Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 27
Capítulo 27 - Até um Super-Herói precisa ser salvo.




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Peter Parker

 

Ela está errada.

Mas ela parecia tão certa do que dizia...

Ele está a colocando contra nós. Sim, ele está!

— Droga. — resmunguei, passando a mão pelo rosto.

Brock.

Aquele idiota que vive infernizando minha vida! Não se contenta que Gwen goste de mim e fica colocando coisas na cabeça dela! E como ela é boba! Por que ela não abre os olhos de uma vez?! Colocando a culpa em mim, no simbionte... desculpas ridículas para nosso afastamento.

Mas o que mudou entre Gwen e eu afinal? Nos amávamos tanto e de repente-

Droga! Não consigo achar uma solução!

Alguma coisa mudou com ela, não comigo. O simbionte não me fazia mal, como poderia? Eu estava mais forte, agora sim podia ajudar mais pessoas!

Deve ser culpa de Eddie Brock... Sim, ele é o culpado de tudo. Vive se metendo onde não é chamado. Sim, ele faz isso. E ela também. Bom... Gwen é minha namorada, ela não- Ela traiu você. Não, ela não faria isso. Faria sim. Não, ela não... Sim. N-n-não... é claro que ela não... faria... Faria?!

— Faria...

No dia seguinte, sai cedo de casa com vontade de bater em alguém. Aproveitaria os problemas que Nova York causava para tirar a minha tensão. Esses criminosos não aprendiam. Talvez prisão fosse pouco para eles.

Virei a esquina, a avenida movimentada e cheia de ordem da Oscorp havia se transformado mais uma vez numa zona de guerra; aparentemente, os bandidos de ontem voltaram para terminar o serviço no banco. Tiros para todos os lados. Que maravilha.

— É o Homem Aranha! — um dos ladrões gritou, largando o saco de dinheiro no chão e erguendo a arma. Seus ajudantes rodearam o carro forte usando dois reféns como escudo.

Quase ri.

— Como se isso fosse me impedir de chutar a bunda de vocês.

— Atirem!

Dei um mortal pra trás, desviando de todos os tiros. Meu braço se esticou em instinto e a teia negra puxou a tampa de um bueiro. Arremessei contra a cabeça de um deles, que caiu desacordado. Sangue escorreu. O impacto fez os reféns arfarem horrorizados e dessa vez eu realmente ri. Eu salvava a vida deles e era assim que eles me retribuíam? Me aproximei de outro assaltante e o fiz abandonar a arma e o refém, acertando socos repetidos em seu estômago.

Joguei uma teia em um prédio e me ergui obre eles, jogando uma teia nas costas de um deles e o puxando para cima. O soltei da altura de três metros, o deixando com dificuldades para respirar.

Quase me senti culpado.

Eles mereceram, Peter. Eles podiam matar alguém. Você é um herói. Sim, eu sou.

Deixei um do lado do outro.

— Olha só, formam até um belo casal. – zombei.

Virei olhando pros outros dois ajudantes. Eles pareciam ainda mais assustados.

— Mata logo o Aranha!!! – Ai, que ridículo. Joguei uma teia quase imediatamente dentro do tubo por onde deveriam sair as balas. — Mas que droga é essa?! — gritou ao perceber que sua arma parecia um tanto entupida.

— Ele tampou o cano?!?! – seu “amigo” gritou pra ele.

— Haha, como você é inteligente. – respondi ironicamente. Pulei na frente dos dois e puxei cada um pelas orelhas. — Passa um pouco disso pro seu amigo.

Fiz suas cabeças se chocarem com uma força mais que necessária. Ambos caíram no chão, gemendo com a dor. Sorri, aquilo me fazia sentir tão.. Poderoso.

Olhei para o último, ele estava agachado no chão com um monte de notas nas mãos.

— Eu me rendo! — ele largou tudo e ergueu os braços.

— Que bonito, fugindo do castigo.

— O que está fazendo? – perguntou se arrastando para trás. — Eu disse que me rendo!

— É? Que legal, eu também me rendo. – zombei, erguendo as mãos. — Cansei de vocês.

— Não, por favor...

Estava prestes a acabar com ele quando alguma coisa pinicou em meus olhos, como um flash.

Olhei ao redor, confuso. A polícia já rodeava o local e as pessoas já estavam afastadas, mas- ah não. Eddie Brock havia ultrapassado a faixa de segurança e estava com uma máquina fotográfica nas mãos e um grande sorriso no rosto.

Como se atreve??!!

Minha raiva foi ao limite. Joguei uma teia em sua câmera e puxei pra mim. Eu não havia notado que a alça da câmera estava em volta de seu pescoço, então Brock simplesmente caiu com tudo de cara no chão. Não fomos capaz de conter a risada. Olhei para o aparelho, o analisando. Era até mais tecnológica que a minha. 

Agora, Peter.

Agora o que?

Faça.

A câmera caiu com tudo no chão, a lente se espatifando em pedaços.

— Já notou como eu sempre pareço mais gordo em suas fotos? – comentei me preparando pra sair. — Você não serve nem pra isso.

Fui embora, ignorando sua reação assustada. Senti uma sensação prazerosa de vitória crescendo em meu peito. Finalmente mostramos o lugar dele. Sim.

Mas pera ai... Por que insisto em conversar com minha consciência?

Deixei meus pensamentos de lado, parando num beco. Fechei os olhos, me concentrando. Ao abri-los, eu já estava com roupas pretas e normais.

— Definitivamente, não vou me livrar de você.

Meu celular tocou e eu rolei os olhos.

— Fala, tia May.

— Peter, aonde é que você está?

— Eu... eu estou na casa da Gwen, tia.

— Ah, é mesmo? Porque eu acabei de ligar pra lá e você não estava! Pode me dizer quando pretende vir almoçar, mocinho?

— Tia May, eu acho que já sou grandinho o suficiente pra saber a hora de comer.

— Peter, olhe o respeito menino! Eu só fiquei preocupada. Não o vejo desde hoje de manhã.

— Ai, que saco, tia May! Não temos culpa se você não sabe aproveitar a vida!

— Peter Benjamin Parker, volte pra casa. Agora! — ela ordenou e eu desliguei.

Que droga! Quanta preocupação! Eu não sou mais nenhum bebê! A raiva fervilhava em minha pele, e de proposito, esbarrava com força em algumas pessoas. Que se dane, todos tem dias ruins mesmo! 

Voltei a avenida da Oscorp, com esperança de encontrar com Eddie Brock para ter algo para rir novamente. Aposto que tinha um machucado no rosto, afinal, o tombo foi feio.

Mas foi bem feito.

Ao me aproximar, vi os policiais colocando os bandidos dentro das viaturas enquanto uma ambulância tratava do bandido que eu havia acertado com a tampa do bueiro. Não pela primeira vez na semana, senti um gosto amargo em meu estômago que eu fiz questão de ignorar.

— Peter? — ouvi alguém chamar e procurei. — Peter! Hey, Tigrão!

Mary Jane se levantou da calçada aonde sentava e acenou. Ao seu lado, estava Eddie com as mãos no rosto. Ótimo, o achei.

— Hey, MJ.

— Oi.

— E aí, cara.

— Agora não, Parker. – ouvi Eddie resmungar baixinho.

— O que foi? A cirurgia plástica pra ficar igual a mim não deu certo? – ele levantou o rosto e eu pude perceber o estrago. Seu nariz estava sangrando e o rosto do lado direito inchado, além de um leve arranhão. — É... é melhor aceitar. Nunca vai conseguir ser igual a mim.

— Muito engraçado, Parker. Hahaha! – fingiu rir. — Pra mim já deu essa droga! – ele se levantou irritado. — 'Tô indo, Mary Jane.

Ele veio na minha direção, e imediatamente eu soube o que ia tentar fazer. Dei um pulo pro lado, fazendo ele passar direto. Ele pretendia bater em meu ombro.

— Qual o seu problema cara?!

— Quer uma lista? —  Mary Jane suspirou.

— Que mané.

— Ele tá mesmo passando por problemas.

— Vocês não tinham terminado?

— Terminamos. — ela assentiu. — Mas qual é, Peter. Eu não sou uma mean girl de verdade. Ele ainda é um ser humano e eu tentei ajudar. Uma pena a câmera nova dele ter sido destruída assim, era tudo que ele tinha pra trabalhar.

— Aham. — rolei os olhos, aposto que era mais uma mentira dele.

 

Narrador

 

— Mais confusão. Ai, esses bandidos não aprendem. — Felícia colocou a bandeja sobre a mesa e se aproximou. O vestido cinza bem justo no corpo combinava perfeitamente com seus scarpin pretos recém... adquiridos.

— Eles são peixe pequeno. — Harry falou, observando o céu de Nova York pelo vidro. — Acho que o cérebro deles vem pequeno também.

Felícia riu.

— Um tal de Dr. Mason ligou. — ela disse.

Harry virou-se, interessado.

— O que ele queria?

— Mais tempo. Foi tudo o que ele disse.

— Hum.

— Quem é ele?

— O advogado do seu pai. — ele passou por ela, sério. Felícia franziu o cenho. — O que? Eu cumpro com minhas promessas.

— Eu sei, é que- bom, já faz... tanto tempo, eu achei...

— Que eu tivesse esquecido? Não sou o Peter, Felícia. Não apelei para o seu emocional.

A jovem se aproximou, um tanto balançada. Todos aqueles anos tentando tirar seu pai da prisão e ninguém nunca se importou com o seu dilema...

Ele só fez isso para você se juntar a ele, a razão sussurrou em seu ouvido.

Ele não precisava tira-lo da prisão, eu me juntaria de qualquer forma, é o meu trabalho afinal.

Tá brincando né?! a razão falou novamente e Felícia balançou a cabeça.

— Bem... obrigada.

Harry piscou surpreso. Esperava por uma discussão, mas ela havia abaixado a guarda. Ele a fitou, analisando-a. Os olhos claros se perdendo em seu rosto e ambos perceberam a mudança no ar.

Uh, ela amava aqueles momentos.

— Você sabe como pode me agradecer.

— Talvez um beijo no rosto? — Felícia o puxou pela gola do terno enquanto ele passava os braços ao redor de sua cintura, o gesto simples se tornando bem possessivo de repente. — Tenho uma surpresa.

— Oh?

Seus lábios se tocaram e embora fosse de modo suave, cada movimento de Harry era calculado e frio. De fato, nada nele era realmente suave.

Seus dedos puxaram o zíper do vestido e Felícia passou as mangas pelos braços, deixando seu busto à mostra. Bem ali, uma corrente de diamantes circulava o seu sutiã.

— O que que é isso? — os olhos de Harry brilharam e ele riu; não falso ou em zombaria; ele parecia realmente estar se divertindo. Ele riu de verdade, sorrindo abertamente... ele...

Ele era lindo.

— Você gostou?

— É perfeito!

— Eu roubei. — Felícia ergueu a cabeça em orgulho.

— É claro que roubou. — a beijou no pescoço, sussurrando: — Vem pra minha casa esta noite.

— Estraga prazer. — ela balançou a cabeça, a ânsia pelo perigo de serem flagrados a qualquer momento divertida demais para ser deixada de lado. O beijou novamente com paixão, mas Harry parou aos poucos a deixando frustrada. — Você é tão frio.

— Sinto muito, querida. – ele se afastou, arrumando seu terno que havia ficado amassado. — Que tal um jantar?

— Não sei se estarei disponível.

— Ah, assim eu fico magoado.

— Quem sabe... — provocou dando-lhe um selinho rápido.

Felícia se arrumou, fazendo um coque nos cabelos. Seus movimentos sendo acompanhados de perto pelo jovem Osborn. Ela era perfeita em tudo que fazia, sendo uma amante, sendo uma secretária, sendo uma arma... “Por que não a conheci antes?” 

Tantas vezes imaginou como as coisas poderiam ter sido... diferentes.

Resolveu interromper seus pensamentos logo. Já estava envolvido emocionalmente demais, isso não estava previsto.

— Tenho mais algum compromisso pra hoje?

— Surpreendentemente não.

Mas só porque não estava previsto, não significava que era ruim.

— Então já que não vai estar disponível a noite-

— Eu não disse isso!

— Que tal, — Harry ergueu o braço. — ir almoçar comigo agora? 

Ela sorriu, entrelaçando seus braços.

Depois, quando ambos estavam saindo do estacionamento, o carro parou bruscamente.

— O que foi? — Felícia o fitou assustada.

— É o Peter.

— O que?!

— Ali. — Harry apontou e Felícia sentiu uma onda de frustração a preencher.

— Vamos logo, Harry.

Felícia já conseguia ver o humor de seu chefe decair quando ele a ignorou, não lhe dando outra escolha se não observar a cena que era feita do outro lado da rua.

Ah, o dia estava sendo bom demais para ser verdade...

 

— Mas então, — Mary Jane voltou a dizer, fitando Peter com curiosidade. — Como está indo com a Gwen?

— Ai nem me fala dela.

— O que houve?

— Tudo. É difícil quando apenas uma pessoa luta por um relacionamento, entende? Ela fica inventando desculpas e querendo brigar o tempo todo.

— Uau, que estranho. Ela não parece ser assim. O que aconteceu?

— E eu que vou saber? — Peter mentiu, sorrindo. — Você é mulher, me explica.

Mary Jane gargalhou, balançando a cabeça. Nenhum dos dois notavam que eram observados.

— Olha, eu não quero trair minha raça, mas...

Enquanto a garota voltava a tagarelar, os olhos de Peter caíram sobre a figura loira andando pela calçada, totalmente ignorante a sua presença com o celular no ouvido. Ah é claro, agora era o horário de trabalho dela, Peter lembrou-se com frustração. Tudo que ele precisava agora era sair de um papo relaxado para mais uma discussão boba com Gwendolyn...

Se bem que...

Olha o jeito dela, querendo ser superior aos outros. Os pensamentos voltaram a surgir em sua cabeça. Era como se sua consciência tivesse vida própria. Um lampejo de memória passou por sua cabeça, de Gwen falando sobre a simbiose. Mimada; acha que você é o cachorrinho dela.

Com quem ela devia estar conversando agora? Comigo que não é, é claro! Pensou Peter. Se Eddie não tivesse... Eddie. Há quanto tempo ela tramava com ele em suas costas? Você é tão fraco, Peter.

Fraco, isso que Gwendolyn pensa de você. 

Você que tem que se mostrar superior.

— ...aquilo foi muito engraçado, e a minha tia não fez nada pra parar! – Mary Jane ria. Gwen se aproximava cada vez mais dele. — E foi isso. – a ruiva o encarou, seu sorriso sumia ao vê-lo com o semblante sério, e até mesmo, sombrio. — Peter! Peter, está me ouvindo?

Ele a encarou com os olhos inexpressivos.

— Ah. Eu falei demais de novo não é? Eu sempre faço isso, me descul-

Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, Peter a puxou, grudando seus lábios em um beijo voraz e súbito. A ruiva arfou surpreendida, nunca havia sido beijada daquela forma e nunca esperaria que Peter fosse beija-la assim.

E a determinação dele fez algo dentro dela amolecer, tremendo em seus braços e retribuindo o beijo com entusiasmo.

Peter abriu os olhos entre o beijo e viu com satisfação Gwen avista-lo, parando imediatamente. E ele queria, queria mesmo que ela lhe olhasse com raiva. Por algum motivo, pensar nela lhe olhando com raiva iria lhe fazer se sentir muito bem. Mas não era a raiva que ele via.

Era decepção.

A face em choque e os olhos lacrimejados, mas nenhum sinal de ela choraria. Céus, ela era tão forte...

E tão boba.

Ela nunca mais vai brincar com os nossos sentimentos assim. 

Peter fechou os olhos e buscou desesperado por algo que não podia ser encontrado em Mary Jane Watson. Pois tudo nela era diferente.

Diferente é bom.

Sim, diferente é bom, ele pensou.

Quando se separaram, Mary Jane parecia um peixinho fora d’água, não somente arfante, como também bastante confusa. Os olhos verdes dilatados, as madeixas vermelhas voando para trás, deixando a mostra suas sardas.

Ela era uma mulher belíssima.

E mesmo assim, não tinha efeito algum sobre Peter. Nada do que ele via ultrapassava seus olhos. Nada chegava em seu coração.

— Você... isso foi...

— Eu sei, você gostou?

A ruiva pigarreou, se afastando um pouco, aquela proximidade a deixava com as pernas bambas.

— Err... V-você... Você até que beija bem, Parker. – ela empinou o nariz, orgulhosa. — Mas... Por que fez isso?

— Deu vontade.

— Então... Você e a Gwen...

— MJ, eu não quero ninguém pra me atrasar. – ele respondeu secamente. — É complicado, sei que você entende.

— Eu detesto complicações.

— Então... eu também. Eu só quero aproveitar o que eu tenho agora.

Ela riu, assentindo. 

— Curtir né? Posso te ajudar com isso... mas, eu queria saber, esse beijo, significou algo pra você?

— Significou pra você?

Ela lhe olhou com um sorriso leve, sincero, que se transformou num riso novamente.

— Okay, me pegou. – ergueu as mãos, rolando os olhos. — Mas... Eu gostei sim.

— Então... idem. Pra que complicar?

— Pra que complicar. — ela repetiu, concordando.

Eles sorriram e se beijaram novamente.

 

Do outro lado da rua, Felícia balançava a perna incomodada.

— Tá, podemos ir embora agora?

Harry sorriu, voltando a ligar o carro e acelerando. A mulher o analisou, confusa.

— Qual é a graça?

— Ora Felícia, você não viu? Peter está criando o seu próprio show.

— E está feliz com isso? — quando ele a fitou, ela tossiu e se corrigiu: — Quer dizer, achei que você quisesse ter o prazer de...

— E vou ter.

— Mas então...

— Shiii. — ele a interrompeu, o tom calculista a fazendo gelar. — Temos ingressos VIP, meu amor. Vamos apreciar.

 


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