P.O.V Lisa

Estou tão feliz cara! Tão, tão, tão, tão feliz! Não consigo descrever como me sinto ao saber que minha tia me escolheu como madrinha de sua filha, isso mesmo, uma garotinha irá nascer daqui um mês!O tempo passou tão rápido, meu primeiro ano em Vancouver praticamente voou. Já estamos em Agosto eu praticamente estudei 90% desse tempo!

– Lisa, eu estou tão gorda. – Reclamou minha tia cutucando a barriga. – A pequena Esmeralda vai ser uma bolinha.

– Ela será linda, tia. – Tranquilizei. – Eu queria tanto participar do parto, minha mãe estaria no lugar do pai e eu estaria lá para falar palavras de apoio.

– Palavras de apoio? – Riu. – Você nem sabe o que é isso garota.

– Claro que sei, mas seria engraçado ver você ficando puta com os médicos. – Ri junto dela.

– Esmeralda vai nascer no meio de setembro pelo que o médico disse.

– Eu queria poder pegar um avião para conhecer minha afilhada e prima. – Fiz um bico. – Malditas provas.

– Prometo te mandar fotos dela assim que puder, você vai ver, ela será o bebê mais bonito que você já viu Lisa!

Minha tia mudou muito durante a gravidez. Além de ter ficado super gorda e seu corpo estar inchado, cortou os cabelos, os fios negros que batiam no meio das costas agora batem um pouco a baixo dos ombros. Nesses últimos meses anda super feliz, a tristeza que estava no início por causa do abandono foi embora assim que soube o sexo definitivo do bebê. Mamãe me disse que ela herdará apenas o sobrenome de nossa família, a pequena Esmeralda Marie. Tudo bem que eu queria que o nome fosse “Lisa Segunda”, mas ninguém concordou comigo, acreditam?!

– Como você acha que ela vai ser? Parecida comigo ou com o outro? – Questionou.

Agora Belle não está tão pressionada em relação ao Max. Não gosta de falar sobre ele, mas não fica tão magoada. Estive pensando na filha de minha tia, se ela vai se parecer muito com o pai, pois se isso acontecer acho que será um problema, sempre que Isabelle olhar para ela se lembrará do Max.

– Não sei, mas se puxar a mãe está fudida, coitada. – Brinquei mostrando a língua.

– Palhaça, tomara que não os genes da prima ou eu que estarei fudida. – Fez cara de bunda para mim.

– Seu apartamento já foi arrumado para abrigar um bebê? – Perguntei.

– Claro, estou cuidando disso direitinho. – Sorriu. – Sua mãe e William estão ajudando muito nisso.

– Por falar nisso, como vão os dois?

– Ah! Espera um minuto. – Pediu saindo de frente do webcam.

Fiquei esperando que ela aparecesse novamente, mas em seu lugar veio minha mãe.

– Mãe! – Falei sorrindo. – Que saudade que estou de você.

– Também minha filha, o Caleb vem cuidando bem de você? – Usou seu tom fraternal.

– Sim, mamãe. – Ri. – Como vai a vida em N.Y? Animada?

– Estão tudo as mil maravilhas Elizabeth. – Essa mania ainda não acabou. – Tenho uma novidade!

Mostrou sua mão direita para mim, nela estava um anel dourado com um pequeno diamante nele.

– Isso é um... – Arqueei a sobrancelha.

– Um anel de noivado! – Abriu um sorriso radiante. – Will fez o pedido ontem a noite. Elizabeth, foi tão lindo!

Pelo visto, o projeto de príncipe a levou para jantar no café onde eles se conheceram e tocou a música que tocou naquele dia. No final da canção ele pediu na frente de todos, a mão de minha mãe. Clichê? Sim. Se eu queria estar perto para ver? Sim.

– Meus parabéns mãe, então a partir de hoje ele é meu padrasto?

– Tudo bem que ele já era, mas sim! – Soltou um grito fino. – Elizabeth, eu estou tão feliz! Não acreditaria o quanto eu sonhava com esse momento.

Ficamos conversando sobre as novidades, eu mais ouvia do que falava, mas mesmo assim era bom poder falar novamente com minha mãe. Ela esteve bastante ocupada, então falava mais com tia Belle do que com ela.

– Lisa, seu pai está te chamando. – Cat entrou no quarto com um sorriso sacana no rosto. – Acho que você está ferrada.

– Mãe, tenho que ir. – Falei meio confusa. – Um beijo, conversamos mais depois.

– Beijo Elizabeth. – Acenou para mim.

Desliguei o notebook e desci do beliche.

– O que aconteceu Cat? – Perguntei para minha amiga.

– Não sei, só acho que a Michele não devia ter dado aquela festa na piscina. – Abriu a porta do quarto.

– Ué, mas isso não é culpa minha. – Reclamei.

– Mas você participou da festa, então sim, a culpa é sua.

Andamos pelo corredor e chegamos ao escritório de meu pai. O moreno usava roupas sociais e seu óculos de leitura, parecia aqueles chefões que aparecem em filmes, principalmente por causa da mesa enorme em que se sentava. Olhava feio para minha irmã mais velha, essa estava com os braços cruzados e desviava o olhar para outro ponto do quarto.

– Papaizinho do meu coração? – Chamei entrando junto de Cat. – O que houve?

– O que houve é que vocês estão de castigo. – Foi direto.

Arregalei meus olhos e me aproximei de sua mesa.

– Mas a culpa é da Michele! – Avisei. – Ela que planejou a festa, ela que fez bagunça e ela que me mandou ficar dentro de meu quarto.

– Grande irmã você. – Bufou a loira. – Obrigada pelo apoio moral, advogada de defesa.

– Eu não vou ficar de castigo por sua causa. – Dei um peteleco em sua cabeça.

– Pai, ela também trouxe os amiguinhos dela. – Michele advertiu. – Então ela merece o mesmo castigo.

– Mas eu tinha avisado para ele que ia trazer! – Contrapus.

Ficamos uma de pé para outra, trocando acusações.

– E daí? Você participou da festa. – Sorriu maldosa.

– Você estava se agarrando com um garoto qualquer.

– Não é um garoto qualquer, é um garoto da minha escola.

– Qual o nome dele então? – Cruzei os braços.

– Bobby. – Falou.

– Esse é o nome mais falso que eu já ouvi! – Ri.

Fulminamos uma à outra com o olhar.

– A Lisa bebeu álcool. – Jogou e depois se sentou.

Abri a boca, formando um ‘o’ e a olhei sem acreditar. Isso sim e um golpe baixo, bem baixo.

– Isso é verdade, Elizabeth? – Papai me perguntou ligeiramente irritado.

– Bem, se analisarmos os fatos cuida e metodicamente podemos chegar no acordo de que a resposta para essa pergunta é...

– Responda filha. – Mandou.

– Sim. – Bufei.

Meu pai tem uma regra de que só podemos beber caso um adulto responsável esteja por perto.

– Sem sair de casa ou assistir televisão durante quatro semanas, apenas para ir à escola. – Respondeu olhando para alguns papéis em sua mesa.

– A Cat também bebeu! – Falamos juntas apontando para a loira.

– Intriga! – Falou levantando os braços.

– O castigo se aplica as três então. – Colocou seus óculos. – Cada uma para seus respectivos quartos, o castigo começa agora.

Saímos nós três. Assim que fechamos a porta do escritório nos encaramos feio.

– A culpa é sua Michele. – Apontei para ela. – É tão difícil assim perguntar as coisas para o meu pai antes?

– Eu não acredito que vocês me dedaram. – Cat reclamou.

– Se eu vou me ferrar, vou levar todas vocês junto. – Disse. – E deixem de neura, são apenas duas semanas.

Meu pai abriu a porta do escritório.

– Ah, esqueci de avisar, estão proibidas me usar seus computadores e celulares também. – Disse. – Irei recolhê-los assim que terminar meu trabalho.

Fechou a porta novamente.

– POR QUÊ, DEUS?! POR QUÊ?! – A loira mais velha gritou ficando de joelhos no chão.

Cat e eu trocamos um olhar.

– Dramática. – Falamos juntas e depois fomos para nosso quarto.