13 Horas escrita por Lady Stardust


Capítulo 1
Capítulo Umnico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517997/chapter/1

"Eu desejo que os duendes te levem embora. Agora mesmo."

...

Lá estava ele, em seu castelo. Pálido. Entediado. A vida de Jareth era tédio antes de ela chegar. Antes dela, havia as ordens, havia os duendes... Até os bailes eram tediosos. Ninguém nunca o confrontava, e isso era o pior.

Mentiras... Vivia num mundo de mentiras e lisonjas, e estava farto.

E então ela apareceu, como se nunca houvesse faltado em sua vida. De um momento para o outro, ela era vital. Ela era sua vida.

Que vida vivia o Rei dos Duendes antes do chamado dela? Não lembrava... Nem se importava também. Por que no momento em que ela pronunciou as palavras, tornou-se seu mundo.

Sarah. Em seus pensamentos, em sua mente, em seu coração. Sarah estava em todos os lugares. Não adianta o quanto tentasse se esquivar; a garota adentrou Jareth para nunca mais deixá-lo, por que ele era uma criação dela. Mesmo senhor do Labirinto; mesmo senhor de seu próprio mundo; ela havia o criado.

Ele pertencia a ela.

“Não. Bobagem”; pensou. “Criança alguma me governará.”

Mas no minuto seguinte, já havia tomado a forma de uma coruja e voava em direção á casa dela. Obedecia ao seu chamado.

Ele, sempre de queixo erguido e corpo ereto, ele, o orgulhoso; estava aos pés de Sarah.

...

Lá estava ela, em pé no meio do quarto. Criança abandonada. Sozinha. Alma desesperada. Jareth via o potencial daqueles doces olhos verdes. Que bela rainha seria! Tão forte e majestosa!

O bebêjá deveria estar em seu castelo.

Do lado de fora da janela, pôde ver que ela chorava. Sentiu um ímpeto de matar o bebê em seu poder. Não fosse Toby, nunca sentiria aquilo que o queimava por dentro, aquecendo e queimando seus órgãos, esmagando e massacrando seu coração há muito frio. Amor? Maldito amor! Maldita criança! Não fosse o bebê, ele não iria sofrer, ela não iria aparecer e revirar o mundo de Jareth. Ele não seria submetido àquela dor.

Mas como aquele era o jogo dela, e ele era mais uma peça em seu tabuleiro, lutaria pelo bebê. Por que assim ela queria. Assim ela ordenava. Almejava uma aventura em sua vida, e a teria.

A coruja adentrou o quarto, e tomou forma de homem. Ergueu o rosto, usando o orgulho como escudo. Sentiu o medo e a admiração emanarem dela... Mas nada mais. Não havia amor ali. Mal sabia ela que, se não existisse, Jareth não existiria também. Mal sabia ela a ligação ali existente.

— Você é ele, não é? O Rei dos Duendes?! Eu quero meu irmão de volta, por favor, se não se importar...

Jareth sorriu e cruzou os braços.

— O que está dito, está dito.

— Mas... Não foi de coração! — Criança insolente! Bela e insolente! Ela mesma o havia colocado naquilo; com o poder de sua imaginação havia criado aquilo tudo, e agora depositava a culpa nele.

— Ah, não foi? Sarah... Volte para o seu quarto, e vá brincar com seus brinquedos e suas roupinhas... Esquece do bebê.

— Não posso...!

— Eu lhe trouxe um presentinho. — Jareth ergueu a mão, juntando os dedos, e uma bola de cristal surgiu sobre eles. Viu que os olhos de Sarah brilharam.

— O que é isso?— Curiosidade ali crescia. Ganância, talvez?

— Um cristal. É só isso. Mas se virar ele assim...— ele começou a mover as mãos, e o cristal começou a bailar sobre suas luvas.— E olhar para dentro, ele vai mostrar os seus sonhos... Mas ele não é um presente para uma garota comum que cuida de um bebê que grita.

Jareth parou o cristal e estendeu a mão. Seu olhar sobre Sarah era penetrante, perturbador, debochado.

— Você quer ele?— ele podia sentir que ela vacilava, e naquela fração de segundos, quase acreditou que seria diferente. Quase acreditou que ela aceitaria o cristal e com ele, seus sonhos. Quase acreditou que fazia parte dos sonhos dela, também.— Então esquece do bebê.

— Não posso... Não que eu não seja agradecida pelo que está tentando fazer por mim, mas eu quero meu irmão de volta! Ele deve estar com tanto medo...

Então, Jareth fez. Cumpriu com seu papel. Ele foi assustador. Disse que ela não era párea para ele, mas sabia que era mentira. Ele cumpriu com todas as expectativas dela.

Estavam agora do lado de fora; havia árvores desfolhadas ao redor e um vento forte castigava os dois.

Ele estabeleceu 13 horas para ela percorrer o labirinto e chegar ao castelo atrás da cidade dos duendes. Ofereceu-lhe o que mais queria.

Permaneceria com o bebê até que ela fosse buscá-lo.

Jareth sempre havia achado que o amor mais verdadeiro era o que sentia por si mesmo. Bobagem. Ao desaparecer naquela noite, deixando-a sozinha e determinada a percorrer o Labirinto, ele sabia.

Proporcionaria a ela viver o que sempre procurara nos livros de aventura. Sucumbiria aos pés daquela garota. Por que aquilo era amor. Doentio e peculiar.

Mas amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!