Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 12
Capítulo 12 - Proposta




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Peter Parker

 

— Peter.

Alguém estava me chamando. Alguém precisava da minha ajuda. Me levantei, agoniado. Por que estava tão alto aqui? Onde eu estava?

— Peter.

Me virei, dando de cara com ninguém menos que o pai de Gwen, o Capitão Stacy. Ele estava da mesma maneira que estava quando o vi pela última vez.

— Eu estou na Oscorp. — murmurei, abaixando os olhos. Sim, isto era certo, meu uniforme estava praticamente destruído. Assim como esse lugar.

— Peter. — ele continuava a chamar. — Peter, o que está fazendo?

O que?

— P-por que n-n-não... está a protegendo?

Proteger quem?! Eu quis perguntar, mas por alguma razão minha voz não saia. Eu estava paralisado.

— Gwen, por que não... por que não está... — ele tossi e de repente, tudo muda. Ele tira a arma do coldre e aponta em minha direção. — PETER, CUIDADO!

 

Acordei num pulo, meu sentido aranha vibrando em meus ouvidos. Me afastei a tempo de ver o ventilador do teto cair com tudo no chão.

— Opa! — gritei, puxando a tomada e fazendo ele parar de girar. Ouvi tia May correndo pela escada, chamando meu nome. — Eu 'tô bem!

— O que aconteceu?! — ela surgiu na porta com os olhos arregalados.

— O ventilador caiu, velho demais. 'Tá tudo bem.

— Enquanto você estava dormindo? Você não se machucou?

— Não, eu 'tô bem. Eu já estava... acordado. — menti, coçando os olhos. — Obrigado, tia. Deixa que eu limpo tudo.

Quando ela saiu, cai de joelhos no quarto. Caramba. Que pesadelo. Passei a noite passada arrumando o quarto e observando as fotos que eu tinha de Gwen... será que isso havia ficado no meu subconsciente? Era a única explicação para eu ter sonhando com o pai dela.

Meu Deus.

O que ele estava querendo dizer no sonho mesmo?

— Esqueça, esqueça. — murmurei para mim mesmo. A culpa sempre tomava conta de mim se eu abrisse a porta um pouquinho.

Uma hora depois, quando desci para tomar café, encontrei May com algumas caixas na mesa.

— O que está fazendo?

— Oh, só... sabe... vendo o ventilador se quebrar, velho, eu me lembrei... — ela pontou para as coisas, sem graça. — As vezes é hora de guardar.

— Guardar... as coisas do tio Ben? — reconheci, me aproximando.

— É, sabe, é engraçado porque... quanto mais pesadas as caixas ficam, mais leve eu me sinto. — ela contou, sorrindo para mim. Sorri de volta, entendendo. A puxei para um abraço.

— Sim, tia. Você tem razão.

Haviam muitas lembranças dos meus pais que eu já tinha superado também. Já tinha passado da hora de seguir em frente.

— Vou sair com a Anna hoje, devo chegar tarde.

— Nossa, você vai chegar tarde? — comecei a rir. — O mundo vai cair. 

— Pare com isso, seu bobo. — ela me estapeou na cabeça em retaliação. Ri ainda mais. — Vamos ver uma audição da Mary Jane.

— Oh, sério?!

— Sim, engraçado que até o pai dela ficou feliz por ela. Isso é tão bom, acho que ele está finalmente deixando ela viver.

Assenti, hmmm, parece que minha visita tinha dado certo!

— Como deveria! Mary Jane já é uma mulher, muito independente para a idade dela e- — parei de falar ao sentir os olhos de tia May sobre mim. Balancei a cabeça.

Ela suspirou. — Ainda a Gwen, querido?

— E alguma vez foi diferente? — retruquei, sendo honesto.

— Eu só quero que você seja feliz, Peter.

— E eu sou, tia. Não duvide disso.

Tomamos o café da manhã e eu me despedi com o pretexto de tentar tirar fotos do Homem Aranha.

Eu preciso comprar uma moto! Ia ajudar muito não ter que correr sempre, ou pior, me atrasar. Me vestir de Homem Aranha foi um alívio aquela manhã e logo eu estava voando livre entre os enormes prédios de Nova York.

Após um tempo fazendo rondas, resolvi me sentar sobre o topo de um edifício, observando o movimento estranhamente calmo quando-

 

Indo pra baixo, hora de festejar

Meus amigos vão estar lá também, yeah

 

— Isso é Highway to Hell? — murmurei para mim mesmo, ouvindo o rock do AC/DC tocando alto vindo do... nada, aparentemente. Olhei ao redor. De onde vinha aquela música?

Um estranho som de turbinas me fez levantar alerta. Oh-oh. Seria o Abutre de novo? Não, não. Ele não iria conseguir fugir tão rápido.

E então, para a minha grande surpresa, uma silhueta vermelha e dourada se aproxima de repente em alta velocidade, me deixando de olhos arregalados.

E ele pousou bem na minha frente.

Senti meu queixo pesar com a visão. Oh, Jesus! É o Homem de Ferro!

Você. — dizemos ao mesmo tempo.

— Homem Aranha.

— O que me entregou? O azul e vermelho colado no corpo?

— Hmmm... sabe, pra um universitário você até que tem senso de humor. Geralmente se perde isso com tanto estresse. — o capacete dele se abriu e Tony Stark me observou pensativo.

— Espera, o que?! De onde você tirou-

— A S.H.I.E.L.D vigia você dia e noite, Homem Aranha. — ele explica. Fiquei apreensivo. — Claro que, ela perde mais tempo comigo, sabe, linha de frente dos heróis, essas coisas. 'Cê entende né? Enfim, vigiam você também.

— Aham, vai me dizer o que, que sabem quem eu sou?

— Na verdade, sim, Peter. — arregalei os olhos e dei um passo pra trás, pronto pra saltar. — Espera!

— Eu não sei do que estão falando, mas não podem fazer nada! Não estou cometendo crime algum ajudando as pessoas!

— Eu não vou revelar nada, garoto. — Stark ergueu as mãos para cima em defesa. — As pessoas reagem bem a você, eu não tenho motivos de te afastar desse trabalho.

Franzi o cenho, o observando por um momento. Okay, eles sabem quem eu sou. Isso já era muito desesperador, o que queriam agora?

Stark suspirou, relaxando um pouco.

— Olha, eu realmente não queria estar aqui, tenho uma mulher linda me esperando em casa, e você também deve ter né? A loirinha?

— Ok, não envolve ela nisso!

— Calma garoto, eu prefiro ruivas. Se bem que você também tem uma na sua vida né? Opa, brincadeira. Não se magoe. – ele riu, mexendo com a mãos e informou: — Bom, o Pirata mandou uma mensagem pra você.

— Que pirata?

— É uma piada interna, vai entender quando vê-lo.

— Ver quem?

— O diretor da S.H.I.E.L.D, Nick Fury.

— Espera.. o que?! — engasguei. O próprio diretor da S.H.I.E.L.D quer falar comigo? —  M-mas o que ele quer comigo?

— Ele quer você n'Os Vingadores.

Oh meu Deus!

— Eu sei, também não era algo que eu estava esperando. Mas você tem talento, garoto. Preciso admitir. — Stark dizia, mas minha mente ainda estava em choque.

Eu?! Nos Vingadores?! Os Heróis mais poderosos da Terra?

Calma, respira... respira Peter! Não pira...

— Err... não. — respondi, vendo o homem a minha frente piscar. Não podia culpa-lo. Quem recusaria uma proposta dessas? Eu, aparentemente. — Sem ofensas, sério mesmo, eu sou fã do trabalho de vocês, mas... da última vez que eu trabalhei com ajuda... não deu muito certo. Não quero arriscar.

— Da última vez- — Stark piscou novamente, incrédulo. — Tá. Ok. Entendi.

— Não, eu não acho que entendeu-

— Você gosta de trabalhar sozinho não é? — ele continuou, sem me ouvir. — Deixa eu perguntar, onde isso te levou? Está em campo aberto, Peter. Literalmente. Pessoas como John Johan Jameson te atacando com a mídia, e todos os dias você faz inimigos novos, sejam meliantes menores à homicidas poderosos. Com a gente, com uma equipe tendo a sua retaguarda, você poderia-

O interrompi, dando de ombros. — É cara, — concordei. — Vida de herói é dureza.

Ele se calou, me encarando. E foi como se alguém tivesse acendido a luz em um quarto escuro e ele estivesse me vendo pela primeira vez. Toda a ironia e a postura arrogante se desmanchou e ele só... me olhava surpreso.

Talvez não esperasse que um garoto carregasse tanta responsabilidade.

— Só promete que vai pensar... Homem Aranha.

Considerei, assentindo.

— Tudo bem. Tchau.

Me virei, me jogando daquela altura.

— NÓS TEMOS DINHEIRO! — ainda consegui ouvir Stark gritar.

Lembrei do ventilador que quebrou hoje de manhã, do cano da pia precisando de reparos, da velha fiação de luz... É, proposta tentadora mesmo. 

 

Narrador

 

Tony Stark observou o Homem Aranha sumindo entre os prédios admirado. As piadinhas e o jeito descontraído do herói não faziam justiça para a mente séria que ele carregava. Aquele jovem rapaz sabia exatamente que tipo de responsabilidade estaria aceitando se entrasse nos Vingadores.

Muitos não pensariam duas vezes. E por isso a maioria das pessoas irritava Tony.

— Sr., o Agente Coulson está na linha. — JARVIS avisou assim que ele fechou o capacete e voava de volta para sua Torre.

— Ai, ele me ama, né? Aceitar, JARVIS — Tony respondeu, sorrindo. — Como vai Phil? E o Tahiti?

— É um lugar mágico.

— Aposto que é.

— Ainda está de mal de mim, Stark?

Todos estamos, os Vingadores só se uniram por sua causa. Quando você apareceu vivo-

— Eu sei, Stark. Ainda me sinto lisonjeado, sério.

— Tá, tá, vamos cortar o papinho. — Tony cortou, ainda um pouco rancoroso. Mas no fundo feliz pelo homem estar bem. — Fury te mandou ligar não foi?

— Conseguiu falar com ele?

— O Aranha? É, consegui. Ele disse que vai pensar.

— O que?! Pensar?! Mas-

— Ele tomou uma decisão bem madura. Sabe, estou orgulhoso da nova geração. — Tony riu. — Não se preocupe, acho que ele vai aceitar... eventualmente...

— Eventualmente?

— Relaxa, ninguém além da Pepper consegue dizer não à Tony Stark.

 

Gwen Stacy

 

As aulas na Universidade Empire State também começaram cedo esse ano. Liguei para os diretores da Oxford e agradeci a oportunidade, recusando a bolsa de estudos. Loucura, pensei, ainda não acreditando no que estava fazendo. Mas quando o garoto que estava competindo comigo me ligou chorando, não pude deixar de sorrir. Consegui realizar o sonho dele.

Consegui diminuir meu turno com o Dr. Smythe na Oscorp, aceitando fazer hora extra no sábado para compensar as horas perdidas durante a semana.

Aos poucos, sentia mais controle sobre a minha vida.

— Ai! Eu 'tô muito atrasada!

Mas claro, eu era Gwen Stacy. Nada eram flores. Meu relógio de pulso mostrava que faltavam três minutos para a aula começar e isso seria um pesadelo no primeiro dia.

Adentrei o prédio, correndo para pegar o elevador quando-

Bati de frente com alguém, me fazendo girar e quase cair para trás. A mão masculina segurou-me firme pelo meu casaco e-

— Oiii. — abobalhada, sorri ao reconhecer o estranho que me salvava. — De novo?

Peter sorriu, os olhos chocolate refletindo o brilho que eu sabia que estavam nos meus também.

— A gente tem que parar de se encontrar assim.

— Naah, qual é a graça disso? — brinquei, só então percebendo que estávamos perto. — Você também estuda aqui? — sussurrei.

Perto demais.

Ele olhou tirou os olhos de meus lábios (oh meu Deus! Ele estava olhando para a minha boca!!) e me encarou.

— Também? — ele repetiu, um franzido confuso entre suas sobrancelhas.

Perigo. Perigo. Perigo. Por que eu não me afasto?

(In)felizmente, não precisei me preocupar muito. O próprio Peter me soltou, dando um passo para trás. 

— Eu estudo aqui, — expliquei, checando meu relógio de pulso. — Eu estou... atrasada na verdade, mas, quer saber, não importa. — eu ri, sentindo minhas bochechas queimando. — Como você tá?

Que se dane o atraso! Eu estava com Peter Parker ali.

— Bem, bem, muito bem, Gwen- — ele gaguejou, rindo. — Espera, você não pode estudar aqui, Gwen. Faltam poucos dias pra começar na Oxford.

— Oh, como você sabe? — perguntei, e dessa vez, um rubor preencheu as bochechas dele, que gaguejou novamente para responder. — Bom, na verdade... eu não vou mais.

Peter piscou algumas vezes, e abriu a boca pra falar, mas não saiu nem um som. Era até engraçado. Eu sorri.

— Pois é, eu sei, loucura. Mas eu não podia ir.

— Por que?

— Porque eu não queria ir. Eu gosto de tomar minhas próprias decisões.

Demorou alguns segundos, mas Peter finalmente sorriu. Pequeno, leve, calmo o suficiente pra fazer meu coração acelerar. Soltei a respiração que não tinha percebido que segurava.

— Posso te fazer uma pergunta? — ele disse do nada. Pisquei. Oh, e aqui eu estava esperando um "fico feliz que tenha ficado" okay então, pensei, tentando esconder minha frustração.

— Pode, claro.

— É que... preciso de um conselho.

— Hum.

— Você é boa com palavras.

— Eu sou é?

— Não se exiba. — ele apontou para mim e eu ri, rolando os olhos. — Recebi uma proposta e... não, espera. Deixa eu começar de novo. O que você você faria se... não, espera.

— Okay. — falei sorrindo.

— Certo, certo, eu vou chegar lá. O que você faria se te chamassem pra... fazer algo...

— Ilegal?

— Não! Não, não ilegal.

— Ah sim.

— O que?

— Não, eu quis dizer, eu não faria nada ilegal. Nunca.

— Sim, claro que não.

— Claro que não.

— Pois é, então... — Peter continuou. — Uma coisa incrível com... pessoas incríveis e... é muita responsabilidade né? Você acha que... que... conseguiria? Acha que eu devo fazer?

— Depende do que é, quer dizer... — me esforcei para tentar entender, sem sucesso. — Não pode ser mais claro? É difícil...

A expressão de Peter era como a de um sorvete derretendo. Ele gemeu, passando as mãos pelo rosto.

— Peter?

Ele não respondeu, fitando o chão.

— Peter. — chamei de novo. — Só me diz.

Ele ergueu os olhos em minha direção.

— O que foi? — perguntei suavemente.

— Desculpa, é que eu não sabia pra quem perguntar.

— Perguntar o que?

— É que...

E então algo estranho aconteceu, os dele desviaram para algum ponto atrás de mim. Virei a cabeça, procurando, mas não achei nada. Voltei para ele.

— O que foi, Peter? Peter?... Peter!? Você 'tá bem?

— O que...?

— Que susto, estava começando a me preocupar. — respondi. — Você 'tá bem? Parece até que viu um fantasma.

Tive a impressão que os olhos dele arregalaram um pouco, mas logo ele estava rindo, seus pés se afastando de mim.

— Não, não, eu 'tô ótimo, eu... eu tenho que ir agora! Te vejo depois?

— Sim! Claro, eu...

— Então 'tá, tchau!

— Tchau... — murmurei, abaixando a cabeça.

— Hey, Gwen! — ele exclamou distante, e eu o olhei. — 'Tô feliz que tenha ficado!

E ele havia ido embora antes mesmo que eu pudesse sorrir. Suspirei, uma tensão desmanchando de meus ombros. Ele estava feliz. Ele estava feliz que eu tinha ficado.

Caminhei bobamente quando-

Ai meu Deus!

— Aii, a aula! — me lembrei, correndo.


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