Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 8
Sermo inter fratres


Notas iniciais do capítulo

A máscara cai...
Uma conversa sai...



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Niko foi até lá.

– Que foi, Félix? Alguma coisa errada?

– Cadê o dinheiro do caixa?

– Eu já tirei, guardei no cofre...

– Eu sei! Estou perguntando dos últimos pagamentos desses clientes que ainda estavam aqui...

– Não está aí?! – Perguntou Niko já ficando assustado e entrando na frente de Félix para conferir. – Não, Félix, aqui estão! Ela só guardou no lugar errado, mas está aqui!

Félix cruzou os braços. – Você tem certeza que está tudo certo? Já contou pra ver se está tudo que deveria estar aí?

– Ai Félix, eu não vou contar esse dinheiro agora! Estamos jantando com nossos filhos...

– Olha, carneirinho, você sabe qual foi cada prato servido para esses últimos clientes, não sabe?

– Sei!

– E, portanto, você sabe quanto cada um pagou... Aliás, cadê as contas de cada mesa?

Niko pegou uns papéis dentro do caixa mesmo e mostrou. – Deixa ver... Aqui, essas são as últimas! Mas, o que você está querendo?

– Espera... – Félix viu as contas e fez um rápido cálculo mental. Depois pegou o dinheiro que havia no caixa e contou. Então, ficou pensativo.

– Que foi, Félix? Tá faltando alguma coisa?

Sério, ele respondeu: - Não... Não falta nada!

– Tá vendo, meu amor, deixa de ser assim desconfiado! Vem, vamos acabar o jantar com nossos filhos para irmos pra casa!

Félix guardou novamente o dinheiro, mas não chegou a trancar o caixa. Niko puxou-o pelo braço de volta para a mesa. Acabaram o jantar, mas, antes de irem embora, Félix pediu:

– É... Me esperem um pouco que agora sim eu vou ao banheiro!

– Félix, deixa pra ir em casa...

– Carneirinho, eu tô apertado... Eu volto logo! Me dá as chaves!

– Pra que você quer as chaves?

– Ué... Pra vocês não ficarem me esperando lá fora, vão pra dentro do carro e quando eu sair eu já tranco tudo!

– Tá, toma! – Niko lhe entregou as chaves e foi saindo com os garotos enquanto Félix se dirigia ao banheiro. Porém, Félix tinha outros planos.

Assim que os três saíram, Félix foi para a cozinha e então, para o escritório. Pôs a chave, mas viu que a porta estava destrancada, e achou estranho, pois Niko deveria deixar aquela porta sempre trancada, então entrou. Verificou o cofre e este estava bem trancado. Ele logo abriu e pegou quase todo o dinheiro. Como não tinha no que guardar e se levasse nos bolsos logo notariam, Félix guardou uma parte na própria carteira e saiu deixando a porta trancada. A outra maior parte do dinheiro ele levou para trás do balcão. Lá abriu uma gaveta onde Niko guardava os talheres que pouco eram usados. Ele a retirou. O fundo da gaveta era removível e só Niko e Félix sabiam desse compartimento secreto. Lá escondeu o resto do dinheiro que não coube em sua carteira e então pôs a gaveta de volta no lugar. Já ia sair quando Jonathan apareceu na porta chamando-o: - Pai! Algum problema?

– Hein?! Não, não filho! Já estava indo!

– Mas, o que você foi fazer aí atrás?

– É... Nada não... Vamos?!

Ambos saíram e Félix trancou as portas do restaurante.

.

.

Longe dali, Jéssica era perseguida. Ela corria, mas o homem era mais rápido e conseguiu encurralá-la na porta da própria casa.

– Por que tá fugindo de mim, princesa?!

– N-não estava, Danilo!

– Tava sim! E não me chama de Danilo, sabe que gosto de ser chamado de cobra! – Falou com raiva, mas logo deu um sorriso malicioso. – Que foi? Já teve tempos que você é que ia atrás de mim...

– Esses tempos mudaram!

– Ah é?! Tem certeza? – Indagou aproximando-se para beijá-la.

Ela se esquivou como pôde. – Tenho certeza que não quero mais nada com você!

– Olha aqui, você que sabe! Sabe muito bem o que tá perdendo! Mas, eu que não vou perder... Cadê minha grana?

– Eu te disse que não tinha!

– E você não arrumou? – Gritou.

– N-não... Eu... Eu...

– Você não serve pra nada! Por que não tirou lá daquele lugarzinho onde tu tá trabalhando?!

Ela já chorava. – Eu não pude! Eu não podia...

– Porque não podia, sua idiota! Resolveu ter crise de consciência agora? Vai querer ser a santa?

– Não! Não, é que... É que... Os dois patrões estavam lá hoje e eu não podia tirar dinheiro do caixa, eles iam ver...

– Mas é uma inútil mesmo!

– Não me chama de inútil! – Ela chorava cada vez mais. – Inútil é você que não arranja um emprego decente, só sabe ganhar a vida vendendo essas porcarias...

– Porcarias que você comprou muito, não se esqueça disso! E, por isso mesmo você me deve uma grana preta e se não me pagar pode ir se despedindo você sabe de quem!

– Não fala dele! Isso é mentira! – Ela pulou em cima dele, dando tapas e socos em fúria. – Você é um mentiroso! Você não sabe, nunca soube...

Ele conseguiu segurar seus braços e a segurou com força contra a parede. – Para! Problema seu se eu sei ou não! – Ela o olhou com surpresa e medo, ele continuou: - É isso mesmo, problema seu! Problema seu se acreditou em mim, o que você usou vai ter que pagar!

– Mas... Mas... Como que eu vou arrumar tudo agora? Deixa eu receber meu salário, eu dou todo pra você... – Ela já começava a implorar.

– Já esperei demais! E tenho certeza que esse seu salariozinho não vai cobrir as despesas que eu fiz contigo! Mas... – Deu um sorriso maldoso. – Como eu tenho consideração por você, eu vou estender seu prazo...

– Desde quando bandido tem consideração com alguém? – Perguntou com raiva.

Isso só serviu para ele segurá-la com mais força. – Já avisei... Você tem mais um dia pra me pagar, só um dia, e ache bom porque eu ainda gosto de você, por que se fosse outro... – Tirou um revólver que estava escondido na calça e passou em seu rosto.

Ela chorava com medo e ele a soltou voltando a esconder a arma.

– Já sabe... – Foi saindo. – Ou me paga amanhã ou...

– E-espera... – Falou baixinho.

Ele voltou. – Que é? Mudou de ideia?!

Ela nada respondeu.

– Não vai falar nada? Me chamou pra quê?! Ah... Já sei o que você tá querendo... – Disse sorrindo. – Vem... – Puxou-a pelo braço para dentro de casa.

– N-não...

– Não, o quê?! É claro que você quer! Tá na sua cara! – Disse tirando algo do bolso. – Olha o que tenho aqui pra você...

– N-não! Eu já disse que não quero mais...

– Ah vá! Ninguém consegue parar assim tão fácil... Deixa de se fazer de difícil, vai, pega! – Pôs mais perto de seu rosto.

Ela titubeou, mas acabou pegando.

– Não faz essa cara que essa quantidade de pó eu não vou te cobrar! Mas, o resto que você me deve... – Puxou seu cabelo para que ela olhasse para ele. – Você vai ter que pagar! De qualquer jeito!

– C-como assim de qualquer jeito?

Ele deu uma gargalhada. – Ah, como assim de qualquer jeito... Você sabe muito bem! Do mesmo jeito que tu já fez outra vez, lembra?! Ou você me arranja o dinheiro ou facilita pra mim... Ou me dá outra coisa... – Passou a mão nas pernas dela.

Ela estava cada vez mais nervosa. Nada mais respondeu, mas segurava aquela droga que ele havia levado como se fosse uma saída para seus problemas.

.

.

Em casa, já estava tarde e todos já iam dormir. Num momento em que os pais foram pôr Fabrício na cama, Jayme, que parecia querer falar algo pra Jonathan desde quando se encontraram no restaurante, finalmente tomou coragem para pedir ao irmão: - Jonathan... Eu posso te perguntar uma coisa?

– Pode!

– É... É que... – Ele parecia muito envergonhado, olhava para a escada para ver se os pais não vinham. – Eu queria saber uma coisa... Eu acho que você pode me responder!

– Se eu puder eu respondo, maninho! O que é?

– É que... – Ele chegou mais perto do irmão. – Jonathan... Como... Como você soube que não era igual ao pai Félix?

– Quê?!

– É... Como que você soube que não era gay?

Jonathan se sentiu pego de surpresa, mas, se era ele quem deveria ter uma conversa com o irmão mais novo, que fosse com sinceridade.

– É... Bom, Jayme, eu, eu sempre soube... Eu nunca gostei de meninos...

– Sim, mas... Por quê? Assim... Você gostava de alguma menina? Algo assim... Ah, eu não sei explicar...

Jonathan riu. – Calma, maninho... Você tá gostando de alguma menina, é isso?

– E-eu?

– Você!

Jayme desviou o olhar e respondeu: - Não! Eu não!

– Sério?

– É! – Disse convicto, mas logo mudou de opinião. – Quer dizer... Eu... Tem uma menina...

– Ah... Tem?

– Tem, mas, ela é minha amiga!

– A Ana também era minha amiga, e hoje é minha noiva!

Jayme ficou ruborizado. – Era? E como você descobriu que gostava dela?

– Ah Jayme... Não sei... A gente ficou primeiro amigos, depois começou a rolar um clima, e nós trocávamos olhares e, quando nos beijamos pela primeira vez eu soube que estava apaixonado e que ela também sentia o mesmo! Não demorou muito e eu a pedi em namoro!

– Ah... Tá!

– Você já beijou uma menina?

– Eu?!

– É!

– N-não... Não!

– Nem beijinho na bochecha...

– Não! – Dessa vez ele respondeu mais envergonhado ainda. – Quer dizer...

– Ah! Quer dizer...

– Não é o que você tá pensando... Eu só dei um beijo na bochecha da Angélica no aniversário dela!

Jonathan cruzou os braços com um sorriso no rosto. – Quer dizer que o nome dela é Angélica?! Hum...

– Que é Jonathan?! Eu não gosto dela, já disse que é minha amiga...

– Sei...

– É sério!

– Tá bom!

Jayme logo se arrependeu da afirmação. – Ok... Eu... Eu gosto dela sim...

– Ahá! Eu sabia! Mas, me diz, qual o problema?

– É que... – Félix e Niko iam voltando para a sala e Jayme desistiu de falar.

– Que foi que pararam? Interrompemos alguma coisa? Estão de segredinho? – Perguntou Félix.

– Não pai Félix... Eu vou pra o meu quarto! – Jayme logo levantou, mas Jonathan pediu: - Espera, maninho, eu vou com você...

Ele levantou e piscou para Niko e Félix antes de subir com o irmão, sinalizando que estava tudo bem e eles entenderam que Jayme já começara a se abrir com ele.

Os dois irmãos subiram e o casal ficou na sala.

– Que bom... Parece que o Jayme vai finalmente falar pra o Jonathan o que está acontecendo!

– É, ainda bem! Tomara que os dois resolvam né?!

– Félix, seja como for, nós também vamos ter uma conversa com o Jayme mais cedo ou mais tarde!

– Ai... – Félix suspirou. – Eu sei, carneirinho, eu sei... Mas, só de imaginar as perguntinhas que ele pode nos fazer eu já me sinto como se estivesse na Arca de Noé no meio de um maremoto!

– Ai Félix, você sai com cada uma... – Riu. – Vamos pra o quarto também, amor? – Perguntou todo carinhoso.

– Vamos! – Félix pegou em sua mão levando-o para o quarto. – Vamos que eu quero te perguntar uma coisa!

– O quê?

Chegando ao quarto, Félix perguntou: - Niko, você tem deixado bem trancada aquela porta do escritório lá no restaurante, não tem?

– Sim... Por que essa pergunta?

– Não, por nada, só por segurança... Só queria saber... Afinal, você entregou hoje de novo as chaves àquela mulher para ela fechar a despensa e lembre-se que o escritório fica ao lado...

– É... Mas, amor, você viu que ela me devolveu as chaves... E não vamos falar mais nisso, por favor...

– Carneirinho... Amanhã quando for retirar o dinheiro do caixa para levar ao cofre, não se espante se não encontrar nada lá!

– Por quê?

– Por que eu tirei a maior parte e trouxe já para contabilizar de uma vez!

– Foi isso que você foi fazer quando disse que ia ao banheiro? Mas, por que já tirou se hoje é sábado?!

– Por que achei mais seguro tirar o dinheiro de lá do que deixar fácil assim com uma empregada nova... Não se pode confiar né?!

– Ai Félix...

– Carneirinho, a porta do escritório estava aberta, tá bom?! Você é um descuidado, e eu tenho que prezar pela segurança da nossa família!

– Estava aberta?! – Niko perguntou indignado e desviou o olhar, pensativo. – Mas...

– Aposto que você achou que tinha trancado e nem conferiu não foi, Niko? Você é assim...

– Não, Félix... Não... É que... Ai, tá bom eu vou te falar logo, mas não briga comigo!

Félix cruzou os braços e sentou na cama ao seu lado. – Eu teria motivos para brigar com você, Nicolas Corona-Khoury?

– Ai, não fala assim que quando você me chama pelo nome completo é que vai brigar comigo!

– Não, não vou brigar... Ou melhor, não brigo dependendo do que você fez!

– Ai... Naquela hora que a Jéssica me devolveu as chaves, eu não tinha pedido para ela trancar a despensa... Eu pedi para ela trancar o escritório...

Félix passou a mão no rosto e nos cabelos, como que impaciente. – Mas eu devo ter sambado durante a procissão de ramos para ouvir uma coisa dessas!

– Félix, é que eu havia acabado de guardar o dinheiro do dia quando o Jonathan chegou e aí eu saí para recebê-lo e pedi para ela trancar...

– Mas, ela não trancou! E porque você não me disse isso logo, criatura?!

– Eu sabia que você ia ficar zangado...

– Ah é?! E porque será, hein?! Niko! Presta atenção! Põe essa sua cabecinha loira pra funcionar! Se aquela mulher não trancou a porta como você mandou é porque boa coisa é que não tinha em mente! Aposto que ela viu que tinha um cofre lá dentro! Aposto!

.

.

Na casa de Jéssica, ela estava deitada no chão e o namorado sentado no sofá, a encarava, enquanto ela dizia:

– No caixa... Não deu... Não deu porque o patrão olhou... O patrão não gostou de mim, o seu Niko sim, mas o outro não... O seu Félix... – Sua voz era transtornada. Ela mirava os olhos no nada. Chorava e tinha os olhos vermelhos. – Ele... Ele tá desconfiado... Eu sei...

– Tá, tá... E aí... Onde eles guardam a grana?

– No... No c-cofre... No cofre... Tem um cofre lá na cozinha... Numa salinha na cozinha...

– Hum...

– Ele... Ele tira o dinheiro à noite... Ele leva pra lá...

– Hum... E essas coisas não ficam trancadas não?

Ela balançou a cabeça.

– Responde! – Ele ordenou.

Ela se pôs a chorar descontroladamente.

– Não sei... Não sei... Tem... Tem um cofre... Tem um cofre...

– Você já disse que tem um cofre! Fala mais...

– E... E eu... Eu vi o cofre... E ele, o seu Niko, pediu pra eu trancar a porta... – Começou a rir descontroladamente. – E eu deixei aberta!

– Como é que é? – O namorado se aproximou dela. – O que você disse? Você deixou a porta da sala onde tem o cofre aberta?! É isso?

– F-foi... Foi... Deixei... Deixei...

– Ótimo! Parabéns! – Falou com um sorriso maléfico, dando um beijo nela e saindo.

.

.

No quarto de Jayme, ele e Jonathan conversavam.

– Olha, Jayme, eu sei que você tem dúvidas, que quer me perguntar alguma coisa... Mas, eu ainda não entendi, sinceramente, qual seu problema pra eu poder ajudar!

– Ah, Jonathan, é que... – Ele não parecia muito à vontade. Coçou a cabeça e respirou profundamente. – Tá bom, eu vou te contar... Mas, não fala pra o pai Félix nem pra o pai Niko, tá?!

– Tá... Não falo! Mas, me fala!

– Tem uns meninos lá da escola, que também jogam na quadra de basquete lá no centro onde eu vou treinar, que dizem que se eu tenho pais gays então eu sou também, e dizem que eu não gosto de garotas!

– Mas, não tem nada a ver os pais serem gays, não quer dizer que os filhos sejam também! Olha pra mim...

– Eu sei! Eu até falei de você, eu disse que tinha um irmão que tinha noiva e tudo, que até ia se casar com uma mulher, mas eles não acreditaram. E aí eles fizeram uma aposta dizendo que era pra eu provar que sou macho!

– Que aposta?

– Eles combinaram com uma menina, eu não conheço, mas ela é bem bonita, pra ela ir à quadra de basquete depois do treino! Ela foi e eles desafiaram que se eu beijasse essa menina eu ia provar que não sou gay!

– Mas, você acabou de me dizer que nunca beijou uma menina!

– Então, Jonathan... – Ele fez uma expressão de dúvida e decepção. – Eu não beijei! Eu fiquei nervoso na hora e saí de lá! Eu achei essa menina bonita, mas eu não queria beijá-la! Por que hein?! Isso quer dizer que eu sou gay?

– Não... Não, maninho... Isso não quer dizer nada...

– É que agora sempre que eles me veem ficam me chamando disso e daquilo... Você sabe...

– Sei! Olha, Jayme, você só ficou nervoso! É normal! Nossa, quando eu fui beijar a Ana pela primeira vez, eu gelei...

– Sério?!

– Oh... Minhas pernas tremiam como se eu tivesse mergulhado no gelo, minhas mãos suavam e meu coração parecia que ia sair pela boca!

– Tá, mas... Você já gostava da Ana, né?! Eu não gosto daquela menina que eles me apresentaram... Eu nem a conhecia...

– Por isso, maninho! Pior ainda! Como você ia dar seu primeiro beijo numa garota que nem sequer conhecia?

– Mas... Mesmo assim, Jonathan, eu fugi! E agora?

– Você quer saber o que fazer para eles pararem de te encher?

– Também... Mas, quero saber mais como não ter mais dúvida!

– Jayme, você tem dúvida? Você não me disse que gostava dessa sua amiga, a Angélica?

– É...

– Então? Você acha que o que você sente por ela, você sentiria por um garoto, por exemplo?

– Não, claro que não!

– Tem certeza disso?

– Tenho!

– Aí! E você tem dúvida por quê? Só por causa das coisas que esses garotos falam? Não liga, maninho! Você é o que é, e o que você é só diz respeito a você!

Jayme pensou por um instante e sorriu. – Entendi! Obrigado, Jonathan!

– Imagina... Sempre que tiver algum problema conta comigo!

– Tá! Olha, eu sempre tive uma curiosidade... O pai Félix já foi casado com sua mãe né?!

– Já, meus pais eram casados!

– E como que ele casou com uma mulher se não gostava e hoje é casado com meu pai?

– Poxa, Jayme... Olha, acho que algumas coisas vão ser melhor você perguntar a ele mesmo, mas, eu posso te contar um pouquinho da história dos meus pais! Você quer saber?

– Quero! – Ele se mostrou curioso e Jonathan fez um resumo.

– Assim... O vô César conhecia minha mãe, não pergunte como, mas ele conhecia, e ele a apresentou pra o meu pai, porque, bem, você lembra que eles às vezes se zangavam um com o outro, que o nosso pai ficava triste quando o vô César gritava com ele, né?!

– Lembro...

– Então... Ele era assim porque ele, na verdade, não queria que o nosso pai fosse gay! Ele nunca gostou disso, nunca aceitou! Bom, ele só aceitou depois de muito tempo, quando ele já tinha se casado com o Niko e quando ele viu que nosso pai era feliz de verdade ao lado do Niko e de vocês, de você e do Fabrício! Mas, antes, eles brigavam muito e ele não aceitava a sexualidade do meu pai... Então ele apresentou meus pais, eles namoraram...

– Como que o pai Félix namorou sua mãe se ele não gostava de mulher?

– Bom... Ele nunca gostou, mas, ele não sabia muito bem... Acho que ele também tinha dúvidas, porque, sabe, o vô César nunca foi compreensivo como meu pai e seu pai, não, eles nunca pararam pra conversar um com o outro, e por isso meu pai era revoltado, e não sabia muito bem o que queria... Na verdade, o que ele mais queria era agradar o vô César, por isso fazia o que achava que ele queria! Foi assim que ele namorou minha mãe e depois, ela ficou grávida de mim, e eles se casaram! E ficaram muitos anos tentando e tentando, mas nunca foram felizes um com o outro, porque meu pai só seria feliz ao lado de um homem, e esse homem foi seu pai, o Niko!

Jayme tinha a expressão de quem havia compreendido tudo que o irmão acabara de contar.

– Eu entendi, Jonathan! O pai Félix sofria por causa do vô César não era?!

– Era, sim, sofria muito! E... Ele cometeu muitos erros por causa disso... Mas, se tornou outra pessoa depois que conheceu seu pai Niko...

– Meu pai é muito bom mesmo... E o pai Félix também ajudou muito o pai Niko, tipo naquela vez que o Fabrício foi sequestrado... Jonathan, eu tenho uma dúvida! Eles já namoravam desde aquela época?

– Bom... – Jonathan sorriu. – Isso você vai ter que perguntar a eles! Meu pai dizia que era só amigo do seu pai, mas eu notava que até ciúme dele ele já sentia!

– Eu vou perguntar...

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Notas finais do capítulo

Continua...