Family Business escrita por Raabe


Capítulo 4
Capítulo 3 - SOL E LUA


Notas iniciais do capítulo

"Como o sol e a lua
E o vento na rua
É impossível viver só
Como água na chuva,
A semente e a uva,
Como posso ver?
Como posso aprender
Sem alguém pra me dizer?
Amor,aqui estou pra você
Pra você...."

Baby's, ouçam a musica desse capítulo! É super apaixonante e Philinda! Beijos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517894/chapter/4

CAPÍTULO 2 – Sol e Lua (Khorus)

https://www.youtube.com/watch?v=whkzfTmPGKM

*New York - Quarenta e Três anos atrás*

Era um pátio escolar, bem movimentado, milhares de crianças corriam de um lado para o outro, umas riam, outras gritavam, outras brincavam, outras conversavam, era sempre assim, era o movimento normal de uma escola em horário de recreio.

Um garotinho de no máximo cinco anos andava pelo pátio, pele alva, olhos extremamente azuis e cabelo negro, parecia meio deslocado ali, em meio a tantas crianças... Não tinha amigos, as crianças ali tinham receio dele por ser sobrinho da Diretora, ninguém queria se aproximar...

Ele levantou os olhos, fazendo uma grande analise de todos os que se encontravam ali, até encontrar um rosto novo, que despertou sua curiosidade. Era uma garotinha chinesa, devia ter sua idade, o cabelo negro e comprido estava preso em uma trança. Ela estava sentada em um banco, abraçada as próprias pernas, olhando todo o movimento com expressão assustada.

Ele sorriu e se aproximou, sentando-se ao lado da menina, que se encolheu e afastou-se dele, totalmente assustada.

–Oi... Não tenha medo, não vou lhe machucar... Quero apenas lhe conhecer!-Ele disse

Ela se assustou mais e não falou nada, apertando mais ainda seus braços em volta de suas pernas.

–Não precisa ter medo... –Ele repetiu

Ela não disse nada.

–Como se chama?-Ele tentou

–NÃO SEJA TOLO PHILLIP, ELA É MUDA! NÃO FALA E NEM ENTENDE NADA DO QUE VOCÊ DIZ!-Um garoto gritou

–Eu não me importo que ela seja muda ou surda!-Ele disse

Ele tentou conversar com ela com linguagem de sinais, mas ela não lhe respondia. Ele fez uma carinha frustrada. Logo uma professora se aproximou e se sentou ao lado das crianças.

–O que houve Phil?-Ela perguntou

–Tia, ela não quer falar comigo... Sabia que isso é falta de educação? Não se ignora alguém que está tentando ser simpático! Eu falei com ela, mas ela não me disse nada... Disseram-me que ela é muda e surda, tentei conversar com ela com linguagem de sinais, mas ela não respondeu... Eu realmente tentei!-Ele disse indignado

–Ho querido! Ela não é muda e nem surda! Ela apenas não entende nossa língua! Ela veio de outro pais, a China! Ela não fala e nem entende nada em inglês! Tenha paciência querido, além de não falar nosso idioma, ela passou por um trauma muito grande, pouco antes de vir para nosso pais!-A professora disse

–Ho, então é por isso que ela está tão assustada! Ela só entende Chinês!-Ele disse

A professora sorriu e levantou-se, se afastando das crianças. Phil virou-se em direção a menina, que ainda estava encolhida e sorriu pra ela.

Nǐ hǎo... Wǒ de míngzì shì fēilìpǔ! Wǒ bù zhīdào nǐ tīng bù dǒng yīngyǔ...... Nǐ jiào shénme míngzì? (Oi... Meu nome é Phillip! Eu não sabia que você não entendia o inglês... Qual é seu nome?)-Ele disse em chinês

Os olhos da menina brilharam em entendimento, mas logo mudaram para raiva.

Guānǐ pì shì! (Não é da sua conta!)-Ela disse ríspida

Bàituō, wǒ bù huì shānghài nǐ de! Wúxū bù hǎo duìdài wǒ! (Por favor, não vou lhe machucar! Não precisa me tratar mal!)-Ele disse

Ele levou sua mão na intensão de tocar o braço dela.

Bùyào pèng wǒ! - Tā jiān jiào qǐlái. - Nǐ rènwéi shuí shì shìtú gǎnrén de wǒ ma? Bù huì shānghài wǒ, nàgè xiàohuà! Dōu bù téng! Méi rén kěkào chū hū wǒ de fùmǔ! (NÃO TOQUE EM MIM! - Ela gritou. - QUEM VOCÊ ACHA QUE É PRA TENTAR TOCAR EM MIM? NÃO VAI ME MACHUCAR, QUE PIADA! TODOS MACHUCAM! NÃO A NINGUÉM CONFIAVEL ALÉM DOS MEUS PAIS!)-Ela continuou

Bàituōle! Wǒ bùxiǎng ràng tā cǎn! Yǒu liánghǎo de rén zài shìjiè shàng! (Por favor! Eu não quero seu mal! Existem pessoas boas no mundo!)-Ele disse sentido

Nàlǐ! Bìngqiě tāmen shì wǒ de fùmǔ! Wǔwèi! Xiǎng bànfǎ TO ME shānghài wǒ!(EXISTEM! E ELES SÃO MEUS PAIS! SEU ESTRANHO! QUER SE APROXIMAR DE MIM PRA ME MACHUCAR MAIS!)-Ela gritou

Bù, wǒ bùxiǎng shānghài nǐ! (Não, eu não quero lhe machucar!)-Ele disse

Ela o ignorou e deu as costas pra ele, e saiu marchando em direção à sala de aula.

Wǒ bù huì fàngqì nǐ! Nǐ de yǒuyì! Wǒ háishì nǐ zhèngmíng, zài shìjiè shàng xǔduō hǎoxīn rén! (EU NÃO VOU DESISTIR DE VOCÊ! DE SUA AMIZADE! EU AINDA LHE MOSTRAREI QUE A MUITAS PESSOAS BOAS NO MUNDO!)-Ele gritou pra ela

Guójiā shuìwù zǒngjú ránhòu děngdài, yīnwèi lúntāi de jiǎo! (ENTÃO ESPERE SENTADO, PORQUE DE PÉ CANSA!)-Ela retrucou

Nisso ele passou toda a semana, tentando se aproximar dela, ganhar sua confiança e sua amizade, mas era difícil, pois ela sempre saia de perto muito irritada. Para tentar uma aproximação, ele até mudou de turma, pra a turma dela, ela ficou realmente furiosa com a insistência dele.

Era uma sexta feira chuvosa, as crianças tinham sido proibidas de sair no pátio, teriam que ficar dentro do colégio. Durante as aulas ela o ignorou, durante o recreio ela lhe deu um perdido, quando as aulas acabaram, ela saiu ligeira da sala, quando ele saiu da sala, a perdeu de vista em meio ao emaranhado de crianças. Era sexta feira, nas sextas ele ficava duas horas a mais no colégio, na companhia de sua tia, seu pai largava mais tarde nas sextas e não tinha quem fosse lhe pegar na hora certa.

Logo as crianças foram indo embora, pouco a pouco o colégio esvaziou-se, ficando apenas ele e os funcionários, ele ficou de frente ao pátio, coberto pela marquise, sentou-se ali no banco e ficou pensativo, enquanto olhava a chuva que caia pesada do lado de fora. Enquanto olhava, algo lhe chamou a atenção, era a olhinhos apertados, como ele a chamava. Ela estava em meio à chuva, encostada em uma arvore.

Ele largou sua mochila ali, tirou seu casaco e pôs-se a correr em meio à chuva, na direção dela. Quando chegou em baixo da arvore, viu que ela estava ensopada, seus olhos apertadinhos denunciavam o choro, sua calça de moletom estava suja de lama e tinha um rasgo na perna, na altura do joelho, onde ele podia ver o sangue escorrendo. Ele se compadeceu da situação da menina, sentiu seu coração se apertar no peito.

Lā xiǎo yǎnjīng, nǐ zěnmeliǎo?(Olhinhos puxados, o que houve com você?)-Ele perguntou

A chamava assim, pois ainda não sabia qual era seu nome.

Nǐ jiù xiàng suǒyǒu qítā rén! Zhǐ huì shānghài wǒ!(Você é como todos os outros! Só me machucam)!-Ela disse sentida voltando a chorar

Xī, lěngjìng xiàlái! Wǒ bùshì zhèyàng de! Shuí bǎ nǐ dǎ chéng zhèyàng?(Xi, calma! Eu não sou assim! Quem foi que fez isso com você?)-Ele perguntou

Huài nánhái!(Os meninos maus!)-Ela respondeu em meio às soluços

Tāmen huì huídá wǒ! Méi rén téng de xiǎo dōngfāng de yǎnjīng, ēnjiāngchóubào! (Eles vão se ver comigo! Ninguém machuca olhinhos puxados e fica impune!)-Ele disse serio

Ela apenas abraçou seu corpinho em meio ao choro.

Lěngjìng xiàlái! Wǒ huì zhàogù nǐ, xiǎo dōngfāng de yǎnjīng! Wǒ bǎozhèng, cóng xiànzài kāishǐ, méiyǒu rén yǒngyuǎn bù huì shānghài nǐ! Wǒ bù huì líkāi!(Se acalme! Eu vou cuidar de você, olhinhos puxados! Eu prometo que de hoje em diante ninguém nunca mais ira lhe machucar! Eu não vou deixar!)-Ele disse serio

Ela olhou pra ele, com seus olhinhos marejados.

Chéngnuò?(Promete?)-Ela quis saber

Wǒ bǎozhèng! Zhàogù hé bǎohù nǐ wǒ de yúshēng!(Prometo! Cuidarei e protegerei você pro resto da minha vida!)-Ele respondeu

Ela fez biquinho e o abraçou, escondendo seu rostinho no peito dele, ele era alguns centímetros mais alto. Ele apenas passou os braços ao redor dela, a apertando contra seu corpo. Depois que o choro cessou, eles caminharam para dentro do colégio. Na parte coberta, perceberam que estavam encharcados e enlameados, por sorte a mochila rosa dela tinha ficado em baixo da marquise.

Ele pegou a mão dela e juntos foram para a sala de Direção, onde encontraram alguns funcionários e a Diretora.

–Pelo amor de Deus, Phillip! Esta caindo o maior toró e vocês dois saíram nessa chuva torrencial!-A Diretora reclamou

–Desculpe tia Lucy! Alguns meninos levaram Olhinhos Puxados pra chuva por maldade! Eu fui atrás dela, e a trouxe de volta para o seco!-Ele disse

–Ho querido! Você tem um coração de ouro! Ainda bem que aqui sempre tem roupas e produtos de higiene, seus! Venham para um banho! Deixa eu te ajudar querida!-Ela disse chamando a menina

A menina, completamente assustada, se agarrou ao garoto, temendo aquela mulher desconhecida.

– Méishì de xiǎo yǎnjīng lā! Tā shì wǒ gūgū! Lù xī āyí yào zhàogù nǐ, suǒyǐ bùyào shēngbìng! Hé tā yīqǐ qù, tā shì zhídé xìnlài de! (Está tudo bem Olhinhos Puxados! Ela é minha tia! Tia Lucy quer cuidar de você para que não fiques doente! Vá com ela, ela é de confiança!)-Ele disse depositando um beijo na testa dela

Mesmo temerosa, ela foi com a mulher estranha, ela confiava em Phil. Pouco tempo depois ela voltou para a sala, tinha tomado um banho, seu joelho machucado tinha sido tratado, e agora estava usando roupas secas, verdade que elas eram masculinas, mas isso não lhe importava. Logo ela pode ver o garoto teimoso, agora ele estava devidamente banhado e vestindo roupas secas. Ele foi até ela e a abraçou, cheirando seu cabelo.

Wǒ bìng méiyǒu shuō xiǎo yǎnjīng lā? Yǒu hěnduō hěn hǎo de rén zài shìjiè shàng! (Eu não disse Olhinhos Puxados? Existe muita gente boa no mundo!)-Ele disse docemente

Ela sorriu pra ele. Ele simplesmente arfou, aquele era o sorriso mais lindo que ele tinha visto o sorriso largo, acompanhado de duas covinhas e os olhinhos puxadinhos mais apertados do que nunca.

Xièxiè fēi ěr! (Obrigada Phil!)-Ela agradeceu. –Gǎnxiè nín āyí duì wǒ lái shuō... (Agradeça a sua tia por mim...) - Ela pediu

–Tia Lucy, ela disse muito obrigado!-Ele disse

–De nada meu anjo!-Ela disse acariciando o rosto da menina. -O pai dela ligou... Ele disse que vai demorar pra vir pega-la, por causa de alguns imprevistos! Vê se não vão se molhar!-Ela continuou

Ele assentiu e juntos saíram da sala, foram até a parte de trás do colégio, onde suas mochilas estavam ele pegou seu casaco, pronto para coloca-lo na mochila, quando a viu tremer de frio. Logo, lembrou-se que o casaco dela estava molhado, com o casaco em mãos, caminhou até a menina e passou o tecido entre os braços dela. Ela sorriu agradecida, quando fechou o casaco.

Ele pegou as duas mochilas e as colocou em um cantinho, logo se sentou no chão, com as costas na parede, ela sorriu e fez o mesmo, se sentando ao lado dele e deitando sua cabeça no ombro do mesmo, ela estava cansada e sonolenta.

Suǒyǐ, xiǎo yǎnjīng lā... (Então Olhinhos Puxados...) - Ele começou

Méilín dá! (Melinda!)-Ela o interrompeu

Zěnme yàng? (Como?)-Ele perguntou

Méilín dá! Wǒ de míngzì shì méi lín dá qiào liǎn wǔ yuè! (Melinda! Chamo-me Melinda Qiaolian May!)-Ela respondeu

Ele sorriu.

Zhè shì yīgè měilì de míngzì! Bù gūfù tā dì měilì! Méi lín dá shì wǒ tīngguò de zuì měilì de míngzì! (É um lindo nome! Faz jus a sua beleza! Melinda é o nome mais lindo que já ouvi!)-Ele disse suave

Ela corou completamente envergonhada.

Xièxiè! (Obrigada)!-Ela agradeceu

Shénme! Wǒ de míngzì shì fēilìpǔ·kù ěr sēn, dàn nǐ kěyǐ jiào wǒ fēi ěr! (De nada! Chamo-me Phillip Coulson, mas pode me chamar apenas de Phil!)-Ele disse

Fēilìpǔ yěshì yīgè měilì de míngzì! (Phillip também é um lindo nome!)-Ela disse com um bocejo

Essa foi à vez dele corar.

Fēicháng lèile ma? (Muito cansada?)-Ele perguntou

Ela apenas assentiu, com os olhinhos puxadinhos quase se fechando.

Lái, zuò zhè'er! Wǒ huì zhàogù nǐ shuìjiào! (Vem, senta aqui! Vou cuidar de você durante o sono!)-Ele disse batendo em suas pernas

Ela sorriu e se sentou de lado, nas pernas dele, logo apoiou sua cabeça no peito dele. Levantou seu rosto para olha-lo e encontrou os olhos dele olhando admirado, seu rosto, rapidamente seus lábios se tocaram em um leve selinho, um gesto de inocência entre duas crianças de cinco anos.

Logo ela se aconchegou melhor nos braços dele e fechou os olhos, ele passou os braços ao redor dela, a apertando contra si. Então começou a cantarolar a melodia de uma canção de ninar que sua mãe lhe cantava. Não demorou e a menina ressonava em um sono pesado, aconchegada no colo dele. Ele sorriu.

Wǒ huì yīzhí zài zhèlǐ! Wǒ huì shì nǐ de bìfēnggǎng, wǒ jiāng shì yīgè kūqì de jiānbǎng! Wǒ jiāng suíshí zhǔnbèi zhàogù hé bǎohù nǐ, wǒ měilì de méilín dá wǔ yuè! (Eu sempre vou estar aqui! Serei seu porto seguro, serei um ombro para chorar! Estarei sempre pronto para cuidar e proteger você, minha linda Melinda May!)-Ele sussurrou

E então depositou um beijo no topo da cabeça dela. A trazendo mais para si, e com um sorriso no rosto, ele fechou os olhos, em poucos minutos, ele também ressonava, com um sorriso nos lábios, não sabia, mas em seus braços estava sua razão de viver, a mulher da sua vida.

Duas horas depois, o casal May chegou à escola para pegar sua única filha, ao mesmo tempo, Willian Coulson chegou para buscar seu único filho. Com a ajuda da Diretora, o casal e o pai "bateram” a escola atrás das crianças, até encontra-las naquela linda situação.

..............x............


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!