Sing Us a Song escrita por Kimmy


Capítulo 2
What They Play


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que voltaria, e voltei, haha! Não imagina que teria tantas respostas positivas nessa fic viajada, mas adorei sz. As banda comentadas nesse cap realmente inspiraram o Paramore, mas não é necessário conhecê-las. No mais, já aviso que só revisei 1 vez x.x



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Josh ignorou todas as batidas na porta que seu pai insistiu em aplicar. Seis da manhã, SEIS em pleno sábado! Desejou várias vezes que o pai desistisse, que esquecesse, mas nada parecido aconteceu. O rapaz sentou-se na beirada da cama e coçou os olhos, sonolento.

 

- Joshua, quero que desça em 10 minutos e nada mais! - bradou o Sr. Farro irritado.

 

O quarto dele era enorme, assim como a cama king side, cercado por quadros, pinturas, gigantes armários envernizados e uma televisão LCD que parecia ter mais de 45 polegadas. Existia também uma mesa com um computador hi-tech e um banheiro anexado.

 

O moreno adentrou a banheira, derrotado, tomando um banho rápido. Colocou o primeiro terno que viu, arrumou-se e desceu as formosas escadas brancas.

 

- Eu disse 10 minutos, e não vinte e sete. - comentou o pai com uma péssima expressão.

 

É, ele marcou o tempo. Pena que isso era tão constante que o filho mal se importava mais, o que não deixava a situação menos bizarra.

 

- Desculpe. - disse o rapaz ao se sentar-se à mesa.

 

A Sra. Farro estava ao lado do marido comendo uma pêra, enquanto Zac, ao lado do primogênito, comia panquecas em uma velocidade surpreendente. Os outros assentos da grande mesa transparente permaneceram vazios enquanto todos terminavam suas refeições.

 

- Esperarei no carro mais 40 segundos, se não aparecer, vou sozinho. – disse calmamente o pai, pegando uma pasta preta e retirando-se.

 

Josh estava com raiva de toda a situação. Tudo para o pai era cronometrado, cada segundo, cada milésimo, e era o que ele esperava que o menino fosse, outro que olha no relógio de cinco em cinco minutos.

 

- Ei, te encontro depois no lugar de sempre? – perguntou Zac meio incerto.

 

- Claro, me liga se você for sair. – respondeu Josh no melhor tom que conseguiu.

 

Ele adorava o irmão, mesmo com as brigas que tinham. O caçula era o único da família que também conhecia a paixão pela música, e juntos, formavam uma banda de dois integrantes. Sem nome, apenas para diversão. O ``lugar de sempre`` era o cômodo em que os garotos montaram uma espécie de mini-estúdio escondido de todos daquela casa. Bom, se alguém mais conhecia, pelo menos mantinha em segredo, o que para eles estava ótimo.

 

Zac concordou com a cabeça, Josh acenou para os dois restantes na mesa, pegou sua pasta marrom e correu para a garagem. Avistou a Mercedes negra e entrou no banco de trás, do lado aposto ao pai.

 

- Podemos ir, Scott. – disse o Sr. Farro ao motorista.

 

- Sim senhor.

 

Com um clique em um controle, o motorista fez o portão da garagem se abrir, e assim dirigiu por uma estradinha cercada por flores até saírem da mansão.

 

A velocidade estava mediana, durante o caminho Josh olhava a paisagem e o pai fazia várias ligações. Quando finalmente chegaram, para o jovem pareciam ter se passado milênios.

 

Os dois desceram do carro e o edifício feito de vidro refletiu parte da cidade. Era impossível não conseguir ler as enormes letras que formavam ``Farro Corporation`` até de longe.

 

Entraram, cumprimentaram dezenas de pessoas até pegarem o elevador. Chegaram então a uma sala onde havia uma mesa central redonda feita inteiramente de madeira, na qual ao redor estavam sentados vários executivos devidamente vestidos de modo formal.

 

O líder dos Farro sentou-se no que deveria ser o centro da mesa, Josh em um canto qualquer, e de repente, como se seus lábios tivessem sido colados, todos que já estavam no aposento se calaram bruscamente.

 

- Senhores, estamos reunidos hoje para lidarmos com uma questão bem estressante nos últimos tempos: a concorrência. – começou o chefe.

 

Um murmurinho de concordância veio dos presentes.

 

- Nosso principal concorrente, como sempre, é a empresa Williams Corporation, seguida pela Stone`s LTDA.- continuou.

 

Williams. Josh começou a divagar procurando em sua mente onde tinha ouvido esse nome antes, até que veio em um flash rápido: A garota do bar, claro. E em breve chegaria 29 de setembro, o que deixava-o ansioso só de lembrar, mesmo que não soubesse muito bem o motivo disto. Tinha contado a Zac, que preferiu não se arriscar indo ao show de uma banda desconhecida. Só que Josh simplesmente não se importava: aquela menina tinha salvado-o do tédio naquela noite e ele lhe devia uma.

 

- Joshua, qual sua opinião? – a voz do chefe dos Farro expandiu-se pela sala.

 

Quando o garoto voltou a si, percebeu que não tinha prestado atenção em uma palavra sequer daquela reunião depois que comentaram o nome dos concorrentes. Olhou em volta desesperado, procurando apoio em alguém ali, tentativa que falhou de modo frustrante. 

 

- Ah sim, concordo plenamente. – improvisou ele da melhor forma que pôde.

 

A face de seu pai ficou em um tom vermelho raivoso, enquanto alguns disfarçavam risadinhas, deixando Josh ainda mais confuso.

 

- Concorda que os Williams devem nos superar no próximo mês? – o homem aumentou a voz.

 

Droga, o artifício de concordar com tudo tinha falhado dessa vez e agora o jovem estava cercado por todos os lados.

 

- Não, eu quis dizer...  Que concordo que devemos tomar medidas para evitar isso. – falou Josh tropeçando nas palavras.

 

- Certo. E qual é a sua ideia para o que devemos fazer? – contra-atacou.

 

Ele ficou calado por uns segundos, forçando mentalmente qualquer coisa que pudesse salvá-lo naquele instante, porém nada considerável lhe veio à cabeça em tão pouco tempo.

 

- Acho que podíamos... Hã... Cortar nossas despesas?

 

A frase soou mais como uma indagação que como uma certeza, e os executivos se divertiam à custa do garoto.

 

O Sr. Farro dessa vez ficou meio roxo e suas narinas inflamaram-se, uma cena nem um pouco reconfortante. Estava irado e tentando ao máximo não sair do controle; sua reputação não poderia cair por causa de gafes do filho.

 

- Joshua, por favor retire-se, essa reunião é séria. – disse o presidente da forma mais calma possível.

 

Josh suspirou, olhando sem motivo para a mesa fixamente. O silêncio reinou na sala até que ele se levantou e deixou o lugar sem falar mais nada. Tomou o caminho de volta sem despedir-se de ninguém. Não que tivessem notado sua presença, mas tanto fazia para ele.

 

Mais uma vez tinha estragado tudo e agora o pai ficaria irado com ele por pelo menos uma semana. Inesperadamente, não estava se importando tanto com isso como das últimas vezes, e se perguntava o porquê. Saiu do prédio, andou um pouco e sentou-se levianamente no meio fio.

 

Os carros passaram por ele sem prestar atenção, e o mesmo para os pedestres. O jovem olhou para o céu e várias cenas passaram por sua cabeça em relação aos negócios, e nenhuma realmente boa. Sentiu tudo a sua volta girar por um breve momento, em um grande loop. Quando voltou a si, respirou fundo e decidiu sair dali

 

Como não estava a fim de ter que falar com o motorista, pegou um táxi direto para casa. Não avistou a mãe, que provavelmente estaria muito ocupada com mais um tratamento de beleza, como sempre, porque era a única coisa que lhe importava. Se ela tivesse paz pra academia, tratamentos estéticos, fofocas e festinhas, nada incomodava-a, nem o ataque de seu esposo aos filhos. Josh sentiu-se cansado só de pensar nisso, então concentrou-se apenas em subir até o terceiro andar. Virou em três corredores, pegou uma chave na pasta, entrou no cômodo e trancou a porta.

 

Deparou-se com Zac tocando bateria totalmente concentrado, de tal forma que mal notara a presença do irmão. Prestou atenção e percebeu que ele estava tocando algumas músicas do No Doubt.

 

- Hey Zac! – disse Josh sorrindo.

 

O outro Farro parou de tocar e olhou-o, sorrindo de volta.

 

- Hã? Chegou cedo? – perguntou o irmão após assimilar a situação.

 

- Digamos que fui expulso. – riu após falar.

 

Os dois começaram a rir juntos sem parar. Não eram raros os casos em que Josh era dispensado das atividades da empresa, atiçando o lado cômico de Zac.

 

- Nesses momentos fico feliz de não ter nada a ver com a sua empresa, Sr. Futuro Presidente Joshua Farro. – o mais novo ironizou a alcunha.

 

- Comediante como sempre. – comentou Josh, finalmente parando de rir.

 

Ao redor deles existiam vários pôsteres de bandas, amplificadores, vários tipos de baterias e guitarras, um computador no canto direito e um armário no esquerdo. O recém-chegado abriu a porta do armário, pegando uma guitarra encoberta numa capa preta. Com cuidado tirou-a da proteção, mostrando que possuía as cores azul-claro e branco. Aproximou-se da bateria negra do irmão e ligou seu instrumento no amplificador.

 

- O que vai ser hoje? No Doubt de novo? – perguntou ao outro Farro.

 

- Que implicância, Josh. – disse e em seguida viu o olhar penetrante dele. - `Ta, talvez Jimmy Eat World? – riu.

 

- Zac! Sempre tocamos as mesmas músicas, vamos mudar um pouco hoje.

 

Zac voltou a falar o nome de outras bandas que sempre ouviam, em uma tentativa de irritar Josh, que, por sua vez, só ria e negava.

 

Haviam demorado alguns meses planejando o pequeno estúdio, desde a planta até os preparativos para que o som não saísse dali, só penetrando aquele ambiente. Mantinham o segredo apenas para eles e esperavam que as coisas continuassem assim.

 

O mais velho desistiu, e puseram-se a praticar as músicas que Zac treinava antes de Josh chegar.

 

O calendário na parede do fundo deixava claro que era dia 27 de setembro. Apenas o dia 29 estava marcado em vermelho.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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