Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 29
Capítulo 29 - "Não faça promessas que não pode cumprir."




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Narrador

 

O som do disparo foi alto e ensurdecedor, fazendo Gwen se encolher, dando um passo para trás.

Claro que não foi absolutamente nada comparado ao som de seu coração se partindo. Ela soltou o ar que segurava, esperando a dor consumi-la... exceto que não veio.

O Homem Aranha jogou a arma pra longe, sumindo de suas vistas tão rápido como havia aparecido.

Ele havia atirado no chão.

Ele havia... errado? Não, ele não ia atirar nela certo? Só que ela viu... e ele... Céus, ele atirou.

Ele... errou? Ou desistiu? Ou-

Gwen levou a mão a boca, chorando. A confusão e a emoção tomando conta de seus pensamentos. Ela estava bem, ela estava viva e o que... o que havia acabado de acontecer? Peter. Pra onde ele foi!?

A conclusão veio como uma bofetada.

Achava que estava o perdendo, mas na realidade... Ele não era dela.

Ele nunca fora dela.

Ele sempre fizera as escolhas sozinho. E aquela, com certeza, era a mais idiota.

 

[X]-------------

 

O que eu fiz?!, Peter se perguntava enquanto se jogava de um lado pra outro entre os prédios. O que raios eu estava fazendo? 

Vivendo em suas próprias mentiras, ele havia tentado enganar a si mesmo achando que conseguiria... que conseguiria controlar a simbiose. Mais uma vez, ele havia se deixado dominar pela raiva.

Ele fechou os olhos, trêmulo.

Aquele homem era o assassino de Ben Parker. Não podia deixa-lo viver. Não, não... isso era errado. Morte apenas causava morte. Era errado.

Gwen estava certa. Não entendeu como não pode ver antes, fazia tanto sentido agora. O ser alienígena lhe dava tanto poder, tanta força e agilidade... pra quê? Qual era o preço? Peter não se reconhecia mais. Seus pensamentos estavam contaminados, seus desejos não eram mais seus e-

Oh meu Deus...

Ele quase havia atirado na mulher que amava.

Anos iriam se passar e Peter nunca se perdoaria. Para sempre, aquela noite estaria marcada em sua memória.

Gwen.

Como fazer as coisas voltariam a ser o que eram antes? Como concertar? Ele não podia voltar até Gwen agora, ela com certeza não queria mais o ver... Gweneu sinto muito, eu não te mereçonunca mereci. Peter pensou, parando sobre um prédio. As lágrimas escorriam por seu rosto sem controle.

Tinha que se livrar daquilo. Não podia deixar as pessoas correndo risco. Mas a quem recorrer? Como se livrar de um parasita-

Parasita?!

Peter arregalou os olhos, olhando ao redor, mas o que...

— Quem... de onde... — como se um balde de água gelada tivesse sido jogado sobre seu corpo, Peter engoliu em seco, sentindo o corpo voltar a tremer. — Quem é você?

Eu sou você, Peter. A voz voltou a dizer, e com horror Peter percebeu que era como uma versão mais sombria da sua própria voz. Em breve, seremos um só. Era a roupa. Ela estava em sua cabeça.

— Como... o que?

Era um simbionte e é claro que tinha uma consciência própria, Gwen havia lhe dito. Céus, ela nunca errava, errava? Pela primeira vez, ele desejou que ela estivesse errada só um pouquinho.

Você se perde muito fácil, o simbionte voltou a dizer. Não pode se deixar influenciar por essas pessoas, Peter.

Peter quase riu, pensando de volta: E por você?

Houve um momento silencioso, e a voz voltou insistente: Eu dei tudo a você! Eu sou seu melhor amigo. Não, você não é. Está me afastando das pessoas que eu amo. Eu fiz um favor a você. Eu tirei seus limites. Não precisamos mais delas. Não vê que agora podemos fazer tudo o que queremos? Sem ninguém para se intrometer. Nós estamos livres.

Não... Isso não era liberdade.

Eu não quero isso!, se negou, Eu não tinha limites, eu tinha um código. Nunca quis matar ninguém, isso vem de você. É mesmo? Eu só quero proteger as pessoas. Por isso entrei nos Vingadores. Vingadores? Um nome engraçado para uma equipe de heróis... Eles não querem salvar ninguém, querem ser adorados. Eles não merecem isso. Você sim. Posso ajuda-lo. Não irá mais sofrer! Sofrer? O único que me fez sofrer foi você! Tolo! Eu salvei você. Salvou? Você me tirou o que faz de mim humano! Minhas escolhas! Escolhas? Pense bem em como era a sua vida sem mim. Desde pequeno, sofrendo bullying do Flash... Sem pais, sem tio, e perdeu a única figura paternal que já teve, e aquela sua namorada? Fugiu na primeira oportunidade. Não é bem assim... Era verdade, Gwen estava com medo. Mas ela não fugiu, permaneceu de pé e imparcial quando tinha uma arma apontada para si. Ela havia sido tão forte e ele a magoou.

Existem pessoas que não merecem sua atenção, Peter. Não precisa lutar por eles.

Peter balançou a cabeça. A escolha de lutar pelas pessoas vinha dele; o simbionte estava tentando distorcer aquilo.

Eu luto por mim e por eles, pois é o certo. Você tem honra, Peter, teremos que dar um jeito nisso. A honra nos deixa vulneráveis. Vamos mostrar a eles a verdade! Não precisamos de ninguém! Não precisamos de ajuda! Vamos mostrar a Eddie Brock, o quanto você é superior á ele... Espera, Eddie pode ser um idiota, mas dele sempre só quis distância... Vamos mostrar a Mary Jane que você é um vencedor, e vamos mostrar aos Vingadores, a todos os heróis, que não precisa da ajuda de ninguém. Vamos mostrar a sua querida tia May... Não a envolva nisso! Ela já está envolvida, Peter. Podemos juntos mostrar a ela que não precisamos de suas preocupações irritantes, e vamos mostrar que não precisamos do amor da Gw-

— EU PRECISO DELA! – Peter gritou farto de tantas manipulações. Não de novo. Ele não deixaria aquilo acontecer novamente. — O que eu não preciso... É DE VOCÊ!

Peter se contorceu, puxando e girando a roupa. Queria se livrar dela, mas ela parecia irrefreável e continuava presa em si como um carrapato. Ele olhou para os lados, observando o prédio que o ajudaria; iluminado como esperança. Estava perto. Ótimo, por que ele não queria que ninguém mais se machucasse.

Peter? O que está fazendo?

— AAH! – ele gritou puxando um pedaço, que voltou instantaneamente de volta para sua pele. — SAIA!

Mas era praticamente impossível.

Não pode nos separar.

Uma pontada na cabeça. Aquilo estava o sufocando. Apertou as mãos em punho fazendo força. Trincou os dentes, jogando-se contra a parede.

— Você não vai mais me manipular... – murmurou.

Jogou uma teia, atravessando a avenida, e escalando rapidamente alguns andares. Ao chegar no topo, se levantou correndo, sentia aquilo gritar em sua cabeça. Uma força maior tentava o levar para trás, tira-lo dali. Era muito convidativo. Mas Peter precisava ser forte, por ele, por tia May, por Gwen... por todos aqueles que ele havia machucado.

Sua responsabilidade.

Passou pelos aros giratórios cambaleando pelo terraço. A porta da sala estava aberta, então Peter simplesmente a empurrou.

— Okay, JARVIS acabou de me informar que-

— Tony. – Peter suplicou, o interrompendo. — Tony, me ajuda.

— Peter, o que aconteceu? O que houve? — o Homem de Ferro se aproximou confuso. — Hey, hey! Peguei você, calma.

— A roupa! A roupa!

— O que? A roupa?

Peter exclamou, segurando-se no homem desesperado: 

— Tem que me ajudar a tirar, é um simbionte! Ele vai... ele...

— Garoto!

E tudo ficou escuro.

 

[X]--------------

 

— Peter? — a voz de Tony era distante quando Peter abriu os olhos, sonolento. — Peter? Garoto, 'tá me ouvindo?

— Tony?

— Ah, ainda bem. — ele o ouviu suspirar. — Achei que ia ter que ir até aí te acordar.

O Homem Aranha olhou ao redor, estranhando a sala aonde se encontrava. Era como uma enfermaria, mas sem os objetos naturais hospitalares; em vez deles, grandes aparelhos de som estavam implantados nas paredes.

— O que aconteceu?

— Você desmaiou. — Tony respondeu, do outro lado da sala, o observando através de um vidro. — Provavelmente o simbionte estava tentando te impedir de fazer... o que quer que você estivesse pensando em fazer.

— Ow... e por que estou amarrado? —  Peter franziu o cenho. Haviam correntes em seus pulsos.

— Bom... o simbionte não está na minha cabeça. Ele não vai me impedir de te ajudar.

Peter assentiu.

— Tony... obrigado.

— Relaxa garoto. Vai ficar tudo bem.

Passou-se um momento e Peter pode ouvir o companheiro de equipe mexer em alguns botões do outro lado da sala, colocando enormes headphones em si mesmo enquanto o explicava:

— Certo, você sabe que biologia não é minha área. Mas o que eu sei dos simbiontes é que embora sejam agressivos, eles são bem... frágeis... quando o assunto é vibração sonora. Eu tenho um aparelho que pode nos ajudar, Bruce Banner me ajudou a construir. Ele vai transmitir vibrações tão altas que vai causar uma contorção. Esse simbionte vai se separar de você querendo ou não.

— Faça.

Tony o fitou, pela primeira vez, receoso.

— Pode ser... um pouco doloroso.

— Vá em frente.

— Peter.

— Tony!

O homem suspirou.

— Certo... se prepara.

De inicio, Peter não sentiu nada. Por segundos, ele permitiu-se pensar que seria algo indolor. Mas não. O som que saiu das caixas podia ser comparado desde garras chocando-se contra metal, até o mais alto da turbina de um avião. Ele nunca pensou que aquilo fosse lhe doer tanto os ouvidos. Era como se seu corpo estivesse envolta de super-resistentes fitas e aquele som fosse capaz de desgruda-la de seu corpo a força.

O simbionte gritou em sua cabeça, implorando entre mentiras que ele parasse. Peter não se importou, lhe dando como resposta seus próprios gritos.

NÃO IRÁ NOS REJEITAR!

— EU NÃO SEREI MAIS SEU HOSPEDEIRO!

NÃO!

Aquilo se soltou de seu corpo, se arrastando pelo chão. A sala foi inundada por uma fumaça quente e quando Peter finalmente abriu os olhos, ele viu Tony se aproximar com um recipiente de vidro.

— Garoto? — assim que prendeu o simbionte, Tony se voltou para Peter, preocupado. — Ei, ei. Como 'tá se sentindo?

— Eu... eu... — Peter suspirou, cansado. — Eu estou... nu?

Tony riu, rolando os olhos.

— E sangrando. Vem cá. — o soltando, o gênio bilionário limpou o sangue que escorria dos ouvidos do jovem. — Isso... agora você precisa descansar um pouco. Nós conseguimos, garoto.

Algumas horas mais tarde, Peter estava de banho tomado e com roupas novas presentes de Tony. Ele havia insistindo que ele dormisse um pouco, mas Peter recusou. Ele precisava fazer algo primeiro.

— Nunca vi um desse antes.

— Ele veio... do espaço.

— Sério?

— Soube que já esteve lá.

Ele bufou, rolando os olhos. Peter quase riu.

— Olha, eu... eu posso cuidar disso pra você se quiser.

— Obrigado, mas... ele já tem destino certo. — Peter assentiu, falando baixo. — ...bem longe de mim, eu garanto. Eu... eu preciso fazer isso.

Entregando o recipiente bem fechado e sem perigo de danos, Tony deu batidas amigáveis nas costas do jovem.

— Se cuida, Pete. Os Vingadores ainda precisam de você.

— Olha, Tony... obrigado. — não importava quantas vezes agradecesse, nunca iria parecer o suficiente.

— De nada, garoto. Mas vai ficar me devendo essa, hein.

— Ah, com certeza. Pode contar comigo para o que precisar. 

 

[X]---------------

 

Respirou fundo, enquanto contava o número de guardas. Sabia que era perigoso estar naquele lugar sem seu uniforme original, mas Peter não permitiria mais erros. Ele precisava se livrar do simbionte e precisava fazer aquilo agora.

A segurança do planetário estava mais reforçada desde o ataque, mas Peter não teve problemas em usar as ventilações como entrada, se infiltrando no local com facilidade. Coisas de aranha, afinal. Haviam dois guardas em frente a uma porta. Apertou os olhos e leu o que estava escrito: 'LABORATÓRIO DE RESFRIAMENTO'. Reconheceu logo de cara, foi ali que ele e Gata Negra se enfrentaram. Só que agora a porta tinha fechadura por cartão.

— Ahm... Com licença! – Peter entrou no corredor se aproximando rapidamente. Estava usando um pedaço de tecido para proteger seu rosto. —  Foi mal, acabou o papel higiênico.

— Senhor! O que faz aqui? – um dos homens perguntou inocentemente, enquanto o outro já ia em direção a Peter com a arma erguida.

— Parado aí! Manni, chame a polí-

O segurança já estava no chão, desmaiado. Peter usou de sua agilidade e logo desacordou o outro também. Pegou o cartão preso ao cinto do homem emprestado e abriu a porta.

O ar gelado o atingiu em cheio.

— Você não vai mais me trazer problemas. – sussurrou para a caixa de vidro que continha o ser alienígena, deixando-o sobre a mesa. Os cientistas iriam acha-lo no dia seguinte e tudo iria ficar bem. — Nunca mais. É uma promessa.

Ele não olhou pra trás.

E não viu o simbionte se contorcer dentro do vidro.


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Notas finais do capítulo

Shii... 'o'