Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 10
Capítulo 10 - Proteção




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O HERDEIRO DA FORTUNA OSBORN ESTÁ LIVRE!

"Depois de um intenso tratamento psiquiátrico, Harry Osborn foi declarado sã pelos médicos da prisão de Ravencroft, o local em que ele foi preso após ter sido afetado por fortes toxinas e atacado os próprios funcionários de sua grande empresa, a Oscorp.

Sofrendo de amnésia por causa do tratamento, seus advogados garantem sua melhor condição e afirmam que as ações de Osborn na fatídica noite de 2 de maio de 2014 foram não esquecidas, mas perdoadas, e que as famílias que sofreram com as circunstâncias de estar no lugar errado, na hora errada, serão apoiadas em todas as maneiras.

O que será do futuro da Oscorp? Vocês se sentiriam seguros trabalhando para alguém assim? Falem suas opiniões amanhã na rádio-"

Peter parou de ler, deixando o jornal cair no chão de tão chocado. Era como se um balde de água fria caísse sobre sua cabeça. 

— Sabe, você devia ir falar com ele... Sabe-se lá o que fazem com os presos em Ravencroft, mas com certeza foi algo forte. Peter, vocês dois eram tão amigos... — May estava dizendo, a voz dela distante em seus ouvidos.

— Ele não podia ser solto.

— O que?

— Não podia... não agora... não tão cedo...

— Peter, o que está dizendo?

— Ele sabe! Ele sabe!

— Sabe o que? Peter, você está bem? Peter! — May segurou seus ombros, buscando seus olhos. Peter desviou o olhar, nervoso.

Ela não entenderia. Ela não estava lá aquela noite, ela não viu...

O que ele ia fazer?! Oh caramba! Gwen! Ele tinha que deixar Gwen segura. Harry sabia sobre Gwen, não sabe?!

— Peter, se acalme. — May continuava a pedir. — Sei que deve estar sendo difícil, ele fez algo muito ruim, mas não vai querer abandoná-lo agora. Fique calmo, meu querido.

— Calmo? Calmo?! Eu não posso ficar calmo! — Peter repetiu, quase enojado. — Se ele lembrar... Não... Ela... Tudo...

— Lembrar do que?! Peter? Peter! Pelo amor de Deus! Me diga o que está acontecendo!

Ele não podia. Se May soubesse, seria apenas mais coisa que ele poderia perder. Ele não podia contar nada.

Não podia contar que Harry, que seu melhor amigo, tornou-se seu inimigo... tudo que ele fez... e agora solto. Peter não esperava que fosse acontecer tão depressa. Não esperava que fosse acontecer enquanto ela ainda estivesse em Nova York.

Você não dá esperança as pessoas, você tira delas.

É tudo culpa minha, ele pensou, sentindo os olhos arderem. Tantas coisas não ditas, tantos erros...

E eu vou tirar a sua.

— A senhora tem razão. — Peter forçou-se a dizer, sentindo um arrepio subir-lhe a espinha ao tentar sorrir. — Uau, acho que me assustei um pouquinho.

— Essa história te deixou muito assombrado, não foi? — sua tia acariciou seu rosto, preocupada. Peter assentiu, a puxando para um abraço. — Oh Peter, as vezes eu queria você falasse mais comigo.

— Eu estou bem, tia, — ele respondeu. — Fisicamente, quer dizer.

— Hum, e mentalmente?

— Vai ficar tia, vai ficar. Eu prometo.

Eu vou consertar isso.

 

Demorou um tempo, mas assim que teve certeza que May estava dormindo, ele abriu a janela de seu quarto e saiu. Sua tia, uma das mulheres mais importantes de sua vida, estava dormindo e segura.

Quanto a outra mulher mais importante de sua vida, sua esperança, Peter ainda não sabia.

Gwen Stacy.

Harry sabia sobre Gwen. Quanto tempo até ele atacar novamente? Quanto tempo até ela estar em perigo? Quanto tempo até tudo desmoronar?

É tudo culpa minha, Peter lamentou, a frase repetindo em sua cabeça enquanto voava pelo centro da cidade o mais rápido possível. Cada batida de seu coração soando contra seus ouvidos como se ele estivesse embaixo d'água... elas também soavam como o tic tac de um relógio, o mover de uma engrenagem, uma teia se torando-

Culpa minha, culpa minha...

Ele pousou em cima da escada de incêndio. Caramba, quantas memórias aqui... memórias eram tudo que ele podia ter dela agora (e também um monte de fotos dos dois que ela nem sabia que existia), pela sua própria segurança. Pela segurança de sua família. Longe dele, mas a salvos. Assim como o pai dela pediu antes de morrer.

Equilibrando-se em sua pose de Aranha, Peter olhou pela janela. Harry não iria machuca-la. Só precisava de um vislumbre, mesmo que ela estivesse dormindo, só para ter certeza que ela estava bem e então iria embora.

Subitamente, ela em frente a janela, os olhos arregalados ao vê-lo. Peter prende a respiração, tão chocado quanto ela. Oh céus, ela a viu, ela o viu!

O vento se move, o trânsito continua-

— E aí. — ele solta, pasmo demais para dizer qualquer outra coisa. É, estou na sua janela como um stalker esquisito, pode chamar a polícia pra me prender?

Ugh. Parando para pensar em suas próprias ações, ele não ia se magoar se fosse exatamente isso que ela fizesse. 

Felizmente, a curiosidade de Gwen pareceu vencer.

— Oi. — ela diz, largando a escova de cabelo que segurava e abrindo a janela. O vento bate em seu rosto e joga seus cabelos para trás. — Tá aí há muito tempo?

— Só estava passando, — ele responde, subitamente se lembrando de que ele é o Homem Aranha. — Na vizinhança, sabe. Quis saber como você 'tá.

Não era exatamente mentira.

Gwen sorri de qualquer forma, rindo incrédula com a situação que se encontrava. Por baixo da máscara, Peter também sorriu, feliz em vê-la.

— Bem, é, muito obrigada por... sabe... me salvar hoje mais cedo.

— Só fazendo meu trabalho, mas se posso perguntar, o que estava pensando?

— Perdão?

— Parada no meio da confusão, o Abutre podia ter te machucado.

Ela piscou, erguendo a sobrancelha. — Não brinca!

Peter não pode evitar rir de sua expressão, balançando a cabeça. Gwen o acompanhou, bastante ciente do que perigo que havia corrido.

— Ainda bem que você estava lá, então.

Seus olhos se fixaram.

Houve um momento.

— Então eu... eu já vou! Tenha uma boa noite, moça — nervoso, Peter se virou, preparando-se para ir quando ela chamou-

— Espere!

Ele parou, a mão dela estendida em sua direção, os olhos claros implorando por algo que ele não podia nomear. Pela segurança dela, ele não podia.

— Eu conheço você. — ela disse, soava como uma afirmação, mas também como uma pergunta.

Então ela não tinha certeza. Ela não sabia de seu amor.

— Claro que conhece. Sou seu amigo de sempre, o Homem Aranha.

O grande sorriso que se fez no rosto dela valeria por dias, Peter pensou, jogando-se para trás em queda livre. Suas teias o levando em alta velocidade. O coração acelerado, mas não mais pela adrenalina ou preocupação. Ela estava bem. Ela estava viva. Sua esperança estava viva.

Na manhã seguinte, ele decidiria se a de Harry Osborn também estava.

 

Na manhã seguinte, tomou coragem para ir a mansão dos Osborn. Uma sensação fria na boca do estômago enquanto dizia seu nome para a governanta da casa. O lugar estava ainda mais escuro do que a última vez que esteve aqui.

Peter temia o que aquilo podia significar.

— Desculpe, mas o sr. tem algum horário marcado com ele hoje? Não lembro se receberíamos visit-

— Pode deixar, Vera. — uma voz surgiu atrás da mulher. — Eu conheço ele.

Peter ficou tenso.

A mulher saiu e o próprio Harry aproximou-se. Sua aparência estava visivelmente melhor comparada ao daquela noite, mesmo que seus cabelos continuassem bagunçados de modo terrível, mas também, ele parecia ter acabado de acordar então Peter não se preocupou.

Ele e Peter se encaram em silêncio.

— Oi. — Harry diz, abrindo os braços. — Loucura não pega, sabia?

Eles riram, mesmo que Peter tivesse o feito apenas de nervosismo.

— Eu...

— Peter, olha, se 'tá com medo de mim, não precisa. Eu não me lembro de nada. — ele informa, e de modo despreocupado, começa a andar pela casa. — Caramba, por que ainda não abriram as janelas?

Ele mesmo abre as cortinas, a luz adentrando a casa como alguma espécie de milagre. Peter respira aliviado, uma grande tensão deixando seus músculos.

— Eu li no jornal sobre o tratamento-

— Arrhh, esses abutres...

— -do quanto você se lembra?

— Nada que do que fiz, te garanto. — Harry diz. — Sabe o quão assustador foi acordar em uma cela e tendo todos esses supostos crimes em cima de você? Parecia que eu 'tava sonhando! Eu devia estar mesmo muito desesperado pra injetar o veneno de uma aranha em mim.

— Ou com crise de meia idade. — Peter ironiza, mais como defesa do que brincadeira. Ele ainda observava Harry com cuidado, buscando qualquer traço de mentira. — Queria testar algo novo, hum?

Ele riu, jogando-se no sofá.

— Menos algo a me preocupar, aparentemente, estou curado. — ele contou, fazendo Peter erguer as sobrancelhas. — Se eu soubesse que tudo que eu precisava estava na palma da minha mão, não teria ido atrás do Homem Aranha.

— Harry, o que aconteceu aquela noite-

— Eu sei, Peter. Eu já me culpo o suficiente.

— Se culpa?

— Muitos acionistas morreram. — ele explica, e Peter respira aliviado mais uma vez. Ele não sabia. Ele não sabia sobre Gwen. — Infelizmente, eu vou ter que conviver com isso.

— Não está sozinho, Harry.

— Obrigado... amigo.

O herói secreto abaixou a cabeça, permitindo um pequeno, mas sincero, sorriso. Osborn parecia sincero, mas algo ainda tilintava no sentido aranha de Parker. O que fazer, o que fazer?! Talvez fosse a culpa...

— Mas hey, não quero falar de mim, já me basta ter que contar tudo pros jornalistas. Me distrai aí, o que esteve fazendo enquanto eu tirava férias na prisão?

Os dois riram.

— Com certeza eu não estava brincando de médico.

Harry se levantou animado e pegou um copo de whisky, serviu-se e ofereceu pra Peter, que recusou.

— Ainda 'tá complicado?

— Não, não mais.

— Sério?!

— É, tomei seu conselho eu acho, passei a detestar complicações. — Peter disse, não era inteiramente verdade, mas também não era mentira.

Sempre vivendo em um meio termo, ele pensou. Sua responsabilidade.

— Muito bem. — Harry elogiou, sorrindo. — Acho que você ainda tem salvação, Parker.

E assim, conversaram. Harry parecia bem mais leve e sorridente do que quando eles se reencontraram meses atrás. Menos stress, Peter pensava. Evitou a noite fatídica e conversou sobre um novo seriado que estava passando na TV, explicando suas teorias. Harry dispensou todas, chamando-o de bobo.

Por um momento foi fácil esquecer, e ainda mais fácil se lembrar de que Harry era... é... seu amigo.

Quando se deram conta, já era tarde.

— Tchau Harry, se cuida tá?

 

Mas assim que Peter Parker passou pela porta, Wilson Fisk surgiu no topo da escada. Harry o fitou arqueando a sobrancelha, uma expressão tediosa em seu rosto.

— O que foi? 

— Nada, apenas admirado com as suas habilidades. Você mente muito bem. — Fisk elogiou, arrumando a gravata de seu elegante terno. — Quase acreditei que eram amigos de novo.

— Nesse jogo, Rei do Crime, apenas eu posso dar as cartas. — Harry explicou, os olhos cheios de fúria enquanto ele fechava a janela, observando o traidor ir embora. — Se cuida também, Parker. 

 

2 dias depois.

 

Peter Parker 

 

Estava tomando café da manhã com tia May aquela manhã, a correria usual sendo deixada de lado para fazer companhia a ela. 

— Ahm... querido?

— Sim?

— Sabe, você anda bem mais responsável. — Ela começou, os olhos fixos na mesa. Percebi então que ela queria me dizer algo desde que me sentei na mesa.

— ...obrigado.

— E você já é de maior idade e... e amadureceu bastante e... Bom, eu andei fazendo uns cortes no orçamento, e...

— Espera, tia! Não! Não precisava fazer isso. — a interrompi, eu sabia que tinha alguma coisa por trás dessa história! — O que eu ganho com as fotos está sendo suficiente pra-

— Eu sei, querido. Deixe-me falar. — Ela me interrompeu, tensa. Suspirei, bebendo suco. — Acontece que... bom... AH PETER! Já tá na hora de você virar homem!

Me engasguei, tossindo descontroladamente. Tia May precisou bater em minhas costas. Eu havia cuspido todo o suco no chão.

— O-o-o que? — Gaguejei tomando fôlego.

— Desculpe, não era essa a expressão que eu ia usar! — Falou nervosa. — Eu só quis dizer que você deveria ter seu próprio apartamento.

Pisquei até conseguir absolver a informação.

— Tá me expulsando de casa.

— Não!

— E eu achei que o tio Ben que ia pesar.

— Peter! Não foi o que eu quis dizer.

Eu ri, assentindo. — Relaxa, é, eu entendi. Só não esperava.

— Não me entenda mal, querido. Você não é mais o meu menino...

— Aaaaah, tia!

— É verdade! — ela lamentou, me fazendo sorrir. — Sinto que estou prendendo você a mim, prolongando o inevitável.

— Ai tia! Você é tão... — Me levantei, segurando seu rosto em minhas mãos. — Boba! Depois falamos sobre isso, tá?

Ela conseguiu me dar um sorriso e eu me afastei.

Assim que ela saiu para o trabalho, corri para o quarto trocando de roupa e colocando meu uniforme. Me olhando no espelho, lembrei de algo que Ben costumava dizer no caminho para a escola, algo sobre responsabilidade. Eu sempre pensei que tinha haver com cuidar de May, ou prestar mais atenção nos estudos.

Hoje significa tão mais.

Estava preparado para pular a janela e ir pra cidade, quando uma coisa chamou minha atenção. Era Mary Jane saindo correndo de casa, vestindo uma blusa preta com o meu símbolo. Quase sorri, se não fosse o pai dela a seguindo com uma ferramenta e gritando.

Em segundos, ele a segurava pelo braço:

— ...sempre agindo feito uma vadia! Atriz?! Se é pra ganhar dinheiro beijando outras bocas, querida, é melhor que seja logo uma prosti-

— CALA A BOCA! CALA A BOCA! — A ruiva chorou se debatendo até se soltar. — EU CANSEI!

— CANSOU FOI? EU TAMBÉM CANSEI! DE VOCÊ! MENINA, VOLTA AQUI!

— ME DEIXA EM PAZ!

E saiu correndo.

Observei a cena chocado, algo quente e pesado me corroendo. Mary Jane, sempre tão sorridente, chorando. Eu sabia que eles não tinham uma relação fácil, mas pela primeira vez, eu vi e senti o que ela passava. E que ela nunca ia admitir: o medo dela refletido nos seus grandes olhos verdes.

O pai dela voltou para garagem e eu pus minha máscara tendo uma ideia louca na cabeça. O Homem Aranha nunca ia ficar parado.

Ele estava segurando algumas ferramentas para arrumar um carro que estava ali. Me sentei em cima do capô e joguei uma teia na ferramenta, a puxando pra mim. Ele me olhou assustado.

— H-Homem Aranha? — Gaguejou. — Mas o que diabos você está fazendo aqui?!

— É senhor Aranha pra você. Gosto de respeito, e por falar em respeito, por que não o usa com a sua filha?

— Era só o que me faltava! A garota foi procurar você? É doida que nem a mãe dela.

— Bom... tendo em vista que foi você quem a mãe dela escolheu como marido.

O puxei pelo pescoço e comecei a jogar teias no cara.

No final de tudo, ele muito atrapalhado, acabou caindo na minha armadilha e acabou pendurado de cabeça pra baixo, todo coberto de teias. Inclusive a boca. Sorri e me encostei na mesa ali, pegando uma chave de fenda e a remexendo entre meus dedos.

Tanana Tanana Tanana Nana.. — Cantarolei a "minha" música. — Então... Você é o vilão da história? A Lady Tremaine versão masculina? Ou feminina, sem preconceitos.

Comecei a rir, enquanto ele me fuzilava com o olhar.

— É melhor deixar a minha Cinderela ruiva em paz. — Dei a volta nele, que se remexia inquieto. — Porque, sabe... Boca calada não entra aranhas.

Ele começou a grunhir tentando se soltar.

— Não faz isso, ou você vai cair e eu não vou te segurar. — Avisei. — Mas é bom também você não segurar mais a Mary Jane daquele jeito, okay?

Percebi que ele tentou falar.

— Eu sei, eu também 'tô viciado em A Culpa é das Estrelas mas fazer o que? Agora, ouça-me com atenção.

Me aproximei e soltei ele, o deixando no chão, que começou a se remexer.

— Se eu ver, ou ouvir que você maltratou a garota maravilhosa que você tem em casa, vai ter teias em lugares do seu corpo que não vai gostar.

Ri da cara desesperado dele e me dirigi a saída. — E não se esqueça: Boca fechada, não entra aranhas, se bem que, com esse bafo... Ugh!


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Notas finais do capítulo

Gente, o Peter não está apaixonado pela Mary Jane. Ela é sua amiga e ele quer protegê-la, só isso. ❤



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