Eu agora vejo tudo com muita clareza. Infelizmente isso não é vantagem nenhuma, já que minha vida está uma bagunça agora e perceber como você só foi mais um erro meu, me deixa ainda mais pra baixo.

    Meu emocional nunca foi estável, e eu nunca fui boa em controlar meus nervos. Mas, até hoje eu não entendo bem como, você era a única capaz de me acalmar. Na ansiedade, na tristeza, na raiva.

    Mas é como dizem: depois de uma mentira, todas as verdades parecem falsas.

    Sinto como se não tivéssemos sido reais. Parece que faz anos, ao passo que me lembro de tudo como se tivesse sido ontem. Odeio isso. Queria não lembrar, e evitei sequer pensar em qualquer coisa que me remetesse a esse assunto nos últimos meses. Nunca mais escrevi sobre você, mesmo que (ainda é difícil de confessar isso) eu passasse um dia inteiro abrindo cada uma das milhares de gavetas com memórias nossas.

    Mas chegou a hora. Quando coisas se acumulam, elas pesam. Chega uma hora que dói, que tudo transborda. É aí que nos esvaziamos. Eu escrevo para me aliviar de tudo, e agora é necessário me esvaziar de você.

    Passei tempo demais querendo lhe evitar de todas as formas, mas de um jeito involuntário, acho que estava tentando lhe manter fora dos meus julgamentos, que acabariam com qualquer resquício de bom sentimento que eu tivesse por você. Mas agora eu percebo que não tem mais jeito. Eu não sei ao certo quanto tempo faz, porque não conto os dias, e nem lembro a data certa (mais uma coisa adquirida com muito esforço de ocupar minha mente com coisas diferentes), mas lembro que quando tudo terminou, você pediu que eu perdoasse, que pudéssemos ser amigas. Eu concordei, dizendo que levaria tempo.

    Mas não leva tempo nenhum. Não tem chance nenhuma aqui. Nos tornamos o que éramos há cinco anos: desconhecidas.