisas - ela anuncia. - Partiremos pela manhã.

+++

Katerina contou a Francis sobre o seu plano quando ele foi vê-la em Cérebro.

– Kat, você sabe o que eu acho...

– Sim, ele já fez muito mau para as pessoas, mas para mim ele só fez o bem. Ele é o meu pai, Francis. Ele merece saber a verdade.

– E a sua mãe? Você acha que ela não merece saber também?

Sua mãe... Katerina não havia pensado nisso. Era mais fácil para o seu pai disfarçar. Sua mãe sempre foi muito sentimentalista e não estar estarrecida poderia colocar tudo a perder.

– Joffrey sabe manipular melhor as pessoas. Ele conseguirá segurar a informação.

– Você não confia na sua mãe?

– Você não entende... - ela balança a cabela. - Ela...

A verdade é que Katerina esperava que Harriet não reagisse bem. Ela espera que a mãe sentimentalista apareça, a emotiva. Acontece que suas lembranças de infância são apenas fragmentos. Ela ficou menos de um ano com a mãe depois de anos separadas. Era demais para ela.

E Joffrey... a sua vida inteira confiou tudo a ele. Absolutamente tudo. Ivna não era exemplo de nada que não fosse amargura e desprezo e Joffrey era tudo o que a ruiva teve a vida toda.

– Eu não sei como ela vai reagir. Eu tenho flashes da mãe que ela costumava ser, mas vê-la depois de tantos anos foi algo meio irreal e... eu não sei, é como se ela não fosse a mesma mulher que eu chamava de mãe anos atrás.

– Eu sei que deve ser difícil. Eu não consigo imaginar como reagiria se a minha mãe aparecesse do nada, viva. Provavelmente eu ficaria muito feliz, porque eu amo a minha mãe que eu pensei estar morta e que agora nós poderemos recomeçar a nossa história. Porém eu sei que ela não viverá novamente. Inclusive amanhã é o dia de sua morte e não estar lá para visitá-la, depois de tantos anos nessa mesma rotina, me entristece e me irrita.

Katerina tenta se colocar no lugar de Francis. Como seria amar a filha do assassino de sua mãe? Ela mal conseguia pensar nisso.

– Acontece que você perdeu sua mãe uma vez - ele continua - e agora é ela quem está te perdendo. Perder um filho é mais doloroso do que perder um pai. Vai contra todas as leis da natureza.

Katerina entendia isso. Seu pequeno Erik não estava morto, graças a Deus, mas estava longe dela e chamando Hana de mãe. Ela pensava se quando o tivesse novamente em seus braços, ele a reconheceria de alguma forma. Ela se perguntava se um dia ele se acostumaria com ela e a amaria. De certa forma, ela havia o perdido também. Por um determinado tempo, mas ainda assim... seus primeiros sorrisos, o nascimento dos seus dentinhos, ele engatinhando, suas primeiras palavras, seus primeiros passos...

– Eu sei, só... me deixe fazer isso do meu jeito, tudo bem? - ela caminha até ele e o beija devagar. - Eu gosto muito de você, Francis, mas quanto a minha vida e a minha morte, cuido eu.

+++

Ivna sorri para a filha assim que a entrevista é dada como encerrada.

– Muito bem, querida. Você foi muito bem.

– Mãe... - ela a puxa para um canto. - E se o povo não gostar da morte de Alek? E se eles me matarem?

– Eles não farão isso, querida. Eles a temem.

– Era exatamente isso que Alek disse que eu deveria fazer... eles me temerem.

– Alek está morto. Pare de pensar nele. Você quis matá-lo e assim o fez, se fosse para se arrepender que nem tivesse cogitado a ideia.

– Eu sei aguentar o peso de uma morte. Eu vou lidar com isso, mas... - lágrimas lhe enche os olhos. - Eu o amava.

– Você o amou porque é jovem e nunca conheceu outro homem. Tenho certeza que vai encontrar um novo amor.

– Mãe, mas é diferente... a maioria das garotas se lembra do primeiro amor com ternura e as vezes até com um pouco de raiva revestindo o amor, mas eu... eu vou lembrar do meu primeiro amor jogado no chão, sangrando por um ferimento à bala que eu causei!

Ivna então vê o que não queria: a filha é apenas uma adolescente. Dezoito anos, rainha e viúva. O que ela havia criado? Colocar Rebekah no trono havia sido um erro.

– Você disse que conseguiria suportar isso, mas eu estou percebendo que você é mais humana do que eu ou o seu pai jamais fomos. Não sei a quem você puxou.

– Ser humana é um problema?

Ivna toca o rosto da filha devagar.

– No mundo em que vivemos, querida, principalmente sendo a rainha, pode ser a sua ruína.

+++

Matthew continua a encarar Hillary como se ela fosse uma lunática.

– Você está louca.

– Eu estou completamente sã. O plano vai dar certo.

– Hill irá pela noite. Chegará na mansão Fieldmann pela madrugada - Melanie fala. - Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar tempo. Quando descobrirem que minha irmã está morta, o mundo virará de cabeça para baixo.

Matt se retira da sala, deixando Hillary arrumando as malas enquanto Melanie a encara de braços cruzados.

– Você realmente quer fazer isso?

– Eu preciso. Apesar de tudo, ele é o meu pai. Quero ver com os meus próprios olhos se não há redenção para ele antes dos rebeldes bombardearem Meurer.

– Você irá só se decepcionar mais, Hillary.

– Não, ele... ele é bom para mim. Sempre foi.

Ela não olha para Melanie.

– Não há como você entender, mas... não tem como explicar agora. Eu simplesmente preciso.

Melanie assente.

– Se você acha que assim deve ser...

– Sim. A minha vacina contra a Praga vencerá daqui duas semanas. Se eu não for agora, nunca mais poderei ir.

– Então volte assim que possível.

Hillary assente.

– Hum, Hill... será que você consegue ter notícias do meu irmão para mim?

A garota de olhos azuis sorri.

– Claro. Tem mais alguém lá que você conheça?

– Bom, tem uma garotinha, ela é ruiva e... ela é amiga de Christopher. Ela foi muito gentil e toda vez que seu pai me manteve prisioneira era ela quem me mantinha inteira. Era a minha conexão com o mundo lá fora.

– Quem é ela?

Não havia problema em Hillary saber. Estava na hora de seu segredo ser revelado. Ela não podia mais esconder isso. Além do mais, se a visse, Hillary a reconheceria imediatamente. Apesar dos cabelos ruivos que puxou do falecido avô, ela lembrava muito Melanie e Josh.

– Seu nome é Luna. Ela tem quatro anos - Melanie suspira. - Ela é minha filha.

+++

O mundo de Joffrey havia virado de cabeça para baixo. Katerina, sua filha mais amada, o odiou e fugiu meses atrás e agora está morta. Anne, sua amante e espiã, o traiu e fugiu. Ivna, sua esposa, está manipulando Rebekah, sua filha, que por sua vez está mais desequilibrada do que nunca. Sem contar Harriet que não dava notícias desde que Katerina foi embora com os rebeldes e ela se estabeleceu em Las Mees com Petrus e Branka.

Parecia que as mulher de sua vida haviam se rebelado contra ele.

Ele pensou em Harriet. Lembrou-se que ontem era seu aniversário. Como ele contaria a ela que a sua filha mais velha havia morrido no dia em que ela nasceu?

Respirou fundo e pensou, passando as mãos pelos cabelos, nervoso. Pensou nas palavras que deveria usar cuidadosamente, sem sorrisos por vê-la e nem muita demora. Lembrar de Katerina fazem seus olhos arderem e ele se obriga a mantê-los fechados até recobrar o controle do seu corpo.

Ele estava cansado de chorar pela morte da filha.

Ontem havia se entregado à dor e a tristeza. Havia desejado a própria morte, sua vida em troca da vida da filha. Depois um desejo de vingança ascendeu dentro dele e seu cérebro começou a arquitetar planos para bombardear o esconderijo dos rebeldes. Hoje não havia nenhum dos dois e nem um outro tipo de emoção dentro dele. Não havia nada. Simplesmente queria contar a Harriet, confortá-la, recuperar o corpo da filha e enterrá-la no cemitério do Palácio Archiberz, onde uma verdadeira rainha deve ficar depois de partir.

Ele fez contato com Las Mees. Petrus estava lá. Ele quase desligou na cara de Joffrey.

– Espera!

– O que você quer?

– Eu preciso falar com Harriet.

– Você quer que eu diga a lista em ordem alfabética ou por parentesco das outras milhares de pessoas com quem ela preferia falar nesse momento?

– Sem ressentimentos, Petrus. É importante.

– O que quer que seja, irá esperar.

– É sobre Katerina.

Seu semblante mudou.

– Katerina... como ela está?

– Chame Harriet.

Depois de alguns minutos, ela apareceu. Cabelos ruivos quase castanhos claros levemente ondulados nas pontas, a parte lisa da frente presa para trás com presilhas prateadas, os grandes e claros olhos azuis esverdeados contrastando com o vestido azul bebê, os lábios finos e avermelhados, o nariz longo sempre lhe trazendo um ar de nobreza, as maçãs finas do rosto a deixando magra, o sorriso branco e brilhante... ela estava tão parecida com Harriet que ele se lembrava.

Deus, como eu amo essa mulher, ele diz em pensamento.

Seu peito deu um pulo quando ela abriu os lábios e as palavras frias saíram deles:

– Algum problema com Katerina?

Deus, como eu queria tocar aqueles lábios naquele momento...

Joffrey tosse e se concentra na imagem de Harriet. Precisava prepará-la.

– Eles sempre iriam ameaçar a vida dela.

– Eles quem?

– Ela sendo rainha ou não, eles viriam atrás dela e fariam de tudo até pararem-na. Porque ela era forte, mais forte do que qualquer outra rainha seria. Ela puxou isso de você, Hattie.

– Ela era? Por que você está usando o tempo no passado? É como se... - um calafrio percorre a sua espinha. O véu cai e a realidade toca o seu rosto com uma brisa fria e sombria. - Não. Não pode ser...

– Nossa filha, Hattie... Nossa Katerina... ela está morta.

+++

Vincent bufa.

– Cara, você não disse que ia arrumar isso para mim? Eu devia ter chamado um especialista, alguém de confiança. É isso que dá confiar em pobre.

– Eu estou fazendo o meu melhor - Derek rosna. - Acontece que você me envenenou.

– Eu fiz o favor mantê-lo na minha casa por pedido de sua irmã. Não está satisfeito? Prefere apodrecer no casebre em que você nasceu?

– Eu preferia estar com a minha família.

– Luna é sua família. Melanie e Valentina estão em uma guerra, seu pai está morto e há uma garotinha esperando pelo tio.

– Por que você está fazendo isso? - ele pergunta. Mantendo a mim e Luna aqui. Você não deveria me jogar em um beco qualquer junto com outros doentes para morrer? E ela... ela nem é sua filha.

Ele olha para o porta-retrato em cima da sua mesa. A pequena Luna, ruiva, sorrindo. Uma criança tão inocente...

– É como se fosse.

Derek se levanta, ajeita para que o homem não desconfie de nada.

– Pronto. Seu monitor está novo.

– Com os gastos com a guerra, não podemos nos dar ao luxo de jogar dinheiro fora. Você pode ir, Declan.

– É Derek.

Vincent sorri diante daquilo. Ele lembrava tanto Melanie...

Em seu quarto, Derek também sorriu e pegou a tela de vidro que escondia debaixo do travesseiro. Uma cortesia do seu pai. Havia hackeado todas as câmeras da mansão e o sistema de computadores, que estavam diretamente conectadas com os monitores da sala de comunicação. Como o monitor-chefe estragou, Derek o concertou e seu novo molde o liga diretamente com o tablet em seu quarto. Tinha acesso a tudo. Assim poderia arquitetar um plano para fugir com a sobrinha daquele hospício.

+++

Katerina se posiciona diante de Cérebro e respira fundo. Seria difícil? Sim, seria, mas era necessário confiar. Apesar de todas as coisas horríveis que tinha feito, Joffrey ainda é o pai dela. E, mesmo com tudo isso, ela sentia que não conseguia odiá-lo. Ela tentava, mas seu ódio que se sentia por Rebekah, Fleur ou o ódio que sentiu de Jacques Hallaya quando o matou. Ela nunca havia se sentido daquele jeito e, admitia apenas para si mesma, havia gostado de se sentir assim.

Ela nunca pensou que pudesse ser uma assassina, mas parece que estava no seu sangue.

Katerina ajeita um fio rebelde de seu cabelo para trás da orelha e olha para o monitor maior de Cérebro.

– Joffrey Archiberz - ela o identifica. - Moscou, Rússia.

Alguns minutos depois, a imagem de Joffrey aparece na enorme tela.

– Eu espero que sejam boas notícias, Valentina, porque...

Ele trava quando vê que quem o chamou não era Valentina.

– Impossível.

Ela sorri desajeitadamente. Uma alegria a invade, enquanto a primeira emoção de Joffrey é a incredualidade, a surpresa e então a negação.

– Mas... você... Katerina, você estava morta...

As lágrimas enchem os seus olhos e escorrem. Katerina havia o visto chorar daquela forma apenas mais cedo, quando estava se debulhando em lágrimas em cima da foto dos dois.

O alívio o enche e um enorme sorriso brota em seu rosto. Um sorriso verdadeiro, cheio de carinho e ternura. Cheio de amor.

– Eu queria estar aí para te abraçar nesse momento, Katerina.

Ela não consegue deixar de sorrir.

– Oi, pai.

+++

Vincent está em seu escritório, assistindo a entrevista de Rebekah e suas palavras finais o fazem rir. Diminuir o preço da cura... ela está maluca.

Os últimos acontecimentos haviam o surpreendido bastante e também o fizeram pensar mais sobre o seu passado e o que faria com o seu futuro.

– Você está certa, Fleur - ele diz para o monitor. - Devemos matá-la.

Ele ouve então o abrir da porta do corredor e interrompe a ligação. Quando a porta do seu escritório se abre, ele tem uma grande surpresa.

Um sorriso se forma em seu rosto.

– O bom filho a casa torna, não é mesmo?

+++

Os filhos de Jean-Pierre chegaram durante a noite. Alison o cumprimentou com um demorado abraço e Hector fez uma reverência debochada. Jean-Pierre percebeu quanto o filho do meio lembrava a si mesmo durante a sua juventude.

Depois do jantar, ele chamou os dois para o seu escritório.

Como poderia conversar sobre um assunto como esse? Não é algo que se discuta com seus filhos e... tudo parecia tão horrível para ele.

Imaginar que seus filhos, seus amados filhos, poderiam estar fazendo aquela nojeita sobre o seu teto por tanto tempo o fazia ter ânsia. Mesmo assim, se haviam boatos, é porque eles deram razão para isso.

– Há algo que eu preciso perguntar e... - ele não consegue encará-los, por isso começa a mexer nos papéis em cima de sua mesa. - Por quê?

O silêncio é mortal.

– Por que o quê? - Hector se pronuncia. Jean-Pierre sabia que seria ele.

– Por que vocês fizeram isso com a nossa dinastia? Como puderam macular a nossa linhagem dessa forma?

Lágrimas de ódio enchem os olhos azuis de um pai furioso. Os dois não respondem.

– Alison, me diga... o filho que você carrega é do seu marido ou do seu irmão?

+++

Josh encara a irmã de braços cruzados.

– E então?

Ela se vira de costas para ele, suas mãos encostam na barra da sua blusa azul clara manchada de sangue e ela a levanta.

– Ei, Heather... o que você está fazendo?

– Você não é meu irmão, Josh. Não precisa ficar envergonhado diante disso.

Depois de arrancar a blusa, ele vê.

– Ele fez isso? - ele pergunta, horrorizado.

Heather assente.

– É por isso que eu uso o Kalxifor duas vezes ao dia. Como eu estou presa aqui, não posso me curar.

– Mas isso... isso pode manter o nosso pai na cadeia para sempre.


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