Decifra-me escrita por clarissa


Capítulo 17
Capítulo 17- A menina e a moça


Notas iniciais do capítulo

Eu sempre voltei. Mas agora vou de vez.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517931/chapter/17

    Há três anos, fui feita de mudanças de estilo, mentalidade e gostos. Fui feita do começo da maturidade, da noção de mundo, mas também, de problemas comigo mesma. E, não posso esquecer, fui feita de Cícero.

    Agora, enquanto o ouço cantar todas as músicas que marcaram meu ano de 2013, pouco a pouco as memórias que eu nem sabia ter, me vêm em mente. E então tenho calafrios, porque na época eu não era estável, e é como se eu revivesse tudo.

    Não sei o tempo exato que fiquei sem ouvir "Ensaio sobre ela", "Ela e a lata", "Vagalumes cegos" ou "Pelo Interfone", mas foi um período considerável. Sei disso porque sinto a saudade desmanchar e dar lugar à nostalgia em cada pedaço de mim.

    Entretanto, o tempo passou. E de 2013 para cá, mais mudanças ocorreram, como há de ser com qualquer ser humano com a mínima vontade de mudar. Nesse momento, por exemplo, não choro enquanto escuto toda essa poesia que já me é familiar. Se a eu de antigamente estivesse sozinha como estou agora, com esse tempo chuvoso, lágrimas certamente estariam escorrendo por suas bochechas.

    As bochechas dela não são mais as minhas, porque estas estão secas, muito obrigada.

    Mas não vou nem tentar negar: ainda sou vulnerável ao céu cinza, às nuvens carregadas e à queda de temperatura. Ainda amoleço pelo barulho de água caindo, de gotas batendo em telhados, portas e janelas. Preciso dizer que às vezes chovo assim como do lado de fora. São situações contáveis nos dedos, mas existentes.

    E é óbvio que, como alguém que escreve, palavras têm um efeito pesadíssimo sobre mim. Desfaço-me por aquelas em harmonia com sons, possuintes de um significado a ser descoberto. Às vezes podem ter, sobre mim, o mesmo efeito que a chuva.

    Uma vez, no carro com meu pai, ao olhar pela janela, comentei "Meu Deus, pai, que dia lindo!". Era uma manhã nublada. Ele me olhou torto e respondeu "O que? O céu tá fechado. Isso é melancólico. Não tem nada de bonito". Realmente, por dentro, depois de ouvir isso, qualquer beleza do dia havia desaparecido. Mas é óbvio que nuvens carregadas podem ser lindas, acolhedoras, e mais qualquer coisa boa que eu queria que sejam.

    Há subjetividade e beleza em tudo.

    Gostaria que eu soubesse disso há três anos. Mas sei que é pedir demais. Faz parte das fases da vida e toda aquela história de ser uma pessoa melhor, então eu aceito de bom grado.

     Agora tudo que sei é que quero paz. Quero ser mais leve do que tudo, seja em água, vapor ou gelo. Já passei por todos esses estados e não sei até hoje qual é o ideal. Provavelmente é mais uma das coisas que só o tempo pode me dizer. Como é clássico da moça que vos escreve, aguardo a resposta ansiosamente, torcendo para conseguir levar tudo com calma, como deve ser.

    Tempo Rei, seja bonzinho, por favor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E só.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Decifra-me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.